CAPÍTULO 6
**MATTHEW**
Connor está com cara de bravo. Parece que bebeu todas e está super irritado. Ele caminha até a mim e meu coração para.
- Posso saber o que o senhor estava fazendo até essa hora da noite na rua? - Pergunta.
- Sr. Willians, hoje é o meu dia de folga e eu resolvo fazer o que quiser com ele. O que eu estava fazendo não lhe diz respeito. E se o senhor me dá licença eu irei me deitar, pois amanhã tenho trabalho a fazer. - digo virando- me. Levo um susto quando sinto uma mão na minha nuca. De repente eu estou nos braços de Connor. Olho em seus olhos azuis e fecho os olhos sentindo o toque de sua mão. Meus olhos se abrem e vai direto para sua boca, olho para cima e vejo que Connor também está olhando para os meus lábios. Respiro fundo sabendo que isso pode me custar o meu emprego. Quando minha consciência volta eu tento sair de seus braços e é nessa hora que sua boca captura a minha.
Meu corpo treme com o contato, arrepios passam pela minha pele, minhas pernas amolecem. Connor me aperta junto ao seu corpo, minha boca se abre e sua língua acaricia a minha. É um momento mágico. Eu me sinto seguro nos braços desse homem. É como se eu fosse seu. Como se ele fosse meu herói. As lembranças de quando eu morava na rua tomam conta de mim, lembro-me de como é ser beijado sem permissão, de como fui encurralado em um canto e abusaram de mim sem eu poder fazer nada. Eu me sinto sujo nos braços de Connor, ele me beijou sem eu querer, sem eu permitir e mesmo me sentindo seguro em seus braços eu também sinto medo. Medo dele não ser capaz de parar e as consequências desse simples momento possam me arruinar.
A realidade desse momento é quebrada quando percebo que esse simples beijo pode custar minha vida. Eu empurro Connor e sem pensar lhe dou um forte tapa na cara. Levo minhas mãos à boca em um gesto de surpresa. Estou sem reação. A cara de Connor fica vermelha de raiva, abro minha boca para falar, mas Connor me pega mais uma vez e me beija, um beijo duro, esfomeado.
- Isso é para você aprender que quando eu quiser te beijar eu vou beijar. Eu que estou no comando. Já passou da hora de você saber disso.
- Eu não sou um prostituto para saber quem é dono de mim Connor. - digo olhando para ele.
Connor me dá um sorriso malicioso.
- Eu sei disso. Os prostitutos são pagos para que homens possuam seu corpo e assim eles sabem quem está no comando. Já você não é paga para ser possuído. Você é paga para limpar e cozinhar, nada mais. O seu corpo é só um bônus. - Connor me solta e sai me deixando sem reação nenhuma. Suas palavras são como facas perfurando o meu coração. Lágrimas rolam pelo meu rosto. A minha noite que estava sendo a melhor se tornou a pior noite da minha vida. Ouvir palavras ruins da pessoa que você gosta é pior do que ser abusado. Existem palavras que doem mais do que um tapa.
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***CONNOR***
O que diabos eu acabei de fazer? Meu rosto arde pelo tapa que Matthew acabou de me dar, meus lábios ainda estão com o doce de sua boca. Meu pau está duro igual pedra. Não sei o que fazer. Eu agi errado em beijá-lo, mas droga se eu não fizesse isso eu iria ficar maluco. Esse erro não pode acontecer outra vez, Matthew tem que saber que seu lugar aqui é apenas para trabalhar, eu me deixei levar uma vez e não vou permitir de novo. Tenho que ser forte e suportar essa atração que me consome. Vê-lo sair hoje com um enorme sorriso no rosto me matou, eu nunca vi Matthew tão feliz desde quando chegou aqui. Tive que me controlar quando ele disse encontro e minha maneira de controlar isso foi bebendo. Vê-lo chegar com aquele sorriso me matou, eu espero profundamente que o único beijo que ele recebeu hoje seja o meu. Suspiro bem fundo e resolvo encerrar a noite, amanhã eu terei uma grande conversa com ele. Esse tapa não irá ficar impune do jeito que ele deve pensar. Isso terá consequências.
Ninguém bate na cara de Connor Willians.
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***MATTHEW***
Acordotodao molhado de suor, meus pesadelos voltaram com força total, e cada vez que um deles resolve aparecer ele fica mais pesado. Dessa vez eu sonhei que quem abusava de mim era Connor. Acho que isso foi por causa de ontem à noite, seu beijo e depois suas palavras soltaram o monstro que todas as noites é louco para se libertar, e essa noite ele teve a liberdade que tanto queria, o monstro foi cruel. Não teve pena dessa vez, me levanto ainda com as pernas trêmulas, olho para a minha cama, há uma poça de suor nela, meu rosto está manchado de lágrimas e minha garganta dói de tanto eu gritar. Troco os lençóis da cama e os coloco para lavar, vou para o banheiro e tomo um longo banho, tento tirar toda a sujeira do meu corpo. Esfrego-me até ficar em carne viva. Fecho os olhos e respiro fundo.
- Está tudo bem, eu estou a salvo. Nada pode me acontecer agora. - digo para mim mesmo. Saio do banho e me visto pronto para o trabalho. Connor não quis que eu usasse uniforme, ele disse que era para me vestir o mais confortável que eu quisesse. O que agradeço a ele. Resolvo colocar uma bermuda jeans e uma camisa preta folgada, calço um chinelo e desço. Eu não consigo entender essas pessoas que ficam de sapato dentro de casa, eu amo ficar descalço. É uma sensação maravilhosa colocar os pés no piso frio. Desço as escadas e vou para a cozinha, assim que entro vejo Oliver na bancada lendo um jornal.
- Bom dia Oliver. - digo com um sorriso.
- Bom dia Matthew. - ele diz. - Connor pediu para informar que antes do café, era para você encontrar com ele em seu escritório. - meu coração acelera. Porcaria isso não vai ser nada bom, já sei que ele quer falar sobre ontem à noite, ou melhor, sobre o tapa que eu lhe dei. Oh merda, vou ser demitido. Estou aqui apenas por quinze dias, não tenho dinheiro o suficiente para me sustentar sozinho. Só vendi algumas fotos que tirei e a metade do dinheiro eu gastei com molduras.
- Obrigado por avisar. - Oliver acena com a cabeça e eu saio da cozinha, vou em direção aoescritório de Connor. Bato na porta e ele me manda entrar. Entro em silêncio. '' Não fale nada, só escute. '' Repito esse mantra mais e mais na minha mente. Olho para Connor que está me encarando. Ele respira fundo e solta.
- Eu vou falar só uma vez. - diz ele ficando vermelho de raiva. Olho para o seu rosto e vejo uma marca bem de leve da minha mão em seu rosto. Coloco a mão na boca espantado. Acho que o meu tempo morando na rua serviu como aprendizado. Eu me defendi tantas vezes que acabei ficando bom em chutes e tapas. - Você nunca mais, está me ouvindo? Nunca mais me dê um tapa na cara. Você não tinha o direito de ter feito isso. - é nessa hora que o meu mantra de não falar nada e só ouvir foi por água abaixo.
- Você não tinha o direito de me beijar! - grito para ele. Connor arregala os olhos. - e mesmo assim o fez.
- Você podia ter me empurrado. Mas não foi isso que você fez. - ele grita também. Minha raiva me domina.
- Você alguma vez parou para pensar no que eu passei morando na rua Connor? Não você não fez, porque está ocupado demais pensando em você mesmo. - eu digo e as lágrimas começam a rolar. Droga. - Você já foi abusado por acaso, já foi tocado sem sua permissão? Já teve que lutar para não apanhar? Você não foi Connor. Eu fui. Eu tive que me defender de algum jeito e o único jeito que eu sei é chutando ou batendo, esse era o único jeito de poder ter uma chance para fugir. Então imagine só, você chegar em um lugar que você chama de casa, onde você deveria se sentir seguro e alguém te agarra e beija. - eu falo entre soluços, Connor abre a boca para falar e eu não o deixo. - Para cada ação há uma reação Sr. Willians e a sua ação teve um tapa como reação. - paro para recuperar o fôlego, meu coração está tão acelerado que chega a doer. Respiro tentando me acalmar. - Então quando você me beijou eu apenas fiz o que estou acostumado a fazer.
- Desculpa eu não pensei que você se sentiria assim. - eu sorrio com deboche.
- Mais é claro que você não pensou. Você só pensa em si mesmo. - ele abre a boca para responder e eu o corto. - Agora se o senhor me da licença eu tenho um café da manhã para preparar e serviço para fazer. Se o senhor não for me demitir então eu estou indo fazer o meu trabalho. - me viro e saio do seu escritório sem mais nem menos. Daqui em diante eu não vou levar desaforos para o meu quarto, são eles que fazem os monstros me atormentar.
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CONNOR
Eu sou um canalha, eu chamo o menino para lhe dar uma lição de moral, mas quem acaba recebendo uma sou eu. É brincadeira, eu e essa minha boca. Estou fazendo tudo errado. Preciso mesmo é de uma bela distração, um homem para satisfazer esse meu desejo e dispensar essa frustração. Mas como arrumar um homem para isso sendo que a única que pode fazer isso é aquele pirralho que acabou de sair daqui?
Eu não era esse grande filho de uma cadela, eu realmente era tranquilo, apaixonado. Mas conheci o amor e ele me fodeu bonito. Agora sou essa pessoa que todos conhecem e será assim que vou ser. Ligo para a minha secretária avisando que não irei para o trabalho hoje, até parece que vou aparecer com essa marca de mão no meu rosto. Quando eu vi isso de manhã, eu pirei. Minha vontade era de dar umas boas palmadas na bunda de Matthew. Mas agora que ele acabou de falar o que ele teve que passar enquanto morava na rua, a minha vontade era de pegá-lo e colocar em meu colo e me desculpar. Lógico que eu não faria isso, não sou homem de dar amor, pelo menos não mais. Eu excluí as palavras compaixão e amor da minha vida há cincos anos.
Sou um homem quebrado e não a nada nem ninguém que poderá me consertar. Era isso que eu pensava até pouco tempo. Passei o dia inteiro tendo que trabalhar em casa o que eu detesto. Não me encontrei com Matthew em momento nenhum, na hora do almoço ele se retirou e só voltou quando eu não estava. Era melhor desse jeito, cada um no seu lugar. Eu não tenho tempo para traumas de empregados. Eu entendo que ele passou por momentos difíceis, mas já estava na hora dele -.
Se fosse tão fácil assim....
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MATTHEW
O meu dia foi uma merda, a pequena discussão que tive com Connor foi o suficiente para trazer as lembranças da minha vida nas ruas. Enquanto eu cozinhava o almoço lágrimas caiam sobre o meu rosto, posso estar vivendo bem agora, mas nunca irei esquecer o que eu passei, o quão ruim foi viver sem saber o dia de amanhã, sem saber se você irá abrir os olhos só para ver o sol nascer ou as estrelas do céu. É horrível viver com medo de ser abusado ou espancado, de sentir dor e não ter ninguém para te ajudar. Quando termino o almoço eu vou direto para o meu quarto e choro. Eu nunca mais vou voltar para a vida em que vivia, nunca mais vou dormir em um chão frio e duro, nunca vou ficar um dia se quer sem comer ou sem tomar banho, e sempre que puder eu irei sorrir.
Aprendi que as coisas mais simples são as que mais valem a pena. Meus soluços aumentam com as lembranças, eu tento me controlar o máximo possível, mas é tão difícil. Depois de meia hora chorando eu me recomponho e volto para o trabalho, não encontro Connor pelo resto da tarde, mas isso não significa que ele não está lá o que me deixa mais nervoso ainda, as lembranças continuaram e isso me fez atrasar o jantar, por sorte minha Connor não falou nada. O que foi melhor para nós dois, pois não estava com ânimo para aguentar suas grosserias. Termino tudo o que tenho que fazer e vou para o meu quarto, estou cansado não só fisicamente, mas mentalmente também. Não penso em mais nada a não ser tomar um banho e ir dormir. Não mexo no meu blog hoje, ele pode esperar até amanhã. Vou para o meu quarto e tomo meu banho, quando saio eu vou até a janela e a abro, a vista dá direto para o mar, o azul no horizonte me tira o ar de tão lindo que está. O céu repleto de estrelas e a lua cheia são a única luz que ilumina meu quarto, o vento chicoteia pelo meu rosto e eu me sento em uma mini cama que tem junto a janela de vidro, pego uma almofada e coloco na janela, encosto meu rosto nela sorrindo feliz por esse pequeno momento.
Fecho os olhos e os monstros saem para fazerem a festa.
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Está tão frio, eu não consigo me mexer, meu corpo dói tanto. É começo de inverno e eu estou no chão duro e frio, consegui um papelão e me deitei em cima para dormir, abraçado com meu ursinho, eu me cubro com a minha fina e desgastada manta, é mais um lençol. Estou com minha única calça que tem um monte de furos e uma blusa de manga que consegui em uma comunidade de moradores de rua. Minha mochila está debaixo da minha cabeça como travesseiro. Nesse momento meu corpo treme de frio, fecho os olhos e oro para não ter hipotermia. Tento de tudo para me esquentar, mas é em vão, nada dá certo. Eu estou com tanto medo, está escuro aqui no beco, o vento sopra pelo meu rosto me fazendo gemer de frio. Está difícil até para respirar, escuto barulho de carros passando, de pessoas conversando, escuto risos. Eu sinto a felicidade nelas e tenho inveja disso. Eles têm uma casa quentinha, uma cama acolhedora e chocolate quente. Eu não tenho simplesmente nada, lágrimas se formam no meu olho e eu luto para não derramá-las. Eu não tenho mais a quem recorrer. Ninguém sabe que eu estou aqui e mesmo se soubessem eles não se importariam. Suas vidas são boas demais para se preocuparem com as dos outros.
Ouço passos dentro do beco e congelo. Hoje não, por favor, hoje não. Peço. Eles se aproximam. Aperto bem os olhos fechados. Estou com medo. Os passos param e eu posso sentir um par de pés bem no meu rosto. Seguro um soluço.
- Acorde seu viadinho. - ouço ao mesmo tempo em que levo um chute. Um grito sai da minhaboca.
- Me deixem em paz! - eles riem da minha cara.
- E por que nós faríamos isso princesa? Está frio, então você nos serve de uma boa ajuda, podemos te ajudar a se aquecer, é só você deixar nos aquecermos no seu corpo. É uma troca de favores. - um deles diz. Abro os olhos e vejo dois garotos que devem ter por volta de vinte ou vinte dois anos. Mesmo na escuridão eu posso vê-los, eu já me adaptei a isso.
- Não toquem em mim. - digo na defensiva. Eles me chutam bem nas costelas.
- São dois contra um, acho que você não tem o direito de falar. - o menino mais alto de pele escura fala. O outro de pele clara se abaixa e me puxa pelo cabelo. Eu reclamo de dor.
- Vamos, se levanta. Nós queremos ver seu corpo. - Eu bato na mão dele, mas nada acontece.Ele apenas sorri. - Você é tão fraquinho! - os dois se posicionam um de cada lado.
- Por favor, me deixem ir. - choro para eles. Estou tremendo de dor, de frio, medo e fome. Sinto um tapa bem forte na cara. Meu rosto voa para o lado, sangue escorre pelos meus lábios.
- Eu mandei calar a merda da sua boca. - um deles me puxa e beija meus lábios, eu mordo sua língua e ele me empurra para o chão. - O cachorro me mordeu! Você vai se arrepender por isso. - eu me encolho quando o chute vem na minha barriga. A dor explode, eu não grito. Não quero dar esse gostinho a eles.
- Você merece uma boa surrar garoto. - eles falam e começam a me bater, são chutes nas costas, costelas, barriga e cara. Eu me contorço de dor. Eu tento revidar e acerto alguns golpes. Eu já não estou mais sentido frio, a adrenalina não permite. A única coisa que sinto é raiva, até o medo já se foi. Eu só penso em sobreviver.
Eu dou um chute na perna de um deles e ele cai para trás reclamando. O outro vem para cima de mim e eu o mordo tão forte que sangra. Ele reclama e acerta um soco no meu rosto. Chuto mais uma vez e o acerto. Ele cambaleia para trás, aproveito e chuto outra vez sua barriga e ele cai batendo a cabeça no chão. Nessa hora um carro da polícia passa e eles me olham, abro a boca para gritar, mas eles saem correndo e me deixam sangrando. Todo o meu corpo dói. Eu não consigo me mexer. Eu esqueci o frio, a fome e a solidão. A única coisa que sinto é dor, meu corpo todo está doendo. O cansaço vem e eu adormeço. E é assim que eu passo o meu aniversário de vinte e dois anos.
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Acordo assustado quando sinto mãos em mim.
- Shh, está tudo bem, foi só um sonho. - ouço a voz de Oliver. Eu faço algo inesperado, pulo em seus braços e choro. - Está tudo bem menino, já passou. - meus soluços explodem pelo quarto, eu me liberto nesse choro. Oliver repeti palavras boas para mim tentando me acalmar. Eu não sei por quanto tempo eu fiquei em seus braços chorando, mas lavou a minha alma. Eu levanto minha cabeça e o olho, sorrio sem graça.
- Eu sinto muito. - digo entre soluços, chorei tanto que estou tremendo e soluçando. – Eu provavelmente te acordei com os meus gritos. Prometo que não vai acontecer novamente. - falo para ele. Oliver sorri para mim.
- Não tem problema querido, e não precisa pedir desculpas. Merdas acontecem com a gente o tempo todo. E as vezes elas voltam para nos assombrar. - ele diz com cuidado. - Eu acho que você deveria falar com o Connor sobre isso e ver se ele te ajuda a ver uma psicóloga. - minha vontade é de rir nesse momento. Connor me ajudar? Por favor né. Mas o que me bate é pânico. Eu balanço a cabeça para os lados em negação.
- Não, por favor Oliver, não conta para ninguém, eu não quero que Connor saiba. Ele já está me ajudando, me deixando ficar aqui e me dando esse trabalho, eu não quero incomodar mais. Por favor, não conte nada a ele. - eu peço e sinto novas lágrimas rolarem pelo meu rosto. Oliver suspira.
- Tudo bem, eu vou deixar assim. - ele diz e o alívio me bate. - Mas é só por enquanto, se isso continuar eu vou ter que contar a ele. - ele diz e eu aceno concordando.
- Obrigado Oliver. - o abraço.
- Não tem o que agradecer. - ele diz. Oliver me oferece água e um calmante, eu tomo sem pestanejar. Ele beija a minha testa e sai do meu quarto me dando boa noite. Eu suspiro e vou para minha cama, acabei adormecendo sentado com a cabeça na janela. Deito na cama e suspiro aliviado.
- Foi apenas mais um sonho ruim. - sussurro abraçando meu ursinho. O sono volta e em instantes eu apago outra vez.