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Com uma ligeira torção do volante, o carro se livrou da pressão que exercia sobre o veículo e o corpo do assassino e ganhou o asfalto. O motociclista que havia ficado ileso por estar do lado de Renato, ainda se movimentou numa tentativa de perseguição, porém, alguém deve lhe ter dado alguma ordem, pois ele desistiu retornando alguns metros para poder entrar em uma ruazinha lateral e sumir do local.
Renato dirigia em alta velocidade e não respeitava os sinais de trânsito enquanto dava ordens para alguém através de seu celular, mas teve sorte e chegou ileso em um local que Elisa não conhecia, porém, notou que era uma residência fortificada e que alguns homens armados corriam para os muros adotando uma postura de defesa.
Para a garota, tudo aquilo era muito estranho, principalmente quando, ao descerem do carro, percebeu que Renato ainda gritava ordens. Uma delas, entretanto, a deixou muito apreensiva. Aos berros, sem se importar que ela ouvisse, Renato se dirigia a um homem mal-encarado:
–(Renato) Eu quero aquela filha da puta morta e enterrada antes deste final de semana acabar.
Em silêncio, Elisa pensava: “Meu Deus! Quem é esse homem com quem estou a ponto de me casar? E quem é essa mulher que ele está condenando à morte?”
Continua ...
Capítulo 06 – Alta Tensão
Como se tivessem combinado, ninguém dormiu na noite da sexta-feira para o sábado. Renato e Elisa desistiram do que haviam programado e permaneceram no local para onde eles se dirigiram depois do atentado e, sob a vigilância dos homens que Ademir distribuiu dentro da casa que parecia um verdadeiro forte, não abandonava nenhum instante seu aparelho celular, distribuindo ordens e cobrando por informações.
Jürgen, depois de esbravejar com o fracasso na tentativa de eliminar Renato, convocou os homens que ocupavam algum cargo de destaque na sua recém-formada organização e passou a noite inteira planejando seus próximos passos.
Clara, já recuperada fisicamente dos ferimentos e remoendo o ódio que sentia por ter sido usada de uma forma tão vil, não conseguia dormir e passou a noite tentando pensar em uma forma de se vingar.
Sylvia entrara em contato com o Jürgen e marcaram de passar o final de semana juntos e ela ficou horas acordada ao se dar conta que estava desenvolvendo um interesse pelo alemão que há muito não sentira por outro entre as centenas de homens com quem já transara.
Aceitando o convite de Cássio, Bruna viajou com ele para a praia. Passaram a noite em um hotel luxuoso no Guarujá, sem que ninguém soubesse de seu paradeiro e, ela também, permanecia sem saber do atentado contra a vida de Renato. Pela manhã iriam para o destino final da viagem.
Apesar da linda manhã de sol que era um convite para um mergulho nas águas do mar ou mesmo se deixar ficar preguiçosamente sob o sol de Guarujá, o casal não foi a praia na manhã do sábado. Logo que chegaram à uma mansão com muitos seguranças na entrada, o que causou estranheza em Bruna, Cássio a levou para o quarto e, antes que Bruna pudesse esboçar qualquer reação, abraçou-a por trás e com o corpo grudado ao dela, começou a beijar o seu pescoço.
Aquilo mexeu com a libido da mulher que, com o corpo todo arrepiado, segurou as duas mãos de Cássio e as levou até seus seios, passando a fazer pressão sobre a mão dele, expressando dessa forma o seu desejo de ser tocada. Bruna usava um vestido estampado com o cumprimento que ficava acima de seu joelho e por baixo apenas uma calcinha de renda branca.
Não usando sutiã, a reação dos bicos de seus seios que imediatamente se arrepiaram e ficaram duros, foi denunciada por marcar o tecido leve. Notando aquilo, o homem não vacilou em levar uma das mãos até seu joelho e, quando a puxou de volta, foi trazendo com ela o vestido que foi revelando as pernas lindas de Bruna que, com os arrepios provocados por aquele carinho, seus pelos dourados estavam ouriçados, causando uma sensação ainda mais prazerosa ao homem que suspirou, soltando o ar quente no pescoço de Bruna que com isso ficou ainda mais excitada.
Cássio já havia demonstrado que era especialista na arte de deixar uma mulher com tesão e mais uma vez usou essa capacidade para deixar Bruna louca. Ao chegar com a mão na altura de sua virilha, ele já havia soltado o outro seio e agora usava as duas para lhe fazer carinho. Maldosamente, separou as mãos tocando apenas em suas pernas e depois nas laterais de sua xoxota, sem fazer nenhum contato direto.
Como era isso que Bruna esperava e desejava, ela moveu o quadril para um lado e depois para o outro, tentando com isso esfregar o seu grelinho duro naquela mão macia, porém, como se já esperasse por isso, Cássio evitou esse contato e subiu mais a mão, chegando ao seu abdome onde fez leves carinhos e depois prosseguiu para cima, sempre puxando o tecido do vestido que finalmente foi tirado pela cabeça.
Com os seios de Bruna livres, Cássio passou a se dedicar a eles, explorando-os com as pontas dos dedos e depois prendendo ambos entre o indicador e o polegar e começou a fazer uma pressão que foi se intensificando até fazer com que ela, sentindo um misto de prazer e dor, gemesse. Nessa altura, ela empinava sua bunda para trás, buscando um contato com o pau de Cássio que, mesmo ainda coberto pela bermuda que usava, deixava à mostra todo a sua potência diante do tesão que sentia com aquela bela mulher se esfregando nele.
Sem mais resistir, Bruna resolveu que já tinha tido preliminares de sobra da outra vez que transaram e não ia deixar que isso se repetisse. Não que ela não apreciasse a forma carinhosa e ao mesmo tempo decidida com que aquele homem usava de seu corpo para lhe dar prazer, porém, sua buceta reclamava com urgência em ser penetrada e usada por aquele homem. Sem raciocinar direito, ela se virou para ele, enlaçou se pescoço usando os dois braços e foi girando o corpo de ambos até que ele estivesse de costas para a cama. Atingindo esse objetivo, ela o empurrou com força e, diante do inesperado, ele não conseguiu se defender e caiu sobre o colchão macio.
Sem dar nenhum tempo de reação a ele, Bruna pulou sobre seu corpo e o montou, porém, com o rosto virado para os seus pés, tendo assim liberdade de movimentos para abrir a bermuda dele e a arrancar. Se no momento ela estivesse de posse de sua consciência, teria notado que Cássio não usava cueca e até feito algum comentário sobre isso, mas sua concentração foi toda para aquele pau que, de tão duro, apontava para o teto, curvou se dorso e foi colocando aquele mastro de nervos em sua boca, sugando-o como se dali fosse tirar o suco necessário à sua sobrevivência.
A concentração de Bruna estava toda centrada em se deliciar com aquele pau em sua boca e com isso ela nem percebeu que o Cássio puxara seu quadril para mais perto do seu rosto, afastou sua calcinha para o lado e começou a dar beijos na buceta dela que brilhava em face ao suco que expelia em virtude do tesão que sentia. Sem que ele fizesse mais nada, pois não deu tempo, aquela xoxota pareceu ganhar vida própria e começou a tremer, enquanto o corpo descia mais até pressionar a buceta cheirosa em sua boca.
Se houvesse alguém assistindo àquela cena, diria que o Cássio estava chupando a buceta de Bruna, porém, se prestasse mais a atenção, diria que estava difícil saber se era a boca que chupava a xoxota ou se era a buceta que se esforçava no sentido de engolir toda a boca do amante.
Bruna gozou primeiro. Seu orgasmo foi tão forte que ela, sem perceber, apertou com força demasiada o pau de Cássio, impedindo que ele também gozasse e isso acabou sendo benéfico para ela que, sem dar o menor intervalo, virou o corpo, segurou o pau de Cássio com as duas mãos e posicionou na entrada de sua buceta sedenta e foi abaixando, matando a fome daquela xoxota com a invasão daquele pau que logo estava alcançando seu útero.
Encontrando-se totalmente fora de controle e, sem dar chance para que seu amante assumisse esse controle, Bruna começou a pular em cima dele ao mesmo tempo que alternava murros ou unhadas no peito do homem que logo, mesmo que pouco, começou a sangrar sem que ele notasse, pois a sensação daquela buceta que parecia estar mastigando seu pau não permitia que seus sentidos se desviassem para mais nada, a não ser o prazer de estar sendo, literalmente, vítima de um delicioso estupro.
Bruna gozou mais uma vez e mesmo assim não diminuía o ritmo. Mesmo sendo o seu segundo orgasmo em tão pouco tempo, ela ainda demonstrava toda a sua sede de ser fodida e, ao mesmo tempo em que quicava sobre o corpo de Cássio que mal conseguia se movimentar diante a violência dela, ela contraia os músculos de sua buceta que assim fazia o trabalho de massagear o belo cacete que a invadia.
Diante de tanto empenho de Bruna, Cássio logo entregou os pontos e avisou que ia gozar. Mas esse aviso, ao contrário do que seria o normal, não saiu de sua boca. Foi seu pau que, fazendo o papel de mensageiro do prazer, pulsou de forma exagerada, deixando aquela buceta avisada que estava para ser regada por um rio de esperma.
A reação, diante de tanto tesão, não poderia ser diferente. Como se estivessem sincronizados por uma perfeita máquina de controle, os dois começaram a gozar ao mesmo tempo. Entre gritos e gemidos, murros de Bruna no peito de Cássio e tendo ele os cabelos longos de Bruna enrolados em seu pulso, o que ele nem soube explicar depois como foi que fez para conseguir isso e puxando como se estivesse tentando controlar a uma potranca fora de controle, ambos atingiram um gozo que, logo depois, pensaram que ficariam em suas lembranças para sempre.
Mas eles estavam enganados. Os acontecimentos que se desenrolavam iriam fazer com que toda aquela atração, desejo e prazer ficasse em segundo plano e fosse diminuindo até se tornar apenas uma lembrança.
Esse engano foi revelado mais tarde, porém, começou a ser programado logo que ambos, depois de se levantarem, estavam tomando uma ducha juntos, com Bruna lavando carinhosamente o pau que tanto prazer acabara de lhe proporcionar. Depois de enxaguar para tirar o sabão, ela deu um beijinho na glande e disse sorrindo:
-(Bruna) Essa coisinha linda vai foder o meu cuzinho hoje?
-(Cássio) Não sei não. Acho que hoje ele não aguenta mais nada.
Bruna então, com uma expressão maliciosa que, por si só, já era capaz de provocar uma excitação até mesmo em um monge tibetano, virou-se de costas, inclinou o corpo e, levando as mãos para trás, separou suas nádegas deixando a mostra seu cuzinho fechadinho. Deu uma piscada com seu botãozinho e falou com voz manhosa:
-(Bruna) Será que ele consegue resistir a isso? Você acredita mesmo que ele vai se recusar a entrar aqui?
O efeito provocado com a ação de Bruna foi o esperado. Entendendo ser um convite e já com seu pau duro, Cássio se encostou nela e já foi mirando seu pau naquele cuzinho ousado e convidativo. Entretanto, não se sabe se para sacanear ou para marcar sua posição de mulher que sabe o que quer, e quando quer, ela endireitou o corpo, deu um selinho na boca de seu macho e lhe informou:
-(Bruna) Agora não, garanhão. Mas hoje à noite você não escapa. Eu quero ser fodida por você de todas as formas.
E ela foi. Naquela noite, depois de uma tarde na areia das praias, um jantar leve acompanhado de um excelente vinho, eles correram de vota à mansão e Bruna se apressou em chupar o pau de Cássio e, quando viu que ele estava apontando para o céu e já estando nua, pois enquanto devorava o pau com sua boquinha ia se livrando da roupa, subiu na cama ficando de quatro bem na beirada e pediu com voz manhosa:
-(Bruna) Vem meu macho. Fode esse cuzinho que está querendo você dentro dele desde hoje de manhã.
Não havia como Cássio negar a atender àquele pedido. A posição de Bruna, de quatro e virada para o centro da cama enquanto sua bunda estava em sua direção, dando uma visão completa do cuzinho que piscava pedindo para ser fodido.
Bruna estava em um daqueles dias em que o limite está sempre além do que se consegue. Talvez por isso, quando sentiu o pau de Cássio, lubrificado apenas com a saliva dele próprio, deslizar para dentro dela queimando as paredes de seu cu e talvez essa dor a tenha trazido algo na lembrança, ela voltou a pedir:
-(Bruna) Isso meu macho. Me fode. Me machuca. Bate em mim, bate.
Cássio não estava preparado para isso e lhe deu um leve tapa na bunda. Bruna reclamou e ele bateu um pouco mais forte, mas muito aquém do que ela desejava, fazendo com que ela apelasse. Se virando para ele e com isso permitindo que o pau escapasse do seu cuzinho, ela se deitou de costas na cama, ergueu as duas pernas forçando até que elas se encostassem em seu seio e depois, com a mão, abriu suas nádegas, enquanto provocava:
-(Bruna) Porra, Cassio. Você deve estar de brincadeira. Você chama isso de bater?
Na posição em que estavam, Cássio ainda se preocupou em achar um lugar no corpo dela em que podia bater, pois a bunda dela agora estava encostada no corpo dele, fazendo com que ele desse um tapa na lateral da bunda dela que, ao sentir que estava difícil, radicalizou:
-(Bruna) Pelo amor de Deus, Cássio. Você parece uma mocinha batendo. Porra, você não é macho não? Eu estou mandando você bater.
Finalmente entendendo o que ela queria, mas ainda desejando não fazer nada que maculasse aquele corpo perfeito, Cássio ainda tentou:
-(Cassio) Mas, querida. Eu tenho receio de te machucar.
-(Bruna) Machucar é o caralho, porra. Você está parecendo até que é viado. Me fode com força e me bate, senão eu vou sair pelada desse quarto e foder com o primeiro homem que eu encontrar.
Bruna pensou ter encontrado a receita. Ela tinha se esquecido de que Cassio é italiano, típico latino de sangue quente e machão de todas as horas. Finalmente entendendo o que aquela putinha desejava, Cássio começou a surrar Bruna com a mão aberta, batendo em seu rosto, seios, na lateral da bunda, enquanto socava com força o pau nela.
Bruna gritava insaciável e pedia mais. Ela queria ficar marcada, olho roxo e até mesmo sem poder aparecer em público. Ela queria, na verdade, se sentir como no dia em que, para exorcizar o estigma da traição de que fora vítima, Renato a levou para um motel e, não só a fodeu como um animal, como também bateu muito nela, deixando seu corpo e rosto marcado e a obrigando a vestir roupas super fechadas, mesmo com o calor que fazia e óculos escuros, tudo para tentar disfarçar as marcas que ele deixou em seu corpo.
Entretanto, apesar de ter gozado e acreditando que Cassio também sentiu muito prazer naquilo, enchendo seu cuzinho de porra, quando acabou ela sentiu que não foi exatamente como ela esperava. Como ela queria que tivesse sido. Seu corpo estava todo marcado sim. Com manchas vermelhas dos tapas que levou, mas ela estava ciente de que, já na manhã seguinte, todas aquelas marcas teriam desaparecido.
Agora, sentada na cama ao lado do corpo inerte de Cassio que, depois de gozar se deixara cair em uma letargia e acabou até dormindo, ela o olhava com um ar de decepção. Ou talvez, nem era decepção e o que a atingia em cheio era o fato de saber que ela até podia ter dado a foda certa, porém, com o homem errado.
Sim, pois o que Bruna queria mais que tudo naquele momento, ali naquela cama, ao seu lado, era Renato. Mas não o queria sozinho. Ela queria que Elisa também estivesse ali e que os três transassem loucamente, com o Renato a deixando com marcas que durariam pelo menos uma semana.
Quando pensou em Elisa recebendo o mesmo tratamento, ela sentiu uma certa aversão só em ter essa ideia e pensou: “Nem pensar, senhor Renato. Se o senhor machucar a Elisa, se pelo menos se atrever a encostar a mão nela sem ser para fazer carinhos, eu te mato. A Elisa não!!!”.
Ao contrário do que Bruna imaginava, Cassio não tinha dormido. Ele só estava mesmo dando um tempo depois daquele sexo selvagem. Tanto é que, depois de um tempinho, ele se levantou e, segurando na mão de Bruna, a puxou para o banheiro onde tomaram um banho enquanto trocavam beijos e carinhos.
Depois disso, retornaram para o quarto e, sem nenhum aviso prévio, a conversa entre os dois mudou de tom. De repente, sem que ela soubesse exatamente como começou, estavam falando de negócios e foi nesse momento que ela se deu conta que deixara passar um detalhe que estava entre as principais advertências que seu pai sempre fazia questão de lhe fazer.
Tratava-se de informação. Admirada com a capacidade que aquele homem tinha em lhe proporcionar prazer, Bruna não se preocupara em colher informações a respeito dele e seu pai sempre lhe dizia que o fator decisivo em qualquer disputa, seja ela no esporte, negócio ou mesmo na guerra, é a informação e agora ela percebia que estava falhando nesse aspecto. Preocupada e intrigada com o relacionamento entre ele e Lauro, ela mudou sua postura tentando fazer isso de forma tal que Cássio não percebesse.
Não passou muito tempo para que Bruna fizesse com que o foco da conversa pairasse sobre Cassio que agora falava a respeito dele mesmo fazendo com que ela fizesse um esforço gigantesco para não deixar transparecer o espanto, às vezes, até mesmo perplexidade e em outra sua admiração na medida em que as informações iam sendo fornecidas a ela.
Ela, que também estava admirada com o fato de Cassio falar corretamente o idioma português, ficou sabendo que ele residira no Brasil durante muito tempo em sua infância e com isso confirmou que ele era mesmo Italiano e vivia na Itália. Outra informação que a deixou boquiaberta foi quando ele lhe contou, sem se preocupar com suas revelações, de que pertencia a uma família mafiosa da Itália. Essa família dominava uma extensa região no entorno de Nápoles. Envolvida no controle de jogos e loteria, essa família controlava políticos, não só daquela região, como também em Roma e tinha ligações até mesmo nos Estados Unidos da América, com altos investimentos em hotéis de Las Vegas e Atlanta.
Cássio era um homem muito experiente e não deixara de notar a mudança no comportamento de Bruna que, de uma mulher ansiosa por sexo e prazer, de repente se transformara em uma mulher com uma consciência aguçada e que dirigia a conversa para os assuntos que desejava, chegando a se surpreender quando percebeu que estava fornecendo a ela informações além daquelas que seriam necessárias para que ele cumprisse sua missão no Brasil.
Era um verdadeiro duelo entre duas pessoas que sendo muito inteligentes, usavam suas armas da melhor forma possível. Porém, com um resultado ligeiramente favorável a Bruna, pois enquanto ela se admirava das informações que obtinha e trabalhava mentalmente de forma febril de como usar aquilo a seu favor, Cássio, atônito, ia descobrindo que estava lidando com uma pessoa que não gostaria de ter como adversária.
Neste momento Bruna achou que era hora de questionar alguns aspectos do relacionamento de Cássio com Lauro. Pois, tendo em vista a abrangência dos negócios da família dele, não fazia sentido se envolver com um homem com negócios tão insignificantes:
-(Bruna) E como o você conheceu o Lauro?
Cássio foi pego de surpresa com o questionamento, mas percebeu que era hora de esclarecer seus motivos.
-(Cássio) Bruna, antes de mais nada eu te devo desculpas ...
-(Bruna) Desculpas?
-(Cássio) Sim. A minha participação na reunião que você promoveu não foi uma coincidência. Eu planejei tudo. Eu precisava te conhecer. Me aproximar de você. Mas, para isto eu precisava de uma estratégia. E a estratégia que eu usei foi me aproximar de Lauro, pois o envolvimento dele com políticos seria a forma mais fácil de eu me apresentar e mostrar as minhas habilidades. Depois disto foi fácil eu pedir para ele para poder acompanhá-lo na sua reunião.
Depois de passar todas essas informações para Bruna, ele soltou a informação que poderia ser a cereja do bolo. Sem rodeios, Cássio lhe disse que a organização mafiosa a qual pertencia estava interessada em se associar a ela. Isso fez com que ela, a princípio, ficasse furiosa por entender que aquele homem que nos últimos dias tinha lhe dado tanto prazer, prazer esse que ela usava no intuito de abrandar a falta que sentia de Elisa e do incômodo em saber que ela e Renato estavam cada vez mais em lados opostos, se aproximara dela no intuito de atingir seus objetivos comerciais. Ela se sentiu usada e a ponto de querer despejar sobre ele uma coleção de impropérios, porém, sabendo que agora não se tratava mais de um grande amante que lhe dava enorme prazer, mas negócios.
Bruna aprendera com seu pai que não valia a pena demonstrar raiva e despejar ofensas e ameaças, onde ameaças e ofensas não são necessárias e sequer úteis. Então ela, fazendo um esforço enorme, controlou seu ímpeto e continuou a conversa tentando obter todas as informações que poderia conseguir.
Ao final, estava consciente de que tinha em Cássio um possível aliado se isso fosse necessário. O Italiano não tinha ligações políticas ou comerciais no Brasil, porém, ele tinha uma vasta experiência em guerras entre organizações criminosas, como a que ela sabia que seria inevitável e que logo estaria acontecendo entre ela e Renato.
Satisfeita com tudo o que acabara de descobrir, Bruna se levantou da cama e foi para o banheiro, pois necessitava de outro banho, este, relaxante, abrindo a ducha e deixando que a água rolasse por seu corpo, demonstrando estar gostando daquilo, enquanto sua cabeça continuava trabalhando. Resolveu então se concentrar na oferta, mas sua principal preocupação era planejar como poderia usar o conhecimento de Cássio e qualquer outra ajuda que ele pudesse lhe oferecer.
Porém, não era apenas a convivência com Renato que preocupava Bruna. Ela, sentindo a ducha atingir sua pele delicada com tanta força que chegava a doer, pensou melhor e decidiu que estava na hora de parar de ficar se enganando e assumir todos os seus sentimentos e problemas e o primeiro a ser trabalhado era o sentimento de culpa que carregava há muito tempo.
Bruna, apesar de nunca demonstrar, sempre carregara a culpa por tudo o que acontecera com Renato. Ela foi a culpada por ele cometer um assassinato quando o traiu com o tio dele. Por causa disso, ele foi obrigado e entrar para a organização do pai dela, realizando trabalhos que eram contra a sua vontade e principalmente contra o seu caráter.
Depois ela, cansada de uma vida monótona, em vez de conversar com ele e procurarem juntos uma solução, deixou-se levar pela sedução de Ester e o traiu de novo. Para piorar, o sentimento de culpa daquela traição foi tão forte que, por achar que não tinha mais como consertar nada, entregou-se de vez aos desejos de seu corpo e agiu como uma devassa, entregando-se ao Djalma e, mais tarde, a outros homens.
Na época ela podia até ter usado como desculpa que sua libido se tornara impossível de ser controlada quando sentia o interesse sexual de alguém por ela. Porém, quantas e quantas vezes isso havia acontecido, tanto no tempo de faculdade quando ela e Renato apenas namoravam, como quando depois de casados e, nessa hora, lembrou-se do esforço que fez para não ser levada pelo desejo que queimou seu corpo ao ser assediada por um advogado, concorrente em um caso, que lhe propôs um acordo que favoreceria seu cliente em detrimento do dele.
Ao ouvir aquela proposta sentiu seu corpo reagir da forma como sempre reagia nessas horas, com um arrepio percorrendo sua espinha e sua vagina ficando úmida. Estava pronta para se entregar àquele homem e nem precisava dele deixar de cumprir seu dever de atuar no caso com honestidade, porém, veio-lhe à mente a dor que causaria a Renato novamente e desistiu. Isso aconteceu mais de um ano antes de Ester reaparecer em sua vida.
Assim era Bruna. Se, no momento da proposta, ela e aquele advogado estivessem em um local privado, onde não pudesse ser surpreendida por ninguém, ela provavelmente teria se entregue a ele, porém, ela teve tempo para pensar e, nesse pensamento, o amor que sentia por Renato falou mais alto que a sua fraqueza em resistir ao apelo sexual.
Essa era, na verdade, a cruz que Bruna levava em seus ombros, carregando-a desde aquela viagem com a família de seu namorado na praia, arrastando-a por metade da Europa e finalmente trazendo de volta para o Brasil. Por ainda amar Renato, toda a dor que sentia sempre depois de traí-lo, doía nela com a mesma intensidade que nele.
Foi esse amor que a motivou a resistir à investida do tio dele depois daquele dia na praia e que levou ao episódio de seu sequestro que culminou com a morte dele e de Aline. Foi esse mesmo amor que a manteve por seis anos longe de encrenca, agindo como uma esposa confiável e amorosa. E, por mais descabido que possa parecer, foi esse mesmo amor que a obrigou a abandonar o Brasil e depois voltar.
Só que voltou tarde demais. Quando chegou ao Brasil, bastou por os olhos em Elisa e perceber como ela orbitava a volta dele e ele, ao mesmo tempo, agia como se a gravidade que o mantinha na terra vinha da garota, seu coração sangrou. Percebeu imediatamente que, no coração do homem que amava, não havia mais lugar para ela.
E foi esse mesmo amor que a manteve firme e a obrigou, com dignidade, a não interferir no relacionamento de Renato e Elisa e ainda encontrou força no amor para se aproximar mais da garota, prometendo a si mesma que faria todo o possível para que aquela adorável menina e o grande amor de sua vida fossem felizes. O que ela não contava é que, com essa aproximação, começasse a nutrir um sentimento não previsto por Elisa. Isto definitivamente não estava nos seus planos.
Racionalizando todos os seus sentimentos, talvez a proposta de Cássio viesse a ser útil para tentar afastar Renato da organização, deixando-o livre para viver uma vida feliz com Elisa e retomar sua forma de vida de outrora, quando era apenas um jovem estudioso, inteligente, com o sonho de um grande futuro e, o mais importante, de uma honestidade a toda prova. Resolveu então que iria ouvir a proposta do italiano e se deu conta que estava disposta a abrir mão de tudo, tudo mesmo, desde que esse ato pudesse beneficiar ao Renato e a Elisa.
Logicamente, o fator negativo disso estava em Sylvia. Ela sabia como seria difícil convencer sua mãe de não ser mais a grande primeira-dama do crime organizado, porém, talvez, com a promessa de uma vida que mantivesse o seu etilo de vida, ela aceitasse ceder.
Estava nesse pensamento, ainda sob a ducha cujo jato pareciam minúsculas agulhas em sua pele, quando Cássio entrou no banheiro e lhe deu a informação que iria tirar de vez o seu sossego e fazer com que adiasse todas as decisões que estava pensando em tomar. Com sua voz grave e uma expressão séria, ele informou:
–(Cássio) Tenho uma notícia para você, mas antes de tudo, quero dizer que estão todos bem.
–(Bruna) Quem está bem? O que aconteceu? – A voz de Bruna subiu uma oitava acima com o susto pelo que ele havia dito, adicionado à sua expressão séria.
–(Cássio) Seus sócios sofreram um atentado.
Bruna continuou olhando para ele com expressão aturdida, mas não entendera ainda o que se passara. Que sócios seriam esses? Ela nunca via Renato como sócio e muito menos Elisa, então, quem poderia desejar mal à Edna e Álvaro. Então, ouviu novamente a voz de Cássio, dessa vez soando como se ele estivesse a quilômetros de distância dela:
–(Cássio) Não fique assim. Já te falei que Renato e a noiva dele estão bem. Como é mesmo o nome dela?
–(Bruna) Renato? Um atentando? Meu Deus! E a Elisa?
–(Cássio) Ah! Isso aí. Elisa. Ela estava no carro com ele e, como eu te falei, ambos estão bem.
–(Bruna) Não ... Renato e Elisa não ... Eles foram levados para que hospital?
Bruna falava e se enxugava freneticamente. Bastava olhar como ela sem movia de forma febril para saber que sairia no instante seguinte daquele local, em direção à São Paulo, como se a vida de Renato e Elisa dependesse da presença dela lá. Cássio segurou em seu braço e falou:
–(Cássio) Ei. Calma aí. Eu já falei que eles estão bem. O Renato reagiu bem e fugiu do local. Os dois estão em segurança em algum lugar para onde se dirigiu ao se livrar do atentado.
–(Bruna) Me larga. Eu preciso ir embora. Tenho que falar com eles.
–(Cássio) Essa é a pior parte. Você não pode.
Bruna estacou. Paralisada, encarou Cássio que sustentou o olhar dela aparentando toda a calma do mundo e, depois que ela protestou que podia sim e que ninguém ia impedi-la, ele lhe falou:
–(Cássio) O problema não é esse. O problema é que, segundo meus informantes, o Renato está convicto de que foi você quem ordenou o atentado e já deu ordem para seus homens te assassinarem. Você não pode sair por aí porque sua cabeça está a prêmio.
–(Bruna) Como você ficou sabendo disto? Que informantes?
–(Cássio) Calma, eu vou te explicar. Como você sabe eu estou no Brasil há pouco tempo e não tenho muitos contatos por aqui. Eu tinha que montar rapidamente uma rede que me permitisse saber o que estava acontecendo e como atuar. Então, procurei a forma mais fácil, subornei alguns policiais.
–(Bruna) Isto não explica como você sabe o que o Renato está pensando.
–(Cássio) Então. Estes policiais estiveram em contato com um ex-policial que está trabalhando para o seu ex-marido e que estava investigando o atentado. Parece que nestas conversas ele deixou escapar que houve um problema no porto de Santos e que esta seria uma represália sua contra ele.
A sorte de Bruna foi que Cassio ainda segurava os braços dela e a amparou antes que ela desabasse no chão. Sem conseguir se controlar, caiu em um pranto sentido. O homem, que era detentor de um caráter frio que nunca se deixava abater por nada, ficou compadecido dela e carinhosamente a tomou no colo levando-a até a cama, onde a deitou e permaneceu ao seu lado enquanto ela se desmanchava em um choro sentido.
Por volta das duas horas da madrugada, Renato recebeu um telefonema. Era Ademir informando que ainda estava na delegacia e, com ajuda de policiais com quem ainda mantinha contato, conseguira investigar os veículos usados no atentado, informando-lhe que a placa da VAN era fria, não havendo possibilidade de descobrir o nome de seu proprietário e que as duas motocicletas foram localizadas, porém, dois dos homens que estavam nelas foram encontrados assassinados e um estava desaparecido.
Um quarto homem havia morrido no local quando o carro de Renato o atropelou, assim como o homem que descera da VAN e fora esmagado quando Renato o imprensou contra o veículo do qual descera.
Entretanto, nem tudo eram más notícias. Informantes da polícia disseram que eles haviam sido contratados por dois homens que eram conhecidos da polícia por agirem como intermediários na contratação de assassinos de aluguel e um deles foi detido e já estava sendo interrogado. Depois destas informações, Ademir desfez a ligação.
Renato achou aquilo muito estranho. Em sua cabeça, Djalma não teria contratado assassinos e quando havia necessidade de ações extremas, sempre recorria a alguém da própria organização que, depois de executada sua missão, era enviado em viagem de férias e permanecia longe por meses, gozando das delícias de alguma praia longínqua com as despesas todas sendo coberta pela organização.
Estava nesse dilema, tentando desvendar esse novo quebra cabeça, quando seu celular tocou. Decidiu não atender por se tratar de um número desconhecido, porém, quando o aparelho recebeu a mesma chamada pela terceira vez, resolveu atender pronto para dizer algumas ofensas à pessoa que insistia, o deixando ainda mais irritado, mas não teve tempo, pois antes de pronunciar a primeira ofensa, uma voz feminina soou dizendo:
–(Desconhecida) Fique muito esperto. A situação é bem pior do que você imagina.
E desligou. Renato ficou olhando para o celular com expressão de espanto. Afinal de contas, aquela informação, naquele momento, não podia se tratar de um simples trote.
Elisa, deitada e sem conseguir pegar no sono, assistia a toda a movimentação e ficava cada vez mais assustada. Apesar de sua inocência, ela era uma mulher muito inteligente e logo percebeu que o mundo em que vivia não era o que parecia. E agora, sabia que teria que vencer a sua timidez e seu lado frágil e agir com firmeza para descobrir em que terreno estava pisando.
Sentiu uma dor no peito quando decidiu que a Elisa “garota” teria que dar espaço à Elisa “advogada”, que derrubava advogados conceituados e mais experientes que ela, usando para isso três elementos básicos: sua inteligência, seu poder de dedução e seu conhecimento, pois para ela nunca era demais pesquisar sobre os casos que atuava. Então era isso que ela ia fazer. Estava tão absorta com sua nova decisão que, quando Renato viu que ela estava acordada e se aproximou dela em uma tentativa de acalmá-la, ela respondeu com uma voz fria e impessoal:
–(Elisa) O senhor poderia, por favor, postergar suas alegações para depois que eu estiver realmente a par do que está acontecendo?
Renato não entendeu direito e sequer respondeu. Logo depois, após pensar no que havia para ser entendido naquela forma de agir de Elisa, ele tremeu na base. Elisa não ia sossegar até estar a par de tudo o que se passava e o jeito formal como ela se dirigiu a ele demonstrava apenas que ela estava com sua cabeça trabalhando de forma incansável.
Sabia também que ela pesquisaria a fundo e temia que, ao tomar conhecimento de que existia uma parte de sua vida que era oculta e que jamais poderia deixar que ela tivesse conhecimento, ela tomasse alguma atitude. Agora, porém, conhecendo o espírito persistente de Elisa, sabia que ela fatalmente descobriria alguma coisa e que, ao descobrir, estaria colocando em risco o relacionamento deles.
O dia já estava para raiar e Bruna viajava de volta para São Paulo onde se reuniria com Djalma que já estava avisado, Clara se preparava para deixar o hospital e decidiu que voltaria para o lado de Jürgen, sabendo que para se manter bem-informada, precisava permanecer no centro das ações para tentar entender o que ele queria dela.
Enquanto isto, Sylvia aguardava com ansiedade por um final de semana de sonhos e Elisa iniciou algumas pesquisas em seu celular, pois não desejava chamar a atenção de Renato ao usar seu Notebook.
Ademir conseguiu as informações que a polícia arrancou do intermediário do atentado e ligou para Renato, informando-lhe que poderia haver uma terceira pessoa interessada em sua morte, mas que eles ainda não conseguiram identificar quem ou por que e isso era uma indicação de que a ordem do atentando não partira de Bruna e nem de ninguém ligado a ela. Renato avaliou as informações, mas em seu íntimo, duvidava delas e com isso não fez nada para cancelar suas ordens de eliminação de Bruna.
Ao tomar essa decisão, sentiu uma dor profunda em seu peito e soube que a morte de sua ex-esposa seria algo que jamais conseguiria se perdoar. Com esse sentimento ambíguo, certo que amava demais a Elisa, que seu coração estava sangrando, mesmo assim, estava certo de que aquela disputa não poderia terminar de outra forma e que, ao final, entre ele e Bruna, um dos dois estaria morto.
Quanto mais pensava no desfecho que lhe seria vantajoso, maior era o mal-estar que Renato sentia. Ele imaginava Bruna morta enquanto dominava toda a organização, colocando seu plano de acabar com aquela monstruosidade que há quase dez anos havia se apossado de sua alma e fizera dele algo que nunca pretendera ser.
Renato pensou: “Se esse é o principal objetivo de minha vida e só agora surgiu a oportunidade de colocar meus planos em prática, então, por que não me sinto feliz?”. O que Renato não sabia é que a resposta ao seu dilema logo seria lhe apresentado. E apresentado de forma inesperada e em um momento em que ele não teria como fugir das consequências dela.
Bruna já em casa se lembrava de como aquele fatídico final de semana começou. Ela, sem participar, de toda a euforia de sua mãe que demonstrava toda a sua felicidade em passar o final de semana inteiro em companhia de Jürgen. Para ela, aquilo era uma novidade, pois sua mãe nunca demonstrara interesse pelas pessoas, mas sim pelo prazer que essas pessoas podiam dar a ela ou, em outras palavras, a preocupação de Sylvia sempre fora em encontrar a melhor forma de usar as pessoas e tirar delas tudo aquilo que fosse proveitoso para ela.
Curiosa, aguardou e deixou-se ficar na área social da mansão e isso fez com que fosse ela que recebesse o alemão que lá apareceu por volta das oito horas, todo perfumado, portando um lindo buquê de rosas e com um sorriso que ia de uma orelha a outra. Para Bruna, Jürgen era a personificação da felicidade. Ela não sabia da capacidade daquele homem em atuar representando os papeis que sempre lhe convinha e, o papel a ser desempenhado agora era o de homem apaixonado.
Para completar o quadro, Sylvia apareceu esplendorosa e fazendo a entrada triunfal que sempre dava um jeito de acontecer. Dessa vez, vestida com uma roupa formal, porém com a maquiagem e os cabelos irretocáveis, entrou na sala de visitas no exato momento em que um antigo relógio, tipo carrilhão, entoava as oito batidas.
Era como se a rainha da Inglaterra estivesse entrando no recinto. Porém, foi impossível para Bruna não notar um brilho diferente nos olhos da mãe quando viu o alemão ali, postado como um autêntico lorde a disposição de sua rainha.
Vendo aquela cena Bruna conseguiu se esquecer de todas as suas preocupações e dedicou-se a ser gentil ao casal, fazendo questão de deixar bem claro que aprovava o relacionamento entre sua mãe e Jürgen que demonstrava estar se dirigindo para um belo desfecho e não economizou gentilezas ao lidar com ambos.
Mesmo depois que o casal saiu em direção ao BMW de Jürgen que aguardava com o motorista já sentado atrás do volante e aguardando, Bruna ainda se deixou levar pelo clima e pelo perfume que os dois pombinhos deixaram na sala, sendo arrancada desse enlevo por Djalma que, entrando apressado na sala, foi dizendo sem fazer rodeios:
–(Djalma) Bruna, você precisa se apressar. Nossos homens estão aguardando ordens.
Bruna ficou olhando para ele, se dando conta que, depois do sexo que ela praticou com quatro homens, ele estava diferente com ela, chegando a tratá-la até mesmo com grosseria. Enquanto ela pensava se deveria chamar a atenção de Djalma ou não, ele entendeu seu silêncio como um ato de indecisão e continuou a falar de forma um pouco agressiva:
–(Djalma) Vamos logo garota. Você parece que se esqueceu de que seu ex-marido colocou sua cabeça a prêmio!
–(Bruna) Dê as ordens para que todos fiquem atentos e preparados, mas que continuem aguardando. Não quero que ninguém tome nenhuma iniciativa. – Bruna falou contendo seu tom de voz para esconder sua irritação.
–(Djalma) Não tomar nenhuma iniciativa, uma porra. Vamos para cima deles que essa é a melhor hora.
Não era comum Djalma contestar as ordens de Bruna e a grosseria dele, ainda por cima, a atingiu. Sem poder mais se conter, ela chamou a atenção dele:
–(Bruna) Olha lá como você fala moço. Não está satisfeito, pede para sair.
–(Djalma) Não é isso Bruna. – A bronca dela fez efeito, então Djalma se pôs a explicar: – Estamos mais bem preparados que eles. Se não agirmos agora, estaremos dando tempo para que nossos inimigos se organizem melhor.
–(Bruna) Basta Djalma. A gente já discutiu isso. Mande aguardar.
Bruna disse a última frase já saindo da sala de visitas e se dirigindo para seu quarto. Sua cabeça trabalhava de forma acelerada.
Ela sabia que Djalma estava certo. Uma avaliação das pessoas que estavam do seu lado lhe dava vantagem em uma luta contra Renato e, depois dela ter agido se entregando sexualmente a três deles em uma deliciosa orgia, dois haviam declarado apoio a ela e o terceiro ainda estava relutante. Mas, se não declarara seu apoio, pelo menos ainda não se aliara ao Renato.
Na cabeça de Bruna: “Se esse era o quadro, por que então ela não agia e destruía logo o Renato e aos seus aliados? O que me impede de atacar, ganhar essa disputa e dar um final nessa disputa? Será que é por causa da proposta do Cássio? Teria eu coragem de me desfazer de tudo o que meu pai levou a vida toda para construir? E também, o que será que deu em mim que reagi dessa forma com o Djalma, sendo grossa com ele? Em outros tempos bastaria um sorriso, um olhar malicioso e ele já amansava. Quando não, a gente transava e tudo ficava bem. Só que agora eu não sinto a mesma vontade. Antes, bastava notar o desejo nos olhos dele que eu já ficava excitada, mas agora, isso não está acontecendo. O que será que está acontecendo comigo?”.
Enquanto Bruna e Renato lutavam contra suas indecisões, sem conseguir entender aquele sentimento contraditório que os invadiam, Elisa começava a agir. Primeiro ela alegou que precisava verificar algumas pendências em processos que estavam para serem julgados e se aproximou de Renato falando:
–(Elisa) Amor! A gente vai ter que ficar aqui o tempo todo?
–(Renato) Talvez eu tenha que sair. Mas você não vai sair daqui por nada desse mundo. – Respondeu Renato em um tom de voz que deixava claro que não admitiria contestação.
–(Elisa) Mas eu preciso de ...
–(Renato) Elisa, você não precisa de nada. Aliás, precisa sim. Precisa ficar em segurança. Não insista.
Elisa analisou e percebeu que sair daquela casa estranha estava fora de cogitação. Então ela apelou para um plano alternativo, pedindo para que ele providenciasse um computador para que ela pudesse trabalhar ali mesmo. A resposta também foi uma negativa:
–(Renato) Nem pensar. Receio que, se você se logar no sistema do escritório seja detectada e alguém pode descobrir onde você está.
–(Elisa) Não se eu navegar através da VPN. Se alguém me rastrear vai me encontrar conectado em algum servidor lá da Europa. Ou Ásia.
Renato entendeu que Elisa estava certa e logo mandou que um notebook fosse providenciado. Em pouco tempo ela estava navegando, porém, ao contrário do que ele imaginava, ela não logou o sistema usado na empresa deles. Em vez disso, ela começou pesquisar notícias, retrocedendo por um período de quinze anos.
Elisa estava frustrada diante do computador. Tudo o que ela pesquisara até agora não lhe dera nenhuma indicação do que estava acontecendo. Ou melhor, a informação que ela queria era a que lhe desse a certeza de quem era realmente seu futuro marido e quem era realmente Bruna. Mas todas as tentativas de pesquisar sobre os dois levavam sempre para o escritório de advocacia, algumas poucas atividades sociais e, com mais frequência, atividades filantrópicas onde um ou outro estavam agindo para ajudar os mais necessitados.
Até mesmo as raras fotos em que os dois apareciam foram examinadas com cuidado, com a garota tentando ver rostos conhecidos por ela, mas era sempre de pessoas diferentes. Havia sim duas mulheres que apareciam em fotos de diferentes datas e locais, mas uma era Sylvia e a outra, uma jovem mulher, mais ou menos da idade de Bruna, morena e muito bonita. Só que ela não sabia quem era essa mulher, o que lhe deixava ainda mais frustrada.
Radicalizando suas pesquisas, tentou buscar por frases que fugiam às atividades comuns de pessoas como Renato e Bruna, chegando até mesmo a usar algumas tags sobre crimes, porém, nada lhe era informado.
Irritada com seu fracasso e se dando conta que, para conseguir alguma coisa, teria que ter a ajuda de alguém que conhecia aos dois há muito tempo e lhe ocorreu que essas pessoas eram Edna e Álvaro. Resolveu que tinha que conversar com aquele casal, só não sabia como faria isso, uma vez que estava sendo mantida como uma prisioneira dentro daquela fortaleza.
Sabendo que, se tentasse fugir dali, não andaria cem metros antes de ser detida pelos homens que Ademir havia distribuído em toda a volta do local, ficou imaginando como faria para sair dali. Desesperada, sem achar uma saída, ela resolveu ligar para Edna. Porém, fazer isto era uma temeridade. Primeiro porque não queria alamar àquela senhora com informações do que estava acontecendo. Segundo, temia que fosse ouvida ao telefone e que isso levasse Edna a ser envolvida naquela trama e isso era a última coisa que ela queria.
Pensando assim, pegou seu celular e saiu da sala onde estava naquele momento, dizendo que precisava ir ao banheiro. Chegando ao banheiro, trancou a porta e se preparou para ligar, mas quando tentou ligar seu celular, descobriu que a bateria do mesmo havia sido retirada.
Naquele momento, sentindo-se impotente, Elisa se assustou com o sentimento que a invadiu. Ao contrário do que era de se esperar, ela não ficou desesperada e tampouco sentiu raiva que a fizesse esbravejar. Em vez disso, sentiu sim raiva, mas uma raiva fria, cuja temperatura gelada foi se apoderando dela e, de repente, sentiu sua mente trabalhar como se tudo aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.
Sentindo-se dona de seus atos e certa de que não ficaria à mercê das ordens e desejos do Renato, voltou à sala, atirou o celular sem a bateria no colo dele e disse com uma voz que, plena de autoridade e firmeza, fez com que ele prestasse realmente atenção a ela:
–(Elisa) Se você pensa que vai me manter aqui, sem nenhuma informação do que está acontecendo, está redondamente enganado.
Dizendo isso, olhou a sua volta e viu uma chave de veículo sobre a mesa da sala. Sem dizer uma única palavra, pegou a chave e verificou que o chaveiro trazia o número das placas do veículo. Sabendo que a chave era de um veículo Toyota, andou em direção a algumas VANS que estavam estacionadas e acionou o destravamento da porta, atenta à qual delas piscaria as luzes. Descobrindo de qual se tratava, entrou no veículo, deu a partida e manobrou para sair da casa.
Quando direcionava o carro para o acesso à saída viu que Renato estava ao lado da porta do carro, batendo desesperado no vidro. Ela abriu o suficiente para que ele ouvisse sua voz e disparou:
–(Elisa) Vai se foder Renato. Vai se foder ou então mande seus capangas atirarem em mim.
Dizendo isso, acelerou em direção à saída, onde um dos guardas que ali estavam ainda tentou se posicionar no caminho para evitar a sua saída. No momento exato, ele percebeu que Elisa não ia frear e saiu da frente. Ela ainda atropelou a cancela que existia para evitar a saída, virou à direita e saiu em alta velocidade, dirigindo com enorme dificuldade, pois seus pés mal alcançavam os pedais da Hylux Cabine Dupla que ela estava dirigindo.
Continua ...