No horário combinado, a campainha tocou. Eu atendi e mandei que o casal entrasse. A primeira reação da Angel foi de surpresa, mas ela gostou muito do que viu. Mesmo que desconfiasse das minhas intenções, ao ver Fernando, começou a achar que Luiz estava mesmo certo por pensar em um relacionamento liberal. Luiz parecia muito confortável com tudo. Eu disse:
- Ficaremos em dupla. Angel e Fernando, Luiz e eu.
Toda a excitação e expectativa de Angel começavam a dar lugar a um ciúme que a queimava por dentro. Eu notei o sorriso inicial de satisfação que ela tinha no rosto ao ver Fernando, sumindo…
Continuando:
Parte 7: Os embalos de sábado à noite. Parte 2/3
Bia:
Naquele momento, me senti mal, pois estava prestes a levá-los por um caminho sem volta. Comecei a pensar em tudo o que tinha conversado com Luiz desde o momento em que cheguei. Mesmo achando que Angel merecia a lição, será que isso faria bem ao meu amigo? Relações humanas são frágeis e a confiança se perde em um piscar de olhos. Mesmo que eu mentisse para mim mesma, eu o queria. Inconscientemente, estava usando o pedido de ajuda deles para manipular a situação a meu favor. Isso não estava correto. Olhei mais uma vez para Angel, que não tirava os olhos do Luiz. Eu precisava consertar aquilo. Deixando todos sem entender, eu disse para o Fernando:
- Vamos fazer diferente. Os dois são iniciantes e precisam primeiro de orientação, saber onde estão se metendo. Começaremos eu e você e eles apenas irão assistir.
Luiz me olhava confuso, mas Angel voltou a sorrir, já saindo do lado de Fernando e vindo se agarrar ao braço do marido. Eu os instruí:
- Observem, perguntem, vejam o que gostam e tentem manter a mente aberta. Achar que está preparado é uma coisa, ver o parceiro com outro é totalmente diferente.
Quem também sorria era Fernando, satisfeito pela minha decisão. Luiz, mesmo contrariado, se resignou e puxou a Angel junto com ele para o sofá. Fernando, muito profissional, entregou a cada um deles, o mesmo roupão felpudo de tecido de toalha que ele usava e pediu que os dois se trocassem, os lembrando de usar somente o roupão, nada mais. Como eles conheciam a casa mais do que eu, não precisei indicar nenhum local para eles se trocarem. Assim que os dois saíram, Fernando disse:
- Já que o seu objetivo parece ser o de ajudar, o que acha de começarmos com uma tântrica mais básica, mostrando os fundamentos e depois, quando o clima estiver mais propício e os dois mais na vibe certa, entramos com a nuru?
Aquela era uma ótima ideia e eu apenas concordei. Poucos minutos depois, Angel e Luiz voltaram juntos para a sala. Ela, um pouco tensa, sem saber o que esperar, mas Luiz estava bastante calmo e receptivo, já tendo aprendido um pouco comigo, ele parecia ansioso para que começássemos logo. Fernando pediu:
- Podemos começar?
Eu não pude perder a chance de provocar a Angel. Tirei o meu roupão calmamente, me insinuando para os três, mas focando o meu olhar nela, analisando as suas reações. Desamarrei lentamente a faixa da cintura, deixando que a gravidade fizesse o seu trabalho e os meus ombros ficassem à mostra primeiro. Devagar, ele foi caindo e revelando os meus seios. Os três estavam hipnotizados, nem piscavam. A face da Angel enrubesceu, mas ela manteve os olhos em meus seios, acho até que ela deu uma leve mordidinha no lábio inferior. Eu sabia o efeito que estava provocando, pois tanto Luiz, quanto Fernando, precisaram dar uma ajeitada no pau. Com os braços, travei a queda do roupão na cintura, prolongando um pouco mais aquele momento tão bem calculado por mim. Os três se mostraram impacientes, Luiz chegava a bater o calcanhar no chão e Angel não conseguia disfarçar o quanto estava curtindo. Por fim, deixei que o roupão caísse de uma vez, revelando totalmente a minha nudez. Angel era a mais vidrada em mim, sem conseguir desviar o olhar. Não posso negar que ela é uma mulher muito atraente e com um corpo maravilhoso, mas eu não fico nem um pouco atrás. No fundo, somos até muito parecidas fisicamente. "O que será que passava pela cabeça dela? Que ela me via como uma rival, disso eu não tinha dúvidas. E sendo tão gostosa quanto ela, tendo ensinado e despertado o melhor em Luiz, cobrando se ela estava a altura dele, o que será que ela estava pensando?"
Fui tirada dos meus pensamentos pela voz gentil de Fernando:
- Deite-se, vamos começar.
Fernando estendeu uma grande toalha e eu obedeci, me deitando no colchão de ar. Deitei-me de costas, deixando toda a nudez falar por mim. Angel continuava sem tirar os olhos, enquanto Luiz acompanhava toda a movimentação de Fernando, mas sem resistir a sempre me olhar. Luiz tem um jeito de olhar para mim que me deixa em brasa. Ele não é aquele cafajeste descarado que adoramos odiar, que nos come com os olhos, esquadrinhando cada centímetro da nossa bunda, seios e xoxota. Luiz consegue enxergar dentro da gente, nos fazendo ansiar por seus olhares contidos, um misto de timidez safada com atitude de dominância ao nos encarar. O Luiz que eu ajudei a construir era macho no sentido literal da palavra, nos fazia desejá-lo somente por nos olhar com respeito, mostrando que era o senhor da situação. Nem a presença de Fernando, um homem provavelmente mais experiente e que por causa de sua profissão, um conhecedor da arte do sexo, o fazia se sentir menor ou menos dominante. Aquele novo Luiz era senhor de si e com toda certeza, jamais pediria, somente pegaria o que desejasse, tomaria posse.
De dentro do recipiente próprio para banho-maria, que mantinha os óleos aquecidos, Fernando escolheu um de coloração vermelha, escrito hot na embalagem. Com calma, ele aplicou o óleo em pontos estratégicos do meu corpo. Coxas, barriga, entre os seios… uma ardência gostosa se fazia presente nos locais em que o óleo era despejado. Ele se posicionou sobre meu corpo, de costas, se apoiando nos próprios joelhos e começou a massagear os meus pés. Seu toque era agradável, fazendo a sensação de relaxamento percorrer todo o meu corpo. Sem se apressar e mantendo aquele toque extremamente gostoso e relaxante, ele foi subindo pelas panturrilhas, flexionando cada perna e fazendo com que o efeito daquele óleo especial se tornasse parte da massagem. Um calor gostoso, um leve formigamento, seguido de um relaxamento que não durava muito, pois aquilo ia se transformando em sensação de prazer e os biquinhos dos meus seios começaram a intumescer.
Naquele momento em que o relaxamento começava a dar lugar ao prazer, olhei para Angel e pisquei, na intenção de provocá-la, mas ela acompanhava a tudo com atenção, com um sorriso malicioso e de desejo no rosto.
Fernando massageou desde as pontas dos meus pés e foi subindo por minhas pernas até a virilha. Eu estremeci com o contato tão próximo à minha xoxota, já ansiosa para que ele me tocasse com seus dedos, mas ele não foi além da virilha. Mesmo frustrada, eu sabia que aquele era um ritual para aumentar a expectativa, criando maior desejo e potencializando as sensações. Ele retornou com suas mãos até os pés e fez isso algumas vezes, sempre parando no momento derradeiro, me fazendo querer aquele contato cada vez mais. Como um mestre em sua arte, as sensações eram maravilhosas e sua técnica era impecável.
Fernando se posicionou na lateral do meu corpo e passou a massagear as minhas laterais das costelas à cintura e virilha. Novamente, para criar a expectativa e a espera, ele parava sempre próximo ao meu monte de vênus e abaixo dos seios. Toda vez que suas mãos habilidosas passavam pela lateral do meu corpo, na área sensível abaixo das costelas, eu gemia baixinho. Aquele óleo era uma coisa nova, as sensações que deixava na minha pele eram de outro mundo. Todo o meu corpo se transformava em uma zona erógena, qualquer toque me dava prazer.
Ele me pediu para eu me virar e só o fato de espalhar o óleo sobre a minha bunda me fez gemer mais alto, me empinando toda em direção às suas mãos, tentando prolongar aquele prazer. Eu já estava entregue. Fernando manuseava meus glúteos com uma habilidade sensual, deixando minha xaninha babando de desejo, ansiosa pelo seu momento de ser tratada da mesma forma. Seus toques sutis em minha nuca, controlavam o meu fogo, não deixando que o vulcão que se apossou de mim entrasse em erupção e me mantinha sob o seu controle. Eu me arrepiei inteira com aquela técnica, louca para ser possuída por aquele homem, nem me lembrando que tínhamos plateia. Ele trabalhou em minha bunda por mais de dez minutos, e eu sentia minha xoxota escorrendo de prazer.
Senti sua voz grossa, maravilhosa, falando baixinho no meu ouvido:
- Vire novamente, querida! vamos começar.
Sinceramente, me senti uma amadora naquele momento, tendo a certeza de que eu ainda tinha muito para aprender e enquanto me virava, meu olhar cruzou com o da Angel. Ela apertava uma coxa contra a outra, com a cabeça apoiada no ombro do marido, visivelmente excitada e com as bochechas vermelhas. Sua mão estava dentro do roupão do Luiz, que estava esparramado no sofá, curtindo a punheta gostosa que parecia receber dela. A verdade é que eu já estava muito mais preocupada em sentir prazer do que pensando nos dois. Eu sou uma safada, gosto de ser, e quando encontro um parceiro à altura, acabo esquecendo de tudo ao meu redor. Com um mestre como Fernando em ação, só não aprende quem não quer.
Naquele momento, Fernando parou com a parte relaxante, que não deixava de ser extremamente excitante e resolveu que era hora de me mostrar o porquê da sua fama, o motivo de ser um profissional tão requisitado e ter sido a indicação de nossos amigos em comum. Ele abriu bem as minhas pernas, se sentando entre elas, e voltando a me massagear os pés, subindo lentamente pelas coxas e ao chegar na virilha esbarrou em meu grelo, com as costas da mão. Um toque sutil, delicado, como se tudo fosse apenas involuntário e sem maiores intenções. Um gemido escapou da minha boca, foi inevitável. Sua forma de conduzir era natural e calculista, sem afobação. Ele repetia os movimentos, deixando sua mão correr livre por meu corpo, me apalpando os seios e em seguida, voltando sua atenção para a minha xoxota. Com a mão espalmada, ele a tocava com leveza, deixando o dedo médio mais firme, transformando o contato em prazer, uma carícia certeira. Eu não conseguia me conter, gemendo aflita:
- Ahhhh… você é mesmo muito bom no que faz. Ahhhhh…
Me lembrei de Luiz e Angel, vidrados no que acontecia. Meio embalada pelas sensações prazerosas no corpo, minha mente escapou para reflexões trazendo análises de memória.... Comecei novamente a imaginar o que se passava na cabeça dela. Luiz, assim como eu, aprendera pela dor, após ter sido traído. Aquele foi o estopim para a sua mudança, me conhecer foi sorte. Minha intenção era transformá-lo em um homem confiante, que nunca mais se sentiria diminuído. Meu objetivo era lhe fornecer ferramentas para melhorar. O tempo que passou comigo o fez entender o que eu queria para ele. Voltar com a Angel foi uma escolha, ele também se sentiu responsável pela traição. Na cabeça dele, sua negligência foi um fator determinante para tudo o que aconteceu entre eles. A segunda chance era um caminho óbvio na sua maneira de encarar a vida.
Já Angel era uma incógnita para mim. Na minha forma de ver a vida, existem três tipos de liberais: Os iguais ao Luiz e a mim, que após uma situação ruim resolvem mudar, transformando o mundo ao seu redor e se libertando de tudo o que lhe causou dor. Eu também posso me incluir no segundo grupo, o daqueles que apenas viraram a chave, sentindo que a vida antiga não era o caminho para a felicidade. Esses resolvem separar o sentimento do sexo e se no meio do caminho aparecer uma relação estável, por que não vivê-la? E existe o terceiro grupo, os que se rendem à pressão do parceiro e o fazem somente para agradá-lo, sem levar em conta o seu próprio limite. Esse terceiro grupo é o que está fadado ao fracasso, pois a vida liberal só é completa quando vivida em total cumplicidade, com o casal estando ciente dos riscos e consequências que essa escolha pode gerar.
Me desconcentrei completamente dos pensamentos quando senti uma masturbação precisa no meu grelo, suave, rápida, seguida de uma beliscada leve e muito prazerosa no bico do meu seio. Gemi alto:
- Puta que pariu! Desse jeito eu vou gozar. Ahhhhh…
Fernando se revelou completamente. Que habilidade incrível. O primeiro homem que sabia manipular uma xoxota como uma lésbica. Senti um óleo gelado besuntando a masturbação que ele me fazia, o efeito me levou às nuvens, uma loucura total:
- Vou gozar, não para! Ahhhhh…
Fernando deu um beliscão mais forte no meu seio direito e um tapa calculado na minha xoxota, bem na altura do clitóris, potencializando o prazer quase animal que eu sentia, voltando a me masturbar com maestria, arrancando de mim o gozo mais profundo que eu jamais havia sentido na vida:
- Aaahhhhhh, caralho! Você é um puto… aaahhhhhh…. O que essas mãos estão fazendo comigo? Ahhhhhh…
Ouvi ao longe a voz de Luiz:
- Eita porra! Esse cara é bom mesmo. Olha Angel, já imaginou você se contorcendo inteira igual a Bia? Esse cara é um animal. Podia ser você.
Angel não sabia o que responder, sua voz estava abafada pelo tesão:
- Para, amor! Vai cortar o clima deles.
Eu gozei muito forte, me contorcendo involuntariamente. Sentia meus fluidos escorrendo e se misturando aos óleos da massagem. Ele não parou de me tocar, aquela sensação incrível se espalhava por cada terminação nervosa do meu corpo. Meu clitóris sensível e inchado respondia imediatamente a cada toque dos seus dedos. Eu não resisti:
- Por favor, me fode agora. Eu preciso sentir você dentro de mim.
Fernando tinha outros planos:
- Eu vou foder essa bocetinha sim, mas só depois de você implorar por isso, estamos apenas no começo. Isso foi só um aperitivo.
Ouvi novamente a voz de Luiz:
- Caralho! De que planeta saiu esse cara? Fode logo essa safada, ela está no ponto.
Fernando disse baixinho no meu ouvido:
- Vou lhe dar alguns minutos para se recuperar e me preparar também para a próxima massagem. Antes vou colocar nossos espectadores no meio da ação.
Eu respirava com dificuldade, mas acompanhei o movimento dele se levantar e caminhar em direção aos dois. Ele disse:
- Venham, chega de só assistir. Luiz, deite você no colchão, eu vou ensinar a Angel como lhe tocar. Tirem os seus roupões.
Luiz não pensou duas vezes, se despindo imediatamente e se deitando. Ele me olhava feliz e eu retribuí o seu sorriso maroto, cheio de malícia. Seu pau estava completamente duro e empinado, soltando o pré-gozo ralo da excitação. Fernando, ao ver que Angel ainda estava tensa, teimando em não se despir, se virou para o Luiz e disse:
- Vejo que você está mais pronto para o que estamos fazendo. Tenho autorização para tocar em sua mulher? Não posso ensiná-la sem coordenar seus movimentos.
- Fique à vontade. Só depende dela. - Ele respondeu prontamente, sem hesitar.
Fernando, então, se virou para a Angel, pegou em suas mãos carinhosamente e disse:
- Tudo o que estamos fazendo aqui é para melhorar o seu relacionamento. Não se sinta pressionada. Eu vou lhe conduzir e para isso, em alguns momentos, precisaremos agir como um só. Seu marido já autorizou, podemos começar? Está pronta?
Angel apenas balançou a cabeça em concordância. Fernando pegou um óleo diferente, de cor amarela e entregou a ela, mostrando os locais que ela deveria colocar, um pouco por vez. Os dois se ajoelharam ao lado do Luiz e sem que ela esperasse, ele a encoxou por trás, pegando em suas mãos e a fazendo espalhar o óleo por todo o corpo dele. Ela tentou se distanciar, mas ele a trouxe de volta:
- Relaxe! Sinta que eu nem estou ereto ainda. Eu sei me controlar e minha intenção é ensiná-la, não me aproveitar de você. Apenas acompanhe os meus movimentos.
Eu não resisti e brinquei:
- Depois de tudo o que fez comigo, você confessa que não está excitado? Magoou.
Angel sorriu, parecendo se sentir vingada, mas Fernando foi um cavalheiro:
- Ah, mulher… foi por isso que eu dei um tempo. Eu estava quase entrando na sua onda e esquecendo de fazer o meu trabalho. Você é uma delícia, assim como a Angel. Pena que ela ainda está tímida. Me afastei para poder me concentrar e acalmar o fogo que me queimava por dentro.
Aquela resposta fez bem a nós duas. Angel novamente corou e pareceu mais confiante para ir em frente. Eu me levantei do colchão de ar e me ajoelhei próxima a eles. Angel me encarava sem saber o que fazer. A posição em que eles estavam era desconfortável. Fernando pediu licença e montou a maca móvel, Luiz saiu do colchão e se deitou na maca. Ele estava ansioso, sempre me olhando e depois para a Angel.
Fernando foi aos poucos ensinando onde ela deveria tocar, o que fazer, como o deixar relaxado, potencializando a excitação que viria a seguir. Comecei a me sentir excluída, os efeitos da massagem de Fernando em mim começavam a ir embora. Ele disse:
- Vem, Bia! Acho que vai ser melhor se você mostrar a ela como se faz. Não estou conseguindo obter resultados dessa forma. Vamos voltar ao plano original. Você e Luiz, Eu e Angel.
De forma inteligente, ele me colocou de volta no jogo, surpreendendo a Angel, que pega de surpresa, não sabia como reagir. Senti que Fernando estava blefando, usando a situação a seu favor. Ao invés de cortar, fui egoísta, pensando em me divertir um pouco com Luiz e testar a Angel de vez. Luiz entrou na onda e incentivou:
- Aproveita, Angel! Não é para isso que estamos aqui? Se você não estiver confortável, paramos agora. Não vou forçá-la a nada.
Pressionada, Angel cedeu:
- Não, amor! Nós combinamos, vamos até o fim.
Sinceramente, eu estava um pouco confusa. Não senti convicção nas palavras dela. Acho que tudo aquilo estava acontecendo somente para agradar ao Luiz. Como mulher, não me senti bem em continuar, chamei a Angel e pedi que me acompanhasse, eu precisava que ela fosse honesta comigo. Minha empatia foi mais forte do que o meu egoísmo.
.
Enquanto Bia tentava entender tudo o que acontecia, deixando Luiz e Fernando sem compreender a sua atitude, longe dali, no hemisfério sul, já madrugada no Paraguai, Javier Fernandez estava prestes a fechar um contrabando grandioso, que lhe garantiria um lucro muito maior do que ele estava acostumado. A polícia paraguaia, durante os quinze dias de vigilância, obteve informações importantes sobre esse cartel contrabandista. Já sabiam que ele operava em toda a América Latina, com ramificações em quase todos os países e acordos com cartéis mexicanos e organizações criminosas no Brasil e na Colômbia. Era um grupo forte e aquelas prisões seriam importantes para ajudar a entender melhor todo o crime organizado da América Latina.
Um policial estava ali apenas para lidar com Javier Fernandez, sendo recompensado pelo colega brasileiro que lhe pediu o favor, a promessa de um imóvel emprestado para que ele pudesse passar as férias no Brasil. Seriam quinze dias no litoral brasileiro, sem precisar pagar hospedagem. Como sua equipe já estava de olho nos contrabandistas e não seria preciso mobilizar nenhum pessoal extra, ele aceitou ajudar. O plano era prender Javier Fernandez e não fazer o registro, como se ele não estivesse ali. Dois outros policiais amigos, de folga, o levariam até o Brasil, com a colaboração do posto de fronteira, entregando o homem para o investigador, que já estava ciente da operação e o aguardava em Foz do Iguaçu.
Até aquele momento, Javier com mais um comparsa estava apenas à espera do carregamento e de quem viria para negociar. As informações eram que um peixe grande lidaria com todo aquele volume de muamba a ser despachada para outros países. Era o primeiro grande serviço de Javier na organização e ele estava ansioso. Os oficiais paraguaios mantinham distância, mas todas as rotas de saída daquele galpão às margens do rio Paraguai estavam cobertas.
O primeiro contato de rádio para a van principal foi feito:
- QAP, na escuta?
- Prossiga.
- Seis veículos vindo da direção sudeste. Três caminhões e três carros de escolta. O alvo principal está no carro de escolta do meio, o sedã preto com detalhes cromados. Identificamos armamento pesado. No mínimo, três fuzis.
- Positivo. TKS pelo informe. Todos em suas posições, invadimos ao meu sinal.
Os carros chegaram e todos desceram, indo se encontrar com Javier e seu comparsa. Pelo aparelho de escuta de longo alcance, a polícia paraguaia gravava toda a conversa, esperando o fechamento do negócio e a hora certa de agir. O encontro durou cerca de meia hora e assim que o negócio foi fechado, o responsável pela operação deu sinal:
- Vão, vão, vão…
Viaturas pretas surgiram de todos os lados, cercando completamente todos os contrabandistas. Um dos carros advertia:
- Vocês estão cercados, não tem por que reagir. Temos snipers posicionados e todas as rotas de fuga obstruídas. Rendam-se, ninguém precisa se machucar.
A operação foi um sucesso, sem um único tiro disparado. Com todos algemados, Javier foi separado do grupo e na presença de todos colocado em um carro normal que partiu dali rapidamente, dando a impressão de que ele era um X9. Um dos prisioneiros ao ver aquilo gritou:
- ¡Hijo de puta! ¡Maldito seas, Cabrón!
Ele entendeu que voltar ao Paraguai não seria mais seguro, sua única opção era cooperar.
Em pouco mais de uma hora e meia o carro levando Javier atravessou a fronteira, passando sem problemas pelo posto fiscal. Os dois policiais paraguaios estavam ansiosos para se livrar do problema e fizeram a ligação para o investigador Marcos, que em poucos minutos chegou ao local, acompanhando de um policial civil do Paraná. Javier foi entregue aos dois. Os policiais paraguaios entraram no carro e voltaram para o seu país.
Sem querer perder tempo, o investigador preferiu ser cordial, tirou as algemas de Javier e perguntou se ele estava com fome. Ele se mantinha de cabeça baixa, sem falar nada. Ao vê-lo pessoalmente, Marcos já sabia sua verdadeira identidade, mas como policial sério, queria ouvir de sua boca:
- Aqui você não é um criminoso, ainda. Meu nome é Marcos e eu sou investigador da polícia civil. Vou direto ao ponto, qual o seu nome?
Javier estava confuso:
- Javier Fernandez, por que eu estou aqui?
Marcos sabia que não seria tão fácil:
- Você quer mesmo que eu diga para aquela senhora tão triste que me procurou, que o filho dela está mesmo sumido para sempre? Tem certeza de que quer ir por esse caminho?
O policial fez uma pausa proposital para dar tempo dele pensar. Os dois agentes da lei o colocaram no carro e seguiram para a delegacia. O investigador Marcos retomou a conversa:
- Vamos tentar de novo, mas dessa vez, da forma correta. Eu já tenho a informação de que preciso, só quero confirmar. Qual o seu verdadeiro nome?
Javier pensou na mãe e sem saída, resolveu assumir:
- Flávio. Flávio Maciel.
Flávio disse aquilo olhando pela janela e vendo lá fora a paisagem passando veloz através do reflexo do vidro. Sempre fora um cara egoísta, tivera de tudo e por capricho, um sentimento de inveja, de cobiça sobre o que os amigos construíram, jogou fora. Pensou em Júlio, Luiz e Angel, até a sua desculpa em amá-la era uma mentira e começou a entender o significado do ditado: quem semeia vento, colhe tempestade. Jamais imaginaria que sua mãe sentiria tanto a sua falta.
Continua…
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