Marcela:
Meu nome é Marcela. Tenho 22 anos e sou do interior de Minas. Sou morena clara, olhos castanhos, cabelos castanhos lisos um pouco abaixo dos ombros. Tenho 1,76 de altura. Seios médios mais para grandes, bumbum grande, cintura fina e pernas grossas. Tenho um corpo bonito apesar de nunca ir à academia ou fazer algum exercícios. A genética me ajudou. As mulheres da família da minha mãe na maioria tem o corpo. E eu puxei essa genética graças a Deus.
Vim para BH depois de conseguir uma bolsa em uma das melhores universidades da capital. Sempre sonhei em me formar e dar orgulho para meus pais. Eles batalharam muito para eu estudar. Os dois moram em um pequeno sítio que meu pai comprou com muito sacrifício na cidade onde nasci.
Eu cresci nesse sítio no meio das pequenas lavouras de café que meu pai é minha mãe cultiva. Nunca tivemos muito, mas nunca nos faltou nada. Aprendi desde pequena a trabalhar e cuidar da casa. Só descansava para estudar e ir para escola.
Sempre senti atração por mulheres. No ensino médio já dava uns beijinhos em algumas meninas. Como a cidade era pequena, isso caiu no ouvido da minha mãe. Um belo dia quando cheguei do colégio minha mãe me esperava para uma conversa que até hoje foi uma das mais difíceis da minha vida. Quando minha mãe perguntou se era verdade eu pensei em negar, mas não sei de onde arrumei coragem e falei a verdade. Minha mãe chorou, falou um monte na minha cabeça e me colocou de castigo o resto do dia no meu quarto. No início da noite ela foi no meu quarto e tivemos outra conversa. Dessa vez ela foi mais calma e resolveu aceitar minha sexualidade. Disse que falou com meu pai e ele fez ela ver as coisas de outra forma. Graças a Deus tenho um pai incrível que sempre me ajudou muito.
Quando cheguei em BH para estudar eu iria ficar na casa que uma amiga da minha mãe alugou. Porém ela resolveu voltar para minha cidade. Eu tinha 6 meses para ficar ali. Depois teria que me mudar porque o proprietário iria pegar a casa de volta depois do fim do contrato.
Resumindo, eu tinha 6 meses para arrumar outro lugar para morar. Um trabalho para ajudar no aluguel e nas despesas porque meus pais não tinham como me bancar sozinhos.
Na minha segunda semana na faculdade conheci Juliana. Uma loira linda de olhos azuis e corpo perfeito. A gente se deu bem de cara e viramos amigas. Depois de um tempo já estávamos na minha cama gozando horrores. Juliana quando ficou sabendo que eu teria que arrumar outro lugar para morar me chamou para morar com ela. Como ela morava em um apartamento sozinha seria legal ter uma companhia. Seus pais tinham lhe dado o apartamento de presente quando ela fez 18 anos. Eu já estava apaixonada por ela e aceitei. Porém fiz questão de falar que pagaria aluguel e ajudaria nas despesas. Ela aceitou e assim fui morar com ela.
Tudo ótimo né? SQN.
Juliana não era assumida porque sua família era religiosa e nunca aceitou esse tipo de coisa. Nunca iriam aceitar a filha única com outra mulher.
Então dentro do apartamentos éramos namoradas, mas fora éramos colegas de classe que dividiam o apartamento. Para mim estava bom. Eu a tinha todas as noites nos meus braços. Eu a amava mais que tudo e assim seguiu minha vida. Mas depois de um ano comecei a notar certas coisas. Juliana evitava sair comigo mesmo como amiga e quando saia era sempre para algum lugar meio isolado. Ela começou a andar com alguns amigos também que sinceramente eu não gostava muito. Tipo filhos de papai que acha que porque tem uma condição melhor financeiramente é melhor que os outros.
As coisas dali para frente só foram piorando. Ela começou a sair algumas vezes à noite com seus novos amigos. Algumas vezes chegou bêbada em casa. Eu tentei falar com ela, mas ela sempre dizia que era só diversão. Que nunca ficou com outra pessoa, que me amava e depois de horas de sexo eu aceitava seus argumentos.
Nesse meio tempo eu consegui um trabalho em um supermercado, mas o horário era muito puxado. Isso estava me deixando totalmente sem tempo e cansada.
Meu relacionamento só foi piorando. Em uma noite Juliana veio com um papo que seus pais estavam desconfiados dela, porque ela nunca namorava. Que o pessoal da universidade também já estavam desconfiando de nós duas. Resumindo ela disse que ia ficar com cara para acabar com essas desconfianças, mas que era de mentira. Que ele era um amigo que topou ajudar. Ele iria fingir ser seu namorado por uns tempos até seus pais e o pessoal da universidade esquecer aquelas desconfianças.
Aquilo caiu como uma bomba para mim. Eu chorei muito esse dia, mas ela acabou me convencendo que era a única saída. Fui trouxa eu sei, mas eu a amava e no momento achei que era realmente a solução.
Um belo dia estava no meu horário de almoço e resolvi ir fazer um lanche em uma lanchonete nova que eu vi perto do meu trabalho. Vi a bandeira lgbt na porta da entrada então imaginei que fosse um local onde eu me sentiria bem. Entrei e fui muito bem atendida pela dona do lugar. Passei a lanchar ali todos os dias. Até que um dia quando entrei vi um cartaz na parede que dizia que a dona estava procurando uma funcionária. Eu logo fui falar com ela sobre isso. Ela me falou dos horários, salário e tudo mais. Para mim era perfeito e eu gostava do lugar. Então marquei uma entrevista para tentar conseguir o trabalho.
Fiz a entrevista no mesmo dia e deu tudo certo. A dona pelo jeito gostou de mim e na verdade também gostei muito dela. Quem não gostou disso foi Juliana que não queria saber de eu trabalhar em um local destinado ao público lgbt. Mas acabei convencendo ela.
No trabalho tudo ia bem. Eu e Letícia Dona do local nos tornamos boas amigas. Acabei contando para ela sobre meu relacionamento. Ela disse que nunca aceitaria aquela situação e que provavelmente eu iria me machucar no fim. Mas Juliana era tudo pra mim e não ouvi minha amiga.
Juliana continuava saindo direto e agora com seu falso namorado a tiracolo. Aquilo doía muito, mas como sempre ela me convencia que era tudo fingimento e logo iria terminar o namoro falso. Era difícil ver ela com o namorado do lado na universidade. Ver ele tocando nela, dando selinhos e principalmente ver ela sentada no colo dele algumas vezes. Mas eu achava que era por pouco tempo e aquilo iria acabar.
Há um mês atrás eu dormia quando ouvi um barulho vindo da sala. Levantei e fui ver o que tinha acontecido. Era Juliana totalmente bêbada caída no meio da sala. Fui ajudar ela e quando a levantei vi seu pescoço com várias marcas roxas. Ali as lágrimas começaram a cair, mas assim mesmo arrastei ela até o banheiro. Tirei sua roupa e vi teu corpo todo marcado. Com certeza a transa tinha sido boa. Ela apenas gemia e falava algumas coisas sem sentido. Dei banho nela, enxuguei teu corpo e deitei ela na sua cama. Na minha cabeça passavam mil coisas. Será que ela me traiu? Será que alguém abusou dela bêbada? Mas minhas dúvidas acabaram quando ela se virou na cama, me abraçou, e falou no meu ouvido *Nossa Gustavo você meteu gostoso hoje. Safado!
Gustavo era o tal namorado “falso”. Saí dali chorando. Se eu tinha alguma dúvida que eu era a idiota da história elas acabaram ali. Levantei da cama, arrumei todas minhas coisas e fui para sala. Quando o dia clareou eu saí dali. Eu não tinha para onde ir, mas ali eu não ficaria. Fui para o meu trabalho. Eu já tinha as chaves, então abri e coloquei minhas coisas nos fundos. Esperei Let chegar. Minha última esperança era ela. Talvez ela soubesse de algum lugar para eu ficar. Se ela não soubesse eu teria que largar tudo e voltar para casa.
Quando Let chegou eu contei tudo para ela e ela foi incrível comigo. Me ofereceu um cômodo dos fundos para eu ficar. Me arrumou alguns móveis e me adiantou uma boa grana para eu comprar algumas coisas necessárias para viver ali sozinha.
Juliana nunca me procurou para saber o que houve, mas com certeza ela sabe. Quando viu que eu tinha saído de casa e viu as marcas no seu corpo, acho que ficou claro o que houve. Mas mesmo assim ela simplesmente me ignora na universidade. Ainda tenho que ver ela com Gustavo que agora vive grudado nela. Os beijos agora não são mais selinhos. Dói, e dói muito porque apesar de tudo eu ainda a amo.
Hoje quando entrei no bar para trabalhar vi uma mulher linda sentada conversando com Let. Pelo que Let tinha me dito ela é a sua melhor amiga Mya. Let me falou que ela era muito bonita e até me mostrou umas fotos delas quando eram adolescentes. Mas aquela mulher ali na minha frente era muito mais linda ainda. Ela era perfeita, os olhos dela são os mais lindos que vi na vida,! Dei um sorriso e fui até ela. Dei um abraço e meus pêsames pela perda do seu pai. Ela me olhava meio boba sei lá. Foi meio estranho, mas por fim me agradeceu e deu um sorriso.
Mya é uma mulher incrível. Além de linda é muito gente boa. Temos conversado muito ultimamente. Me sinto bem perto dela. Apesar que às vezes a pego me olhando como se fosse me devorar. Porém ela sempre me tratou com respeito. A gente se dá muito bem. É divertido passar o tempo com ela e Let conversando. Acho que meus dias nublados estão começando a clarear.
.
.
Continua.