Era assim como o meu ex-marido me via, frígida, ele nunca falou a palavra indecorosa. Mas os olhares, os modos, as brigas, e principalmente os silêncios era óbvio o que ele pensava de mim.
No começo eu até me interessava, curiosa queria conhecer sobre aquele assunto tão misterioso que era sexo. Saber o que era ser penetrada por um homem, o orgasmo. Mas eu gostava mesmo era dos beijos, os abraços sem medo.
Me incomodou demais perder a virgindade, doe na alma, detestei. Meu marido, chamemos de Norberto, não era exatamente um mestre quando o assunto era dar prazer a uma mulher. Parecia até mais assustado do que, bem lá no começo, casei virgem. Eram outros tempos.
Se ele não sabia muito, eu menos ainda, a curiosidade deu lugar a dor e um certo desânimo. Se era aquilo não sei porque tanto alvoroço. Com o passar do tempo eu fui perdendo o interesse, mesmo com poucos meses de casada.
Logo engravidei, e as dores do sexo foram substituídas pelos incômodos da gravidez, não sei o que era pior. Enjoei a gravidez inteira, as duas, mas duro mesmo foi dar a luz aos filhos. Parto natural é terrível, e o meu primeiro, o Vitor, foi assustador, pelo menos pra mim. Tive amigas que não sentiram quase nada. Já minha filha, Joana, nasceu de cesária.
Adorei ser mãe, ainda mais de um casal, nasci pra ser mãe. Mesmo trabalhando como advogada. Sempre tive em meus filhos como meus melhores amigos, vê-los crescer era minha maior satisfação. Já o sexo com Noberto era cada vez mais um incoveniente, quase uma obrigação, ele montava em mim e eu fingia que gostava. Minha cabeça voando para outros lugares e ele ali parecendo um animal irracional. O pior era quando ele demora para se resolver.
Algumas vezes ele reclamou da minha vagina sem lubrificação. Mas eu não gostava mesmo, ora! Tinha mais o que fazer. Foram as vezes que o olhar dele deixava claro o que pensava de mim na cama, frígida. Fria como uma geladeira.
Eu até esquecia de me masturbar, num gostei de me tocar. Sei lá, a criação, as minhas obrigações como mãe, esposa e advogada. Tudo servia de desculpa, e assim eu e Norberto fomos ficando cada dia mais distantes no quesito sexo.
Fora isso ele era um bom companheiro, amigo, atencioso. Mas longe de ser um sedutor. Aliás, nenhum homem me parecia bom o bastante pra me fazer perder tempo com um orgasmo. Eu passei acreditar mesmo que não gostava daquilo. Não era para mim, não era agradável, sedutor, romântico, era só um ato animalesco, um resquício dos tempos que os humanos corriam pelas savanas africanas.
Conheci o Nando no escritório da firma, ele com 27, ainda com cara de menino. O rosto moreno, dos cabelos encaracolados, ainda com as marcas de espinhas no rosto. Eu com dobro da sua idade. A mulherada encantada com a figura máscula, eu me perguntava o que tinha demais para elas ficassem assanhadas. Vá lá que chamava a atenção os olhos verdes claros. Encantadores sim, mas só isso.
Depois de algumas semanas calhou do Nando vir trabalhar num processo que eu e minha equipe atuávamos. Coisa grande, muita grana envolvida e, para variar, a gente meio atrasada. Foi assim que a gente se aproximou. Da minha parte era só pelo interesse pelo processo. A vontade de vencer o estado brasileiro em mais uma derrapada da burocracia federal. Como aqueles caras erram, não dá para acreditar. Também o dinheiro não é deles. Imagine se fosse.
Éramos 4 e com a chegada do Nando e da Vânia, a estagiária, a coisa começou a entrar nos eixos. Os meninos queriam mostrar serviço e eu sempre gostei de comandar equipes quando o estresse estava no limite máximo. Eu me sentia viva, poderosa, aquilo sim me dava tesão. Pelo menos o mais próximo de me sentir excitada.
Fazia tempos que eu não me masturbava e muito menos o Norberto me procurava. Eu estava super ansiosa, pressionada pela chefia e adorando ser desafiada. Sempre fui uma Caxias, sempre. Eu adorava ser elogiada pelo meu zelo, a minha capacidade de ser vitoriosa em minhas causas. Uma boa mãe, uma ótima profissional e uma esposa honesta. Frígida, mas fiel, nunca trai Norberto. Quase 30 anos de casada e ele era o único homem que eu conheci.
Não precisava de mais nada.
Mas aquela causa estava me deixando louca, as provas, os documentos essenciais para ser vitoriosa ainda faltavam. Uma montanha de papelada para ser examinada e apesar de alguns bons indícios, os tais documentos, as assinaturas apropriadas ainda faltavam. E data do julgamento cada vez mais próxima.
Só as falas das testemunhas não era o bastante, o contraditório deixava tudo nebuloso, tudo dependendo da vontade de um juiz que podia muito bem pender para o nosso lado, ou não.
Foi no final de uma sexta-feira, bem tarde, quase nove da noite. Estávamos eu e os meninos. E eu tinha um compromisso, o aniversário de minha sogra.
- Pode ir doutora. A gente continua.
Ele falava numa voz suave. Olhei as horas agoniada, o cansaço se misturando com o desânimo.
- Droga de festa. Justo agora, justo hoje.
Falei um tanto desanimada.
- Pode ir, fica tranquila, eu e o Nando, a gente não tem compromisso mesmo. A gente continua.
- Ai Vânia, jura mesmo? Não quero deixar vocês sozinhos. É muito sacrifício, vocês tão jovens.
Na hora me passou despercebido o olhar de esguelha do Nando pra ela. Mas Vânia me parecia tão sincera, tão firme. Deixei para lá.
- Então, tá. Vou, mas se descobrirem alguma coisa, qualquer coisa, me avisem. Não importa a hora.
Nando me sorriu com aqueles olhos lindos, já Vânia mordeu a ponta da caneta, nem me encarou. Sai, esbaforida, meio descabelada, desci até a garagem do prédio. Liguei o carro e parti, só quando já estava há algumas quadras de distância me lembrei do presente da Soraya. Deixei debaixo da minha mesa.
- Merda!
Tornei a voltar. Correndo, rezando para ainda poder entrar pela garagem. Dei sorte, parei meu automóvel apressada, nem minha vaga era, completamente torta. Fiquei ainda mais nervosa, a droga do elevador não chegava. Subi bufando de raiva.
Fui abrir a porta e pra minha surpresa estava trancada. Achei estranho, destranquei e entrei. Tudo escuro, ouvi barulhos, incrédula fui entrando. No fundo do corredor onde ficava a copa, era de lá que ouvi uns risos. Era a voz da Vânia, ela falando e rindo. Fui me aproximando, torcendo as chaves nas minhas mãos, a bolsa presa no ombro.
A porta aberta deixava ver os dois jovens no ato. Ela de pernas abertas e erguidas, a saia puxada sem a calcinha, sensual com os pés ainda dentro dos sapatos e a cara de safada, com a boca aberta tentando examinar a peça longa que o colega de trabalho deslizava sobre os pelos negros da sua vulva.
Nando segurava entre os dedos o próprio pênis, um corpo moreno, um canudo mais grosso que o de Noberto. Tomei um susto, meu coração bateu apressado. Um nojo e ao mesmo um sentimento de ser uma intrusa vendo uma cena tão íntima, totalmente libidinosa.
O jovem passava o pênis gordo no meio da vagina nova. Vânia era daquelas que se depilava por inteira. Apenas a testa atapetada. Dava pra ver os lábios mais escuros e dobrados, a cabeça do pau moreno pincelando a carne tenra, fiquei admirada com a bundinha cheia. A velhice é uma tristeza, que inveja.
- Enfia Nando, enfiaaaa.
- Você é louca, a gente prometeu que ficava pra trabalhar.
- Esquece da doutora cara. Enfia, me fura. Esse serviço tá me deixando louca, agoniada. Vai dizer que você não? A semana inteira a coroa fazendo a gente de escravo. Tem hora que ela é insuportável. Uma chata!!
- Mas ela é muito gostosa. Eu acho.
- Gostosa é? Safado! Dizem que ela não dá nem pro marido. Não duvido. Aiiii, que isso? Tão grosso, compridoooohhh!!
Aquele ato absurdo dentro do 'meu' escritório! E eu ali paralisada, quase congelada vendo os dois se pegarem sem modos. Foi a primeira vez que eu vi uma mulher em êxtase, o olhar vidrado, o rosto tenso, o corpo dobrado. Um líquido denso escorrendo da vulva, dos lábios, molhando o escroto, as coxas do Nando.
O rapaz tinha uma bunda simpática. Norberto é peludo, quase sem bunda, sem graça. Com as mãos ele segurava os torzelos da garota. Os movimentos foram ficando intensos, mas sincronizados como se ele soubesse onde tocar uma mulher por dentro. Noberto era todo frenético, desejado, como se quisesse se livrar de um problema e dar por encerrada uma obrigação.
Já os dois ali se tocando, se beijando e fodendo. Fiquei com raiva, indignada e hipnotizada. Meu coração descompassado e a boca seca.
A foda foi ficando louca, agitada, barulhenta, era claro que Vânia gostava, seu corpo vibrava, as pernas tremendo. Dava pra ver o pênis molhado entrando e saindo, os líquidos abundantes escorrendo do corpo da garota. Putinha de uma figa dando para o colega e justo no meu escritório. Que raiva!
Ela gritava, vibrava.
- Aaaahh! Nandooooohh!! Caraca! Eu eu eu gozaaaarr!!
Fiquei aparvalhada vendo seu corpo se contorcendo, tremendo, dava para ver sua vagina suando e piscando. Ela gemendo e ele sofrendo. Tão lindos, tão jovens.
- Nando chega, chega caralho! Eu não posso engravidar, o Mario me mata!
- Quem é Mario?
Sai das sombras, eu ainda tinha dúvidas se aquela voz era a minha, mas era. Os dois com os olhos arregalados. E eu tentando parecer brava.
- Meu, meu namorado doutora.
- O quê?
Falei ralhando como se me importasse.
- Que diabos vocês dois estão fazendo? Não é pra isso que vocês são pagos. Eu confiei em vocês sabiam? Merda!
Eu falando como uma mãe e os dois se vestindo apressados. Ela tremendo mais do que o Nando. Ele com cara de quem não acreditava no que via. E eu estupefata.
Sai pisando firme na direção do meu escritório, ouvindo a minha voz, mas eu nem sabia o que falava. As palavras saiam da minha, mas eu só queria fugir daquele lugar.
- Já pra casa vocês!!
- Doutora eu...
- Não quero nem saber Vânia. Um absurdo, uma falta de respeito. Isso é falta de profissionalismo.
- Doutora eu posso...
- Chega! Rua! Segunda a gente se fala. Resolve isso o mais discreto possível.
Eles sumiram, eu ainda tremia, de raiva, vergonha e medo. E agora como é que eu faria pra resolver o problema com os documentos do meu caso?
Respire fundo e olhei as horas. Quase de dez e meia. Nem que chegasse mais tarde na festa resolveria. Minha sogra odiava os meus atrasos e o Noberto sempre do lado da mãe. Um panaca.
Fui para casa.
Noberto enviou uma mensagem, eu respondi como se estivesse no escritório. Tomei um banho e fiz um lanche, imaginando o que falar com o meu pessoal. Mas nem foi preciso, fui para cama e acabei dormindo.
Nem vi quando eles chegaram, quando Noberto deitou do meu lado. Acabei sonhando, provavelmente no meio da madrugada. As cenas nubladas, os risos, as vozes, um corredor comprido, que eu não chegava. As risadas ficando altas, a luz brilhando no fundo. A sacanagem, os palavrões.
Uma sensação tão forte, tão intensa, as imagens imensas, os detalhes dos corpos. O rosto assustado de Vânia, seu corpo suado, um pênis perfurando a vagina. Imenso, entrando e saindo, carnoso, com as veias ressaltadas.
Nando me olhando com aqueles olhos lindos. Eu do lado quase abraçada. Ele rindo, fiz uma carícia em seu peito, no ventre. A língua longa me beijando a alma, um beijo babado, safado de tão gostoso. Eu queria dar pro Nando, eu queria foder com aquele garoto. Eu queria ser Vânia.
- Pega.
A voz masculina ressoou nos meus ouvidos. Os olhos verdes me enfeitiçando, tudo muito lento, muito forte, segurei o membro duro. Senti o calor da sua masculinidade, o sumo quente escorrendo da haste.
Punhetei, eu nunca tinha punhetado um homem em minha vida, mas naquele sonho eu masturbava o pau quente do menino safado. A gente se beijando de olhos fechados, até eu voltar a enfiar a verga cor de bronze no meio das pernas da Vânia. Tão íntimo, tão forte.
Ah, como eu ser ela, ser uma vadia sendo fodida na copa da minha firma. Seus corpos brilhando, as vozes chiadas, vi o rosto de Vânia crispado, o orgasmo de uma fêmea no ato. O pau pulsando dentro da vagina. A cena lenta dos corpos se separando, os lábios dobrados e uma gota branca escorrendo da boca rasgada.
- Estela, acorda Estela! Tá sonhando, um pesadelo?
- Aaahhh!! Uuuuiiiiii!! Aaaaeeeeee!!
Me ouvi gemendo. Esbaforida e ainda meio sonada.
- Que foi que aconteceu?
- Mmmmm... um sonho ruim.
Menti envergonhada.
- Dorme Noberto, tô morrendo de sono.
- Esse seu serviço ainda te mata. Bem que mamãe avisou.
- Sua mãe não sabe nada.
- Ela ficou chateada. Você nem ligou.
- Sua mãe! Liguei sim, liguei de tarde.
- Mas não foi. E você prometeu que ia.
- Não deu! Droga. Deixa eu dormir, amanhã eu ligo. Passo lá.
Esmurrei o travesseiro e fiquei quieta, Noberto virou para o outro lado e não demorou a roncar. As cenas foram voltando, fui revivendo o sonho. Mesmo acordada aquilo ainda era forte. Sem saber porque fui descendo a mão entre as coxas, meus dedos instintivos foram me explorando, tocando, sentindo, meus lábios umedecidos. Uma gosma densa melecando meus dedos, as unhas.
Estranho. Ridículo me saber excitada por um sonho com aqueles garotos assanhados. Absurdo. Fazia muito tempo que não me masturbava. Tão inusitado, tão especial como um pecado novo.
Era só o princípio. O acaso veio melhor do que eu esperava, mas isso fica para outra estória.
Fechei os olhos tentando adormecer, tentando voltar para o sonho proibido.