Carlos & Joana: 1 - O primeiro contato

Um conto erótico de Carlos
Categoria: Heterossexual
Contém 1389 palavras
Data: 23/01/2023 19:27:04
Última revisão: 23/01/2023 20:57:02

Olá, caros leitores. Inspirado por diversos contos que aqui leio há anos, resolvi me arriscar nessas águas turbulentas da escrita. Nunca foi minha praia, mas imaginar roteiros e me inspirar em grandes escritores da casa, me fez ter esta vontade, e principalmente, coragem. Perdoem meus erros de iniciante.

A todos vocês que aqui escrevem contos de traição, os que gosto e os que não gosto, os que nos fazem ter tesão, e os que nos fazem revirar o estômago de raiva, saibam que todos servem de inspiração. Dos cornos mansos, aos vingativos, das esposas sacanas às que foram levadas pelas circunstâncias, todos os personagens têm camadas, e despertam minimamente o interesse dos leitores, seja para elogiá-los, seja para xingá-los. Deixo esta saga como uma homenagem a todos vocês.

Para este meu primeiro conto, trago uma adaptação de uma obra criada para a televisão nos anos 90 (época em que se passa o conto).

Sem mais delongas, vamos à históriaMeu nome é Carlos. Estou neste momento sentado em frente à mesa do delegado Elton, meu amigo de infância, quer dizer: meu MELHOR amigo. Ele está sem nenhuma expressão em sua face. A boca aberta, os olhos vazios, e o olhar de quem acabara de avistar um fantasma, denunciam o susto após todas as revelações que acabo de lhe fazer. Não consegui ainda decifrar sua expressão, se é decepção comigo, com minha esposa Joana, ou apenas incredulidade, mas conhecendo nosso padrinho, imagino que seja um misto de tudo isso. Elton sempre foi uma pessoa que apesar de dura, até por conta de sua profissão, tenta enxergar o melhor das pessoas. Agora que acabo de confessar a ele todo o ocorrido, começo a me lembrar do início de tudo, e a frieza e apatia com que me apresentei há algumas horas, transformam-se em um calor incontido e molhado no rosto, no formato de lágrimas. Em meio ao choro me vem a memória daquele maldito dia, que para sempre mudou a minha vida...

Nós fomos criados desde pequenos juntos, em uma pequena cidade do sul de Minas Gerais. Nossos pais são amigos dos tempos de criança, assim como nossos avós e os pais dos nossos avós. As famílias daqui tradicionalmente ficam aqui, é uma cidade muito rica, apesar de interiorana. O dinheiro do agronegócio, faz com que gerações e gerações tirem seu sustento dessa terra, e que diferentemente de lugares menos afortunados, os filhos da terra aqui permaneçam.

Ambos, herdamos os “negócios da família.” No meu caso, literalmente os negócios, pois aprendi com meu pai, o ofício (ou seria a arte?) dos trabalhos com madeira: Sou o melhor carpinteiro da região, faço mágica com qualquer pedaço de madeira velha, trabalhando desde muito jovem na carpintaria de meu pai. Sou filho único, e nunca desenvolvi interesse por nada mais além da velha carpintaria nos fundos de nossa casa. Nela havia um quintal com grama verdinha, árvores em nosso pomar, e a casa propriamente dita, um espetáculo à parte, feita por meu pai com suas próprias mãos durante anos para viver com nossa família.

Elton vinha de uma extensa linha de conservadores, militares, advogados, investigadores e juristas, o que o fez tomar gosto pela justiça. Quando terminamos a escola, ele foi para Belo Horizonte cursar direito e foi neste período, em que perdi meus pais. Eles estavam viajando para passar uns dias na praia no Rio de Janeiro, em comemoração às bodas de prata, quando um caminhão desgovernado causou o grave acidente em que faleceram. Tia Ana (mãe de Elton, que eu carinhosamente chamava de tia, assim como ele também chamava a minha), me ajudou muito nessa época, pois além de perder os pais eu ainda estava aprendendo sozinho a lidar com uma casa. Nestas visitas, eu ficava informado sobre a vida do meu amigo, e como surpreendentemente ele havia arrumado uma namorada em BH. Ninguém esperava que aquele bronco cabeça dura do jeito que era, fosse arrumar uma pessoa que o aguentasse, ainda por cima uma menina tão meiga. Seu nome era Maria Clara, e pelo que tia Ana dizia, eles estavam bastante apaixonados.

Tivemos novamente contato quando ele voltou para nossa cidade como o mais novo delegado, e foi justamente na comemoração de sua volta, em uma grande festa em sua casa, que a conheci...

Em sua festa, além de nossos conhecidos, familiares e amigos, estavam seus novos amigos da capital, seus e de sua agora noiva Maria Clara. Quando a vi, ela me abraçou bem forte e me disse:

- O Elton sempre me falou muito bem de você, de como são quase irmãos! Fico feliz em conhecer o irmão que ele escolheu para si.

Fiquei um tanto quanto embaraçado, rosto vermelho e quente, enquanto meu amigo sorria bastante, um pouco era efeito de álcool, e outro pouco de alegria em me rever. Se o abraço que ela me dera foi apertado, o de Elton pensei que quebraria minhas costelas. Não esqueço sua frase neste momento:

- Como é bom te reencontrar, meu irmão. Agora não vamos nos separar mais. Farei de tudo para que sejamos novamente família. Disse isso com olhos marejados, claramente remetendo à minha recente perda.

Achei aquilo meio meloso mas comovente, isso era mais a minha cara, porém ele, ele não era assim. Acho que aquela moça realmente tinha quebrado o coração de pedra do meu amigo.

Lá pelas tantas, com tanta gente bêbada e estranha pela casa, eu comecei a me sentir deslocado, já que os mais velhos se recolheram, e nossos amigos da cidade foram embora, tinha ficado apenas os novos amigos de Elton, e eu. Era um monte de gente com roupa esquisita e cara de mauricinho, isso começou a me fazer sentir falta de como era nossas festas quando minha mãe cozinhava para todos, e em volta de uma fogueira meu pai puxava uma viola pra tocar. Achei que seria uma boa ideia repetir o gesto e peguei a viola. Comecei a cantar, e esperava atenção. Nada. Nem um mísero olhar. Fui cutucar o Elton e pedi para ele abaixar o som, pra gente fazer uma rodinha de viola do lado de fora da casa, mas ele não quis.

- O pessoal de BH não curte muito isso, vamos deixar pra quando tiver só a gente, deixa o toca discos rolando aí mesmo, tá legal.

Fiquei obviamente bem contrariado. Como diria meu pai, enfiei a viola no saco, e decidi ir embora. Quando estava passando pela varandinha da entrada, uma figura feminina escondida nas sombras e iluminada apenas por uma fraca lamparina e a ponta de seu cigarro, me olhava com um sorriso enigmático. Ela era uma menina magrinha, mas com curvas nos lugares marcantes. Quadril largo, seios médios, loira de olhos verdes. Um vestidinho de bolinhas até a altura das coxas, uma jaquetinha jeans para aplacar o frio, e uma botinha de couro, ela era um arraso! Seu sorriso, ah, aquele sorriso, desmontaria qualquer um. Uma moça bem bonita, nem sei como não a tinha visto antes. Me vendo emburrado e indo embora, ela vem em minha direção, e, bem direta me diz:

- Ficou de bode porque o pessoal não embarcou nessa onda de viola? Haha.

Eu fiquei com muita raiva: “Sério mesmo que ela veio até mim apenas para me zoar?” pensei. Tive vontade de xingá-la, mas não era essa a educação que recebi da minha mãe. Apenas fechei a cara, e decidi continuar meu caminho. Sem que eu dissesse nada, ela deu um sobressalto, parando em minha frente e completou:

- Não fica assim, toca pra mim. Eu adoro viola.

E com um olhar malicioso, apagando o cigarro que ela acabara de acender, acenou com a cabeça para nos sentarmos em um toco de árvore cortado e feito de banco que ficava na lateral da casa. Não achei normal uma moça me convidar assim, não estava acostumado com esse pessoal “pra frente” lá da capital. Acho que minha cara de espanto me denunciou, pois logo em seguida ela se apresentou:

- Me chamo Joana!

- Prazer, meu nome é Carlos.

- Eu sei...

Como eu queria ter evitado. Como queria ter ido embora direto para casa sem ter parado pra ser educado com a patricinha da cidade. Infelizmente, este foi nosso primeiro contato.

---

Espero que gostem da história. Este primeiro conto é apenas introdutório e não teve sexo, mas prometo que ainda tem MUITA coisa por vir...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 88 estrelas.
Incentive Asas de Cera a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Solepa

Cuidado, hein!? Arriscando-se em águas turbulentas numa praia que não é a tua... hehe...

Bem interessante a dedicação que fazes aos escritores do CDC.

Escreves bem. Vou conferir os demais.

0 0
Foto de perfil genérica

Ótimo começo! Com um enredo muito bom!!⭐⭐⭐💯

0 0
Foto de perfil de [sallero]

Gostoso de ler, típico de mineiro comer pelas beiradas e sem pressa, más já deu pra sentir que o cenário vai mudar. Nota 10 e 03 X estrelas como incentivo. Vou seguir você. Abraços

sallero58@gmail.com

0 0
Foto de perfil genérica

Bom começo, só espero q não seja de mais um corno manso

1 0
Foto de perfil genérica

Meu amigo você começou bem, acho que vou gostar desse conto, pois adoro contos de traição, sempre defendi direitos iguais! Só acho que o conto está um pouco curto!

1 0
Foto de perfil de Solepa

Caum caum, como dizia um mineirin amigo meu.

Achei que ele disse tudo o que precisava dizer, afinal, é uma introdução.

0 0
Foto de perfil genérica

Parece-me que virá uma ótima história daí...rs...🤔

1 0
Foto de perfil de Almafer

E pelo jeito a história promete muito vamos ver amigo parabéns.

1 0
Foto de perfil de Himerus

A história promete. Parabéns pela iniciativa.

1 0
Foto de perfil genérica

3 estrelas pela coragem de se arriscar.

gostei do inicio.

Boa sorte

1 0

Listas em que este conto está presente

Ler depois.
Ler depois