O preço da vingança (Capítulo IV)

Um conto erótico de Leandro Gomes
Categoria: Homossexual
Contém 4106 palavras
Data: 02/12/2022 12:09:58

Por volta das 2:20 h da madrugada, Pièrre cochilou e começou a ter um sonho erótico com Jean. Os dois estavam em seu escritório no jornal. Jean estava de pé ajeitando o pau para o enfiar no cu de Pièrre, enquanto este se masturbava. Quando meteu o pau, Jean colocou um dos pés na mesa e começou a dar fortes estocadas, fazendo Pièrre delirar de tesão. Eles se beijavam com muita paixão e desejo. Jean se ergueu e passou suas mãos pelo abdômen de seu amado, depois se abaixou novamente e lambia os mamilos dele, enquanto mantinha o ritmo das estocadas. De repente, ele começou a meter com força, causando dor em Pièrre, que pedia para ele ir mais devagar, mas Jean o ignorava. Pièrre tentou empurrá-lo, mas quanto mais o empurrava, mais forte ele metia o pau. “Para, Jean! Você está me machucando!” – ele gritava desesperado. Quando olhou para o rosto de Jean, ele parecia estar em transe, com os olhos fixos e quase totalmente brancos. Pierre ouviu então uma voz dizendo: “Ele só vai parar quando eu quiser!”. Então, um homem negro e forte apareceu por trás de Jean, passando as mãos em seu peito e beijando o seu pescoço. Em seguida, Pièrre se viu amarrado à mesa pelos pés e pelas mãos, enquanto era penetrado com violência pelo seu amante.

Pièrre acordou sem ar e bastante suado. Anthony acordou com o som que ele fez recuperando o fôlego.

- Amigo, o que está acontecendo?

Vendo que ele não conseguia respirar direito, abriu um pouco a janela do trem para que ele tomasse o vendo no rosto.

- Tive um pesadelo horrível. – Respondeu Pièrre quando recuperou o fôlego.

- Nossa! Quando você me contou que teve um pesadelo e acordou sem ar no outro dia, eu não imaginei que fosse assim tão forte.

- Pois é. É horrível. A impressão que tenho é que fico sem respirar durante o pesadelo.

Pièrre contou o pesadelo para Anthony. Eles indagaram se isso seria algum tipo de premonição, ou se foi apenas a mente de Pièrre o fazendo se sentir culpado por ter deixado Jean em Paris. Anthony, para deixar o amigo menos preocupado, insistiu na explicação de que era culpa.

Vinte minutos depois, o trem chegou na estação em Saint-Denis. Enquanto andava pelo corredor do vagão, Pièrre notou uma cabine fechada e bateu na porta, pensando que os passageiros ali estivessem dormindo, mas ninguém abriu. Quando todos saíram do vagão, a porta da cabine se abriu e o passageiro que conversou com o atendente Bernard saiu e fechou novamente a porta atrás de si. Os corpos de Bernard e o de outra passageira estavam lá dentro, pálidos e de olhos abertos, sentados na poltrona.

Saindo da estação, Anthony e Pièrre pegaram uma carruagem, um tipo de taxi da época, e foram direto para o hotel no centro da cidade. Lá chegando, Pièrre pediu um quarto com duas camas, mas o recepcionista informou que o único quarto disponível era de casal.

- Senhor, esse é o único quarto disponível no momento. Eu acredito que até o início da semana teremos outro com duas camas separadas.

- Tudo bem. Vamos ficar com esse mesmo. Me avise assim que tiver outro.

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Quando amanheceu, em Paris, Nathalie tomava seu desjejum com um olhar vago em direção à janela. De pé, do outro lado da mesa, Jacques a observava e pensava consigo mesmo sobre o que se passava na cabeça de sua patroa.

- O dia está muito bonito, não é mesmo, Sra. Montagne?

- Hã?! Sim, está mesmo, Jacques. Já te falei que pode me chamar de Nathalie.

- Me desculpe, Sra. Mont... Nathalie.

- Assim está melhor.

Ela continuou olhando pela janela, lembrando da cena que viu dias atrás e seus olhos se encheram de lágrimas.

- Senhora... Nathalie, está tudo bem?

- Oh Jacques, está sim. Apenas saudades do meu marido.

- Imaginei. Bom, eu já arrumei o quarto de hóspedes para a sua irmã. Que horas ela deve chegar?

- O quarto de cima?

- Sim. O de cima.

- Ótimo. Ela deve chegar por volta das 16:00 h.

Nathalie levantou-se da mesa e foi para a varanda da casa, onde gostava de se sentar fazendo bordados, algo que ela gostava bastante, sobretudo quando se sentia angustiada ou triste, pois isso a relaxava. Entretanto, dessa vez o bordado não fez efeito algum. A cena de seu marido e Jean transando no meio da noite não saía de sua mente, o que estava começado a deixá-la com raiva. Ela se levantou e foi para o quarto onde ficou a manhã toda.

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Em Saint-Denis, depois de dormirem um pouco, Pièrre e Anthony começaram a analisar as poucas informações que tinham sobre o caso, e fizeram anotações sobre o plano de investigação. Como envolveu a morte de um padre, eles iriam conversar com as pessoas que ainda trabalham na igreja desde a época do ocorrido.

Eles foram até a igreja, mas ela estava fechada. Bateram na porta da frente, mas ninguém atendeu. Foram até a porta dos fundos e um homem, aparentando uns 65 anos, os atendeu.

- Bom dia, senhor! Meu nome é Anthony e este é Pièrre. Somos de um jornal em Paris. Queremos falar com o padre Ravel Masson. Ele está? – Anthony perguntou.

- Bom dia, senhores! No momento, não. Ele foi visitar uma família.

- Entendo. Pode nos dizer que horas o encontramos?

- Ele deve estar aqui até o meio-dia.

- Obrigado.

- O senhor trabalha aqui há quanto tempo?

- Ah, faz muito tempo... mais de vinte anos eu acho.

- Ótimo. E o senhor faz o quê na igreja?

- Eu faço de tudo um pouco, só não dou o sermão na missa.

- Qual o nome do Senhor?

- Gerárd Mansur.

- Sr. Mansur, o senhor lembra do antigo padre, o Sr. Antoine Florence?

- Ah, lembro sim. Era um homem de Deus, muito justo e caridoso. Ele ajudou muito a minha família; ajudou muita gente necessitada aqui nessa cidade. Sinto muito a falta dele.

- Eu me lembro um pouco dele. – Comentou Pièrre. – Meu pai contribuía com a igreja, mesmo não frequentando muito, porque o padre fazia muita caridade.

- Isso mesmo. Infelizmente, ele se foi. Uma tristeza muito grande ficou aqui! Mas o novo padre também faz muita caridade, até mais. Porém é diferente.

- Como assim?

- Oh meu filho, as pessoas são diferentes...

- Entendo. E o senhor lembra de alguma coisa sobre o assassinato do padre Antoine?

- Oh se lembro! Foi um alvoroço na cidade. Ninguém entendeu o que aconteceu e porque mataram o padre.

- O senhor já ajudava aqui na igreja na época?

- Não... Eu não... Sim, ajudava. Foi uma coisa terrível que fizeram. Nem gosto de lembrar.

- Entendemos. Mas pode nos contar se o padre estava diferente nos dias antes do crime?

- Não lembro muita coisa... Minha memória não está muito boa. Sabe como é, a idade chega e a gente começa a se esquecer das coisas.

O velho começou a se esquivar das perguntas, dizendo que tinha coisas para fazer. Anthony e Pièrre notaram isso e acharam suspeito, mas preferiram ir embora.

- Ele ficou estranho quanto tocamos no assunto.

- Sim. Vamos tentar falar com ele de novo depois.

Eles voltaram na igreja mais tarde, mas estava tudo fechado e ninguém os atendeu.

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Por volta das 15:00 h, A irmã de Nathalie chegou em sua casa. Há meses elas não se viam, porque Claire tinha viajado para a Inglaterra. Quando a avistou da janela da sala, Nathalie correu para se encontrar com ela no jardim. As duas deram um longo e apertado abraço.

- Nossa, que saudade de você, minha irmã!

- Eu estava morrendo de saudades também! Tenho muita coisa para te contar!

- Essa sua viagem durou bastante, achei que não voltaria mais para a França.

- Quase fiquei mesmo, mas depois te conto.

- Jacques, traga as malas da Claire por favor.

- Sim, senhora.

Quando Jacques saiu com as malas, Claire comentou com sua irmã.

- Uau, que mordomo é esse?! É do meu tamanho!

- Shhh, fale baixo, sua louca!

- Mas, falando sério, ele é muito bonito.

- Sim, também acho, mas ele é casado.

- Ah, que pena. Com um desses eu até pensaria em me casar.

- A propósito, vai ficar solteira? Achei que tivesse se casado na Inglaterra.

- Ah, não. Casamento não é pra mim. Sou uma mulher livre!

- Está dizendo que as casadas não são.

- Digamos que vocês têm responsabilidades que impedem vocês de voarem mais alto.

As duas seguiram para o quarto de hóspedes e, depois de tagarelarem um pouco, Nathalie deixou a sua irmã descansar.

- Jacques, peça à Claudia para preparar algo especial para o jantar.

- Farei isso, Sra. Monta... Nathalie.

- Obrigado.

Jacques se virou e saiu em direção à cozinha. Nathalie observava o traseiro dele, quase que hipnotizada, mordendo os lábios, indagando como seria sem as roupas.

Mais tarde, por volta das 18:40, Claire acordou e desceu para a sala. Nathalie a esperava para o jantar. Enquanto comiam, Clair contava sobre sua viagem à Inglaterra, os lugares que visitou, o que achou dos ingleses...

- Nathie, eu tenho muita coisa para te contar ainda, mas vamos parar de falar de mim um pouco. Como vai você? Estou te achando um pouco... triste, sei lá. Me diga, como estão as coisas por aqui com o Pièrre?

- Eu triste? Não. Só um pouco preocupada porque ele viajou para Saint-Denis para fazer uma matéria. – E falando em sussurros, disse – Na verdade precisamos conversar em particular.

- Entendi.

Claire retomou o assunto da viagem e elas ficaram conversando até o fim do jantar. Quando terminaram, foram para o quarto de Nathalie.

- Então, minha irmã, me conta o que está acontecendo.

- Eu nem sei por onde começar, mas vamos lá. Você se lembra do Jean Roche, aquele amigo do Pièrre?

- Lembro sim.

- Ele e meu marido sempre foram muito próximos. E quando nos mudamos para Paris, ele veio junto para trabalhar no jornal. Porém, com o tempo, eu comecei a ficar irritada com a presença dele aqui em casa quase todos os dias com o Pièrre.

- Vai me dizer que você ficou com ele!!?

- Não! Credo!

- Ah, ele é muito belo e tem um corpão!

- Sim, as não nem que seu quisesse! Continuando...

Nathalie contou sobre a relação de Jean com seu marido e como o fato da presença constante dele a irritava. Depois contou o que viu dias atrás.

- Sério isso?!

- Sim, minha irmã! Estou arrasada!

- Estou chocada! Nunca imaginei que o gostosão do seu marido gostasse dessas coisas.

- Pois é, nem eu. Na verdade, já ouvi comentários de pessoas sobre isso, mas eu ignorei, afinal ele estava casado comigo. E agora, eu não sei o que fazer. Me sinto péssima! – Nathalie já estava com os olhos cheios de lágrimas.

- Olha Nathie, eu sei que deve ter sido um choque para você. Mas será que isso é motivo para se desesperar?

- Como assim, Claire! Eu te contei que meu marido faz sexo com outro homem! Como isso não é motivo para eu me desesperar??

- Oh minha irmã! Os homens só pensam com a cabeça de baixo. Conheci vários homens que tinham relação com outros homens, mas continuavam com suas esposas e muito bem.

- Isso é um absurdo!!

- Bom, não diria que é um absurdo, mas é mais comum do que você pensa. Sabe aquele rapaz que entregava jornais lá em casa quando éramos adolescentes? Ele tinha um caso com o nosso tio Dominique, e a nossa tia sabia de tudo.

- Não acredito! Como eu não sabia disso?

- Você sempre foi mais conservadora e ficava no seu clubinho de literatura.

- Ah, mas não aceito isso!

Claire tinha ideias nada ortodoxas sobre o mundo e os relacionamentos. Ela sempre foi contra as convenções sociais, e tinha fortes tendências feministas. Sua irmã era o oposto, e desejava um casamento com um homem até que a morte os separasse, filhos (pelo menos três), e ser dona de casa. Elas ficaram conversando por longas horas. Vez ou outra, Nathalie chorava, não querendo aceitar o caso de seu esposo, enquanto Claire tentava consolá-la, mas ao mesmo tempo tentando fazê-la entender que o Pièrre não iria mudar, por isso Nathalie precisaria se conformar com isso.

________________

Três dias depois...

Pièrre e Anthony foram até a igreja várias vezes à procura do padre Ravel, mas nunca o encontravam. Enquanto isso, decidiram procurar a freira que encontrou o corpo do outro padre na igreja, a srta. Marie Bourbon. Eles foram até o convento das freiras, que ficava não muito longe da igreja. Lá, foram atendidos por uma freira muito simpática e muito bonita. Anthony ficou de olho nos seios da moça, que devia ter uns 20 anos.

- Bom dia! Somos do jornal Le Parisian. Podemos falar com a madre superiora?

- Bom dia! Vou ver se ela pode atender agora.

A moça se virou e Anthony observava o andar empinado dela, imaginando como seria a bunda dela sem aquele hábito. Depois de uns cinco minutos, a madre superiora veio atendê-los.

- Bom dia, senhores! O que desejam?

- Bom dia, madre! Somos do jornal Le Parisian. Estamos fazendo uma reportagem e gostaríamos de fazer umas perguntas.

- Reportagem sobre a igreja?

- Não exatamente. Podemos entrar?

- Ah, sim. Claro.

- Qual o nome da senhora?

- Rose Boulevard.

- Somos Anthony Garnier e Pièrre Montagne.

A madre tirou uma penca de chaves do bolso e abriu o portão pesado; depois, encaminhou os dois até o pátio, onde havia uma mesa com cadeiras ao redor. O dia estava claro e muito bonito. Os três se sentaram. Do outro lado do pátio, perto de uma grande árvore, estava a freira jovem que os atendeu. Ela tinha um papel na mão e fingia estar lendo; vez ou outra, olhava para a direção de Anthony.

- O que desejam saber, meus filhos?

- Bom, estamos na verdade retomando uma reportagem publicada há muitos anos, mas que ficou sem um desfecho. A madre conheceu o padre Florence? – perguntou Pièrre.

- Ah, é sobre isso! Me lembro vagamente. Foi uma tragédia o que aconteceu. Eu tinha sido ordenada um mês antes, e pedi transferência para Saint-Denis, pois queria ajudar o padre com as obras de caridade. Só me transferiram uma semana antes do ocorrido. Infelizmente, foi tarde demais, não deu tempo nem de conhecer o padre direito.

- Lamentável. E a freira que encontrou o corpo do padre, a srta. Marie Bourbon, ainda faz parte do convento?

- Infelizmente não. Ela ficou meio louca. Depois do ocorrido, ficou falando umas coisas sem sentido. Teve que abandonar o hábito e o convento.

- Mas o que ela falava?

- Eu tinha acabado de chegar aqui no convento, então ainda estava me adaptando. Quando a conheci, ela estava bem, era uma das freiras mais dedicadas, de fé admirável. Depois, parecia desnorteada, sem rumo, sem fé... Ficou por um tempo dizendo que foi o demônio que matou o padre. Ela passou a ter medo de tudo, dizendo que o demônio iria matá-la e coisas do tipo.

- Que estranho. E hoje, onde podemos encontrá-la? – perguntou Anthony.

- Essa é a pior parte. Como a madre superiora da época achou por bem que ela se afastasse do convento por um tempo até se recuperar do trauma, às vezes ela ficava vagando pelas ruas à noite. Numa dessas, acabou sendo estuprada por dois homens ao mesmo tempo. Depois disso virou prostituta. Uma tristeza isso. A última vez que a vi, estava acompanhada de um homem perto da ponte. Ouvi dizer que agora ela trabalha no bordel. Mas desde então, não fala nada mais sobre o caso.

- Entendi. E o que a senhora acha do que ela falava?

- Sobre o padre ter sido morto pelo demônio?

- Isso.

- Eu não sei se foi mesmo o coisa ruim, mas foi algo muito sinistro. No mínimo, quem fez isso não era de Deus.

- Certo. E a família da freira? Tem alguém da família dela com quem podemos conversar?

- Bom, ela não tem mais família... todos morreram em um incêndio um pouco antes de ela ir para o prostíbulo. Acho que isso é que foi a gota d’água para ela.

- Nossa! Coitada! – comentou Anthony.

- A senhora tem algum palpite de quem foi? Ou alguma outra informação? Qualquer coisa serve. – Perguntou Pièrre.

- Isso é tudo o que sei. Nem imagino que poderia ter feito uma coisa dessas com o padre.

- Sra. Boulevard, muito obrigado pelas informações. Se lembrar de mais alguma coisa, pode nos procurar no hotel Paris que fica na praça.

- Sem problemas. Deus abençoe vocês!

- Amém, madre!

A madre foi com eles até o portão. No caminho, Anthony trocava olhares com a freira jovem. A moça sentiu algo que nunca tinha sentido antes por um homem. Porém, já sabia do que se tratava esse sentimento, e tratou logo de buscar meios de afogá-lo, pois não queria “sair do caminho”. Ela saiu correndo até seu quarto e começou a rezar vigorosamente.

Mais tarde, já anoitecendo, Pièrre e Anthony conversavam no hotel sobre o que a madre lhes contou. Eles acharam estranho o fato de Marie Bourbon estar “louca”. Ambos concordaram que seria muito bom conversar com ela.

- Vamos jantar e depois podemos procurá-la no bordel.

- Perfeito! E depois de falar com ela, podemos nos divertir um pouco.

- Cara, você só pensa em sexo!

- Claro meu amigo! O meninão aqui está me deixando doido.

- Vamos logo e deixa de graça!

Eles jantaram e depois foram direto para o bordel. Chegando lá, sentaram em uma mesa e começaram a olhar em volta. Uma mulher, aparentando 40 anos, usando um vestido vermelho justo, toda maquiada, e com batom também vermelho, se aproximou deles. Era a dona do bordel, Cristine Lebron.

- Boa noite, mes chers! Meu nome é Cristine. Gostariam de beber alguma coisa?

- Boa noite, Cristine! Por enquanto não. Estamos na verdade a procura de uma das meninas que trabalham aqui, a srta. Bourbon... Marie Bourbon.

- Ah sim, claro. Ela acabou de ir para o quarto com um visitante, e ele costuma demorar um pouco com ela. Mas temos outras meninas igualmente lindas.

- Agradecemos, mas queríamos conhecê-la.

- Entendo, claro! A ex-freira ainda é o fetiche dos homens!! Bom, fiquem à vontade. Vou trazer um drink de cortesia por sua primeira visita.

- Obrigado, srta. Cristine.

Cristine saiu e foi ao bar pedir à garçonete que levasse dois drinks para eles.

- Bom, ela está aqui. Tomara que ela fale conosco.

- Tomara mesmo. Bom, enquanto esperamos, eu acho que vou provar uma delícia da casa.

- Mas a Marie pode voltar a qualquer momento.

- Você ouviu a Cristine: a Marie acabou de subir com o cliente e ele demora! Vem comigo!

- Não, obrigado! Vou ficar aqui caso o cliente não demore dessa vez.

Anthony foi até Cristine e pediu a ela que recomendasse uma das meninas, e ela chamou a Clarice, uma loira de cabelos cacheados e bunda grande. Os dois saíram de mãos dadas para o quarto 09. Pièrre ficou na mesa bebendo o drink. Na mesa ao lado, Pièrre viu um homem de uns trinta e poucos anos que conversava com uma das meninas do bordel. Ela estava sentada no colo dele, falando algo em seu ouvido e sorrindo. Ele sorria e apalpava as pernas e os seios dela, depois tentava meter a mão por baixo do vestido para tocar em seu sexo, mas ela se fazia de difícil e tirava a mão dele. O homem, percebendo que Pièrre o observava, passou a olhar de volta enquanto acariciava a mulher em seu colo. Em seguida, o homem desceu a mão e pegou no pau duro sob a calça. Pièrre continuou a olhar, e a cena o deixou excitado também. Enquanto tomava seu drink, ele não tirava os olhos do casal. Em seguida, o homem disse algo para a mulher e ela foi até o bar. Ele, então, pegou seu copo de cerveja e, com um sorriso safado, acenou para Pièrre, mas ele apenas sorriu de volta, sem dizer nada, acenando com a cabeça. O homem continuou segurando o pau enquanto olhava para ele. Pièrre ficou excitado e também segurou o pau por cima da calça, mostrando o volume. Os dois ficaram por alguns minutos se olhando até que a moça voltou do bar. Pièrre então virou para o outro lado e continuou tomando sua bebida. Em seguida, se levantou e foi até o banheiro. Enquanto lavava o rosto, o homem entrou pela porta. Ambos ainda excitados, se olharam por alguns segundos, até que o homem se aproximou. Pièrre sentiu um frio percorrer sua espinha quando se deparou com o homem, que era bem atraente, mas apenas disse um “Boa noite” e voltou para sua mesa.

No salão, algumas meninas dançavam seminuas no palco, e os homens sedentos por sexo, pareciam enlouquecidos, gritando ou assobiando. O homem voltou do banheiro para o seu assento, na mesa ao lado, ainda olhando para Pièrre, mas ele tentava ignorá-lo. Pièrre ficou por cerca de quinze minutos dividindo a sua atenção entre as meninas no palco, o homem ao lado e o corredor onde ficavam os quartos. Do corredor, então, veio Anthony todo desarrumado, com a camisa fora da calça, o paletó nas mãos, fechando o zíper da calça.

- Caramba! Aquela loirinha me deixou de pernas bambas... Me fez gozar em 5 minutos só com a chupada!

- Nossa! Ela deve ser boa mesmo!

- Depois ainda gozei duas vezes com ela cavalgando sobre mim. Só faltou você lá.

- Filho da puta!

- Vou ali no banheiro me ajeitar um pouco. Pede um drink para mim.

- Vai lá.

Pièrre chamou a garçonete para pedir a bebida para Anthony e outra para ele, e perguntou sobre a aparência de Marie Bourbon.

- Ela tem pele branquinha e cabelos pretos e curtos. Está usando um vestido preto com detalhes brancos. Ah... olha ela vindo ali – Disse apontando na direção do corredor dos quartos.

Quando Pièrre se virou para olhar, seu coração disparou quando viu com quem a Srta. Bourbon saiu do quarto: o ruivo milionário, Paul Cartier! O homem com quem ele tem pesadelos eróticos recorrentes, que o deixam sem fôlego nas madrugadas, estava ali. Ele bebeu de um gole só o resto de uísque que estava em seu copo. E levantou-se para ir falar com a ex-freira. No mesmo instante, Anthony voltou do banheiro.

- Aonde você vai?

- A Srta. Bourbon.... ela... eu vou...

- Você está bem? – E, se aproximando de Pièrre – Calma. Fala comigo.

- A Srta. Bourbon saiu do quarto.... com um... cliente. – Respondeu ele ofegante.

- Quem é ela?

- A que está no bar de vestido preto e branco.

- Ah sim, estou vendo. Mas ela está conversando com a Cristine.

- Cristine? Não... Cadê o Paul? Ele estava com ela. – Indagou ele olhando em volta.

- Paul? Que Paul?

- Ela saiu do quarto com Paul Cartier.

- Paul Cartier, o milionário?

- Sim, ele estava aqui.

- Bom, não o vi. Vamos lá falar com ela.

Pièrre ficou sem entender o que houve. Ele tinha certeza que viu Paul Cartier ao lado da Srta. Bourbon, com o braço sobre os ombros dela. Mesmo sem entender, e ainda olhando ao redor, ele foi com Anthony até ela.

- Boa noite, Srta. Bourbon!

- Boa noite, senhores!

- Gostaríamos de falar com você um instante.

- Meus queridos, sobre o que querem falar comigo?

Antes que Pièrre respondesse, Anthony entrou na conversa. Ele entendeu que seria melhor a abordarem de outra forma.

- Gostaríamos de fazer uma brincadeira a três, você topa?

- Claro que ela topa, mon cher! Mas o preço é dobrado. – Cristine interrompeu.

- Já imaginava! – Comentou Anthony.

Pièrre olhou para Anthony e deu um sorriso em sinal de aprovação pela tática dele. Naquele momento, sentiu ainda mais admiração pelo amigo.

- Podem ir para o quarto 05. A Srta. Bourbon vai tomar um banho e estará lá em alguns minutinhos.

Anthony pegou sua bebida e os dois seguiram para o quarto. O local era bem arrumado e parecia bem limpo. Havia uma cama de casal com lençóis claros, um criado mudo de cada lado dela, e uma mesinha com uma jarra de água com quatro copos ao lado. As cortinas eram da cor marsala e com bordados lindíssimos. Vendo a ansiedade de seu amigo, Anthony tentou acalmá-lo.

- Calma Pièrre, vai dar tudo certo. Deixa que eu falo com ela. Primeiro, precisamos fazê-la pensar que viemos fazer sexo. Aos poucos vamos fazendo as perguntas.

- Anthony, tem algo estranho aqui. Não sei dizer o que é.

- Amigo, você só está nervoso. Vai dar tudo certo.

Alguns minutos depois, Marie entrou pela porta. Como estava de costas olhando pela janela tomando um pouco d’água, Pièrre se virou para vê-la e, para sua surpresa, lá estava Paul Cartier novamente ao lado dela, dessa vez, olhando para ele e com um sorriso maligno. Com o susto, ele deixou o copo cair no chão, o qual se quebrou em mil pedaços e a água se espalhou até seus pés.

Fim do quarto capítulo.

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