Enfim tudo tinha acabado. Entramos na limusine, e nenhuma de nós quis falar uma palavra sequer. Todas tínhamos muito o que pensar, pois pelo menos na minha cabeça, havíamos extrapolado. Eu e Paty já tínhamos nos enveredado por esses caminhos, mas a Fabi estava fazendo programa, e hoje até com travesti ela transou. Grazi, que nunca havia transado com outro, depois do casamento, tinha acabado de fazer, e de uma forma bem intensa, como se não fosse a primeira vez. Eu sabia que a qualquer momento, o remorso iria se abater sobre ela, e o choro iria começar, mas o mais estranho, é que isso não aconteceu, e Grazi estava com o olhar meio perdido, mas não aparentava emoção nenhuma. Eu juro que daria o meu cu pra 2 kid bengala ao mesmo tempo, só pra saber o que se passava naquela cabeça.
A viagem continuou em silêncio, e de vez em quando eu olhava pra elas, que por várias vezes viravam o rosto ou olhavam pro teto, ou para a janela. Pensei em dar um grito, mas achei melhor ficar quieta pois eu também estava me sentindo meio mal. Não vou ser puritana, e dizer que não gostei. O rapaz que me comprou tinha pegada e transava muito bem, mas essa história de usar coleira e ser vendida na frente de várias pessoas foi meio humilhante.
Assim que chegamos ao condomínio da Grazi, eu fui pegar o meu carro e nos despedimos brevemente.
Kelly - Paty, por que está pedindo uber? Eu te levo.
Paty - Obrigada, mas eu não vou pra casa. Vou passar num mercado antes pra fazer umas comprinhas.
Kelly - Tem certeza? Eu te deixo lá?
Paty - Tenho sim! Já pedi o uber, e está chegando.
Kelly - Vamos então Fabi?
Ela somente acenou com a cabeça, e quando fomos falar com a Grazi, ela já havia ido embora. Entramos no carro, e eu liguei o rádio pra ver se quebrava o silêncio. Na rádio JB tocava a música Final Feliz do Jorge Vercilo, e eu comecei a cantar junto, só que eu sou um pouco desafinada, e em menos de um minuto, Fabi estava me olhando como quem diz, pelo amor de Deus, só fecha essa boca.
"Chega de fingir, eu não tenho nada a esconder
Agora é pra valer, haja o que houver
Não 'tô nem aí, eu não 'tô nem aqui pro que dizem
Eu quero é ser feliz…"
Acontece que eu mesma, resolvi falar.
Kelly - Canta comigo, Fabi! Sei que você adora cantar!
Fabi - Kelly, você perdeu a noção? Como você consegue ficar aí cantando toda alegre, sendo que acabamos de ser humilhadas. Eu transei com um travesti, Kelly! Com um travesti! E ainda estou com meu cuzinho ardendo porque nunca fiz algo daquele tipo. Pra você isso não deve ser problema porque você tá arrombada de tanto dar esse cu, mas eu não.
Kelly - Arrombada é você que ficou naquele dia com o caminhoneiro negão. Se esqueceu do jeito que você ficou?
Fabi - Foi diferente! Eu transei com um travesti, porra! E que ainda fez DP comigo com um cintaralho! Meus pais devem estar se revirando no túmulo neste momento.
Kelly - Já passou! Hora de seguir em frente.
Fabi - Nós fomos tratadas que nem animais usando coleira, e ainda fomos vendidas que nem mercadoria. Você tem noção do quanto isso foi humilhante?
Kelly - Ué, mas você também já se vendeu! Você é GP, não é? Qual a diferença? Não tô entendendo…
Fabi - Filha da puta!!!
Kelly - Para de graça, Fabi! Você que começou, me chamando de arrombada! Arrombada é o teu cu!
Fabi - Você se acha, né? Só porque tem esse jeito de malandra, que cresceu no morro, acha que sabe de tudo.
Kelly - Sei mais do que você…
Fabi - Você que pensa…
Ficamos caladas durante um bom tempo, e quando chegamos ao nosso prédio, a Fabi preferiu descer na entrada, em vez de me acompanhar até a garagem. Continuei muda, mas ela ao se despedir jogou uma bomba na minha cara.
Fabi - Faz um favor pra mim? Avisa o Daniel que hoje ou amanhã não vai dar, porque estou assada e arrombada, mas depois de amanhã eu tô livre.
Kelly - O que?
Fabi - Sabe como é, né? A crise tá aí e eu tenho contas a pagar. E o Daniel é um ótimo cliente. Adoro suas gorjetas.
Kelly - Não acredito que você fez isso?
Fabi - Não posso perder clientela, amiga! Beijos…
Kelly - A gente combinou! Você me paga, sua puta!
Fabi deu literalmente um beijinho no ombro e foi embora! Eu fiquei com muita raiva dela e do Daniel. Comecei a chorar de nervoso e quando fui estacionar o carro na minha vaga, ainda acabei arranhando a lateral na pilastra. Puta que pariu! Isso não vai ficar assim.
Fui pro hall pegar o elevador, pensando que aquilo não podia ser verdade. Era uma brincadeira de mau gosto, só porque discutimos no carro. Saí do elevador pisando forte, e eu estava descontrolada. Traída duplamente! Que filha da puta!!! Nós tínhamos combinado que ninguém pegaria o marido da outra.
Eu estava muito decepcionada com Daniel. Pode até parecer loucura, e sei que não posso cobrar fidelidade dele, mas achei que ela fosse minha amiga, e achei que ele teria mais consideração comigo.
Não pode ser! É brincadeira dela. Com certeza é brincadeira dela. Eu estava triste, e fui pegar um pote de sorvete pra comer. Liguei a TV e coloquei no canal de música. Tentei relaxar e minha mente começou a ir longe, quando eu ainda morava no Cachambi. Era uma vida dura, mas era uma vida menos complicada. Eu estudava e trabalhava numa loja de roupas. Eu ganhava bem pouquinho, porque trabalhava somente 4 horas por dia. Pra uma pessoa que não tivesse gastos, era um dinheiro bem justo, mas eu tinha gastos de gente adulta agora. Lógico que o Sr. Drummond me ajudava dando um dinheiro a mais e pagava as minhas contas, mas eu sempre guardava algum dinheiro pra deixar pras emergências, e porque eu não queria abusar do Sr. Drummond. O tempo foi passando, e meu apê estava todo mobiliado e muito bonito. Não tinha luxo, mas era muito funcional e me supria perfeitamente.
Eu já tinha feito uma certa amizade com a Paty Drummond, mas ela era uma menina muito esquisita. Vivia andando com os maconheiros da escola, e bebia também. Ela tinha fama de pegar todo mundo, e rolava até boatos com professores. Eu não sabia como ser amiga dela, porque eu queria distância dessas coisas. Minha vida já era complicada o suficiente, e eu me dedicava intensamente aos estudos, porque eu queria ser alguém na vida, e queria mostrar pra minha mãe que mesmo sem ela, eu conseguiria vencer na vida.
O Sr. Drummond ia lá em casa uma vez por semana, e sempre me presenteava com alguma coisa. Eram coisas simples, como sorvete, bombons, ou algum doce. Ele também me dava outras coisas, como tênis, ou roupa, mas era mais raro isso. Suas visitas eram como visitas de médicos. Ele ficava mais ou menos uns quinze a vinte minutos e conversávamos sobre como foi a semana, e se estava tudo bem, e óbvio sobre Paty também.
Kelly - Sr. Ulisses, a Paty é uma boa garota. Todos gostam dela e é impressionante como todos fazem as vontades dela.
Ulisses - Ela é igual a mãe, mas eu me preocupo porque a rebeldia dela está aumentando, e ela deveria levar os estudos mais a sério pra fazer uma boa faculdade, igual você.
Kelly - Nós estamos nos falando um pouco mais, mas a turma que ela anda é meio barra pesada.
Ulisses - Estou sabendo, mas eu não sei mais o que fazer. Pensei até numa internação, mas minha esposa não gostou da ideia, e me fez desistir disso. Bem, está na minha hora. Semana que vem eu volto. Está precisando de alguma coisa?
Kelly - Não, Sr. Ulisses. Estou muito bem.
Nos despedimos e como sempre ele me deu um abraço, e eu adorava sentir aquele calor me aquecer, e aquele cheiro delicioso de perfume. Descobri tempos depois que o nome era Azzaro, e aquele odor me fazia me sentir no paraíso.
Outra coisa que ele fazia, era me dar um beijo na testa, e dava um tchauzinho. Com o tempo fui percebendo que o Sr. Ulisses estava cada vez mais triste, e suas visitas eram cada vez mais esporádicas. De toda semana, passou a ser quinzenalmente e depois de um tempo virou mensal, mas ele sempre me ajudava com a mesada para completar o meu ordenado.
Quando chegou o mês do seu aniversário, resolvi fazer algo especial pra ele. Eu disse que precisava conversar algo muito sério com ele, e que o assunto poderia se entender durante umas duas horas. Minha intenção era fazer um almoço ou jantar pra ele. Eu mesma faria tudo. Eu já sabia fazer várias coisas na cozinha, mas não sabia ao certo do que ele gostava.
Tive a ideia de conversar com a Paty, e discretamente eu descobri que ele adora massas. Pesquisei muito sobre o que fazer, e decidi fazer lasanha de presunto ao sugo com uma salada de agrião, rúcula e tomate cereja. Eu também comprei duas garrafas de vinho no mercadinho da esquina, que era um pouco mais barato.
Tudo pronto, e fui na rua ligar do orelhão pra dizer que precisava muito conversar com ele. Pelo tom de voz, ele disse que viria imediatamente. Fui me arrumar e fiquei esperando ele chegar. As horas não passavam e minha ansiedade estava a mil, até que escuto a campainha, e lá estava ele, com um olhar preocupado, me perguntando se estava tudo bem.
Kelly - Tudo bem, sim! Desculpa ter te preocupado, mas eu fiz uma coisa para o Senhor.
Ulisses - O que?
Kelly - Um jantar. Eu falei no trabalho que teria prova amanhã e me dispensaram. Vim correndo pra preparar tudo para o Senhor.
Ulisses - Mas, por que?
Kelly - O Senhor tem feito tanto por mim, que eu gostaria de agradecer de alguma forma. Então fiz esse jantar como uma forma de mostrar o quanto significa pra mim essa oportunidade que o Senhor está me dando.
Ulisses - Não precisava… Sabe, a sua mãe foi muito boa para com a minha família, principalmente com a Patrícia, e isso que estou fazendo é só uma forma de retribuir todo o carinho que ela teve por minha família.
Kelly - Entendo…
Ulisses - Vamos comer então, pois o cheiro está maravilhoso.
Nos sentamos à mesa, e comemos. Ele comia com gosto, e elogiou bastante dizendo que estava maravilhoso. Bebemos uma garrafa de vinho, mas acabamos abrindo outra. Eu estava tirando a mesa, enquanto ele foi para o sofá e ficou bebendo vinho. Quando eu terminei de arrumar as coisas, perguntei se ele queria mais vinho, e ele aceitou, mas como eu e ele já tínhamos bebido bastante, na hora de servi-lo, acabei fazendo besteira e derramei em sua roupa. Fiquei toda sem graça, e ele tirou a camisa, e eu imediatamente peguei pra lavar, pra tentar evitar manchas.
Ele se lavou mais ou menos, mas vi que até na calça eu havia derramado. Ofereci uma toalha pra ele tomar banho, e ele aceitou. Peguei a toalha, e lhe entreguei, e nisso fui lavar a camisa e já que ele iria tomar banho, pedi a calça também, pra dar uma lavadinha bem rápida.
Ele estava dentro do banheiro, e abriu um pouco a porta pra me entregar a calça. Fui cuidar disso, e o tempo foi passando, até que escuto o Sr. Ulisses chamar meu nome. Ele estava dizendo que havia esquecido a toalha.
Peguei a toalha em cima da cadeira, e deixei pendurada na porta. Como a roupa dele ainda estava secando, ele ficou só de cuecas e enrolado na toalha. Eu fiquei muito sem graça, porque eu estava vendo todo o seu tórax, e parte das pernas, porque as minhas toalhas não eram tão grandes, e ela não cobria o Sr. Ulisses completamente.
Ulisses - Será que falta muito pra secar?
Kelly - Acho que não. Vou lá ver.
Quando passei por ele, senti que seus olhos me acompanhavam e pela primeira vez comecei a sentir desejo pelo Sr. Ulisses. Eu já estava a um bom tempo sem transar, e a forma que eu me aliviava, sem ser com meus dedos, era com pepino ou cenoura, e essa situação estava me deixando maluca.
Eu já estava um pouco alta por causa da bebida, e comecei a fazer besteira. Ele já estava no sofá sentado, e eu fui até lá dizendo que a roupa ainda não estava seca.
Kelly - Sr. Ulisses, posso lhe pedir uma coisa?
Ulisses - Já disse que pode me chamar só de Ulisses, e sim, pode me pedir.
Kelly - Eu não tive pai! Só padrastos. Eu sinto falta de um carinho e de um colo. Você poderia fazer isso por mim? Me dar um pouco de colinho.
Ulisses - Posso. Acho que não tem problema nisso.
Kelly - Deixa só eu verificar a sobremesa e já volto.
Fui à cozinha, e tirei a calcinha e o sutiã. Voltei pra sala, e me sentei no seu colo, abraçando-o pelo pescoço e colocando a cabeça em seu peito. Ele por sua vez, ficou acariciando meus cabelos. Senti seu coração batendo mais forte, e eu também fui fazendo carinho em seus braços e em seu peito. Senti seu pau me cutucar embaixo, porque ficou muito duro.
Ele estava morrendo de vergonha, mas continuava a fazer carinho, até que eu resolvi tomar a iniciativa. Pedi que fechasse os olhos, pois ainda tinha mais um presente. Ele fechou os olhos e eu saí de seu colo. Tirei a minha roupa, pois agora eu já estava com minha bucetinha pegando fogo. Voltei ao seu colo, mas falando pra não abrir os olhos. Dei um selinho em sua boca, e ele tomou um susto, e quando me viu nua, outro susto maior.
Ulisses - Que isso, Kelly?
Kelly - Achei que o Senhor estava a fim.
Ulisses - Kelly, não podemos. Você é filha da Luzinete. Se ela sequer sonhar com isso, é capaz de me matar.
Kelly - Mas o Senhor estava me olhando, e está com o pau duro também.
Ulisses - É que tem tempo que eu não faço isso, e você é uma garota muito bonita e acabou acontecendo.
Kelly - Eu também acho o Senhor muito bonito, e eu pensei que poderíamos fazer algo.
Ulisses - É melhor não. Você tem idade pra ser minha filha. Bebemos muito, e isso está afetando o nosso juízo.
Kelly - Talvez seja isso mesmo. Me desculpe Senhor Ulisses, não sei o que deu em mim.
Comecei a fingir um choro, e esperei que ele viesse me consolar. Não levou nem 3 segundos, para que ele se levantasse e sentasse ao meu lado, me dando um abraço meio de lado. Eu mudei meu corpo de posição, e meus peitos agora estavam pressionando os dele. Senti seu pau ficar duro novamente, e quando ele tentou se afastar, eu meti a mão por dentro de sua cueca e comecei uma punheta segurando com bastante força. Ele deu um gemido e fechou os olhos. Aproveitei esse momento, e logo me abaixei pra colocar o seu pau em minha boca. Eu estava com tanta fome de pau, que eu estava parecendo a comedora de pica, e após uns breves minutos chupando e punhetando aquele pau, ele gozou muito em minha boca. Foi tanto leite, que vazou pela minha boca e caiu nos meus seios e desceu até a barriga. Continuei a chupar até que não restasse mais um vestígio de porra.
Ele olhava pra mim, parecendo não acreditar no que tinha acontecido. Eu me levantei e fui tomar banho e chamei ele pra tomar banho junto comigo, mas ele não quis. Tomei um banho delicioso, mas quando saí do box, ele já estava arrumado pronto pra ir embora. Dessa vez ele se despediu de mim sem abraços ou beijos, mas agradeceu pelo jantar.
O tempo foi passando, e o Sr. Ulisses evitava vir aqui. Mandava o dinheiro pela Paty, ou através de algum office-boy. Eu não sabia o que fazer, mas eu estava me apaixonando por ele. Pensava muito nisso, e eu sabia que isso iria dar merda, mas não imaginei que seria tão grande.
Depois de alguns meses, Paty estava frequentando minha casa. Eu estava ajudando ela nos estudos, porque ela estava quase em recuperação, mas isso não seria problema, porque havia uns boatos que o diretor recebia um dinheiro do Sr. Ulisses pra ela passar. Outro boato era que a comedora de pica estava comendo a pica do diretor pra poder passar de ano, e ainda tinha outro boato, de que a mãe da Paty também estava dando o que podia para convencer o diretor a passá-la de ano.
Só sei que milagrosamente, ou através de algum esquema, ela conseguiu passar pra faculdade Gama Filho, com uma nota boa, ganhando uma bolsa de 50 por cento. Ela ficou radiante, e me agradeceu tanto, pois segundo ela, foi com a minha ajuda que isso foi possível.
Eu passei pra enfermagem em terceiro lugar na UERJ. Eu deveria estar feliz, mas a minha mãe não estava comigo e o Sr. Ulisses ainda me evitava.
Eu e Paty agora estávamos unha e carne, mas de vez em quando ela tinha umas recaídas e fumava unzinho ou arrumava algum namorado meio porra loka qie a tirava do eixo.
Um dia, Paty acabou brigando com os pais por causa de namorado, e de raiva acabou abrindo o bico pra minha mãe, que eu estava sendo sustentada pelo Sr. Ulisses. Foi um verdadeiro Deus nos acuda. Ela queria pedir demissão, ou queria vir aqui me bater, queria que o Sr. Ulisses parasse de me ajudar. Foi uma correria, que acabou parando no hospital. Ela teve uma alteração na pressão e princípio de infarto.
Fui visitá-la, mas ela não quis me receber, e fui pra casa arrasada. Paty ficou tomando conta dela, e após esse dia, senti a Paty mais distante de mim novamente. Passado algum tempo, eu acho que desenvolvi um quadro de depressão, e comecei a tentar sair pra me divertir. Era hora de curtir um pouco as chopadas, mas nada disso me animava.
Fui em várias festas, e ficava com vários rapazes, inclusive transava com alguns, mas nenhum era bom suficiente pra mim. Esses garotos eram apressados e não me davam prazer. Eu precisava de um homem de verdade. Um homem mais velho com experiência pra poder me levar ao prazer.
Não sei o que aconteceu com minha mãe, mas parece que um anjo passou pela vida dela e ela foi me procurar na minha casa. No início eu estava muito preocupada achando que ela queria me bater, mas a Paty me disse que ela queria conversar e se acertar comigo. Eu estava ansiosa aguardando ela chegar, e 30 minutos pareceram 3 horas, quando finalmente a campainha tocou.
Kelly - Oi, mãe. Estou tão feliz que está conhecendo a minha casa.
Luzinete - Essa casa não é sua, filha.
Kelly - É a casa que eu moro agora.
Luzinete - Isso tudo é uma ilusão, filha. Você nem paga o aluguel! Aliás, como você está pagando por isso?
Kelly - Não sei o que está querendo dizer, mas o Sr. Ulisses está me ajudando a vencer na vida, já que a Senhora virou as costas pra mim.
Luzinete - Como é? Você se deitou com meu homem. Se eu te virei as costas, foi porque você me apunhalou pelas costas primeiro, sua… sua…
Kelly - Fala mãe! Bota pra fora!
Luzinete - Filha, eu pensei muito, e existem coisas mais importantes na vida, como o perdão por exemplo, e o amor entre uma mãe e uma filha.
Kelly - Me desculpa, mãe! Eu juro que eu não queria ter feito aquilo, mas aconteceu. Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito tudo diferente.
Luzinete - Mas isso é impossível minha filha. Nada que você fizer vai apagar a humilhação e a dor que eu passei, mas eu quero consertar as coisas entre nós. Virar a página, como alguns dizem.
Kelly - De que forma?
Luzinete - Volte a morar comigo. Não acho certo você morar aqui sozinha.
Kelly - Eu estou muito bem aqui, mãe. Não irei voltar. Sinto muito.
Luzinete - Filha, eu sei o que está acontecendo, acredite em mim. O Sr. Ulisses é um bom homem, mas ele não é pra você. Ele é casado, e você tem que me prometer que nunca irá se deitar com ele.
Kelly - Mãe, que história é essa? O Sr. Ulisses só está me dando uma ajuda porque ele é grato pela sua dedicação durante esses anos todos, e principalmente por ser uma mãe para a Patrícia.
Luzinete - Foi ele quem disse isso?
Kelly - Sim.
Luzinete - O Sr. Ulisses é uma pessoa muito boa, mas está passando por muitos problemas em seu casamento. Por favor, que você não seja o motivo dele se separar da esposa.
Kelly - O que?
Luzinete - Eu já falei demais. Só quero que me prometa.
Kelly - Prometer o que?
Luzinete - Que não vai ficar de safadeza com o Sr. Ulisses.
Kelly - E se eu já estiver de safadeza com ele?
Assim que eu disse isso, minha mãe me deu um tapa no rosto tão forte que me fez cambalear.
Luzinete - Nunca mais diga isso! Se você quiser dar pra todo o morro, ou pra toda a faculdade, eu não me importo, porque você é uma vagabundinha mesmo, mas o Sr. Ulisses você não pode, entendeu? Você me promete?
Kelly - Tá bom, mãe. Prometo!
Luzinete - Eu quero que saiba o quanto isso é importante filha. Muito mais importante do que você imagina.
Ela começou a chorar e eu fui abraçá-la. Depois de muito tempo, eu pude sentir o abraço de minha mãe de novo e parecia que tudo ficaria bem entre a gente.
Fui trazida à realidade, assim que Daniel bateu a porta.
Daniel - Oi, Kelly. Como foi o dia no Spa, se é que tinha um Spa…
Kelly - Não quero falar sobre isso, mas foi horrível e bom de certa forma.
Daniel - Eu vou precisar fazer uma viagem. Cliente novo, sabe como é, mas é uma boa grana.
Kelly - Eu tenho um recado pra você.
Daniel - Recado?
Kelly - A Fabiana pediu pra te avisar que hoje e amanhã, ela não vai poder te atender, porque está arrombada e assada, mas depois de amanhã está livre.
Daniel - Olha, Kelly, eu posso explicar…
Kelly - Explicar o que? Você tá pagando pra comer a minha amiga. Que porra é essa, Daniel?
Daniel - Você não pode falar assim comigo. Você fica dando por aí pra todo mundo, e quer me dar sermão?
Kelly - Por acaso eu dei pra algum de seus amigos?
Daniel - Não.
Kelly - Conhecidos?
Daniel - Acho que não.
Kelly - Vizinhos?
Daniel - Espero que não.
Kelly - Entendeu agora porque estou puta da vida?
Daniel - Kelly, sua amiga precisava de uma força…
Kelly - E aposto que você empurrou com força, né?
Daniel - O Gabriel não pode saber disso. O cara tá falido, e ela queria ajudar de alguma forma a trazer dinheiro pra dentro de casa.
Kelly - Você que deu ideia pra ela virar garota de programa?
Daniel - Ela já estava pensando nisso, e só faltava um empurrão. Sem piadinhas, por favor…
Kelly - Não gostei disso, Daniel. Ela era minha amiga.
Daniel - Não é mais?
Kelly - Sei lá. Nós meio que brigamos. Acho que vou dar um tempo dessa loucura toda, e vou sossegar um pouco.
Daniel - E aquele problema?
Kelly - Aquele problema continua, e não sei como resolver.
Daniel - Entendo. Eu irei conversar com uns amigos pra resolver o problema.
Kelly - E a Fabi?
Daniel - A gente meio que desenvolveu uma ligação. Aparentemente, eu fui seu primeiro cliente, e fiquei com pena dela por estar passando por problemas financeiros.
Kelly - Eu não quero que você tenha mais envolvimento com ela.
Daniel - Tudo bem. Vou tomar banho, quer vir comigo?
Kelly - Vou depois.
Daniel - Nada disso. Você vai tomar banho comigo agora.
Fomos para o banheiro, e quando chegamos lá ele ligou as torneiras e o chuveiro.
Daniel - Andei fazendo minhas pesquisas pra descobrir quem é o tal Coringa. Vai demorar um pouco, porque não posso ser muito direto. Se eu fizer isso, posso acabar atraindo a atenção e piorar a situação de vocês, ou por a minha vida em risco.
Kelly - Então o que você descobriu?
Daniel - Que essa pessoa está gastando muito dinheiro, e além disso conhece muitas pessoas que estão ajudando a encobrir seus rastros.
Kelly - Obrigado por tentar…
Daniel - Um dos motivos de eu ter saído com a Fabiana, foi pra conseguir informações.
Kelly - Não me venha com essa historinha…
Daniel - Eu descobri que o passado dela é meio vago. Tem algumas lacunas a serem preenchidas. Inclusive eu descobri que ela foi adotada. Pelo menos foi onde eu consegui chegar.
Kelly - Você só pode estar de sacanagem?
Daniel - Faz todo sentido. Ela conhece você a pouco tempo, e sabe de tudo que vocês falam.
Kelly - Meu Deus, não pode ser…
Daniel - Sei que pode ser chocante, mas você não acha isso meio estranho? Pode até ser que ela não seja o Coringa, mas ela pode estar envolvida de alguma forma. Como eu disse, me envolvi com ela pra conseguir mais respostas.
Kelly - O que eu faço agora?
Daniel - Aja normalmente. Eu terei que viajar a trabalho e vou demorar um pouco. Me contrataram pra matar uma assassina-espiã conhecida pelo codinome Sueca.
Kelly - Sueca?
Daniel - Ela é loira e parece uma sueca. Ninguém sabe quem é, mas ela está eliminando alguns alvos. Ouviu aquele caso de um cara que foi espetado com vários hashis?
Kelly - Hashis?
Daniel - Sim. Aqueles pauzinhos que usamos pra comer comida japonesa. O cara foi espetado com uns 10 pelo menos, inclusive nos olhos.
Kelly - Que horror!
Daniel - E duas garotas tiveram seus corpos tatuados com a marca dela. Uma tatoo na bunda igual se marca gado, e outra na testa. Dizem que isso foi trabalho dela, e realmente parece ser.
Kelly - Eu bem que poderia contratar essa Sueca pra pegar o Coringa.
Daniel - Ei, e eu?
Kelly - "Assassino de casa não faz milagre", ou então que tal esse outro. "Em casa de ferreiro, o espeto é de pau", e esse espeto tá muito mole.
Daniel - Você está cheia de graça. Vou te mostrar agora o espeto de pau.
Kelly - Hoje não. Você está de castigo, e eu também não estou muito no clima.
Daniel - Tudo bem! Eu entendo, mas saiba que eu peguei a Fabiana por outros motivos.
Kelly - Aham, sei… E as gorjetas?
Daniel - Não poderia levantar suspeitas, vai que ela é o própria Coringa, e resolve me matar.
Kelly - Vamos tomar banho e dormir. Estou muito cansada, e tenho muita coisa pra pensar.
Depois desse dia, se passaram mais uns 10 dias e o nosso grupo continuava em silêncio. Eu até tentei falar com a Fabi, mas era difícil encontrar ela em casa, e eu não quis correr muito atrás. Essa história dela ser o Coringa me deixava um pouco preocupada, mas não fazia sentido.
No entanto, se o Daniel acha que ela pode estar envolvida de alguma forma, seja como cúmplice ou informante, eu teria que ser mais esperta.
Fui na clínica do Armando conversar um negócio com ele, mas o clima estava pesado. Ele e Grazi estavam discutindo alto. Eu estava na sala de espera com a Luara, mas decidi ir embora. A própria Luara disse que já estavam lá há mais de uma hora, e tinha cancelado todas as consultas do dia a pedido do Armando. Fiquei com muita pena da Grazi.
No dia seguinte, o silêncio foi quebrado pelo Coringa.
Coringa - Boa Noite, damas! Sentiram saudade? Tenho certeza que sim. Foram tantas emoções naquele dia, que eu até resolvi dar um descanso a vocês, só que não hahahahahaha Fabi e Grazi estão com a agenda cheia, e nem estão dando conta das coisas, e por isso achei melhor dar um tempinho a vocês.
Kelly - Quando isso vai acabar? Já não sofremos demais?
Coringa - Que sofrimento? Desde quando gozar é sofrimento? Por que é isso o que vocês mais fazem nessa vida…
Grazi - Você fodeu a minha vida!
Coringa - Eu te dei escolhas, mas que culpa eu tenho se você faz escolhas ruins? Acho louvável você querer proteger as suas amigas, mas a verdade é que se você realmente amasse sua família, as escolhas teriam sido diferentes, só que você escolheu a si própria e satisfazer a sua luxúria e prazer.
Grazi - Mentira!
Coringa - Acredite no que você quiser, mas o que eu quero mesmo, é propor mais um desafio a vocês, que eu irei chamar de Ronda.
Fabi - O que teremos que fazer dessa vez?
Coringa - Esse desafio é bem simples. Vocês terão que fazer uma chupeta numa pessoa, e aquela que demorar mais tempo a fazer essa pessoa gozar, irá perder o desafio. Lembrando, que se alguém não quiser fazer o desafio, já perde automaticamente. Entenderam?
Kelly - Parece fácil…
Paty - Qual a pegadinha?
O Coringa resolve fazer uma chamada de vídeo.
Coringa - O tempo. Vocês competirão entre si, mas esqueci de mencionar um detalhe. Essa pessoa será um motorista de aplicativo, e vocês terão que fazer essa chupeta enquanto ele dirige em alta velocidade. Adeus, damas!
Paty - NÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO!!!!!!!
Kelly - Calma Paty!
Grazi - O que houve?
Paty - Ele sabe o que eu fiz! Ele sabe o que eu fiz!
Fabi - O que foi Paty? O que você fez?
Kelly - Vocês sabem porque a Paty, nunca senta no carona? É porque ela se envolveu num acidente horrível fazendo exatamente isso que o Coringa propôs.
Paty - Isso não pode ser coincidência! O Coringa é alguém que quer se vingar pelo que eu causei.