[Anny]
Minha vontade era deixar aquele maldito telefone tocando, mas parecia resposta do além. Levantei e fui atender, ela permaneceu sentada, estava recuperando a lucidez. No telefone era minha mãe, ela já sabia do término, tinha me ligado para saber como eu estava, fiquei supressa com a preocupação, não posso negar.
(Anny): Não mãe, não precisa eu estou bem! Tava na hora de cada uma está em seu canto, agora vou trabalhar, chegar de falar disso, passo aí mais tarde, pode ser? Ótimo então!
Desliguei sentei em frente minha mesa, mandei mensagem para Cariny, que tava tudo liberado, fui até a porta destranquei, voltei a sentar e mergulhar no trabalho. Cris ficou pensativa, porém também focou no trabalho. Tínhamos tanta coisa para fazer que não vemos o tempo passar, quando o relógio marcou 16h, Cariny bate na porta.
(Cariny): Olha eu não sei se vocês estariam a fim de ir, mas estamos indo em um barzinho aqui perto!
(Cris): Tem comida?
(Anny): Não posso, vou na minha mãe!
(Cris): Tô com fome!
(Cariny): Lá tem comida!
(Cris): Perfeito, vamos agora? Vou so avisar o Jose que... que droga, vou ter que ir para casa! Esquece totalmente, fica pra próxima!
(Cariny): Tudo bem! Então até amanhã!
[Cris]
Todos já tinham ido embora, já eram cerca de 19h, havíamos finalizado tudo sem trocar muitas palavras, não paramos nem para almoçar, comi uma barra de cereal que tinha na bolsa. Tava com muita fome.
(Anny): Cris?
(Cris): Hum!
(Anny): Desculpa pelo que aconteceu pela manhã!
(Cris): Não tem com o que se desculpar, eu também quis, o problema é nossas vidas, você acabou de separar, a Cintia chegou, e mesmo não tendo nada oficial, ainda somos casadas e temos o José!
(Anny): Cris calma! Damos tempo ao tempo.
(Cris): Sim, daremos tempo ao tempo, só estou falando pra que você entenda, tudo que aconteceu hoje não foi errado, explica os sonhos, as sensações...
(Anny): A gente precisava amadurecer!
(Cris): Eu sei!
Nos abraçamos, um abraço forte e demorado, tinha todo o tempo, até que meu telefone toca. Damos risada ainda abraçada.
(Telefone)
(Cris): Oi meu príncipe! Tudo bem?
(Jose): Oi mãezinha! Você vem pra casa?
(Cris): Estou saindo agora!
(Jose): Vem logo, estou com saudades!
Falei por mais uns segundos, me despedi e ainda tive que ver e ouvir meu filho perguntando pela tia Anny. Depois disso foi cada uma para um lado. Quando cheguei em casa me deparei com um jantar muito bonito. Parecia muito o Natal que passa na TV.
(Cris): Nossa, que lindo!
(Cintia): Vai logo tomar banho, se não fica frio!
(Cris): Cadê minha mãe?
(Jose): Foi na casa da tia Marcia!
(Cintia): Deve tá chegando!
Assim que ela fechou a boca, chegaram minha mãe, minha tia, meus primos e seus filhos. Nesse momento entrei em desespero.
(Cris): Festa?[ olhei para Cintia que tava sendo abraçada por todos]
Minha vontade era sair dali, de preferência o mais rápido possível. Quando tentei fugir minha tia me puxa pela mão, até onde estavam todos, eu ainda estava de mochila e o jaleco nas mãos.
(Marcia): Olha filha seu primo César, vocês eram tão grudados!
Dei um sorriso amarelo, tentando mostrar educação, falei com algumas pessoas e falei que ia me retirar
(Margo): Filha e os convidados?[ falou ela quase sussurrando]
(Cris): Quem convidou? Você sabe que não me sinto bem com algumas pessoas daqui! Nem sei a razão da festa!
(Margo): A chegada de Cintia! Ela é sua esposa!
(Cris): Vou subir, preciso de um banho!
(Cintia): Vai subir baby?
(Cris): Sim!
(Cintia): Vou preparar seu prato e já levo para você!
(Margo): Não dá corda!
(Cintia): Melhor que ela pedir comida, ou ficar sem jantar!
(Margo): Tá precisando perder uns quilinhos!
(Cris): E a senhora tá precisando perder parte dessa língua! Pessoal, eu acabei de chegar do trabalho e vou só tomar um banho!
(Cesar): Quer ajuda priminha?
(Cris): Não me faça responder da maneira que merece! Licença!
Tomei um bom banho e quando cheguei todos estavam comendo, não vi o José nem muito menos Cintia. Dei uma volta e ouvi o choro dele no quintal. Quando cheguei ela tava lavando a testa dele.
(Cris): O que foi?
José aumentou o choro, soltou-se de Cintia e veio ao meu encontro.
(Jose): O Kaique me empurrou mamãe!
(Cris): Só ele?
(Jose): Foi. Eu não quis deixar ele brincar, ele falou que eu era mariquinha, nem sei o que significa, mas não gostei, pedi para ele sair do meu quarto, ele me chamou de veadinho e me empurrou! Quando fui pra cima dele minha avó me segurou e viu o corte na minha testa!
Ele falava isso soluçando, não parecia está doendo, ele chorava pois o ego dele estava ferido.
(Cris): Cíntia ao lado da gaveta de colheres tem uma com alguns remédios, pega o de estancar! Filho, vamos subir para casa da mamãe, e a Cintia vai trancar seu quarto!
(José): Vai precisar de ponto?
(Cris): Acho que sim!
(Cintia): Here it is!
Coloquei o pozinho, ele acalmou e fomos em direção a escada para minha casa, no caminho Matheus o para.
(Matheus): Tá tudo bem? A tia Margo não deixou eu ir lá!
(Jose): Tô bem, minha mãe cuidou de mim!
O menino que empurrou se aproxima rindo, José soltou da minha mão e deu um golpe de Kong fu, arte marcial que fazia desde os quatro anos, quando vi o menino já estava no chão chorando. Minha mãe correu para levantá-lo e quando pensou em da bronca em José.
(Cris): Vem José!
(César): Meu filho tá sangrando! Esse filho...
Tomei a frente dele, lhe olhei nos olhos.
(Cris): Encosta nele, faz o teste!
(Cíntia): Teu filho quebrou o nariz! E se fosse você não mexia com nenhum dos dois! José faz Kong fu desde os quatro e a Cris não só o acompanhava, como praticava. Bom vamos subir?
(Cris): Sobre nariz quebrado, leva o menino no hospital!
Subimos enquanto lá na casa da minha mãe, a barulheira continuava. Cesar levou o filho para a emergência, o restante ficou. Fiz um curativo no José, examinei ele e marquei para fazer tomografia. Dei um banho nele, já tinha pedido pizza para comermos, enquanto dava um banho nele, Cintia preparava tudo, depois de comer, fomos para cama contar histórias até ele dormir. Ficamos no sofá conversando e vendo TV.
(Cris): Preciso dormir!
Ela ajeitou-se no sofá, me puxou para o seu colo, deitei a cabeça em seu braço e logo dormi, acordei com um pesadelo, horrível, Cintia acordou e me abraçou enquanto me recuperava. Levantei um pouco para que pudesse olhar para ela e agradecer. Ela Segurou minha nuca e tentou me beijar
(Cris): Não!
(Cintia): O que aconteceu?
(Cris): Já conversamos sobre isso, você fez sua escolha...
(Cintia): Eu me arrependi, eu quero lutar por nós pelo nosso filho! Me dá essa chance! A não ser que... você voltou com...
(Cris): Não, nós não voltamos! Mas eu tô bem sendo livre!
(Cintia): E nós?
(Cris): Somos boas amigas, mães do José, mas do que isso não dá mais pra mim![Ela baixou o olhar e lágrimas surgiram]. Eu amo muito você, mas não como mulher, amo seu jeito de cuidar da gente, de ser extremamente responsável, me desculpa mas tinha que ser franca com você!
(Cintia): Obrigado! Eu demorei para entende, eu sempre gostei de você desde o dia que te vi naquele campos. Parecia tão perdida.
(Cris): É, eu estava!
(Cintia): Eu não quero sair da sua vida!
(Cris): E quem disse que você vai? Quem entrar em minha vida , saberá que você é a mulher que me deu minha vida de volta, nos temos o José!
(Cintia): Poderia pedir uma coisa?
(Cris): Fala.
(Cintia): Deixa eu ter a última noite com você!