Sou a Samantha Sobral, formada em administração de empresas. Vejo a vida como mera ilustração da realidade, pois esta, não tem sustentação auto-suficiente. É posta de lado à medida que a pessoa vai sendo contrariada. Por exemplo, se você é homofóbico, saiba que “ser homofóbico” não é a realidade, mas uma película criada para esconder a sua fúria, que ninguém sabe de onde vem; nem você mesmo.
“Todo homem que se interessa pela minha personalidade é um amante em potencial”, disse a Morena peituda.
“A minha capacidade de se assumir diz muito sobre o prazer alheio”, fala a Madame puta.
A Cristiane e a Vera Lúcia, Morena peituda e Madame puta respectivamente, são doidas, e por isso, minhas amigas. Aquela, amante, e esta, conhecedora da Língua Portuguesa. Quando se fala em investigação, a Cristiane se enrola e tenta “empurrar” uma explicação. A solução que obedece melhor à lógica, é a preferida de Vera Lúcia. Deve ser por isso que ela confunde “amante gigolô” com “cliente gostosão”. E tudo bem que a Cristiane atropela um bando de tarados, mas pára diante de um figurão sensual. Isso porque, nem ela sabe bem, se os caras vão pelos seus seios grandes, pelos papos de fazer boquetes, ou ainda, pelo seu descaramento “in vitro”.
Aconteceu o seguinte: sumiu uma das calcinhas da coleção da Vera Lúcia. Depois de as duas amigas discutirem sobre o assunto, o caso foi parar em um detetive. Quando a Madame puta encasqueta com um assunto, é mais fácil derrubar a Muralha da China do que fazê-la esquecer. E o detetive acabou sendo o famoso Sherlock Holmes.
− Mas por que a Madame tem uma coleção de calcinhas? – perguntou o detetive com o cachimbo na mão.
− Tenho uma de cada amiga minha... quer dizer, um pouco mais do que amigas. – respondeu a Vera Lúcia.
− E a calcinha que sumiu era de que cor?
− Era de um fundo preto com bolinhas brancas, tipo galinha de Angola. Era da minha amiga Larissa.
− Então, pede outra pra ela. Era a única calcinha “galinha de Angola” do sexy shop?
Vera Lúcia chamou a Morena peituda, quer dizer, a Cristiane, que estava na sala de espera ao lado:
− Querida, venha aqui, por favor!
− O que foi? – disse a Morena peituda, entrando com seu andar sensual, arrastando uma rasteirinha.
− Esse velho está duvidando da minha necessidade de saber quem é o larápio safado.
− Este homem experiente, apenas, quer saber até onde vai, o seu valor sentimental por esse fetiche. E a pista pode estar debaixo da sua saia. – disse a boazuda de peitos grandes.
− Pois é, Larissa! Essa senhora veio aqui com um papo de roubo de calcinhas. E pelo visto, ela inventou isso para chamar a tua atenção. – falou o detetive veterano, que deu mais uma tragada no cachimbo.
− Meu nome é Cristiane e, ela não inventou. Roubaram mesmo, a calcinha e, o senhor vai investigar o caso para nós, não é mesmo?
− No momento, estou ocupado com coisas mais sérias. Mas, se quiserem, anotem os contatos, que eu vou ver se posso encaixá-las na minha lista de investigações menos urgentes.
Cristiane arcou-se sobre a mesa de Sherlock e, retirando uma caneta de dentro do sutiã, já dando aquela abaixadinha sexy na blusinha apertada, disse:
− Se o Doutor encontrar o pilantra tarado, além do pagamento de minha amiga, terá um bônus extra... Desculpe, “bônus extra” é pleonasmo.
O coroa entregou um papelinho para a peituda, e ela arcando-se ainda mais, anotou os telefones, dela e da amiga loira, devolvendo para o detetive. Ele, que não conseguia tirar os olhos dos peitos da morena, disse:
− Pensando bem, acabo de me lembrar que tenho uma janela no meu cérebro, para esse caso.
Encaminhou-as para a sala do seu escrivão, John Watson. Mas antes, perguntou ao ouvido da Madame puta:
− Qual a cor da calcinha que está usando?
Ela falou bem baixinho, ao seu ouvido:
− Galinha de Angola.
Na sala do Dr Watson, outro coroa, mas este, com mais cabelo, as duas piranhas, de vinte e poucos e quarenta e poucos, ficaram bem à vontade. As cruzadas de pernas de Vera Lúcia e as “ajeitadas na calcinha” de Cristiane, deixaram o escrivão babando. A cada digitada no teclado, ele parava para ver as pernas de uma, degote da outra, e o mais interessante, parecia que passava um filme na sua cabeça. Depois de terminado o relatório, Morena peituda diz ao ouvido de Madame puta:
− Parece que os dois coroas são tarados.
Esta, levanta levemente a saia, apresentando a Watson, a calcinha preta de bolinhas brancas, e diz ao ouvido da morena:
− Sim. Prepara ele pra mim!
Cristiane levantou-se de supetão. Sabe “aquela” levantada? Essa mesma, na direção do escrivão. Pegou um cigarro do maço dele, que estava sobre a mesa, aproximou-se, ficou com os peitos quase na cara dele e, abaixando-se, colocou o cigarro na boca do mesmo. Tirou um isqueiro de entre os peitos e acendeu o cigarro, dizendo:
− Parece que o seu charuto está aceso.
Nesse momento, que ela está roçando a sua virilha com a coxa, praticamente sentada no colo dele, ele dá a primeira baforada, de lado, evitando pegar no rosto dela.
− Anotou a cor da calcinha? – pergunta a Morena peituda.
− A que ela está usando, ou a que foi roubada?
Cristiane dá uma bofetada na face esquerda do escrivão, bem de leve, dizendo:
− São da mesma cor, idiota, quer dizer, meu caro Watson. – E apontou com os olhos na direção da Madame puta.
Cristiane saiu primeiro, e deixou a Vera Lúcia para castigar o Dr Watson. Aquela cadeira de escritório teve aguentar o peso do escrivão mais o peso da Madame puta fazendo-lhe cavalinho, dando-lhe um “chá de buceta”. As paredes foram testemunhas, das quais, além da metida da loira, podia-se ver a “calcinha de Angola” na mão do doutor.
À noite, depois de conectado e agendado, Vera Lúcia recebe o detetive Sherlock Holmes, que disse precisar ver a coleção de calcinhas e saber sobre esse fetiche e informações da Larissa. Já à vontade no sofá, e tendo “espantado” todos da casa, Madame puta exigiu que o coroa se sentasse ao lado dela. Ela dizia assim:
− Gosto de colecionar calcinhas de todas as mulheres que cheguei a ter intimidades.
− De que tipo? – perguntava o investigador.
− Sei lá, um simples beijo, ou algo mais, já é considerado.
− Quantas calcinhas você tem?
− Quatorze.
− E a Larissa, gosta desse fetiche?
− Não! Muito pelo contrário, fala muito de religião e se priva de fazer o que vem na cabeça.
− Por que estava usando uma calcinha de mesma estampa?
− Para me conectar subconscientemente com a Larissa, e garantir a mesma vibração.
− Há quantos dias estava usando aquela?
− Seis dias, desde que consegui pegar a Larissa. Sabe, foi uma correria que só vendo! Ela veio trabalhar aqui em casa e vi a calcinha que estava usando. Depois, saí ao Shopping e comprei aquela. Voltei a tempo de seduzi-la e...
− Ela te deu a calcinha depois?
− Não! Eu peguei sem permissão.
− Por que não pediu?
− Ela não daria. Já tinha dito que não daria.
Nesse momento, Sherlock já fascinado pelo olhar de Vera Lúcia, se inclina e o beijo foi inevitável. Esse momento foi mágico, pois uma mulher falando de aventuras lésbicas, ao mesmo tempo que seus olhos dizem ser mais hétera do que nunca, não tem explicação. Logo após o “amasso” no sofá, ela trás ele pelo colarinho, em direção ao quarto. Pois lá, ela teria mais espaço para dar-lhe a assistência devida, que consiste em “barba e cabelo”, “frente e verso”, a buceta e o cú. Logo após a foda, Sherlock Holmes falou sobre o roubo da calcinha:
− Foi a Larissa que pegou de volta.
− O que? Se for isso mesmo, me alivia bastante.
− Por quê?
− Porque minha filha não sabe que tenho desejo por mulheres. Meu medo seria que ela descobrisse.
− Sua filha não iria subtrair uma única calcinha da coleção.
− Por falar nisso, onde está a minha calcinha?
− Ficou com o Dr Watson. Ele disse que gostou da história de colecionar calcinhas. E já tem uma, a de estréia da coleção, da cor “galinha de Angola”.
Sherlock Holmes se arrumou, já na intenção de sair. Madame puta perguntou:
− Onde vai agora, meu detetive?
− Tenho um encontro com a Cristiane, a morena peituda.
− Sério? Mas você já gozou.
− Ela disse que vai me mostrar como se extrai a segunda gozada. E disse ser fascinante.
E Vera Lúcia pensou: “Eh, Cristiane!”