História curtinha da qual me lembrei antes de acabar o ano. Eu vivia no Rio de Janeiro e a família morava em São Paulo. Na época eu estava solteiro. Final de ano, aquela muvuca dos anos 70, um espírito de euforia na época do “milagre brasileiro”, economia inflada que fabricava a dívida externa para “promover desenvolvimento”, a estação rodoviária lotada, passagens todas esgotadas, nem vários ônibus extra deram conta. Resolvi ir de trem, era um pouco mais caro, mas mais confortável. Tinha até carro restaurante. Conseguir as passagens, foi mesmo um “milagre”, também estavam esgotadas, mas graças a uma gorjeta para o vendedor do guichê, ele “descobriu” uma passagem que foi reservada e não foram buscar. Sabe como são essas coisas no Rio de Janeiro, não é? O jeitinho brasileiro não é visto como coisa errada e sim como esperteza de um povo, onde o errado é apenas o outro, se for para benefício próprio tá valendo. Os que corrompem nõ se julgam culpados. E na época eu pensava assim também. Só queria me dar bem. Isso foi na manhã do dia 30. No dia 31 era a partida. Cerca de nove horas de viagem, daria para chegar antes do ano se acabar. A ceia na casa dos meus pais era sempre farta. Na manhã do último dia do ano, fui cedo para a estação Central do Brasil. A plataforma estava lotada de gente. Mas por fim embarquei sem maiores problemas, embora houvesse sempre um "espreme espreme" de gente ansiosa que quer garantir seu lugar que já está reservado. Eu estava indo de poltrona, mas tinha muita gente que ia de banco mesmo, dois lugares no mesmo banco. Um banco duplo defronte do outro. O trem lotou, como era esperado, e havia um clima de alívio quando partiu lentamente da estação, cruzando os bairros de periferia. O batuque compassado do barulho das rodas metálicas nos trilhos, tracatrem, tracatrem, tracatrem, ora lento, ora mais acelerado, e a paisagem suburbana desfilando pelas janelas largas, nos dava a certeza de que estávamos a caminho. E como era final de ano, as pessoas pareciam mais comunicativas, esperançosas, cheias de simpatia e gentilezas. Não demorou nem duas horas e já havia grupinhos batendo papo e contando da aventura de conseguir viajar. Uns mais brincalhões e comunicativos, outros mais lamurientos das atribulações, a verdade é que a gente ia coletando trechos de histórias das pessoas, que tinham sempre um bom motivo para estar viajando no último dia do ano. Estava muito cheio de gente e logo descobrimos que uns traziam nas sacolas, uns lanches, biscoitos de polvilho, garrafinhas ocultas de refresco, até umas empadas e uns croquetes de carne, coxinha de galinha, e salgadinhos de pacote, e isso foi amenizando a fome da moçada, compartilhados com generosidade ainda remanescente das festas de Natal. A viagem foi boa até no começo da noite. Já mais próximo a São Paulo. Mas, uma hora depois, já escurecendo, o trem parou. Poderia ser apenas um cruzamento com outra composição, então não ligamos. Continuamos animados papeando.
Mas o tempo foi passando, vinte minutos, meia hora, mais meia hora, e veio a notícia de que havia acontecido uma queda de barreira à frente, e teríamos que esperar. No embalo da esperança de que tudo ia melhorar, não achamos que um atraso de duas horas comprometesse muito. Mas não houve mudanças do cenário. Estávamos em um trecho que não havia nada além da montanha de um lado e o vazio da encosta do morro para o outro lado. E chovia. Sempre tem uns pessimistas que começam a agourar, perigo de barreiras, deslizamentos, acidentes na via. Eu me afastei dos agourentos e fui me acomodar num grupo de jovens estudantes, moças e rapazes que tocavam violão e cantavam bem no final do nosso carro, próximo da porta que faz a junção entre um carro e outro. Não demorei para me enturmar. Na época eu era um bom tocador de tamborim, e também manejava bem uma caixinha de fósforos. Com o palito longo que prendia o cabelo de uma moça, e com uma caixinha de papelão eu improvisei uma percussão que tornou mais animada a rodinha. Logo se aproximaram mais outras moças e rapazes. Alguém tinha uma garrafa de cachaça mineira que trazia para as festas, outro foi no carro restaurante e voltou com alguns limões, um açucareiro e alguns copos. Na época os copos eram de vidro e as xícaras de louça. Improvisamos na divisão que separava um carro do outro, com uma mala de alumínio servindo de bancada, um bar para preparar as caipirinhas. A fiscalização dos funcionários do trem já estava ocupada em outras questões. Caipirinhas sendo distribuídas, o violão sendo dividido entre três que sabiam tocar, não dava mais para pensar no paradeiro da viagem. Mais duas horas se passaram. A noite fez o povo dos vagões desanimar de chegar a tempo em São Paulo, para a ceia. Alguns começaram a cochilar abraçados em suas almofadas. No nosso grupinho da batucada, havia uma morena, pele bem castanha, daquelas cariocas da gema, criadas na Pavuna, quase divisa com São João do Meriti, terra de gente bonita, e cheia de malícia boa. Saia branca curtinha como das tenistas de Wimbledon, blusa de Lycra cor de caramelo, aberta na frente e trespassada, com tiras que se cruzavam na cintura. Tamanquinhos de sola de madeira, com duas tiras de couro vermelho. Pés e mãos dignos de uma Cleópatra. Não havia ainda naquela época a modelo Globeleza, mas se houvesse ela seria uma forte candidata. Ela cantava com uma voz deliciosa, um timbre de sax, lembrava bastante a voz da cantora Simone. Sabia todos os sambas, as letras, e requebrava de leve que dava gosto. Umas pessoas estavam sentadas pelo chão entre as poltronas, outras de pé apoiadas nos encostos, e os que tocavam se sentavam na poltrona rodeada de cantantes e batucantes. Ela estava de pé num canto do carro.
Um tubinho de remédios vazio com uma pulseira de bolinhas dentro virou um chocalho improvisado. A frasqueira de plástico duro de uma passageira virou surdo. Alguém sacou um pente do bolso e com uma folha de seda do baseado que não enrolou, dobrado sobre o pente, se improvisou um saxofone. Aos poucos a roda ficou mais animada. Apareceu uma garrafa de vinho, depois outra. A turma estava resolvida a fazer o baile do Copacabana acontecer ali mesmo. Só faltava o desfile das fantasias. Mas como estava calor e chovia lá fora, algumas moças já haviam desabotoado as blusas, exibindo tops e corpetes, os rapazes também estavam começando a abrir camisas, e tinha moça que prendeu a blusa como se fosse um bustiê. Naquela época havia menos moralismo do que hoje em dia. O certo é que todos já estávamos embalados, decididos e fazer a virada de um ano para o outro ser memorável naquele trem.
O Brancão de olhos azuis aqui ficou logo interessado na mestiça de sorriso provocante. A danada era realmente muito sexy. E como nessas coisas o universo sempre conspira a favor, quis o “Senhor dos Anais” que os encantos dela se encantassem com o meu jeito de surfista de boa-vida e de bom astral. Na época meus cabelos claros e compridos passavam abaixo dos ombros. Minha barba castanha clara, também era farta, mas de pontas bem aparadas. Para trabalhar na publicidade era preciso ter uma certa compostura. Isso me favorecia, não ficava parecendo um hippie. Eu andava muito bronzeado sempre por conta de praticar surfe todas as manhãs e me vestia com certa elegância informal. E como eu estava feliz, desengatado, solteiro, disponível e sempre interessado numa conquista, a percepção dela, como da maioria das mulheres sempre faz, captou aqueles sinais secretos que só elas sabem ler. Ela então sorria de volta, estimulante, e o clima foi melhorando. As letras das canções funcionavam como mensagens cifradas.
“Hoje o samba saiu procurando você, quem te viu, quem te vê, quem não a conhece não pode mais ver pra crer, quem jamais a esquece não pode reconhecer.”
Eu já soltava uns sorrisos convidativos para cima da moça, que exibiu de volta dentes lindos, alvos e perfeitos, alinhados numa boca digna de dar inveja na Chica da Silva.
“Gosto de te ver ao sol, leãozinho, de te ver entrar no mar, tua pele, tua luz, tua juba…”
Nessas horas, parece que todos os demais presentes viram figurantes, a gente presta atenção em tudo mas foca mesmo é no objeto do desejo, e o objeto dos meus desejos parecia que estava vivendo os mesmos desejos que eu. A noite ficou animada, o jeito era mesmo passar a virada a bordo do trem naquele lugar perto de nada e longe de qualquer coisa, e ninguém mais estava achando que chegaria antes do dia seguinte em São Paulo. Isso fez com que mais pessoas se animassem e apareceram mais garrafas de vinho, espumantes e até Vodca. A animação com o aditivo do álcool fez a turma mais entusiasmada. Não demorou muito tempo, a roda havia aumentado muito, meio vagão estava ali em volta. A morena fez um ligeiro sinal com os olhos, para o canto. Fiquei atento. Logo a seguir ela pediu licença e passando entre a roda de pessoas em pé disse que ia à toalete.
Esperei acabar a música, e três minutos depois, acabei passando o tamborim improvisado para outro ritmista da roda, e fui saindo de fininho, dizendo que precisava ir ao banheiro. Talvez ninguém fizesse ligação da saída dela com a minha, naqueles minutos depois. Fui andando pelo corredor do carro, apinhando de gente, desviando de pernas esticadas dos que dormiam, pulando malas que serviam de encosto para quem se deitava no chão. Cheguei no final do carro e a porta do banheiro estava com sinal de ocupado. Havia mais duas pessoas na fila de espera. Era tudo ou nada. Bati na porta e arrisquei:
— Você está bem? Precisa de ajuda?
Ouvi a pergunta:
— Como?
Era a voz que parecia ser a dela. Repeti:
— Está passando mal? Precisa de ajuda?
A tranca fez barulho e girou, ela havia soltado por dentro e eu girei a maçaneta, a porta se abria para dentro, apenas uma frestinha, e vi a morena de pé, encostada na janela, com o dedo indicador sobre os lábios, pedindo silêncio. Ela disse bem audível para os de fora entenderem:
— Por favor, me ajude.
Entrei me esgueirando por uma abertura de meia porta, que a ocultava de quem estivesse do lado de fora. Fechei a porta. O sorriso dela se iluminou maravilhosamente. Não precisávamos de falar mais nada. Eu me encostei nela sentindo o calor daquele corpo sedutor. Nossos lábios já se colaram num beijo arrebatador. O coração parecia que iria saltar pela boca. Pulsação acelerada, me lembrava o barulho das rodas do trem nos trilhos, mas que agora estava parado. Por uns dois minutos as bocas se colaram em beijos deliciosos onde as línguas se enroscavam enquanto a respiração se tornava ofegante. As nossas mãos trataram logo de explorar nossos corpos, primeiro sobre a roupa, apenas reconhecendo as formas, aquelas ancas generosas, as nádegas rijas e empinadas, a cintura estreita, os seios latejando. Ela me acariciou a nuca, o peito, a cintura, a bunda, apertou as nádegas, me puxou contra ela, e me fez esfregar o pau duro sobre seu ventre, mesmo ainda entre nossas roupas. Aquilo era sinal de que não havia impedimento. Mas não foi por muito tempo. Sem combinação prévia, sem pedir licença, logo já estávamos um ajudando o outro a se despir. A sorte é que dentro da cabine do banheiro, havia atrás da porta um cabide de gancho duplo. Foi ali que fomos pendurando nossa roupa. Ela usava uma tanguinha mínima de cordões que se amarravam com lacinhos dos lados do quadril. Fácil de tirar. E não usava sutiã.
Em menos de um minuto ela estava nua, apenas com os tamanquinhos nos pés. Estava linda, irresistível. E eu também apenas com o meu sapato mocassim nos pés. Banheiro de trem não dava para confiar. Nos abraçamos num "esfrega esfrega" onde meu taco de sinuca roçava a caçapa dela e as bolas resvalavam nas laterais, naquele frenesi do "quase dentro", mas era ainda só suspense, e sentindo a fonte do prazer brotar seus fluidos mais lascivos.
A morena gemia de um jeito que me deixava mais arretado do que tendão de Aquiles de corredor dos cem metros rasos na Olimpíada. Pura tensão! Os seios, meu deus, o que era aquilo? Lembrei da escultura da Vênus de Milo, mas com uns 250 mg de volume a mais, o que fazia aqueles dois irmãos gêmeos serem mais tentadores do que um prato novinho de pudim de leite condensado com calda de caramelo. Não tinha como não beijar, sugar, mamar, arrancando mais suspiros da morena que reforçava a impressão, para quem estava esperando a vez do lado de fora, de que ela realmente precisava de muita ajuda. E eu generoso cuidava para que suas necessidades fossem aplacadas. Ela segurou no meu impávido colosso, no máximo do seu esplendor, de 18 cm, reto, ereto e empinado, com um capacete vermelho de combatente pela felicidade das mulheres “calientes” e os seus toques eram de uma exímia manipuladora de tesouros fálicos. Acariciava e apertava numa sequência combinada de avanço e recuo que mais parecia tática de guerrilha de alcova. A bichinha sabia como manter um gladiador na luta, sem tirar dele a vontade de lutar. E quando ela me empurrou para ficar colado na porta do banheiro, e se sentou no vaso sanitário à minha frente, foi para descer aquela boca linda e alucinante de Chica da Silva pelo meu tanquinho enrijecido pelas contrações do prazer, até alcançar o seu objetivo, fazendo com que o objeto do desejo dela mergulhasse dentro da gruta quente e rebolante de uma boca capaz de fazer Luís de Camões pedir retorno à pré-escola. Cada sucção era seguida de um gemido, e cada gemido era seguido de um recuo, uma retirada e novo ataque, profundo, molhado, onde a língua se tornava uma serpente do prazer enroscando-se pelo obelisco que deus me deu. Eu não ia resistir por muito tempo. Então fiz com que ela ficasse de pé e trocamos de posição. Pensei que ela ia reclamar, mas não, aderiu sem resistir, e se deixou beijar, lamber e fungar inteira. Uma xoxota branca depilada já é algo alucinante, mas uma xoxotinha negra, saliente, lisa, estufadinha, de lábios grossos e grelinho saliente é algo que branco nenhum consegue esquecer, embora negros, ruivos, vermelhos, e amarelos, também não. O importante é gostar da fruta. E eu adorei, fiz a língua explorar todas as reentrâncias, as saliências, sentindo que um caldinho melado e agridoce escorria fértil daquela mina de tesouros inesquecíveis. A morena gemia ainda mais forte. Só os suspiros e gemidos dela deviam provocar dilúvios incontroláveis em quem pudesse ouvir. Acho que quem esperava na fila lá fora não se incomodou de esperar. E eu ali, a cabeça colada em seu ventre, os dedos dela enfiados no meio das minhas madeixas loiras, forçando meu nariz para aspirar aquele aroma delicioso do sexo que se preparava para ser invadido. Não dava mais para resistir. Quando ela disse que eu não podia parar, que já estava pra lá de Bagdá, mesmo estando presos ali naquele cubículo de paredes metálicas, eu resolvi que deveria abaixar em mim o espírito de Alexandre, o grande, mas como não era tão grande assim, baixei o espírito do Peter Pan, e resolvi que não importava o tamanho da espada, o que importava era lutar, invadir, tomar conta do território e dominar tudo. Me sentei mais recostado na privada cuja tampa estava fechada, claro, e ela veio se acomodar como invasora, dominando o dominador, absorvendo os golpes de espadim que arrancavam dela gemidos de “mais forte, mais fundo”, enquanto ela mesma se agitava, se erguia na ponta dos pés ainda calçados com os tamanquinhos, e se deixava descer, e invadir profundamente a ponto de a parede de seu útero parecer uma almofada amortizando minhas penetrações. Talvez por conta da posição em que eu estava, talvez por conta do nervosismo de não ser capaz de apagar todo aquele incêndio, minha mangueira resistia firme, forte, rija, sem despejar antes da hora, o que fez com que a morena pudesse se deliciar por um tempo longo, demorado, com dois orgasmos intensos, tão avassaladores que eu tive a impressão de que seus tremores faziam o trem todo balançar. No fim, alucinada, doida para me ver vencido, ela se virou de bunda, apoiou as mãos na porta do banheiro ali na nossa frente e veio sentando com aquela traseira maravilhosa, alucinantemente rebolativa, provocante e gulosa, até conseguir encaixar a cabeça do meu possante peso médio no ponto sensível de seu orifício corrugado, já meio melado de tantas secreções que ela mesma havia produzido. Senti que bastava ser corajoso, forte, rijo e não ter medo de vencer mais uma batalha, o espadim se mostrava ainda mais teso, e vibrante, diante da possibilidade de abater a vítima com um golpe fulminante bem no meio da tarraqueta morena daquela deusa da volúpia. Ele gemia suspirando:
— Vai Galego, meu branquinho gostoso, mete, enfia essa rola dura na sua pretinha gulosa!
Não dava mais para resistir. Um pedido daqueles é inegável. Eu fiz força para frente e ela para trás. A vontade de ambos combinada ajudou e deu para ouvir o “Ploc” do anelzinho apertado sendo trespassado pela cabeça vermelha e viril da minha arma de guerra. Foi um gemido dela, outro meu, ouvi ela exclamar:
— Ah, entrou, que delícia! Agora vai, vai, vai…
Ela não parava de falar aquilo, estimulando para que eu fosse, enquanto ela ia para frente e recuava, meu membro se enfiava todo nela, eu sentia as nádegas rijas se espremendo no meu colo.
Novamente o calor do interior dela, num movimento peristáltico, que me apertava a rola, massageava por dentro, e me deglutia como uma banana suculenta. Nossa, acho que não deu mais do que uns dois minutos, ouvindo o “floc”, “floc”, “floc”, sem parar se acelerando até que ela disse que ia gozar, e gozou, me levando junto num transbordamento tão intenso que os jatos chegavam a sibilar dentro dela. Foram muitos, uns oito ou dez. Naquela hora eu não sabia contar nada, apenas me deliciava sentindo o squirt dela escorrer farto pelas minhas coxas. A safada gozou e ejaculou deliciada, e deliciosamente. Uma loucura absoluta. Por sorte estávamos sem roupa.
Ficamos engatados mais um minuto, só respirando, intensamente. Depois o próprio orifício dela se encarregou de expulsar o seu invasor, que escorregou mole para fora. Peguei um papel para limpar, mas surpreendentemente minha espada estava limpa. Ela sorriu e disse:
— Deu tempo de me preparar antes.
Eu admirado perguntei:
— Você sabia o que ia acontecer?
Ela sorrindo, me deu um beijo e respondeu:
— Não sabia não Galego, mas esperava muito. Você superou a expectativa.
Na hora me veio à mente de que ela deveria dizer aquilo para outros também. Experiente como ela era.
Tratamos de nos limpar com calma, sem pressa. Trocávamos beijos. Só quando fomos nos vestir é que notamos que o trem já estava mesmo em movimento. Haviam desbloqueado a estrada. Vestidos, eu disse a ela que deveria fingir estar ainda passando mal quando saíssemos da cabine. Ela concordou. Pegou na bolsa um lápis de maquiagem e escreveu um número de telefone no pedaço de papel higiênico do trem. Li o nome: “Malvina”. Guardei e tratei de conduzi-la para fora do banheiro. Já não havia mais ninguém esperando do lado de fora. Ela abraçada como se tivesse as pernas ainda bambas. Levei-a até à poltrona que a morena ocupava e a sentei. Malvina pegou um xale na bolsa e cobriu o rosto como se estivesse meio zonza. Eu fui para a minha poltrona que ficava umas seis poltronas à frente. A viagem já transcorria mais calma e até a turma do samba havia se dispersado, com sono ou enjoada daquilo. Havia silêncio no carro e o barulho das rodas do trem batucavam ritmadas me embalando. Tirei um sono gostoso recostado na poltrona, e despertei quando vi o trem entrando na estação da Luz, em São Paulo. Estava amanhecendo. Procurei pela Malvina, mas ela já não estava mais na sua poltrona. Em minutos o trem parou e foi aquele lufa-lufa do desembarque. Muita gente querendo sair ao mesmo tempo. Desci do trem procurando ver se conseguia enxergar a Malvina, mas não a vi. Ela tinha sumido.
Fui para casa da família, e dormi boa parte daquele dia primeiro do ano. Estava esgotado. De tardezinha, liguei para o número que ela havia me dado, mas uma pessoa que atendeu disse: “Agora ela saiu para trabalhar. Ligue amanhã no final da manhã.”
Agradeci. Eu não via a hora do dia seguinte chegar. E chegou. Mas essa será outra história.
Continua.
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