Apaixonado pelo senhorio garanhão
Rogério é um rapaz tímido do interior e acabara de entrar na faculdade na capital para onde estava se mudando, não sem que aquele frio na barriga o estivesse atormentando dias antes de sua partida, ele nunca antes havia se afastado da família. Era o caçula de três filhos, embora essa condição não tenha sido privilégio para ser o mais mimado. Essa posição cabia a seu irmão, seis anos mais velho e, desde que Rogério se lembrava, também seu mais ferrenho verdugo. Era com a irmã que ele tinha alguma afinidade dentro dos limites impostos pela diferença sexual. Apesar de mais novo, ele era todo cheio de cuidados com ela, achava-se na obrigação de protegê-la, uma vez que o irmão mais velho nunca tinha assumido essa tarefa. O pai o tratava por Rogério, nome herdado do avô, sempre pronunciado de forma autoritária e impositiva, o que o fazia temer aquele homem que ditava todas as regras dentro de casa, quase sempre sem nenhuma negociação. A mãe o tratava por Rogerinho nos momentos de maior ternura, ou quando ele ficava doente e recebia toda a sua atenção. A irmã também o tratava por Rogerinho, especialmente quando precisava de algum favor da parte dele. Já o irmão, tinha uma vasta gama de adjetivos para se referir a ele, que iam desde fedelho babaca, passavam por traste imprestável e chegavam a viadinho da porra. Na escola, os colegas o tratavam por Roger, sempre com o primeiro “R” pronunciado enfaticamente como era típico do linguajar daquelas paragens interioranas. Ele gostou dessa abreviação do nome que sempre lhe pareceu muito impessoal, e passou a adotá-la toda vez que precisava se apresentar para alguém.
Sua ida para a capital havia mobilizado a família. O pai, mesmo com ele distante, não pretendia abrir mão do controle que sempre exerceu sobre ele, trazendo-o na rédea curta. Através de um amigo cujo filho também havia entrado na faculdade na capital, resolveram se unir para conseguir um lugar onde os filhos pudessem morar próximo à universidade. Roger até já tinha visto o garoto algumas vezes, filho do amigo de seu pai, mas mal o conhecia, não tinham nenhum interesse em comum e, quando dividiram a mesma suíte do hotel durante os dias do vestibular, Roger logo sacou que jamais teria qualquer tipo de relacionamento com aquele sujeito. Contudo, à revelia de sua vontade e argumentos que apresentou ao pai, a decisão unilateral e ditatorial foi tomada, ele e o garoto iam morar no mesmo apartamento que funcionava como uma espécie de república, embora acomodasse apenas quatro estudantes. A mãe, enquanto isso, se preocupava em bordar suas iniciais em todas as suas roupas, ensinava-o como dobrá-las e qual o jeito certo de acomodá-las no armário e gavetas. Dava-lhe noções de como preparar algumas refeições básicas, para que não passasse fome ou ficasse subnutrido, o que ele recebia fazendo graça, até vê-la zangada e questionando se deveriam mesmo deixá-lo morar longe de casa. A irmã lamentava sua partida, não porque fosse sentir muita falta do carinho com a qual ele a tratava, mas porque ele ia deixar de segurar vela e se fazer de cego durante os seus encontros com o namorado, cuja maior habilidade consistia em manter as mãos sobre os seios ou debaixo das saias dela, enquanto trocavam amassos devassos. Enquanto isso, o irmão deixava explícito o quão feliz estava de vê-lo longe do quarto que dividiam, de não ter mais que olhar para aquela cara de moleque pentelho, de poder fazer o que bem quisesse sem aquela testemunha ocular presenciando todas as falcatruas.
Quando Roger chegou à capital, uma semana antes do início das aulas, foi surpreendido com a notícia de que houve uma mudança de planos no apartamento no qual o pai havia reservado um quarto para ele, um amigo do dono precisou de um quarto e ele cedeu o que estava previsto para o Roger. Contudo, indicaram-lhe um sujeito que morava dois andares acima e que também estava disponibilizando um dos quartos praticamente nas mesmas condições que o pai tinha fechado anteriormente.
- Sua mãe e eu vamos até aí para verificar com quem você vai morar, pois não sabemos absolutamente nada sobre essa pessoa. – disse o pai ao celular quando Roger lhe comunicou a mudança de planos.
- Não precisa pai! A indicação partiu do próprio síndico, que o seu amigo conhece. Depois eu já sou capaz de encontrar por mim mesmo um lugar para morar, sem ter que ser pajeado o tempo todo. – respondeu Roger.
- Isso é o que você pensa! A capital é uma terra sem lei, o que não falta por aí são malandros querendo se aproveitar dos outros, especialmente das pessoas do interior que, na visão deles, são todos uns caipiras. – retrucou o pai, com a ideia fixa de ele mesmo resolver pessoalmente a questão.
- Vão mesmo achar que sou um caipira se você e a mamãe vierem aqui para resolver uma questão tão simples como essa. Qual é a diferença de eu morar num apartamento distante dois andares do mesmo condomínio que você negociou? Se era para aquele moleque filho do seu amigo ficar me vigiando, fique sabendo que ele não é flor que se cheire, sou muito mais juizado do que ele, pode ter certeza. – revidou o Roger, tentando evitar passar pelo vexame de ver seus pais negociando uma acomodação para ele, mesmo antes de ter conhecido ou falado com seu novo senhorio.
- Por essa vez vou deixar passar, estou muito ocupado com a loja e ir até a capital não estava previsto nesse período tão conturbado. Mas veja bem, estou te dando um voto de confiança, não me decepcione e trate de nos deixar a par de tudo que estiver acontecendo por aí. – determinou o pai.
Ao encerrar a ligação, Roger foi ter à porta do apartamento indicado pelo síndico, para negociar a vaga. Quem o atendeu foi um sujeito parrudo enfiado num short, sem camisa, com uma tatuagem em cima de cada um dos maiores bíceps que Roger já tinha visto e, que se apresentou como sendo Vitor.
- Estou procurando pelo dono do apartamento, é sobre a vaga num dos quartos. – a voz do Roger saiu mais insegura do que ele pretendia diante daquele homem colossal praticamente nu que lhe abrira a porta.
- Sou eu mesmo! Entre, venha ver o quarto. – disse o sujeito, caminhando a sua frente pelo corredor que levava aos três quartos do apartamento, cuja disposição era basicamente a mesma do apartamento que o pai havia reservado, porém mais despojado o que lhe conferia uma aparência de ser mais amplo. – O quarto é esse aqui! – exclamou ao fazê-lo entrar. – Na verdade é uma suíte, você terá seu próprio banheiro e total privacidade. As áreas comuns terá que dividir comigo e com um amigo que mora comigo. – continuou. – Uma faxineira vem uma vez por semana para dar uma geral, mesmo assim, cada um tem sua responsabilidade com a limpeza e o preparo das refeições, que geralmente fazemos num rodízio. O lema é – usou, limpou – sem exceções e sem desculpas – entendido? Você pode receber uns amigos quando quiser, mas as regras são as mesmas para eles, qualquer contratempo ou deslize a responsabilidade é sua e, portanto, é quem vai arcar com o prejuízo. Outra coisa, nada de drogas aqui dentro, nem mesmo um cigarrinho de maconha, não quero problemas com os vizinhos e a polícia, ficou claro! – finalizou, o que deixou Roger com a sensação de que continuaria sob um cabresto, não mais o do pai, mas o daquele sujeito não menos intimidador.
- Não uso drogas, sou organizado, não faço zorra e ainda não conheço ninguém na cidade para trazer para cá. – devolveu Roger para dirimir qualquer suspeita que o sujeito tivesse.
- É o que veremos! Quando vai se mudar? – questionou Vitor que, embora não deixasse transparecer, estava morrendo de tesão por aquele molecão gostoso que bateu à sua porta.
- Hoje mesmo, se for possível.
- Tudo bem! Precisa de alguma ajuda?
- Não, só tenho minhas roupas! Nos próximos dias vou sair para comprar uma cama, colchão, uma mesa de estudos, essas coisas, pois dependia de saber como seria o espaço para encaixá-las. – respondeu Roger
- E onde vai dormir enquanto isso?
- No chão, tenho um colchonete! – o jeito tímido e direto com o qual aquele moleque respondia às suas perguntas estava deixando Vitor quase maluco, obrigando-o a desviar o olhar daqueles lábios carnudos, vermelhos e úmidos, daqueles olhos azuis hipnotizantes, daquele rosto lindo e imberbe quase angelical que o obrigava a ajeitar a todo o momento a ereção que lhe atazanava a virilha.
- Pode usar o sofá até que tenha uma cama, ele é grande o suficiente para te acomodar por alguns dias e não vai nos atrapalhar em nada. – seria uma judiação deixar aquele tesão de corpo dormir num colchonete duro no chão frio, pensou Vitor.
- Se não for mesmo nenhum incomodo, eu aceito, obrigado! – porra do cacete, de onde veio esse tesão todo educado de fala mansa? Isso vai me dar trabalho, posso até pressentir, dizia Vitor a si mesmo, enfeitiçado por cada movimento que o rapagão fazia.
Naquela mesma noite Roger conheceu o terceiro morador do apartamento, Daniel, um cara muito bonito que trabalhava numa agência de publicidade, ostensivamente gay, expansivo e de riso fácil. Roger se sentia intimidado na presença dele, embora ele o tenha acolhido com franca simpatia. Ele nunca estivera tão próximo de um gay, especialmente de um que não tinha nenhum problema em lidar com sua condição, até fazendo dela um meio de ser notado. Por alguma razão ainda desconhecida, Roger tinha gostado dele e estava certo de que seriam bons amigos. Talvez, por que ele mesmo tinha uma suspeita, que vinha crescendo ultimamente, de que também podia ser gay, muito embora nem em sonho ele pudesse aventar essa hipótese dentro da casa onde fora criado.
Por exigência dos pais, ele mandou algumas fotos do apartamento e da suíte que tinha ajeitado confortavelmente para si. Mandou também duas fotos dos companheiros, aos quais pediu para posarem da maneira mais discreta e ilibada possível para tranquilidade e confiança do pai. Caso o pai viesse a descobrir que o senhorio era um michê que angariava clientes endinheirados nas boates gays da cidade, dormia até quase a hora do almoço e seguia por algumas horas para uma oficina de sua propriedade onde consertava e incrementava motocicletas de alta cilindrada e, que o outro inquilino, era uma bicha assumida e declarada que trazia um batalhão de machos bem apessoados que conhecia nos inferninhos que costumava frequentar para dentro de sua cama, onde rolavam orgias com as quais Roger jamais havia sonhado, certamente teria que voltar para sua cidade natal sem qualquer argumento em contrário. Portanto, o silêncio e informações muito bem filtradas seria a estratégia a ser adotada para continuar morando ali. Ele tinha um forte motivo para não querer deixar aquele apartamento, que atendia pelo nome de Vitor.
Vitor herdara o apartamento confortável da avó, bem como o ponto comercial onde instalou sua oficina de motocicletas, pois era apaixonado por elas, quanto mais potentes, mais ele as cobiçava. Uma pequena equipe liderada por um gerente também aficionado pelas máquinas dava conta da oficina que ele havia montado e era uma de suas fontes de renda, a mais lucrativa, embora não a mais prazerosa. Vitor era um daqueles machos que gostava de foder não só garotas, mas especialmente outros homens, homens não tão machos, homens que gostavam de dar o cu para machos dotados como ele, homens que tinham grana para pagar por serviços de qualidade, pois era assim que encarava sua profissão de michê. Ter outro homem penando com sua pica atolada no cu fazia Vitor se sentir mais macho, e desse prazer ele não se furtava. Quatro ou cinco noites por semana, ele dedicava a essa atividade, pois aquele fogo que ardia dentro dele precisava ser arrefecido e, isso só acontecia quando o caralhão dele podia esporrar livremente a produção abundante de seus colhões. Sua aparência atlética com um corpão musculoso e bem esculpido, um rosto másculo e viril, um ar taciturno e pouco falante, formavam uma aura de libertinagem que cativava tanto mulheres quanto homens que, depois de atraídos por essas características eram subjugados por seu cacetão gigantesco sem dó nem piedade, por mais arrego que suplicassem. Roger caiu nessa mesma teia sem que Vitor precisasse mover um dedo para isso e, nem tivesse reparado que seu jovem inquilino começava a idolatrá-lo em segredo. Paralelamente, e apenas para manter as aparências, Vitor havia se envolvido com uma garota chamada Vera, com quem saía esporadicamente para que todos o vissem ao lado de uma mulher bonita e cobiçada e, com quem também transava tão esparsamente quanto possível, para que ficasse claro que não desejava nenhum tipo de compromisso.
A amizade com Daniel era mais aberta, Roger também o idolatrava, mas de uma maneira diferente, ele o via como um tutor, alguém que conhecia uma porção de coisas que ele queria aprender, alguém que sabia fazer uso da beleza de seu corpo em proveito próprio, e que tirava desse conhecimento um prazer que Roger gostaria de sentir, pois ele se sentia reprimido dentro de seu próprio corpo, como se ele enclausurasse um Roger que queria florescer mas não sabia como. Com a mesma frequência que Vitor dava suas saídas noturnas, Daniel trazia caras novas para passarem a noite na cama dele. Roger tinha aprendido a aguçar os ouvidos para ouvir os sons libidinosos que provinham do quarto anexo ao seu. Havia noites em que não conseguia dormir, aqueles gemidos, aquelas frases libertinas, aqueles sons carnais enchiam sua mente de imagens e obrigavam-no a se masturbar na solidão de seu quarto.
Daniel era um bom professor, às vezes, descarado demais, às vezes safado demais, deixando Roger inseguro. Ele o arrastava consigo para as boates gays da cidade, onde Roger se sentia como um peixe fora d’água, tinha medo de qualquer um que se aproximasse dele, por vezes fugia para casa quando alguém mais ousado ficava no pé dele tentando alguma coisa. Embora sentisse um tesão no cu, morria de medo de ser descabaçado, pois isso significava assumir de vez que era gay. Ele ainda não se sentia preparado para isso, fazia mais o gênero romântico, aquele que sonha com um amor eterno, mais do que com uma pica alheia enfiada no cu, fruto de filmes tipo água com açúcar que curtia assistir, achando que um dia viveria um amor tão intenso quanto aqueles que presenciava na tela. Já Daniel tentava doutriná-lo do contrário, mais vale uma rola no rabo do que uma dentro da calça de um bofe tesudo, se disso surgir algo mais concreto é puro lucro. A impressão que Roger tinha, era a de que Daniel conhecia todas as picas gostosas da cidade, pelo entra e sai de carinhas que passavam pelo apartamento. Ele chegou a conhecer um bocado deles, até chegou a pensar mais seriamente em alguns, mas acabava recuando assim que começavam a tocá-lo, a querer mais do que ele estava disposto a dar. Com o passar dos meses, começou a achar normal flagrar o Daniel transando nu em pelo com algum carinha pelos cantos da casa, sem nenhuma preocupação em esconder o que estavam fazendo. Alguns chegavam mesmo a convidá-lo para um ménage à trois, o que depois de algum tempo também já não o chocava mais, apenas aumentava sua curiosidade sobre esses prazeres desconhecidos do sexo.
Daniel topava tudo, ou seja, dar o cu era tão prazeroso quando foder o de alguém. E o corpo escultural de Roger o enchia de tesão, especialmente por saber que era virgem. Quando surgia uma oportunidade, ele o abraçava, dava-lhe uns beijos safados, encoxava-o com força para ver se ele cedia, mas deixava-o fugir quando percebia que o garotão estava tomado e tremia de medo pelo desconhecido. Por gostar demais dele, poupava-o de tomá-lo à força, e continuava a fazer a cabeça dele para que se assumisse e aos seus desejos reprimidos.
Roger, efetivamente, estava mudando. Estava mais solto, aceitava as brincadeiras e provocações com mais facilidade, já não fugia quando lhe davam uns amassos, mas continuava se resguardando e guardando um segredo só seu, a paixão crescente por Vitor. Nem a frieza dele o desestimulava a continuar sonhando com aquele homem que parecia inalcançável, embora estivesse tão próximo e tão tentador. Roger fazia de tudo para se aproximar dele, para ter sua atenção, para ser desejado por ele.
- Me ensina a andar de moto? – pediu Roger, numa vez em que Vitor lhe deu uma carona na garupa.
- Você não vai dar conta! – ouviu como resposta
- O que você quer dizer com isso? Está me chamando de retardado? – questionou zangado
- Não é isso! Sabe quanto pesa uma moto dessas, umas três vezes o seu peso, no mínimo! – respondeu o Vitor.
- E daí! Só por isso não posso aprender a dirigir?
- Se você cair vai se ralar todo!
- Eu e qualquer um que cair de uma motocicleta vai se ralar todo, nem por isso os caras deixam de aprender. – retrucou Roger, determinado a aprender a pilotar uma motocicleta, nem tanto pelo prazer, mas por poder ficar mais perto do Vitor, de ter coisas em comum para conversar com ele.
- Eita, moleque teimoso! Eu não vou te ensinar, pode tirar o cavalinho da chuva, não quero ser responsável quando você estiver todo quebrado. – devolveu o Vitor
- Você é um saco, sabia! Um saco! – explodiu Roger, fazendo o Vitor achar graça.
Vou arrumar outro jeito de conquistar esse convencido, pensou Roger com seus botões, disposto a ter a atenção daquele homem a qualquer custo. Sua próxima incursão foi aparecer sem avisar na oficina, a pretexto de conhecer o lugar onde ele trabalhava. Reservou uma tarde para essa tarefa, mas ao chegar lá Vitor não estava, quem o recebeu foi o gerente, um carinha quase tão atraente e sensual quanto o Vitor. Não teve um que não reparou naquele garotão gostoso quando ele entrou na oficina perguntando pelo Vitor. Roger estava se habituando a atrair olhares sobre si quando chegava a algum lugar, já não corava com a mesma facilidade e sabia se fazer sedutor quando algum dos olhares despertava sua atenção. A oficina cheia de homens cheirando a graxa e testosterona enfiados naqueles macacões que alguns traziam com o zíper aberto expondo seus torsos revestidos de pelos tinha o mesmo apelo que uma loja de doces para uma criança. Daniel tinha lhe ensinado a jogar charme, a trazer sua sensualidade até a pele, fazendo que todos a notassem, e foi dessas aulas que se valeu com aqueles homens.
- Queria dar uma volta de moto e pensei que o Vitor ia me levar, pena ele não estar! Fica para uma próxima. – jogou Roger sobre o gerente que não tirava os olhos daquela bunda carnuda.
- Gosta de motocicletas? – perguntou o gerente, Lucas.
- Comecei a me interessar a pouco por elas, sou totalmente leigo, mas queria aprender mais. – a entonação certa na voz, aquela ingenuidade transparente, atuavam como um imã sobre aquela galera de machos disposta a não só ensinar tudo sobre motocicletas para aquele garotão, como lhe ensinar muitas outras coisas que aparentemente ele também desconhecia. – O que vocês fazem exatamente por aqui? – continuou Roger, enquanto admirava as máquinas espalhadas pelo galpão.
- Basicamente consertamos e incrementamos as motocicletas de linha dos fabricantes para máquinas mais personalizadas. – respondeu o Lucas, precisando a todo momento ajeitar a jeba que endurecia dentro de suas calças, o que se repetia dentro dos macacões dos mecânicos.
- Legal! Essa aqui é linda demais! – exclamou Roger, atraído por uma delas. Lindo é você moleque e essa puta bunda gostosa, reconheceu Lucas em sua mente.
- Quer dar uma volta nela? – a oferta do Lucas era partilhada por todos os demais, mas o privilégio seria lamentavelmente apenas dele.
- Posso? Jura? Claro, que quero! O Vitor não vai implicar com você depois? Não quero te criar problemas! – devolveu Roger entusiasmado.
- Problema nenhum! Testar as motos que ficaram prontas faz parte do serviço! – respondeu Lucas, colocando um capacete nas mãos do Roger.
Fazia uma tarde um pouco fria, o sol fraco criava longas sombras das árvores plantadas ao longo das calçadas sobre o asfalto das ruas. Aquelas costas largas enfiadas dentro da jaqueta de couro que estava diante de seus olhos e ao alcance de suas mãos, deixou Roger excitado. Depois de algumas quadras percorridas, não lhe pareceu descabido enlaçar seus braços ao redor delas, o que se comprovou quando o dono delas se voltou para ele com um sorriso cúmplice. Roger cravava os dedos na cintura dele quando a motocicleta se inclinava, fazendo com que já não conseguisse mais disfarçar o tamanho da ereção que havia se formado entre suas pernas. Roger a notou com um misto de satisfação e prazer, ousando deslizar cautelosa e suavemente uma das mãos sobre aquele volume rijo e pulsátil. Eles circularam por alguns bairros, fizeram uma parada num café diante de uma praça onde algumas pessoas usufruíam daquele calorzinho vespertino do sol que em pouco se poria no horizonte.
- E aí, o que achou? – perguntou Lucas
- Demais, cara! Demais! Vou procurar alguém disposto a me ensinar a pilotar. – revelou Roger, animado com aquele olhar cobiçoso que sorria na direção dele.
- Posso te ensinar, se quiser! – prontificou-se Lucas
- Sério? Pedi para o Vitor, mas ele se recusou, veio com uma história do peso da moto ser três vezes o meu, e mais um monte de baboseiras. – revelou Roger, o que deixou Lucas com a pulga atrás da orelha, sabendo que seu chefe não era do tipo que dispensava uma foda numa bunda como a daquele molecão.
- Só por isso ele não quis te ensinar? Tem muito cara que pesa bem menos que três vezes o peso da moto e até é campeão de motociclismo. – argumentou Lucas.
- Não é! O Vitor é um chato, tem horas que parece mais velho que meu pai. – reclamou Roger
A oficina estava para fechar quando eles voltaram, o Roger bem mais confiante, abraçava aquele torso viril com uma empolgação desconcertante, mas muito prazerosa para o Lucas. E, deram de cara com o Vitor assim que entraram no galpão.
- Por onde você andou, precisei de você para resolver uma questão com um cliente e você não atendeu minhas ligações, confere aí, tem uma meia dúzia pelo menos! – esbravejou o Vitor com seu gerente. – Estou plantado aqui há horas, caralho!
- Estava testando essa máquina e dei uma carona para o seu amigo. – respondeu o Lucas, sem se deixar intimidar. Aquela mão macia pousada sobre seu cacete durante todo o passeio lhe dava ousadia para que não restassem dúvidas de sua masculinidade.
- Foi culpa minha, eu pedi para o Lucas me dar uma carona enquanto testava a moto. – apressou-se a afirmar o Roger, em defesa do Lucas.
- E você veio fazer o que por aqui? Não tem aula ou coisas da faculdade para fazer? Por que não me disse que vinha para cá? – agora a zanga do Vitor era destinada a ele, seu estratagema não podia ter dado mais certo. Vitor não apenas voltou sua atenção para ele, como estava visivelmente enciumado por tê-lo visto agarrado ao Lucas.
- Vim conhecer o lugar onde você trabalha! Por que, não posso? – questionou Roger com petulância.
- Devia ter me avisado! Eu mesmo te traria se tivesse falado que queria conhecer a oficina. – Vitor controlou o tom de voz e a raiva que estava sentindo para não dar bandeira. No fundo tinha vontade de dar umas porradas naquele garotão abusado para mostrar quem é que mandava ali.
Por quase uma semana Vitor o tratou com frieza, como que para mostrar que aquela atitude o havia aborrecido. Além de ignorar o desdém do Vitor, Roger ainda o cobriu de mimos. Aliás, os mimos foram a primeira tática que Roger utilizou para tentar conquistar seu senhorio, assim que começou a sentir os primeiros indícios de que estava gostando dele como homem, como o cara com quem queria ter seu primeiro relacionamento gay. Eram pequenas coisas do cotidiano que um observador menos atento deixaria passar batido, como passar a fazer as torradas do café da manhã para ele, uma vez que Vitor muitas vezes deixava de comê-las por preguiça de as tostar, ou picar as frutas e servi-las numa cumbuca cobertas com um fio de mel sobre elas, pelo mesmo motivo, estender a toalha de banho úmida que Vitor invariavelmente esquecia sobre a cama no varal da lavanderia, aplicar-lhe uma massagem nas costas largas e nuas quando ele reclamava de tensão muscular nos ombros, e mais um tanto de pequenas gentilezas que Roger lhe dedicava sentindo um imenso prazer nisso. Vitor era tão desligado que nem reparava nessas gentilezas e, claro, nunca se mostrava grato por elas, embora percebesse que desde a vinda de Roger para o apartamento, algumas coisas pareciam fluir com mais eficácia e naturalidade.
Outra coisa que Vitor se recusava a fazer, era levar Roger consigo às casas noturnas ou redutos gays da cidade onde ele angariava seus clientes. Igualmente, com uma desculpa descabida, ele se recusava a levá-lo a esses lugares, o que só instigava ainda mais a curiosidade de Roger.
- Você se mudou para a capital para estudar ou para cair na gandaia? Aposto que seu pai não ia gostar, nenhum pouco, de saber que o filhote dele está caçando machos por aí. – retrucou Vitor, quando de mais um pedido do Roger.
- Eu não estou caçando machos! Quem está fazendo isso é você! – devolveu Roger contrariado.
- E o que você tem a ver com isso! Sou maior de idade e dono do meu nariz, já você é um fedelho que depende o papai e ainda precisa prestar conta dos teus atos. – revidou Vitor, sem muita paciência.
- Estúpido! Não quer me levar, não leva, mas guarde seus sermões, pois estou dispensando todos! O Daniel não vai se recusar. – argumentou Roger, que tentava entender o porquê daquele controle todo sobre ele.
- O Daniel é um cara legal, mas é bom você não ficar andando muito na companhia dele, é uma péssima influência para essa sua cabecinha oca. – afirmou Vitor
- Você me irrita, sabia? – rosnou Roger.
Que Daniel era um gay devasso Roger já tinha notado. Aquele entra e sai de carinhas novas no apartamento e na cama dele era prova mais do que cabal de sua libertinagem. Mas, era justamente com ele, que Roger estava aprendendo a se assumir, a dar vazão àquela curiosidade sobre esse universo homossexual que ele desconhecia e, a se mostrar aberto a experiências nesse campo, tudo o que ele vinha reprimindo dentro de si.
Quando passou a acompanhar Daniel nessa nova aventura, Roger passou a ser contumaz e ostensivamente assediado por sua beleza e seu corpo escultural. Era a timidez que ainda estava lá guardada no fundo dele e aquela bunda capaz de atentar até o capeta, que definiam os caras que o abordavam, gays ativos e heterossexuais que jogavam nos dois times. Aquilo era algo inédito na vida de Roger, pelo menos com aquela intensidade, pois olhares indiscretos e lascivos ele já conhecia desde sua cidade e desde que seu corpo adquirira essa estrutura sedutora. De início, um simples toque de algum interessado o deixava apavorado, fazendo com que Daniel achasse graça daquela ingenuidade toda. Depois, mais solto, embora ainda não confiante o suficiente, trocava beijos devassos com os pretendentes, que choviam aos borbotões, quando das suas saídas em companhia do Daniel.
- O que foi aquilo tudo ontem, toda vez que eu te procurava no salão da boate você estava aos beijos e amassos com um carinha pelos cantos? – comentou Daniel no dia seguinte a uma dessas saídas. – Não vá com tanta sede ao pote, vão pensar que você é um galinha, uma piranhazinha fácil. – completou
- Foram só três! E você há de convir que eram uns tremendos de uns bofes, vai! – respondeu Roger.
- Está ensaiando para virar uma putinha? – questionou Vitor, com seu costumeiro mau humor, toda vez que descobria alguma nova ousadia do Roger.
- Não, seu grosso! Nunca pensei em me transformar numa puta, se é que isso te importa. Só estou seguindo os conselhos do Daniel e me mostrando mais disponível, só isso. – retrucou Roger
- Então pare de agir como se fosse uma! – exclamou Vitor, sem disfarçar sua raiva ao bater a porta assim que saiu do apartamento.
- Não sei por que o Vitor age assim comigo, ele sempre me destrata, me ofende, fica me regulando como se fosse meu pai. Eu odeio ele! – despejou Roger, mais uma vez magoado pela atitude ranzinza do cara por quem só conseguia nutrir os mais puros e sinceros sentimentos.
- Não esquenta, é o jeito dele! – amenizou Daniel.
- Mas com você ele não age assim! Imagine se sou eu a trazer tantos carinhas aqui para dentro de casa, aí sim ele ia pensar que sou uma putinha. – devolveu Roger.
- Ele me conhece, sabe que não sou do tipo fiel e monogâmico, que gosto de novidades. Ele já nem liga mais! – respondeu Daniel. – Ademais, não deixo ele se meter na minha vida! Enquanto que com você, eu acho que ele se sente meio responsável, tipo um irmão mais velho, entende. – concluiu.
Daniel nunca foi muito pudico, vê-lo nu pelo apartamento não era nenhuma novidade e, por seu lado, Vitor não escondia que aquela nudez o deixava cheio de segundas e más intenções. Não que qualquer um dos dois o fizesse propositalmente, mas também não deixavam de aproveitar a ocasião ao sentirem um tesão reprimido. Era bem como diz o ditado – a ocasião faz o ladrão – para que rolassem alguns amassos, uns beijos carregados de luxúria e até uma transa quando ambos sentiam necessidade de satisfazer seus instintos primais.
Roger sentiu uma dor inexplicável em seu peito no dia em que flagrou Vitor se pegando no sofá da sala com Daniel, e este gemendo debruçado sobre o espaldar enquanto Vitor o enrabava com uma disposição ferrenha. Roger se trancou no quarto pelo restante do dia, chorou o quanto pode, e nem para as refeições saiu de sua clausura, deixando o Vitor e o Daniel sem entender o que estava acontecendo com ele. Quando deixou o quarto no dia seguinte para ir à faculdade, com uma expressão tristonha que ambos desconheciam, não deu nenhuma explicação sobre sua atitude. Roger havia entendido aquela cena como se houvesse uma espécie de compromisso entre eles, um relacionamento talvez, ou algo que ele ainda desconhecia dessas relações complicadas entre gays. Portanto, ao contrário do que ele achava, Vitor não estava disponível, e essa descoberta doeu.
Revoltado com a nova situação, que existia apenas em sua cabeça, mas que ele tomava como definitiva, Roger imitou o comportamento libertino de Daniel. Trazia colegas da faculdade para supostamente estudarem juntos em seu quarto quando na realidade eles queriam provar daquele cuzinho tesudo, se deixava levar para a casa ou algum motel pelos caras que conhecia nas boates, mas quando as coisas chegavam ao ponto de começar a rolar sexo, ele dava para trás, sem nenhuma explicação, fugindo ou mandando o cara embora por mais tentadora que fosse a rola já dura que o cara tivesse. Alguns ficavam putos com ele, outros achavam que aquilo não passava de receio de ser desvirginado, e continuavam dando em cima dele, na esperança da próxima investida resultar numa foda bem-sucedida. Nem mesmo Roger compreendia o que se passava no íntimo dele, por que recusava algo que tanto desejava. Certa ocasião, quando estava com Daniel e Vitor numa boate, decidiu que sua virgindade tinha que chegar ao fim naquele dia. O primeiro sujeito que o abordou naquela noite na boate foi um cara bem ao estilo machão, grande, musculoso, cheio de atitude, que logo se encantou por seu rosto de molecão ingênuo e angelical. Roger não o impediu de enfiar aquelas mãos potentes nos lugares mais sensuais e excitantes de seu corpo, estimulava-o com beijos tórridos e devassos, deixando o cara com uma baita ereção que ele acariciava com sua mão curiosa e macia. Mas, para se entregar ao sujeito, precisava de coragem, muita coragem, e essa ele foi buscar na bebida. No terceiro drinque, estava falante, atrevido, provocantemente sensual, pois não estava acostumado a beber. Quando o sujeito o convidou para um lugar mais reservado, onde poderiam ficar a sós e aplacar aquele tesão todo, Roger despejou mais duas doses de gin fizz goela abaixo, dez minutos depois de secar o copo, apagou como se alguém tivesse desligado o interruptor. De longe, Daniel acompanhava a abordagem do sujeito e o descontrole do Roger, e correu em seu auxilio assim que ele caiu embriagado nos braços do sujeito. Sentindo-se responsável por aquilo tudo, levou-o para casa, não sem antes dar um toque do que estava acontecendo para o Vitor.
- Deixa que eu cuido dele! O carinha está esperando por você, terminem de curtir a noite. – disse Vitor, liberando Daniel para o carinha que estava a fim dele.
- Eu o dispenso, sem problema! Posso combinar para outro dia. – retrucou Daniel. – É por minha culpa que ele está agindo assim. Acho que botei coisas demais na cabecinha imatura dele. – continuou Daniel.
- Não é sua culpa! Ele é maluquinho mesmo, coisa de moleque. Vá curtir, deixa que eu cuido da situação. – afiançou Vitor.
Roger estava tão bêbado que nem sabia onde estava e o que faziam com ele, só balbuciava coisas desconexas, ria feito um lunático em certos momentos e chorava em outros. Vitor e Daniel o despiram e o enfiaram debaixo da ducha, depois que ele vomitou todo conteúdo bilioso que tinha no estômago. Levaram-no para a cama ligeiramente mais desperto, mas ainda confuso e sonolento. Nos momentos de maior lucidez, Roger se insinuava para Vitor, empinava a bunda e o desafiava a possui-lo, convidando-o lascivamente para o coito.
- Esse moleque está merecendo uma boa surra para largar dessa viadagem toda! – exclamou Vitor.
- Ele está agindo assim por que está apaixonado por você! – revelou Daniel
- Apaixonado por mim, era só o que me faltava! Um fedelho desses! – devolveu Vitor.
- Não sei como você nunca notou isso. Ele faz de tudo para te agradar, para te conquistar, você nunca se tocou? – questionou Daniel
- Besteira! Ele só está perdido, esse negócio de sair de cidade pequena, de se deslumbrar com as novidades, de tentar sair do armário, isso está deixando ele confuso. É só isso! Apaixonado por mim, de onde você tirou um absurdo desses? – retrucou Vitor.
- Absurdo? Você já se deu conta do porquê de ele fazer suas torradas do jeito que você gosta, de ficar te cobrindo de mimos, de te fazer ciúmes com seu gerente Lucas, o que você acha que ele quer com isso tudo? Chamar a sua atenção, mostrar que ele existe e que te deseja. Você precisava ver a preocupação dele quando você ficou doente esses tempos atrás e precisou ficar aqueles dois dias no hospital. Ele não arredou o pé do seu lado, ficava afagando seu rosto, qualquer alteração na sua respiração e ele ficava sobressaltado temendo que você estivesse sentindo dor ou piorando. Esse garotão te ama tanto que você não faz ideia do quanto! – afirmou Daniel, com uma convicção de deixou Vitor embaraçado.
- Só eu sei o esforço que estou fazendo para não pegar esse molecão de jeito. Desde o momento que ele apareceu na minha porta sinto um tesão por ele como jamais senti por outra pessoa. E o safado me provoca. Olha só como ele está me olhando, como fica me atentando exibindo e empinando essa bunda deliciosa. Mas, não posso me aproveitar dele, não seria justo nem decente. Ele precisa de alguém da idade dele, mais jovem, mais compatível com ele. – respondeu Vitor, enquanto ambos admiravam Roger nu e ainda meio entorpecido pelo álcool, seduzindo Vitor.
- Bem que ele afirma que você às vezes se mostra mais velho que o pai dele. Você está com vinte e sete anos, ele faz dezenove nos próximos dias, desde quando isso é impedimento para vocês ficarem juntos. Se você gosta dele, diga isso a ele, faça-o feliz, e seja feliz você também! – aconselhou Daniel.
- Não sou do tipo que se amarra num compromisso. Quero me sentir livre, gosto da vida que levo, de trepar com quem me paga para isso, sem cobranças, sem ficar no meu pé. – devolveu Vitor.
- Você tem é medo de responsabilidades! E o Roger significa exatamente isso, responsabilidade. Ele precisa de você, precisa de segurança, precisa de alguém que o ame, mas também cuide dele, e é disso que você tem medo, de não dar conta do recado. Dê uma chance a si mesmo, assumi-lo não significa que você vai perder sua liberdade. Ele vai dar sentido à sua vida, vai preencher muitas lacunas que eu sei que existem aí dentro de você. A paixão que vocês sentem um pelo outro, vai mudar sua perspectiva de enxergar as coisas. Você vai ter algo que nunca teve antes, alguém que te ama de verdade, não por que você tem um caralhão enorme, não por que você fode feito um touro, mas por que você é quem é, um cara carente de amor. – argumentou Daniel.
- Filosofia de botequim! Não caio nessa! – retrucou Vitor, que ainda ficou ali parado junto a porta do quarto do Roger, observando com uma ereção que não o deixava raciocinar direito, aquele corpo nu e seu dono adormecendo inocentemente à medida que relaxava.
- Bem! Deixo-o nas tuas mãos, por que agora tenho que cuidar do carinha que está me esperando aí no quarto ao lado. – disse Daniel com um risinho libidinoso.
As palavras de Daniel martelavam na cabeça de Vitor que continuava encostado no batente da porta do quarto do Roger, com o olhar enfeitiçado por aquele rosto que não saia de seus pensamentos.
- Diabo de moleque! Por que foi que veio parar justamente na minha porta, por que precisou entrar na minha vida que estava toda certinha até você aparecer? Eu estava tão cheio de certezas, sabia o que queria, tinha tudo esquematizado e agora, já não sei mais de nada, tudo está tumultuado nessa porra de vida. Que ninguém nos ousa, mas a única coisa que eu sei é que preciso de você; não é a porra eu descobrir isso a essa altura do campeonato. Paixão, caralho, será que é isso? É o cazzo! Só pode ser o cazzo! – sussurrava Vitor depois de se sentar na beira da cama e ficar deslizando suavemente os dedos pelo contorno do rosto do Roger.
Roger quis comemorar o aniversário em grande estilo, era o primeiro que ele comemorava longe da família e, aquele gostinho de liberdade precisava ser bem usufruído. Na sexta-feira dia exato do aniversário, ele curtiu com a galera da faculdade num clube noturno que costumavam frequentar. Chegou em casa no sábado ao alvorecer, cansado de tanto dançar, mas sóbrio para surpresa do Vitor e do Daniel que já o esperavam chegando no mesmo estado deplorável de algumas semanas atrás.
- O que foi, por que estão me olhando com essas caras? – questionou ao entrar em casa e encontrá-los acordados àquela hora.
- Nada não! – respondeu Daniel dando uma piscada na direção do Vitor.
- Me espanta que ambos estejam acordados a essa hora! Normalmente só levantam perto do meio-dia quando voltam da gandaia. Só falta me dizer que estavam me esperando, se for isso, nem se atrevam, pois vou ficar muito puto. Quando acho que me livrei do controle dos meus pais, dou de cara com vocês dois me vigiando como se fossem dois carcereiros. – protestou Roger.
- Não estamos te controlando, mas confesso que estava preocupado de você chegar em casa bêbado como daquela vez. – afirmou Vitor.
- Eu não estou falando! Era só o que me faltava! Ninguém me dá sossego! – resmungou Roger, fazendo com que Daniel e Vitor começassem a rir, o que o deixou ainda mais furioso. – Você não deveria estar ocupado com algum carinha novo, Daniel? E você, Vitor, largou algum titio na mão para estar em casa tão cedo e, o mais curioso, acordado? – emendou provocando-os.
- Dispensei-o ontem mesmo, era bonitinho e parecia gostosinho, mas foi uma decepção na cama. – respondeu Daniel
- Não deixei nenhum titio na mão, para sua informação. Fodi, recebi minha grana e encerrei o programa, como sempre. Apenas resolvi voltar para casa mais cedo, está satisfeito com nosso relatório? – devolveu Vitor.
- Nem sei por que fico perdendo tempo com vocês dois. – sentenciou Roger.
- Por falar em perder tempo conosco, essa noite vamos comemorar seu aniversário. Nada de arrumar outra programação. Vamos te levar ao lugar mais gay da cidade. Você não vive reclamando que não te levamos às baladas gays, pois não vai mais precisar reclamar. – revelou Daniel, zoando com a cara dele.
Levaram-no a uma casa noturna onde havia performances de gogoboys, karaokê, dark-rooms e até uma sauna no subsolo. O lugar estava bombando quando chegaram. Daniel logo saiu cumprimentando os carinhas que conhecia, enquanto Vitor, mais reservado, examinava o ambiente com aquele seu olhar de caçador, à procura de um programa para o final da madrugada. Roger praticamente monopolizou os olhares, tanto por sua juventude e beleza estonteantes, quanto por ser uma carinha nova no pedaço, de quem ninguém ainda tinha tirado uma casquinha. Ele pouco se importou com aqueles olhares, o único que lhe interessava era o do Vitor, e ele imaginava que o teria todinho só para si, já que estavam comemorando seu aniversário. Ele nem deixou Vitor pedir uma bebida, arrastou-o logo para a pista de dança e, enquanto o encarava cheio de tesão, ficava se insinuando, esperando por um beijo como outros pares estavam fazendo. Um colega do Vitor se aproximou, fez elogios a Roger, quando foi apresentado e acabou levando seu parceiro de dança para junto de um grupinho de amigos. Vitor foi e aquilo foi como se tivessem jogado um balde de água fria em suas expectativas.
Quando foi procurar pela companhia de Daniel, este estava aos amassos e beijos com um carinha que ele já levara algumas vezes para casa. Era um cara bonito, malhado, e super-simpático com quem ele chegou a trocar algumas frases quando esteve no apartamento. Roger se aproximou, recebeu os parabéns do carinha acompanhado de um beijo, mas logo sentiu que se ficasse por ali ficaria segurando vela para os dois. Ao que parecia, Daniel e ele estavam chegando num acordo e, a impressão que ficou, era de que iam engatilhar um relacionamento. A última coisa que ele queria era atrapalhar os dois. De repente, sentiu-se deslocado, os assédios constantes começaram a irritá-lo, ele foi até o balcão sobre o qual dois gogoboys dançavam sensualmente enfiados em tangas sumárias que realçavam seus dotes volumosos. O primeiro gin tônica desceu como se fosse água, ele estava mesmo com sede e não se importou de aplacá-la com o drinque. Um carinha que já o observava de longe e com o qual trocou alguns sorrisos se aproximou e lhe ofereceu outro drinque. Trocaram uns beijos e o carinha logo quis arrastá-lo para o subsolo, ele deu uma desculpa qualquer de que estava esperando uns amigos e se livrou do sujeito. Não ficou nem cinco minutos sozinho, e foi novamente abordado, desta vez por um casal, o macho da relação foi logo apalpando tudo o que podia no Roger, enquanto o parceiro tentava convencê-lo a irem para o apartamento deles para uma trepada. Mesmo com a cabeça zonza após o uísque que eles lhe ofereceram, ele conseguiu despistá-los. Quando voltou a ficar só, ficava olhando para os gogoboys, com os pensamentos voando longe. Ele quis ser assim, livre e atrevido, se exibir praticamente nu, seduzir, flertar, conseguir que Vitor ao menos ficasse com tesão, mas ele preferiu se juntar ao grupinho de conhecidos do que dançar e namorar com ele.
Um dos carinhas que estava atrás do balcão era um tremendo garanhão, musculoso, usando uma camiseta regata que deixava seus bíceps enormes à mostra, um rosto anguloso de macho com a barba por fazer, do jeito que Vitor também usava e que o deixava louco de tesão. O carinha lhe sorria toda vez que se aproximava e ele correspondia, o que lhe rendeu um drinque – por conta da casa – segundo as palavras do carinha que flertava com ele. Foi o drinque mais delicioso que ele já provara, apesar de seu paladar já estar meio que entorpecido pelas bebidas anteriores. Subitamente, Roger não sabia se aquele calor que estava sentindo era por conta do carinha do outro lado do balcão, ou se era o efeito do que já havia bebido. Ele gingava o corpo com sensualidade, tirou a camiseta e ficou com o belo torso nu, centenas de olhares o cobiçaram. Ele voltou à pista de dança, a música parecia estar entrando em seu corpo, ele o movia, suas coxas grossas e a bunda arrebitada faziam bonito com aqueles movimentos sinuosos, quem estava em volta começou a se aproximar dele, a roçar seus corpos no dele, o calor já o abrasava por dentro, ele acelerou o ritmo para acompanhar a música. Roger dançava muito bem, estava dando um show, abriram espaço para que ele pudesse ousar nos movimentos, deixar toda sensualidade aflorar naquele corpo que todos gostariam de sentir em suas mãos e braços. Quando o DJ notou a habilidade de Roger, começou a incrementar a seleção de músicas, ele agora estava só no centro da pista, cercado por observadores que curtiam e batiam palmas, incentivando-o a se soltar cada vez mais. Do balcão os gogoboys acenaram na direção dele chamando-o. Ele subiu no balcão, tirou a calça e, usando apenas uma jockstraps começou a imitar a performance dos gogoboys, a plateia que os observava delirava, assobiava, tentava tocar neles. Roger ora se virava na direção de um e o beijava lascivamente, esfregava sua bunda na pica do cara que se aproveitava para dar umas encoxadas naquela bunda carnuda, mesmo sendo heterossexual e estando ali apenas fazer uma grana. Depois, Roger se voltava para o outro, deslizava suas mãos sobre o corpo suado e atlético e quase chegava a ficar de joelhos diante dele, beijando o volume que havia dentro de sua tanga. A galera ao redor delirava, muitos manipulavam as ereções que começaram a ficar apertadas dentro das calças. Roger tinha a atenção de todos, menos a do homem pelo qual estava apaixonado, e que talvez nunca tenha notado esse sentimento que o corroía por dentro e lhe deixava com a sensação de um enorme vazio no peito.
Daniel teve a atenção despertada por aquele burburinho que ganhava força diante do balcão, até se dar conta de que era Roger, quase nu, quem estava tumultuando a galera. Desconfiado de que aquilo só podia estar acontecendo por conta de ele estar bêbado, foi no encalço dele, antes que algum malandro se aproveitasse de sua ingenuidade e inexperiência. Porém, obteve pouco sucesso ao tentar tirá-lo de lá. Quem conseguiu a façanha foi um sujeito parrudo que estava na primeira fila, ele já flertava há algum tempo com o Roger, e estava louco de vontade de meter o caralhão na bunda daquele garotão sensual e embriagado. Ele abriu os braços e atraiu Roger para junto de si. Roger só conseguia ver flashes diante de si, a música vibrava em seu corpo, tudo girava ao seu redor, por um triz não perdeu o equilíbrio e caiu do balcão. Mas, ao se desiquilibrar, distinguiu aqueles braços musculosos esperando por ele, aquele rosto viril lhe sorrindo, finalmente era Vitor o tomando em seus braços para fazer amor, e ele se atirou contra o tronco sólido que o amparou cobrindo o sujeito de beijos e carícias.
- Me fode! Me fode! – exclamava Roger, sussurrando no ouvido do sujeito que ele jurava ser o seu Vitor, o Vitor com quem ele sonhava perder a virgindade.
- Vamos sair daqui, faço o que você me pedir, meu tesudinho. – respondeu a voz grossa que entrou em seu ouvido provocando-lhe um frenesi no cuzinho.
Daniel tinha ido procurar pelo Vitor, pois sabia que ele seria o único a tirar Roger de cima daquele balcão. Quando voltaram não o encontraram, só o viram pendurado no pescoço do tal sujeito deixando o lugar em direção à rua. Vitor os encontrou na calçada, alguns metros da entrada da casa noturna. A madrugada já ia adiantada e quase não havia mais ninguém nas proximidades.
- Roger! Roger! Volta aqui! – berrou ele atrás deles. Como nenhum dos dois se dignou a prestar atenção nele, ele foi no encalço deles. – Aonde você pensa que vai? – perguntou, puxando-o pelo braço.
- Ele, ele .... como é mesmo o seu nome? Ele vai me desvirginar, é meu presente de aniversário ... minha primeira pica no cuzinho. – Roger não falava mais coisa com coisa, apenas tinha um sorriso abobado contornando seus lábios deliciosamente vermelhos e úmidos.
- Você vem para casa comigo agora mesmo, está entendendo? Você bebeu demais e não vai fazer loucura alguma por aí. Vamos! – ordenou Vitor.
- Você não é meu pai! Eu posso tomar minhas próprias decisões, e hoje eu decidi que vou deixar de ser virgem. – balbuciou com a língua enrolada e se apoiando no sujeito, pois tudo rodava a sua volta.
- Ele está comigo! Qual é a tua cara? – grunhiu o sujeito não disposto a perder aquela foda, ainda mais que acabara de descobrir que estava prestes a pegar um virgem.
- Não está não! Ele está comigo e está bêbado, ninguém toca nele nesse estado! – respondeu Vitor, arrancando Roger dos braços do sujeito.
Não disposto a abrir mão da oportunidade de descabaçar aquele tesão de moleque, o sujeito quis engrossar. Nesse interim, Daniel e o amigo se aproximaram, dando guarida a Vitor que já partiu para cima do sujeito aos socos, enquanto Roger, reconhecendo Daniel, foi se apoiar no ombro dele. Após deixar o sujeito no chão, Vitor se voltou novamente para Roger e o tomou em seus braços.
- Deixa que eu levo ele para casa! Não se preocupe! Termine de curtir a noitada. – disse Vitor, liberando Daniel e o parceiro.
- Tem certeza? Não quer que eu te ajude?
- Não, está tudo bem! Só me ajudem a colocar esse destrambelhado no carro. – pediu, antes de tomar a direção do apartamento.
Vitor despejou um sermão sobre Roger enquanto dirigia, estava puto com toda aquela situação de ter de bancar a babá para aquele moleque. Roger não abria a boca, tinha a sensação de ter feito uma cagada, mas com todo aquele álcool na cabeça, ficava difícil saber exatamente o que tinha feito de errado. Por prudência, e para não deixar Vitor ainda mais furioso, permaneceu em silêncio e, só de vez em quando, desviava o olhar na direção daquele homem lindo e zangado e, a única coisa que lhe vinha à mente, era o quanto o amava, o quanto o desejava.
Roger não tinha bebido tanto quanto da primeira vez, e antes mesmo de chegarem ao condomínio, com a ajuda do ar frio da madrugada que entrou pela janela aberta do carro e que varreu seu rosto, ele foi retomando o domínio sobre si. Apesar disso, não dispensou a ajuda do Vitor que o envolveu em seus braços e o foi conduzindo a passos trôpegos até o apartamento, sem parar de censurá-lo com aquele sermão ao qual ele já não prestava mais atenção. Para tentar fazê-lo calar, por umas duas ou três vezes, tentou beijar Vitor na boca, mas não foi retribuído.
- Vá tomar uma ducha fria, você está todo suado! – ordenou Vitor quando o deixou em seu quarto. – Vou preparar um café bem forte para você!
Roger começou a chorar, sentindo que estava cheio de motivos para isso. Ficou um bom tempo debaixo da ducha, a água tépida descia por seu corpo e parecia estar acariciando sua pele, e carícias era tudo do que ele precisava, um colo de mãe também seria bom, um abraço amigo, seria acalentador, um beijo carinhoso daquele homem zangado seria a coisa mais maravilhosa que podiam lhe dar naquele momento. Porém, nenhuma dessas coisas estava disponível para mitigar a carência que estava sentindo. Só lhe restava aquela exaustão que deixava seus movimentos lentos e seu corpo pesado, difícil de carregar. Quando terminou de se enxugar, lançou a toalha sobre a cama e se atirou nu por cima dela. As lágrimas já haviam secado, só lhe restando um par de olhos fatigados e vermelhos, e foi através deles que viu Vitor entrando novamente no quarto com uma caneca de café que distribuiu seu aroma por onde ele havia passado.
- Aqui, beba isso, vai fazer com que se sinta melhor! – Roger tomou a caneca das mãos dele e sorveu lentamente os goles quentes que desciam apaziguando parte de sua dor. – Espero que isso não comece a virar uma rotina. O que deu em você para tirar a roupa e ficar se oferecendo feito uma puta diante de toda aquela galera? Até a viadagem tem limites! Da próxima vez vou deixar que se foda sozinho, não pense que vou te acudir toda vez que encher a cara e começar a dar show por aí. Estou cheio das tuas besteiras, vê se cresce moleque! Quer dar o cu, dá, mas não fique nos azucrinando! – recriminava-o Vitor.
- Cretino, babaca, idiota! – devolveu Roger, colocando a caneca sobre a mesa de cabeceira e partindo aos socos para cima daquele insensível.
- Pare! Pare com isso, Roger! Pare ou vou sentar a mão na sua cara, moleque!
- Isso, bata em mim, ao menos saberei que existo e que você não me ignora por completo. Bate, vamos! Se não quer me foder, me bate! – berrava Roger furioso e chorando.
- Eu jamais ia me aproveitar de você embriagado te fodendo sem que você tivesse noção do que está fazendo! Será que você não percebeu que era exatamente isso que aquele cara ia fazer com você, te foder, te estuprar sem a menor culpa ou remorso. – argumentou Vitor
- Pelo menos eu ia deixar de ser virgem! Pelo menos algum homem mostrou desejo por mim! – retrucou Roger
- E qual é o problema de você ser virgem? Você é um molecão, tem muito tempo para perder a virgindade e, ao que parece, isso não vai demorar a acontecer se você continuar agindo feito uma puta, pois tem um montão de caras querendo esse cuzinho.
- Menos você! Menos o único cara para quem eu quero dar o cu! Eu te odeio, sabia? Você é o pior sujeito que eu já conheci, o pior! – revidou Roger chorando.
- Eu sei que você me odeia. Faz tempo que sei o quanto você me odeia. Mesmo assim, me dá um abraço e chora tudo que você tem para chorar no meu ombro. – disse Vitor, puxando-o contra seu tórax maciço e quente.
- Eu amo você, Vitor! Amo muito! – exclamou Roger, fazendo Vitor rir.
- Você não me odiava até dois segundos atrás? Acho melhor você se decidir se me odeia ou se me ama, que esse discurso está meio confuso. – caçoou Vitor
- Eu quero você, quero te sentir dentro de mim, Vitor! – devolveu Roger, colando seus lábios aos dele num beijo que refletia toda a paixão que carregava dentro de si e, ao qual Vitor não conseguia ser indiferente.
- Ah moleque! Você me deixa maluco! – confessou Vitor, agarrando aquela nudez languida e trazendo-a para junto de si, roçando-a, apossando-se do torso lisinho e nu, das coxas grossas e da bunda carnuda, enquanto uma ereção crescia dentro de suas calças.
Roger o cobriu com seus beijos, contornou seu rosto, descendo pelo pescoço, desabotoando-lhe a camisa e entrando com as mãos ávidas sobre aquele peito másculo e peludo, abrindo-lhe a calça e enfiando uma mão dentro da cueca até conseguir tocar no caralhão que vibrava lá dentro. Vitor soltou o ar entre os dentes quando sentiu aquela mão macia e quente se fechando ao redor de seu cacete, e ficou observando como Roger o libertava com todo desvelo e o colocava cuidadosamente na boca. Um gemido lhe escapou dos lábios ao sentir os do Roger envolvendo a cabeçorra úmida de sua pica. Dava para perceber a timidez e a insegurança com a qual Roger fazia seu primeiro boquete, e aquilo era puro tesão. Ele o sugava sem se importar com o pré-gozo que mimava da rola intrépida. Vitor se controlava, lançava a cabeça para trás e se deliciava com aquela boca mamando avidamente sua caceta. Roger acariciava o ventre trincado e peludo de Vitor, deslizava as pontas dos dedos para dentro dos densos pelos pubianos, tocava e afagava o descomunal par de testículos como se estivesse desvendando os segredos de um novo brinquedo.
- Entra em mim. – pediu Roger, com um brilho intenso e apaixonado naqueles olhos expressivos e um azul quase transparente, ao se virar de bruços e empinar a bunda tesuda. Vitor quase ensandeceu.
Vitor desvencilhou-se das roupas e se lançou sobre aquele corpo que o aguardava ardendo de tanto tesão. Roger quase não se mexia, só erguia a pelve fazendo com que as curvas de sua bunda se encaixassem na virilha abrasada de Vitor que, ouviu-o mais uma vez repetindo o pedido, agora quase uma súplica para ser enrabado. Vitor o beijou nas omoplatas, sussurrou colado em seu ouvido que ia fodê-lo, esfregou sua ereção ao longo do reguinho apertado dele e, aos poucos, foi descendo pelas costas dele, lambendo, beijando e mordiscando até chegar aos glúteos polpudos e macios onde cravou os dentes até ouvir Roger soltar um gemido longo. Apartando as bandas daquela bundona, vislumbrou a rosquinha rosada camuflada e protegida no fundo dela, intocada, virginal. Vitor a lambeu freneticamente, fazendo Roger ganir e se contorcer todo envolvido num tesão que jamais imaginou poder ser tão intenso. Vitor guiou seu caralhão até a fendinha que piscava no centro daquelas preguinhas rosadas e o enfiou obstinadamente para dentro daquele cuzinho. Roger gritou ao sentir seus esfíncteres se rasgando.
- Aaaaiiii! Você ainda está zangado comigo, não é? Está doendo, Vitor! – balbuciou Roger após o grito agudo e pungente que lhe escapou dos lábios.
- Você não queria perder a virgindade? É isso que estou fazendo, te descabaçando! Se eu estou puto? Estou sim, por você ter entrado na minha vida, me enfeitiçado e estar me obrigando a fazer isso com você. – respondeu Vitor que, ao mesmo tempo em queria aquele moleque com todas as suas forças, receava pelas consequências daquele ato carnal, receava pelo tesão desenfreado que estava sentindo e que o levava a querer arregaçar aquele cuzinho apertado que engolia vorazmente seu cacetão carente.
- Não fica zangado comigo! Eu te amo! – retrucou Roger, apertando a ponta do travesseiro entre os dentes para suportar a dor daquele tronco rijo e impulsivo rasgando suas entranhas à medida que o penetrava fundo.
Vitor sentia ele se entregando, sentia como estava sendo receptivo, como acolhia carinhosamente seu membro viril, e temia que aquela paixão que estava sentindo por aquele moleque virasse sua vida de cabeça para baixo. No entanto, naquele momento, ele só pensava no prazer que aquele cuzinho estava lhe proporcionando e de como era bom estar engatado naquela bunda submissa. Roger rebolava debaixo do peso de Vitor, o que aumentava a dor, e também o prazer inédito que estava sentindo. Vitor o beijava e ele retribuía, enlaçando seus dedos aos dele. Roger sentiu sua pelve se retesar, e começou a gozar, esporrando a toalha sobre a qual estava deitado. Vitor continuava o vaivém, estocando o cacetão na maciez úmida daquele cuzinho, extravasando seus instintos de macho predador e se deixando envolver por aquele prazer único. Quando Roger o ouviu soltando um grunhido gutural, sentiu seu cuzinho sendo inundado pelos jatos de porra pegajosa que Vitor despejava fundo dentro dele no mais sublime dos prazeres.
- Você é a perdição, moleque! A perdição! Caralho, como você é gostoso! – grunhia Vitor, enquanto enchia aquele cuzinho com sua porra, e colava sua boca na do Roger que gemia com as últimas estocadas profundas que o atingiam.
Roger devaneava imerso no prazer pelo qual vinha sonhando há tempos. Vitor, em toda sua plenitude e virilidade, pulsava dentro dele, seu corpo ainda tremia, devassado pelo cacetão enorme que o deflorara, deixando a essência daquele macho impregnada em suas entranhas.
- Eu te admiro tanto, te amo tanto, Vitor! – balbuciou Roger envolto nos braços de Vitor. – Você é meu homem! O homem com quem sempre sonhei! Te amo! – confessava ingênuo e maravilhado.
Quando Roger acordou, estava enrodilhado em conchinha abraçado com Vitor respirando tranquilamente em sua nuca. Verificando o celular constatou que já era bastante tarde, ouviu vozes vindo da cozinha e, deslizou para fora da cama sem acordar Vitor. Antes de sair do quarto, voltou-se mais uma vez para aquele machão pelado esparramado sobre a cama e suspirou de felicidade. Seu cuzinho ardia e cada passo acentuava esse ardor. Encontrou Daniel e o carinha com o qual ele tinha passado a noite, Fernando, que ele já tinha visto outras vezes tanto no apartamento, quanto nos barzinhos onde fora com Daniel. Na verdade, era a sexta ou sétima vez que o Fernando dormia com ele, o que podia ser considerado um recorde, uma vez que Daniel era o rei do rodízio de homens. Roger começava a desconfiar que Daniel tinha se apaixonado por ele, pois andava bem menos saliente nos últimos tempos, saía menos, caçava menos e vivia trocando mensagens pelo celular com um sorriso peculiar no rosto.
- Oi! – cumprimentou os dois ao chegar na cozinha, onde Daniel estava sentado numa das pernas de Fernando, enquanto ele beijava seu cangote.
- Oi! – responderam os dois, enquanto Fernando tentava disfarçar a ereção que tentava escapar pela abertura do short.
- Me desculpe pelo vexame de ontem! – exclamou Roger encabulado
- Você está me saindo melhor que a encomenda, hein moleque! Aquele swing em cima do balcão foi coisa de profissional, botou os gogoboys no chinelo! Onde aprendeu a dançar com tanta sensualidade? – questionou Daniel
- Acho que foram os drinques que dançaram por mim! Nunca mais enfio uma gota de álcool na boca, só dou vexame e trabalho. – continuou Roger.
- Você apenas se soltou! É divertido ver você menos sisudo, mais livre. Isso sem mencionar o tesão que foi te ver gingando esse corpão. – afirmou Fernando
- Fiz papel de palhaço! – exclamou Roger
- Não fez não! Não é assim que deve pensar. Você estava triste, era seu aniversário, era natural que procurasse uma válvula de escape. O importante é que acabou tudo bem, o Vitor ter te tirado das mãos daquele aproveitador foi providencial. É com isso que precisa tomar cuidado. Quando os caras ficam sabendo que você é virgem ficam todos doidos, viram bichos, só pensam em te foder. – sentenciou Daniel
- Vou me cuidar, prometo! Assim como juro que não vou dar mais trabalho para você e para o Vitor. – afirmou Roger.
- Não esquenta! A gente te adora! – respondeu Daniel. – Falando em Vitor, ele te trouxe para casa e cuidou de você? – continuou.
- Sim! Ele foi bem legal! – a presença do Fernando o inibiu, não queria revelar que tinha feito amor com Vitor na frente dele.
- Ele deve ter saído novamente depois disso, pois a porta do quarto dele está aberta e ele não dormiu em casa, a cama está intacta. – observou Daniel. – E pelo visto o programa foi bom, pois até essa hora ele não chegou. – emendou.
Roger não quis revelar que Vitor estava em sua cama e, ficou contente quando os dois resolveram fazer uma corrida num parque das proximidades. Quando regressassem, Vitor já teria acordado e ninguém precisava ficar sabendo que tinham transado, embora Roger estivesse louco de vontade de contar a Daniel como Vitor tinha sido maravilhoso com ele na cama. Enquanto eles estavam fora, Roger preparou uma bandeja com o desjejum e foi ter com Vitor no quarto. Acordou-o carinhosamente, abocanhando a cabeçorra da jeba dura quando viu aquela coisa empinada no meio das coxas musculosas ligeiramente afastadas.
Vitor colocou um sorriso de satisfação no rosto sonolento quando sentiu as primeiras sugadas prazerosas no cacete, enfiou os dedos na cabeleira sedosa do Roger e grunhiu enquanto ele lhe fazia o boquete. Roger parecia saber identificar todos os seus fracos, como idolatrar a sua virilidade de macho alfa, como tocá-lo nos lugares onde sentia mais tesão, como se mostrar submisso e sensível sem se vitimizar, como se fazer de fêmea sem ser afeminado, tudo o que ele prezava numa relação homossexual.
- Se você não parar de me mamar vou gozar na sua boca! – alertou Vitor, quando percebia que seus esforços para reter a ejaculação chegavam ao limiar do incontrolável. Mas Roger não parava, parecia determinado a lhe provocar o gozo.
Vitor sempre transava protegido com os caras com quem fazia os programas, nunca abrindo mão dos preservativos, mas deu-se conta apenas agora, enquanto Roger mamava seu caralho, que eles haviam transado sem camisinha, de tão fissurado que estava com aquele moleque, esqueceu-se completamente delas. Talvez por isso, tenha sentido tanto prazer nessa foda, essa despreocupação, já que o garotão era virgem. No entanto, havia algo mais, algo que ele relutava em admitir a si mesmo, houve paixão nessa transa. Enquanto refletia sobre essa questão, deixou o gozo fluir e, quando percebeu, tinha enchido a boca do Roger de esperma e este o engolia como se estivesse degustando um néctar.
- Caralho Roger! O que você pensa que está fazendo, moleque?
- Saboreando meu macho! – respondeu Roger, com um lindo e inocente sorriso voltado para ele, o que o desarmou por inteiro.
Alguns dias depois, Roger flagrou uma conversa entre Vitor e Daniel sem que os dois o notassem. Pelo teor da conversa, deduziu que falavam dele, embora não houvessem mencionado seu nome.
- Foi só sexo, nada mais que sexo! Você sabe que gosto de foder sem compromisso, sem ninguém pegando no meu pé depois de uma trepada, tanto que cobro para satisfazer essas bichas. – sentenciava a voz grave de Vitor.
- Mas não rolou nenhum sentimento, uma palpitação por menor que tenha sido, algo de especial? – questionou a voz de Daniel.
- Claro que não! Não me deixo abalar, meto a pica e uso o cu, nada além disso! – reafirmou Vitor, o que fez a primeira lágrima rolar pela face entristecida de Roger. Ele voltou para o quarto e desabou no choro, tinha plena certeza de que para Vitor aquela noite de amor não tinha significado nada, era apenas mais um gay que ele tinha fodido.
Por dias Roger andou calado e distante, quase não era visto no apartamento, saia cedo e voltava tarde e, nos finais de semana, simplesmente desaparecia sem dar explicações. Daniel conseguiu interpelá-lo já tarde da noite, assim que o ouviu chegando em casa.
- Por onde você anda? Ninguém mais consegue te encontrar, por que não respondeu as minhas mensagens? – questionou ao entrar no quarto dele.
- Estou ocupado com a faculdade! – respondeu Roger
- Tanto assim que não tem mais nenhum tempinho para a gente?
- É!
- Eu sei que não é isso! Vamos desembucha, o que está acontecendo? Você não é assim.
- Encontrei outro lugar para morar. – revelou Roger
- Por que? Assim, de repente! Já falou sobre isso com o Vitor?
- Não, ainda não! Vou falar amanhã ou depois, mais perto do final do mês.
- Você vai me contar o que está acontecendo, por que está agindo assim? Vamos, estou esperando!
- Eu já disse, não é nada! Um colega da faculdade me disse que no apartamento onde ele mora tem um lugar vago e resolvi me mudar.
- Pensei que fossemos amigos, que você confiava em mim. Não sei porque está mentindo, e gostaria de saber o que te fez querer sair daqui. – apelou Daniel
- Você também vai se mudar, não vai? Então, eu tomei a mesma decisão.
- Eu estou me mudando porque vou morar com o Fernando, é muito diferente!
- Então você finalmente encontrou o carinha certo? Fico feliz por você, sinceramente!
- Deixa de enrolar, e não mude de assunto, estamos falando de você e dessa ideia absurda de você sair daqui. – insistiu Daniel
- Eu ouvi a sua conversa com o Vitor.
- Que conversa?
- Quando estavam falando sobre mim. Quando o Vitor disse que para ele tinha sido só sexo, quando tirou a minha virgindade. – confessou Roger.
- Espera aí, espera aí! O que foi que eu andei perdendo no meio do caminho? Que conversa foi essa que eu não lembro e, que história é essa de ele ter tirado a sua virgindade? – espantou-se Daniel.
- Vai me dizer que o Vitor não te contou que transamos naquela noite em que dei aquele vexame no balcão da boate? Não precisa defendê-lo, eu ouvi as próprias palavras dele, dizendo que tinha sido apenas sexo, que ele me fodeu sem sentir nada por mim, como faz com os clientes dele. – esclareceu Roger.
- Não estávamos falando de você, você deve ter ouvido errado. Naquela conversa ele me confessou que tinha sido exatamente o contrário com você, que ele nunca teve uma foda tão gostosa com alguém antes e, que tinha receio de se apaixonar por você. Foi sobre isso que falamos. – revelou Daniel
- Não foi o que eu ouvi!
- Então você não ouviu tudo, pode perguntar para ele.
- Deixa para lá! Não vale a pena!
- Como não vale a pena? Vocês se amam, que isso até um cego enxerga! Ou você acha que eu nunca percebi como você olha para ele, como faz todas as vontades dele. E, com ele não é muito diferente, ele arrasta um bonde por sua causa, esse jeito dele de ficar te controlando é o quê? Uma ciumeira danada de que outro cara se aproxime de você, que você prefira outro e não a ele. O que vocês dois precisam, é sentar e conversar abertamente, sem rodeios, sem ficarem se escondendo um do outro. – sentenciou Daniel
- Eu amo tanto aquele idiota que é duro ouvir sair da própria boca dele que eu fui apenas mais uma foda, como qualquer outra. Eu sonhei com ele me desvirginando desde o primeiro dia que o vi, fiz de tudo para ele reparar que eu existo e, quando finalmente aconteceu, quando eu tive a mais incrível e importante experiência da minha vida, ele me diz que foi só sexo. – despejou Roger.
- Você está enganado! Ouviu parte da conversa e tirou um monte de conclusões precipitadas e falsas. Vai por mim, o Vitor também te ama. Eu vou falar hoje mesmo com ele, vocês têm que se acertar!
- Não, não fale nada! Fique fora disso!
- De jeito nenhum! Não vou ficar omisso vendo vocês dois cometendo o maior erro de suas vidas. Eu vou me meter, sim! Pode xingar, ficar furioso, pouco me importa! – exclamou Daniel determinado. Foi exatamente isso que ele fez, indo de encontro ao Vitor na oficina de motos.
Vitor ouviu o relato de Daniel com apreensão, soube que havia chegado o momento de agir, que aquele mal entendido não podia ficar sem resposta, e foi ao encalço de Roger na faculdade.
- Preciso conversar com você, agora! – disse ele quando o encontrou no meio de um grupinho de colegas.
- Entro na última aula dentro de dez minutos, conversamos mais tarde, em casa. – respondeu Roger.
- Eu disse, agora! – exigiu Vitor, não deixando margem a questionamentos.
- Eu já sei do que se trata, o Daniel foi dar com a língua nos dentes, não foi? Mas a minha decisão de me mudar no final de semana está mantida, portanto, não vejo motivo para essa conversa acontecer agora que estou ocupado. – devolveu Roger. – É com o Thiago aqui que vou morar, já está tudo combinado. – acrescentou, apontando o garotão atlético e desconfiado que estava ao seu lado.
- Primeiro, que você não vai se mudar! Segundo, que vem comigo agora, por bem ou por mal, você escolhe. – sentenciou Vitor impositivo, fazendo com que o Thiago se pusesse de pé e o encarasse desafiadoramente. – Quanto a você, moleque, fica na sua! Esse é um assunto só nosso! – exclamou Vitor, em resposta à postura belicosa do Thiago.
Querendo evitar um vexame, Roger cedeu e sentou na garupa da motocicleta do Vitor sem fazer mais objeções. Chegou ao apartamento de cara amarrada, disposto a resolver aquela questão e esquecer que um dia se apaixonou por aquele troglodita insensível. Vitor começou a expor calmamente o que Roger havia ouvido sobre aquela conversa entre ele e o Daniel, de que ele a havia interpretado erroneamente, e que sua fala não se referia a ele, mas era uma observação genérica, voltada aos caras com os quais marcava os programas. Como aquilo não soava como um pedido de desculpas, que Roger achava que merecia depois daquela transa, passou a não ouvi-lo, deixando crescer dentro de si aquela revolta que o estava impelindo a se mudar.
- Entendeu agora? – questionou Vitor ao final do relato.
- O que há para entender? Você trepou comigo, me desvirginou e foi só sexo! Só mais uma das tuas aventuras sexuais, só mais uma bicha que você enrabou. – compreendi tudo, fique tranquilo, não vou te cobrar nada. Só há um porém, não consigo mais conviver sob o mesmo teto que você, me desculpe por ser uma bicha que esperava mais de você. – sentenciou Roger.
- Seu moleque cabeça-dura, você não entendeu nada do que eu falei, caralho! – esbravejou Vitor, impaciente. – Escuta aqui, seu babaca, se são juras de amor que você está esperando, esqueça! Você já teve tempo suficiente para me conhecer, sabe o quanto preso a minha liberdade, não venha querer colocar uma coleira em mim. – emendou.
- Aí é que está, eu não espero nada de você, nada! Afinal, o que um moleque, como você sempre se refere a mim, pode exigir de você? O que um moleque como eu pode pedir para o cara pelo qual se apaixonou? O que um moleque como eu ousa questionar de um macho como você, que tem uma vida toda traçada onde não há lugar para um bobalhão apaixonado. – questionou Roger.
- Você quer controlar minha vida, depois de uma única trepada, é isso?
- Não quero controlar nada! Muito menos a você! Se para você foi só uma trepada, para mim foi muito além disso, o que eu te entreguei de corpo e alma naquele dia, foi amor, o mais sincero e puro amor. Não foi sexo! Se você é tão frio que não percebeu isso, eu lamento! – revidou Roger.
- Eu sei que foi especial para você, e foi para mim também, juro! – revelou Vitor. – Não quero que se mude daqui, que me abandone. Tente entender! – pediu Vitor, expondo uma vulnerabilidade repentina que não queria expor.
- Não consigo conviver com isso, Vitor, sinto muito! Depois que te conheci, que me assumi gay, eu preciso expressar o que sinto, não posso apenas fingir e ficar esperado por alguma migalha que você, num dia inspirado, resolva me conceder. Eu quero amar e ser amado! É pedir muito? – questionou Roger.
- É aquele garotão, não é? Você se enrabichou por ele, está querendo dar o cu para ele, se é que ainda não deu, para ver se ele te assume. Confessa, é isso, não é? – indagou Vitor, tomado de ciúmes.
- Você é mesmo um idiota! Um cretino cego e burro! Para mim já deu, essa conversa termina aqui. Você está avisado, no sábado me mudo, e você pode curtir a sua tão preciosa liberdade como bem quiser, não haverá mais ninguém para te atrapalhar. – revidou Roger, percebendo que aquela discussão não levaria a nada.
- Então vai! Vá se foder! Vai dar o cu para aquele moleque, afinal vocês têm a mesma idade, têm os mesmos interesses, têm a mesma cabeça de vento! Vá, vá e se foda! Mas não conte mais comigo para te acudir quando fizer besteiras cada vez que ficar embriagado, sem noção das encrencas em que está se metendo! – despejou Vitor furioso.
- Eu sou grato pelo que fez por mim, não pense que não! Que possa me foder, é bem provável, mas vou tentar encontrar a felicidade com alguém que também esteja disposto a isso. – retrucou Roger.
- Não vá, por favor! Eu estou puto com você, já nem sei mais o que estou falando! Não saia daqui, Roger, por favor! – Roger teve vontade de se atirar nos braços dele, de nunca sair de perto daquele homem, de se submeter a todas as suas vontades, mas algo dentro dele lhe dizia que isso seria um grande e irrevogável erro, que para aquele amor que sentia por ele poder ter algum significado, Vitor precisava estar empenhado no mesmo afã.
Como as coisas não tinham corrido como Vitor havia imaginado, resolveu apelar para a ajuda de Daniel e, mais uma vez, ouviu dele a mesma recomendação, que se abrisse sincera e despojadamente para Roger, confessando seu amor, admitindo que precisava dele, que desejava mais do que algumas trepadas com ele.
- Para isso você precisa avaliar o que te é mais importante, o amor do Roger, ou essa sua idolatrada liberdade, essa falta de compromisso, de responsabilidades que advêm de um relacionamento honesto. Ninguém vai te encarcerar, mas você precisa admitir que um relacionamento traz consigo responsabilidades e são essas que você tem medo de assumir. Você sabe que precisará cuidar, proteger e dar segurança àquele moleque, o que te faz ter tanto medo disso? – sentenciou Daniel
- Falhar! Falhar, é esse o meu medo! Se eu não atender as expectativas dele, como vai ser? Quando eu estiver todo envolvido nessa paixão e ele de repente resolver que eu não consigo lhe dar tudo o que ele espera, o que vai ser mim? – retrucou.
- Sabe o que o Roger espera de você? Carinho, atenção, afeto e todo esse amor que você tem por ele e que faz questão de ficar escondendo. Ele está tendo sua primeira experiência amorosa, não tem nenhuma expectativa que você não seja capaz de atender, ele te ama tanto que nem consegue ver seus defeitos. Dê uma chance ao amor de vocês, diga a ele que o ama, que quer ficar com ele. Tenho certeza que ele não quer te perder tanto quanto você não quer ficar sem ele. Você é mais maduro, é quem precisa tomar as rédeas da situação. Não titubeie, ou vai perdê-lo para sempre. Você já teve provas mais que suficientes para ver quantos caras estão afim dele. Não deixe que um deles roube o coração dele. – aconselhou Daniel.
- Isso é que é a porra! Precisava ver o garotão que o chamou para dividir o apartamento, um machinho metido a valente. – respondeu Vitor, fazendo Daniel rir.
- Então, está esperando o quê? Que ele leve a melhor? – questionou Daniel.
Roger havia chegado propositalmente tarde da noite na véspera de sua mudança, afim de não ter que se encontrar com nenhum de seus colegas de apartamento, especialmente o Vitor, uma vez que sabia que não conseguiria segurar a emoção de uma despedida, e tudo que ele não queria era demonstrar o quanto aquela ruptura estava sendo difícil para ele. Assim que adentrou à porta do apartamento, imerso na penumbra produzida por um caminho de velas acessas rodeadas por pétalas de rosas vermelhas conduzindo aos quartos, mais especificamente, ao do Vitor, ele pensou tratar-se de alguma estratégia que ele estava usando para talvez se desculpar com a Vera por alguma bobagem que tenha feito, uma vez que propor-lhe um compromisso mais sério era algo que ele sempre deixava claro que não aconteceria com ninguém. Ao passar diante da porta do quarto do Vitor, ele ouviu uma música tocando baixinho lá dentro, o que reforçou sua suspeita de que estava armando uma treta com a garota. Chegando à porta de seu quarto, encontrou-a trancada, sendo que nunca a trancava e, tentou destrancá-la com a chave que se encontrava em seu chaveiro junto às demais do apartamento. A chave não se encaixava mais na fechadura e ele logo concluiu que aquilo era uma armação do Vitor para evitar que ele se mudasse. Ficou puto ao se ver obrigado a bater na porta do quarto dele, onde provavelmente ele e a Vera deviam estar se reconciliando numa orgia sexual. Toda vez que Roger pensava nele fazendo sexo com outra pessoa ficava deprimido, sentia-se excluído, morria de ciúmes mesmo sabendo que Vitor não o via como alguém com quem quisesse manter um relacionamento. Isso ele tinha deixado bem claro. Sentou-se no chão do corredor, recostado à parede e teve uma crise de choro, o que o deixou ainda com mais raiva de si mesmo, por não conseguir conter suas emoções, e por se ver tão vulnerável diante do Vitor. Ele não saberia precisar quanto tempo ficou ali sentado, remoendo seu ciúme, esperando as lágrimas secarem para poder encarar a realidade. Ainda hesitante, e receando ter que olhar para uma cena íntima entre os dois, ele bateu à porta do Vitor, quase esmurrando-a, para extravasar a raiva que estava sentindo. Não obteve nenhuma resposta lá de dentro, o que o fez imaginar que estavam em plena transa. Essa conclusão o deixou ainda mais furioso e, agarrando a maçaneta, abriu a porta com um golpe brusco, disposto a despejar toda sua raiva sobre o Vitor assim que ficassem cara-a-cara. Contudo, ao escancarar a porta, deparou-se com uma cena com a qual não contava.
Vitor estava nu sobre a cama recostado na cabeceira, como que esperando por ele. Uma rápida passada de olhos sobre aquele corpão viril, aquelas pernas musculosas e peludas ligeiramente afastadas deixando toda sua genitália colossal bem visível o desarmou por completo. Quando seus olhares se encontraram, Roger pensou em sair correndo, fugir para a rua, esquecer que um dia conheceu aquele homem que mexia tão profundamente com seus sentimentos mais íntimos.
- Vai ficar aí parado feito uma estátua? – questionou Vitor, com um sorriso doce e safado
- Dá para você cobrir essa coisa toda com o lençol, e não me obrigar a ficar vendo esse troço indecente enquanto conversamos? O que você fez com a fechadura do meu quarto? Quero dormir e não consigo abri-la. – respondeu Roger
- Por que, tem medo de não resistir à tentação de senti-lo atolado no seu cuzinho? – questionou provocativo. - Troquei o segredo, para que não pudesse entrar caso tivesse a intenção de fazê-lo enquanto eu não estava em casa. – respondeu Vitor sincera e objetivamente.
- À troco do quê?
- De você tirar essa ideia insensata de se mudar daqui. Não quero que vá embora, quero que fique comigo. – respondeu Vitor
- Você sabe que eu preciso sair daqui, já te esclareci isso e espero que me compreenda. Não quero ser um estorvo na sua vida, não quero que se sinta responsável por mim só porque moro com vocês, desejo sinceramente que você seja feliz para quem você armou esse caminho de velas e pétalas, a Vera, eu suponho.
- Não tenho nenhum compromisso com a Vera, só transamos de vem quando, ou melhor transávamos, era só sexo. Mas, terminei com ela na semana passada. – esclareceu Vitor.
- Conheço bem esse discurso! Tudo para você se resume à frase – é só sexo – parece até um mantra. – devolveu Roger.
- Você tem razão, usei essa desculpa muitas vezes para não ficar tentado a me envolver com ninguém; porém, faz muito tempo que perdi o controle dessa situação. Na verdade, perdi o controle de tudo no que acreditava e tinha como certo no dia em que você entrou por aquela porta. Quanto ao caminho que te conduziu até aqui, ele foi feito pensando em você, em mais ninguém. É você quem eu quero, é você com quem quero namorar, me juntar, casar ou, seja lá o que mais. – confessou Vitor.
- É cruel o que você está fazendo comigo, sabia? Jogando e brincando com meus sentimentos por você como se eles fossem algo banal e sem importância.
- Não estou brincando! Eu te amo, Roger! Te amo com uma intensidade que você não é capaz de imaginar. Acredite em mim, aceite meu amor, abra seu coração para mim e vem para os meus braços. Eu preciso de você! – enquanto Vitor se declarava, Roger sentia as lágrimas descendo pelo rosto, incrédulo quanto ao que estava ouvindo.
- É sério isso?
- Nunca falei tão sério! Vem cá, moleque! Deixe de ser tão inseguro, vem me mostrar o quanto me ama. – exclamou Vitor, abrindo os braços na direção do Roger.
Roger não pensou que aquilo pudesse ser apenas uma manobra para convencê-lo a ficar, a expressão no rosto do Vitor não podia ser mais sincera, o que fez seu coração palpitar como nunca antes. Vitor se declarando, admitindo que o amava, só podia ser um sonho do qual ele não queria despertar.
Assim que Roger chegou ao alcance das mãos do Vitor, esse o puxou sobre si, beijou-o voluptuosamente, começou a despi-lo num frenesi voraz, enquanto Roger lhe retribuía os beijos, chupava sensualmente a língua dele que se movia libertina em sua boca, deixava Vitor morder seu lábio inferior aprisionado entre seus dentes, sentindo o tesão crescer por todo seu corpo. A ereção do Vitor o chamava, ele levou uma das mãos até ela e a afagou delicadamente, fazendo-o arfar toda vez que enchia aquele tórax sólido de ar. Roger começou a cobrir aquele peito largo e peludo com seus beijos carinhosos e libertinos, beijou os mamilos de Vitor, beijou aquela trilha de pelos que descia pelo abdômen trincado dele até abaixo do umbigo onde se juntava aos densos pelos pubianos que circundavam sua genitália. Vitor se contorcia todo, arquejava excitado, sentindo aqueles lábios úmidos e macios se aproximando de seu falo. Assim que a boca do Roger se fechou ao redor da chapeleta babada, Vitor o agarrou pelos cabelos e soltou o ar por entre os dentes cerrados, bufando feito touro, enquanto deixava aquele prazer de sentir as chupadas carinhosas de Roger tomarem conta de todo seu ser. O cheiro másculo e almiscarado do pré-gozo do Vitor era como um alucinógeno que embotava os pensamentos de Roger e o fazia estremecer da cabeça aos pés. Ele mamava aquele caralhão do qual apenas uma pequena parte cabia em sua boca, sorvendo aquele néctar, chupando aquela cabeçorra estufada e sensível que fazia Vitor gemer.
- Ah, moleque! Como é que pode essa sua inexperiência dar tanto prazer a um macho? Você só pode ter nascido para isso! – grunhia Vitor, embalado pelo tesão.
Roger chupou o cacetão, acariciou aqueles bagos taurinos ingurgitados, deslizou carinhosamente sua mão espalmada sobre o ventre retesado do Vitor até levá-lo ao clímax. Ao notar a musculatura pélvica dele se contraindo, ao mesmo tempo em que sugava, sua língua contornou a chapeleta fazendo Vitor gozar em sua boca. Os jatos cremosos e alcalinos iam enchendo sua boca mais rápido do que ele dava conta de engoli-los, lambuzando todo seu queixo com aquela porra saborosa e perfumada. Vitor o observava inebriado pelo prazer, apaixonado por aquele rosto doce pelo qual estava irremediavelmente apaixonado.
- Amo você, Vitor! – balbuciou Roger, ao terminar de lamber todo o caralhão esporrado do Vitor.
Vitor o lançou de costas sobre o colchão, prendeu suas mãos na altura da cabeça, subjugou-o com o peso de seu corpo e o beijou libidinosamente, como se quisesse hipnotizá-lo para que se rendesse e se entregasse a ele. Roger se movia debaixo dele, fazendo com que seus corpos se roçassem como numa dança de acasalamento, atiçando o tesão em ambos, enquanto abria as pernas e deixava Vitor se encaixar entre elas. À medida em que as erguia com os joelhos fletidos, ia franqueando sua bunda, expondo sensualmente seu rego, exprimindo o desejo de ser possuído, de ter seu cuzinho preenchido pela sanha predadora daquele macho.
- Fala para mim o que você quer, Roger. – atiçou Vitor
- Entra em mim, Vitor! Deixa eu te aninhar. – gemeu lascivo em resposta
Vitor segurou o rosto dele entre as mãos, beijou-o encarando-o, sentindo uma ligeira opressão nos colhões abarrotados que careciam de mais alívio. Lambendo e chupando aquela pele quente e lisinha ele foi descendo seus toques úmidos pelo pescoço e peito do Roger, que gemia como se esses toques queimassem sua pele onde era tocada. Vitor lambeu, chupou e prensou os biquinhos enrijecidos dos mamilos excitados do Roger entre os dentes, tracionando-os até ele gemer e se contorcer. Mordiscou o ventre dele ao redor do umbigo provocando-lhe cócegas e excitação que o fizeram mergulhar as pontas dos dedos em sua cabeleira. O reguinho liso e imaculado aberto o atentava, suas lambidas se destinaram a ele, mais ávidas, mais predadoras, até sua língua tocar na fendinha corrugada daquele cuzinho rosado pelo qual estava fascinado. Todo corpo de Roger tremia, os espasmos incontroláveis o levavam à rendição, ele gemia em meio a um arfar tresloucado. Vitor enfiou ao mesmo tempo dois dedos na boca dele e a cabeçorra na estreita fenda anal, fazendo-o ganir. Roger sentia seus esfíncteres sendo rasgados para acolher aquele caralhão, enquanto suas mãos espalmadas sobre os ombros de Vitor tentavam deter aquele avanço voraz que arregaçava seu cuzinho em meio a uma agrura pungente. Vitor continuou entrando nele com impulsos frenéticos, se apossando de seu cuzinho e mergulhando fundo naquela bunda carnuda e sedutora. Assim que Roger sentiu a primeira estocada atingindo sua próstata e prensando-a contra o púbis, ele ganiu e gozou, esporrando sobre o próprio ventre.
- Já, meu tesudinho? É assim que você goza quando sente teu macho te enrabando? – questionou Vitor, cheio de si e seguro de sua virilidade.
- Eu te quero tanto, meu amor! – gemeu Roger, travando a musculatura anal ao redor daquela pica grossa e latejante.
- Eu também te quero, meu moleque! – sussurrou Vitor embevecido.
Vitor continuou metendo o cacetão na fendinha anal com um vaivém desenfreado, sentindo sua carne sendo agasalhada pela mucosa quente e úmida do Roger, o que o deixava cada vez mais sedento e cheio de tesão. Roger era dele, essa sensação e essa certeza o enchiam de prazer. Ele não parava de meter, a sensibilidade na chapeleta só aumentava, sua pelve começava a se retesar, toda sua energia parecia estar concentrada na virilha, nos bagos pareciam querer explodir de tão cheios. Seus grunhidos eram sufocados pelos beijos carinhosos com os quais Roger lhe cobria os lábios. O gozo já vinha percorrendo o caminho para a saída, ele urrou como que para ajudar nessa saída incontrolável, e se despejou todo naquele casulo receptivo que o aconchegava. Grunhindo ele sentia os jatos de porra eclodirem, encharcando o cuzinho do Roger com sua gala viril, e atestando seu domínio sobre aquela criatura sem a qual sua vida não fazia nenhum sentido.
Eles permaneceram engatados até o cacetão do Vitor arrefecer um pouco, mesmo assim, ao sacá-lo, Roger ganiu quando a chapeleta, mais grossa, atravessou seus esfíncteres rompidos. Ele fechou as pernas para que aquela umidade toda que o preenchia não extravasasse pelo cuzinho rasgado e ardido. O sêmen do Vitor era precioso demais para ele, para que até uma ínfima gota se perdesse. Vitor se deixou cair pesadamente ao lado dele e o trouxe para cima de seu tronco. Roger podia sentir o coração dele batendo ainda acelerado pelo esforço, e seus dedos percorriam suavemente os pelos que formam redemoinhos densos entre os mamilos do Vitor. Aquele torso maciço parecia ser o lugar mais seguro do mundo, e Roger sentia uma felicidade enorme quando se aconchegava nele.
- Quero você só para mim! Nunca mais fale em me abandonar, eu não sei mais viver sem você, seu moleque safado e sem juízo! – ronronou Vitor, enquanto o abraçava e passava a mão sobre aquelas nádegas aveludadas onde há pouco tinha se perdido de prazer.
- Não sou moleque! E muito menos safado e sem juízo! Não gosto que me trate assim! – balbuciou Roger.
- Você sempre será meu moleque! O moleque que entrou na minha vida para bagunçá-la por inteiro, o moleque que me deixa arriado de quatro, o moleque que enche meu peito do mais caloroso sentimento que já experienciei. – confessou um Vitor apaixonado.
- Você está falando sério? Sabe que eu te amo muito, que quero viver ao seu lado até o último dos meus dias, que não quero ser apenas um sexo passageiro para você, por isso eu te peço, não parta o meu coração, Vitor. – pediu Roger.
- Isso aqui é prova suficiente para você acreditar em mim, nas minhas intenções? – questionou Vitor, tirando debaixo do travesseiro uma caixinha revestida de veludo preto na qual Roger encontrou duas alianças, e ficou sem palavras, sentido os olhos se enchendo de lágrimas. – Você ... você ... isso quer dizer que ... é isso mesmo? – balbuciava Roger embasbacado.
- Me parece que você precisa disso para acreditar em mim, por isso as comprei, para que toda vez que você olhar para o seu dedo, saiba que me tem todinho para você, para que se lembre que tem um macho para satisfazer, pois cheguei à conclusão que você é o mais bobão dos moleques românticos que existem sobre a face da terra. – sentenciou Vitor, feliz por ver aquele brilho iluminado nos olhos marejados do Roger.
- Bobão é você! O bobão mais fofo e amoroso que existe! Amo você, bobalhão! – ronronou Roger, antes de cobrir aquele rosto hirsuto e viril com seus beijos apaixonados.
Daniel se mudou para o apartamento do Fernando dois meses depois, ele finalmente encontrou o que procurava, um cara que o fez se apaixonar de verdade e parar com aquela sua busca incessante por algo novo que desse sentido à vida. Ele também cumprimentou Roger pela façanha de ter conseguido domar o cara mais intransigente e marrento que ele já havia conhecido, e garantiu a ele que, no caso dele, Vitor tinha sido sim, só sexo, nada além disso, que nunca pensou nele como um parceiro para um relacionamento, que as duas ou três vezes que transaram, foram movidas pelo tesão, por uma atração carnal sem nenhum compromisso de ambas as partes.
Roger seguia calado há um bom tempo, sentado no assento do passageiro enquanto Vitor dirigia pela estrada que levava à cidade do Roger e, à casa de seus pais, na primeira semana após o término do ano letivo na faculdade.
- Está com medo? – Vitor parecia saber no que ele estava pensando
- Não sei se foi uma boa ideia eu ter concordado com você! Temo pela reação dos meus pais quando souberem. – respondeu Roger.
- Quem é que está com medo de assumir um compromisso agora? Não era isso que você cobrava de mim o tempo todo? – questionou Vitor.
- É diferente! Meus pais nem desconfiam que eu sou gay, e agora eu volto para casa com um namorado a tiracolo. Estou apavorado, se te interessa saber. – devolveu Roger
- Agora você pode ter uma ideia do pavor que eu tinha de te assumir, de ter um relacionamento serio com outro cara. Bem-vindo à realidade! – retrucou Vitor.
- Me perdoe por ter sido tão intransigente! Eu só tinha medo de te perder. – revelou Roger
- Vamos enfrentar isso tudo juntos, vou estar ao seu lado para o que der e vier. Tudo vai acabar bem no final, prometo! – afirmou Vitor, inculcando coragem em Roger
- Como pode prometer algo que pode não dar certo?
- Vai dar! Confie!
Quando os pais o viram chegar com aquele homem, Roger tentou decifrar o significado daqueles olhares questionadores e, por uns instantes, passou-lhe pela cabeça inventar uma mentira qualquer; mas, ao se voltar para Vitor, sentiu uma coragem que nunca teve antes.
- Pai, mãe, esse é o Vitor, meu namorado! – disse ele, com a voz firme e segura que aquele amor tinha lhe dado.
- Seu ... seu ... seu o quê? – perguntou o pai, estarrecido.
- Prazer, senhor Bertuccelli, sou Vitor, o namorado de seu filho! – disse Vitor, com sua voz firme e decidida.
- É isso, pai! Me perdoe por nunca ter tocado nesse assunto. – apressou-se Roger.
- Confesso que estou surpresa e chocada, Roger! – exclamou a mãe
- Te deixamos ir estudar na capital e você nos volta com essa novidade. Sua mãe e eu precisamos de um tempo para assimilar tudo isso. – emendou o pai.
- Eu sei, pai! Eu queria ter contado antes para vocês que era gay, mas sempre tive receio da reação de vocês, de que não me amassem mais depois de saber que não era o filho que desejavam. – afirmou Roger.
- Você sempre foi e será o filho que desejamos, a questão não é essa! O que nos pegou de surpresa foi você soltar isso tudo ao mesmo tempo em que nos apresenta esse rapaz como seu namorado. É muita informação! – disse a mãe.
- Posso compreender suas reservas, eu mesmo relutei muito antes de me convencer de que amava seu filho e queria viver ao lado dele. Não os censuraria se não desejarem a minha presença nesse momento. – interrompeu Vitor.
- Não se trata disso! Você é bem-vindo em nossa casa, foi uma escolha do nosso filho, portanto, acredito que seja uma pessoa de bem e que realmente gosta dele. Foi a maneira que escolheram para nos dar essa informação que nos deixou sem chão. – afirmou o pai.
- Ele é, pai, eu garanto! Ele é tão ou mais cuidadoso comigo do que você. Teve horas em que até brigamos por ele querer ser tão mandão quanto você, mas eu o amo, amo tanto quanto amo você, por sempre ter me ensinado a ser quem sou. – confessou Roger.
Levou algumas semanas para tudo entrar nos eixos, até todas as lacunas daquela revelação estarem esclarecidas, até que os pais e irmãos do Roger perceberem a extensão e sinceridade daquele amor incomum. Quando Roger voltou para a capital no final das férias, Vitor fazia parte da família.
Atualmente, há poucas semanas da formatura do Roger, ele e Vitor formavam um casal benquisto em ambas famílias, invejado pelos amigos, e solidamente resolvidos vivendo uma vida regrada e comum naquele apartamento que abriga esse amor que nutrem um pelo outro, e que transformou suas vidas.