CAPÍTULO 13
*** MATT***
Acordo todo animado para o meu dia, não vejo a hora de chegar ao rancho e conhecer a família de Henry, quero parabenizá-los por terem feito um homem maravilhoso como ele. Arrumo-me e desço para tomar o café, olho de um lado para o outro, é difícil acreditar que não tem ninguém na casa. Não sei como Connor consegue viver em uma casa enorme sendo que só tem ele e Oliver, deve ser ruim se sentir sozinho em sua própria casa, com uma casa dessa eu queria uma família enorme, um monte de crianças correndo pela casa, todo o final de semana reunir a família. Seria ótimo.
Meu celular vibra, minha assistente acabou de me avisar que tenho uma sessão de fotos na segunda à tarde, arrumo minha agenda, para não me atrapalhar com o meu trabalho aqui na casa de Connor. Estou terminando o meu café quando ouço a porta da frente se abrindo.
- Príncipe cheguei! Está aqui em baixo? - Henry grita.
- Estou na cozinha. - grito para ele. Henry entra na cozinha e meu Deus, que homem é esse.
Não tem nem como explicar o quão gostoso ele está. Olho para ele e sorrio.
- Minha nossa, como você está sexy. - Henry fala me dando um beijo na bochecha.
- Sim, sei. - reviro os olhos, estou apenas de short jeans com uns rasgados, uma camisa polo azul clara e botas de cowboy, estou pronto para um dia no rancho.
- É sério gato, você está comestível pra cacete. - começo a rir.
- Cara você não presta.
- Eu sei disso gatinho. - reviro os olhos para seus apelidos.
- Você está com algum problema nos olhos? - pergunta rindo no meu revirar de olhos.
- Vai à merda Henry. - ele fica sério, estreita os olhos e começa a se retirar da cozinha.
- Vai aonde? - pergunto sem entender nada.
- Como vocês passivos são complicados. - ele diz. - Você me mandou ir à merda, é para lá que eu vou ué. - ele diz como se eu fosse burro. - Ah, mas você está indo para lá também. - olho para ele sem entender. - Cara como você é burro, estamos indo para o rancho. Sacou. - continuo olhando para ele. Sei do que ele está falando, mas quero saber até onde isso vai. - Putz cara, rancho, cavalo, merda. Entendeu? - ele sacode a mão na minha cara, Começo a rir. Henry fica me encarando com cara de bunda. Rio mais ainda. – Seu cretino, você me fez de palhaço, eu aqui explicando e você fazendo essa cara de quem não entendeu nada. - encolho os ombros.
- E eu que sou burro. - sorrio para ele, termino o meu café com o Henry do meu lado me contando sobre sua família e como funciona o rancho, fico nervoso a cada palavra que ele fala, tenho receio se vou ser aceito ou não. Termino o café e vou pegar minha mala no quarto, quando volto olho a casa toda para ver se tudo está em ordem e tranco a casa ativando o alarme de segurança.
Entro no carro e partimos, Henry liga o som e começa a tocar ''Bad Romance'' de Lady Gaga, começo a rir.
- Oh não. - falo entre risadas. - Não acredito que você ouvi Lady Gaga. - rio tanto que me engasgo.
- Qual é o problema? - pergunta irritado. - Esse é o meu maior charme, se você soubesse que a maioria dos gays que pego gostam dessas músicas, você estaria pasmo. - olho para ele.
- Você está me dizendo que só ouvi isso por causa dos seus peguetes?
- É exatamente o que estou dizendo. - ele sorri. - É muito foda quando um gay descobre que você ouve a mesma música que ele. - eu rio. - Eles ficam doidos e é bem mais fácil tê-los em minha cama.
- Você não vale nada. - falo dando um tapa em seu braço.
- E você só percebeu isso agora? - ele começa a rir.
- Idiota! - mostro a língua para ele.
- Criança! - ele diz rindo. Reviro os olhos. Foram três horas e meia de viagem cantando músicas famosas e a maioria das pocs, zoei Henry o tempo todo, fizemos uma parada rápida para eu comer alguma coisa e ir ao banheiro.
O restante da viagem foi tranquilo, Henry só sabia cantar, ele disse que tinha que gravar as músicas para os meninos dele. Fico tensa quando Henry entra no portão, meu coração começa a bater mais rápido, meu corpo treme e minhas mãos começam a suar. Henry deve ter percebido meu nervosismo, pois ele pega a minha mão e aperta.
- Relaxa Matt, tudo vai dá certo. - aceno com a cabeça.
- Está bem. - tento controlar o nervosismo. Quando Henry estaciona o carro vejo um casal naporta sorrindo. Tremo mais ainda.
- Matt se acalma são só os meus pais. - sorrio para Henry. Saímos do carro e a senhora que deve ser a mãe do Henry corre em nossa direção.
- É um rapaz, Jhonnatan! A surpresa de Henry é um menino, querido! Henry finalmente trouxe um menino para nos conhecer! - quando ela nos alcança ela me envolve em seus braços. - Oh querido estamos tão felizes em te conhecer. Eu sou Lúcia, mãe desse menino bonito! - Henry bufa atrás de mim. - E esse é Jhonnatan o pai. - ela diz, Jhonnatan me puxa para um abraço.
- É enorme o prazer em conhecê-lo menino. - ele diz. Sorrio para ele.
- O prazer é meu em conhecê-los. Eu sou Matthew. - falo animado.
- Matt você é um espetáculo. - eu solto uma gargalhada, mas ela morre assim que olho para frente, Connor está na varanda nos encarando. Seu rosto está vermelho de raiva, posso ver as fumaças saindo pelo nariz de tão bravo que ele está.
Fico completamente sem ar nenhum, meu coração bate tão rápido que meu peito dói, estou imóvel. Fecho os olhos e respiro fundo, sinto as lágrimas preste a escorrer pelo meu rosto. Sabia que não era para eu vir, e aqui estou na casa do meu amigo, com o meu patrão me fuzilando com os olhos. Por favor, que ele não me humilhe na frente dessas pessoas.
Connor desce as escadas tão rápido que eu não o vejo chegando, quando dou por mim ele já está na minha frente segurando com força o meu braçoO que diabos você está fazendo aqui?
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*** CONNOR***
Acordei cedo para ajudar os pais de Henry no café da manhã e na preparação do rancho. Estamos recebendo quinze crianças com autismo hoje. Desço as escadas e ajudo com tudo, tomamos o café conversando sobre a expectativa para o dia de hoje. As horas se passam e nada de Henry chegar, mandei uma mensagem para ele há um tempo, mas ele não respondeu.
Depois de algumas horas ouvimos um carro, eu sabia que era Henry, os pais dele saem para ver seu filho e eu continuo na sala sentado. Estava lendo sobre a programação do dia quando ouço a mãe de Henry gritar que ele tinha trago para casa um menino. Estranho, Henry não me falou nada sobre estar namorando. Minha curiosidade é grande, então me levanto e saio para ver quem é o coitado que Henry trouxe para casa. Quando olho para onde eles estão eu fico cego, surdo e mudo. Deve ser uma miragem só pode. Isso não está acontecendo comigo, era um sonho, um sonho muito ruim. Matt estava bem na minha frente sorrindo nos braços de Lúcia. Henry está logo atrás todo orgulhoso.
Traição é o que estou sentindo. Fui traído pelo meu melhor amigo. Como ele foi capaz de fazer isso comigo? Ele trouxe Matt o meu empregado ao qual eu queria bem longe da minha família para o rancho. Onde amanhã todos estarão aqui. Não posso acreditar que fui enganado, Henry sabe dos meus medos, sabe que não queria ele envolvido agora com ninguém. Ele tinha que fazer isso comigo, tinha que trazê-lo para cá? Fúria toma conta de mim. E como ele aceitou vim para o rancho sabendo das minhas regras? Octávio tem razão eles são iguais, no fundo só querem se infiltrar para depois esmagar todos nós.
Os olhos de Matt encontram os meus e ele fica branco, seu sorriso morre, medo é o que está estampado no seu rosto. Não me engano. Isso tudo é fingimento, ele é tão bom quanto Octávio. Estou tão cego de raiva que saio em direção a ele pego-lhe pelo braço.
- O que diabos você está fazendo aqui? - Matt treme em meus braços, seu corpo fica mole, eu o seguro mais apertado para ele não cair.
- Sinto muito. – ele abaixa o olhar. - Eu... eu não sabia. – ele me olha e vejo uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Reviro os olhos para o seu fingimento.
- Solta ele, Connor. - olho para Henry.
- Não se meta Henry. - falo entre dentes. Quem ele pensa que é para trazer meu empregado aqui em uma reunião de família.
- O que está acontecendo aqui? - pergunta Jhonnatan, olho para ele e Lúcia e vejo que eles estão com os olhos arregalados pela minha atitude.
- Me desculpe. Descontrolei-me. - falo para eles. - Matt é meu empregado e não sabia que ele viria. - eles me olham com pena. Sim, eles sabem sobre Octávio, solto Matt e saio em direção ao estábulo, não quero falar com ninguém, preciso ficar sozinho para pensar no que vou fazer, de uma coisa eu sei. Matt não pode estar aqui quando os meus pais e minha irmã chegarem amanhã.
Ouço passos atrás de mim e me viro para ver Henry me seguindo.
- Eu acho melhor você ficar bem longe de mim nesse momento. - digo irritado.
- Estou pouco me lixando para o que você acha, Connor. Eu só quero saber que atitude é essa com o Matt. - me viro na mesma hora ficando cara a cara com ele.
- Não te diz respeito nada do que eu faço. Quem você pensa que é para trazê-lo para cá? -pergunto.
- Eu sou o filho dos donos desse rancho, Connor. Eu trago quem eu quiser para a casa dos meus pais. - suas palavras me deixam mais furioso ainda, o que me faz dar um soco na cara do Henry. Ele cai para trás, sangue jorra do seu nariz.
- Ele é o meu empregado Henry! Te avisei mais de um milhão de vezes que não queria que você falasse com ele, eu disse que não o queria envolvido com a minha família, mas você não, você tinha que me trair o trazendo para cá. - grito para ele. - Você traiu a minha confiança, depois de todo esse tempo em que passei te contando sobre como é ruim ser engando, traído e de como não quero que isso aconteça de novo, você faz exatamente isso, você me enganou Henry. Trouxe Matt para o rancho sem se importar com o que eu iria sentir. Grande amigo de merda você é! - digo voltando a caminhar.
- Não dê as costas para mim, Connor. - ele fala e eu paro. - Eu não te traí, Connor, eu trouxe Matt porque ele é meu amigo. AMIGO e queria que ele conhecesse meus pais. O único errado aqui é Você. - ele grita. – Você, Connor, que trata Matt como um lixo, sem respeito nenhum. Ele não é Octávio e você sabe disso. Só não quer aceitar. E que se dane você e seus problemas o mundo não gira em torno de você! - com isso ele sai me deixando sozinho com os meus pensamentos.
- Falar é fácil Henry, mas sentir o que eu senti ninguém quer. - digo baixinho para mim mesmo. Matt vai ter que ir embora ele querendo ou não. Chuto uma madeira que está a minha frente. Droga esse ciúme está ficando fora de controle, penso nas palavras da mãe de Henry. Ela pensa que eles são um casal, e só de pensar nessa possibilidade já me deixa puto.
O que eu vou fazer? Estou me apaixonando por alguém que não quero me apaixonar.
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***MATT***
Connor me solta e sai andando sem falar com ninguém, meu corpo está tão mole que Lúcia e Jhonnatan me pegam. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Minha vontade é de ir embora agora mesmo.
- Está tudo bem, querido. - Lúcia diz me levando para dentro da casa. - Ele vai se acalmar logo,e virá te pedir desculpas. - Se ela soubesse como Connor é ela não estaria falando isso agora. Aceno com a cabeça. Lúcia me leva pelas escadas e abre a porta de um quarto no final do corredor. - Este aqui é o seu quarto, acho melhor você se acalmar um pouco. - ela me senta na cama, meu corpo todo treme. As lágrimas não param de rolar. - Vou buscar um copo de água e um calmante para você. - ela diz saindo do quarto, eu não falo e não faço nada.
Humilhação dói, é isso o que eu estou sentindo. Quando você pensa que não pode ficar pior, a coisa fica. Não me controlo e começo a soluçar de tanto chorar. Estávamos tão bem, e agora tudo foi por água abaixo. Estou cansado, desgastado de tanto sofrer. Não aguento mais essa situação, assim que voltar para casa, vou pegar minhas coisas e ir embora da casa de Connor.
Lúcia entra no quarto e me entrega o copo de água com o calmante, eu o tomo. Ela sorri para mim.
- Vou deixar você descansar um pouco. - ela beija a minha testa. - Quando estiver melhor desça e vamos começar a trabalhar, você irá conhecer as melhores crianças do mundo. - ela fala e sai do quarto me deixando sozinho. Tiro o sapato e deito na cama. Fecho os olhos e choro em silêncio. Sinto falta dos meus pais, da vida que eu tinha.
Sinto tanta falta da gargalhada da minha mãe quando o meu pai falava uma cantada para ela,
ou quando ela me gritada dizendo que o café estava pronto. Sinto falta do meu pai vendo o jogo de futebol americano, e quando ele me dava um beijo de boa noite. Sinto falta dos dois. A cada dia que passa a falta que eles me fazem aumenta que chega a doer. Eu queria tanto que eles estivessem aqui comigo agora me dizendo que tudo vai ficar bem, que era apenas uma fase da minha vida. Mas a realidade é bem cruel. Pego no sono e deixo a escuridão me levar.
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** CONNOR**
Depois de um bom tempo sozinho volto para a casa principal, todos param de conversar quando eu entro.
- Cadê o Matt? - pergunto decidido que tenho que falar com ele e dizer que ele vai ter que ir embora amanhã bem cedo antes da minha família chegar. Jhonnatan se levanta e me encara de cara feia.
- Ele está descansando agora. Estava muito nervoso e chorando demais que não aguentava ficar em pé. - sinto um aperto no peito, sou o único que causou tudo isso. Quando ele acordar eu vou explicar meus motivos para ele. - E quando ele acordar a primeira coisa que você vai fazer é pedir desculpas pelo seu mau comportamento mais cedo. - ele diz, abro a boca para argumentar, mas ele é mais rápido. - Sei que você tem os seus motivos para não querer ele perto da família, mas você não pode tratar uma pessoa assim, seja ela quem for e o que ela fez. - ele se retira da sala e eu me sinto uma criança. Olho para a mãe de Henry que também está de cara feia para mim.
- Seu comportamento foi imperdoável hoje, Connor, não ficaria surpresa se Matt chutasse sua bunda.
- Mamãe. - Henry a adverte.
- E você Henry, da próxima vez que um homem te bater, bata de volta. Foi isso o que eu te ensinei. Nada de apanhar e sair sem revidar. - ela sai me deixando sozinho com Henry, eu sento ao lado dele.
- Foi mal pelo soco.
- Me poupe das suas desculpas, Connor. - ele se levanta me deixando sozinho. Depois de um bom tempo em silêncio, ouço barulho de um ônibus.
- É hora de trabalhar. - digo me levantado. Preciso fazer alguma coisa para tirar a minha frustração e essas crianças são o melhor remédio.