Nosso quarto é um universo particular e gosto de sentir que fazemos parte dele - cada um com seu jeitinho, os dois reinando em sonhos que se alternam entre imaginários próprios ou sonhos que se sonham juntos em realidade. Gosto do nosso cheiro de recém saídos do banho. Da sua barba molhada, dos contornos do seu corpo destacando o shortinho que só é usado para mim em momentos de intimidade. Gosto de perceber que ele está me encarando no espelho enquanto hidrato a pele percorrendo as mãos por minhas curvas – e de imaginar o que se passa em sua cabeça enquanto me encara. Ou quando estou deitada na cama lendo com a bunda para o alto e eu o vejo voltando do corredor para me espiar. Em nosso universo de intimidade e rotina, conservamos erotismo nos detalhes e imaginações. Nas cócegas que terminam em um beijo molhado ou na espreguiçada que termina ali com ele me apertando de costas, me fazendo sentir sua ereção. Queria que esses momentos se congelassem no tempo junto com seu sorriso depois de me sentir gozar em sua boca. Aquele sorriso molhado que acompanha um fiozinho de prazer, sabe?
Noite passada fomos para a cama em horários diferentes e sozinha na cama comecei a rolar de um lado para o outro até que me veio o tesão e comecei a pensar em todos esses detalhes. Fazia uma noite fresca de início de primavera e o vento brincava com as cortinas na janela entreaberta. Tinha deixado na mesinha ao lado da cama uma vela acesa que fazia o nosso cantinho ficar ainda mais aconchegante (não foi minha intenção inicial, mas a vela era parte do meu ritual de auto amor). Ele estava terminando umas coisas do trabalho no quarto ao lado e não ia demorar muito para vir deitar. Com a cama toda para mim, comecei a lembrar de momentos em que transamos, em que senti seu corpo bem próximo roçando no meu, dos eventuais amantes que também já dividiram com a gente nessa cama, a nossa intimidade… Então os pensamentos começaram a passar por minha mente em fluxo, acendendo tudo o que podiam pelo meu corpo: o primeiro a esquentar foi o rosto que certamente também ficou corado, entregando a subversão do meu sentir. Na medida em que o tesão crescia e me lembrava de alguma coisa especificamente muito boa, uma onda de pressão descia do meu peito para o ventre. E entregue ao desfile de corpos, metidas, vulvas molhadas e fantasias comecei a me tocar, como se minhas mãos fossem extensão das imagens de sacanagem que brotavam em minha mente.
Acontece que, ele podia parar de trabalhar a qualquer momento e entrar no quarto. E se me flagrasse sozinha em meu momento de intimidade? Juntos somos uma delicia, mas sozinha eu também sou. Por isso, esse lapso de receio deu lugar à adrenalina dele me flagrar em pleno caminho de prazer. E continuei, agora me virando de bunda para o alto e apertando contra a vulva uma protuberância que formei com a coberta. Quando me toco dessa forma me sinto única no mundo, porque ninguém mais pode me fazer gozar assim. É meu jeitinho, é o meu caminho... então só deixei rolar. Me contorci apertando os quadris contra as mãos e rebolei me sentindo parte da cama, como se eu, os lençóis e as tantas lembranças desse espaço fossemos um só.
Comecei a me sentir mais molhada na medida em que me esfregava com mais força, mais ritmado – e também quando minha respiração começou a aumentar. Me perceber molhada, excitada, deslizando entre minhas mãos, a coberta e rebolando para o alto me deixou ainda com mais tesão. Entregue a correnteza de memórias e movimentos do meu quadril, só não me senti totalmente hipnotizada porque me mantinha atenta aos movimentos do meu marido no quarto ao lado, que começou a mexer os objetos no estúdio prestes a vir deitar. Acelerei as reboladas e prendendo a respiração senti meu clitóris a ponto de explodir em uma pressão que foi crescendo do meu ventre para todo o corpo - como se uma onda me atravessasse, como se eu mesma fosse a onda, como se flutuasse em meio ao turbilhão de lembranças que acabava de atravessar.
E ainda sentindo minhas pernas formigando e as texturas dos lençóis como se fossem um abraço, ouvi seus passos se aproximarem pelo corredor. Mal tive forças para virar de lado e ajeitar minha coberta-amante quando ele deitou do meu lado em uma conchinha, que foi logo ganhando tom de maldade com suas mãos sendo conduzidas pelas curvas da minha barriga até a vulva, super molhada do orgasmo que acabara de ter:
- O que é isso que você quer me mostrar?
- É que eu tava aqui sozinha nessa cama né, aí comecei a pensar na gente e…
- Já entendi - disse ele enquanto percorria o caminho de volta da minha calcinha pela barriga, pescoço e boca, me fazendo provar do meu próprio mel e me arrancando uma risada gostosa em meio aos seus dedos.
Como eu esperava, ele não se incomodou de saber que tinha acabado de me tocar. Mas a verdade é que eu desci sua mão e mostrei que eu tava molhada porque queria deixar claro o convite para mais:
- Eu tô cansado, mas te ver assim e não te dar um beijo é contra a minha religião né?
Mal foi terminando de falar e foi se encaixando entre minhas pernas, chegando devagar com pequenos beijinhos por minha coxa e me arrancando os suspiros que não consegui soltar no orgasmo anterior, numa tentativa de ser discreta. Como sabia que eu ainda estava meio sensível, ele brincou um pouco de me torturar com a língua primeiro lambendo direto no clitóris e me fazendo ter um espasmo com as pernas, quase um pulo. Depois riu e voltou a beijar os lábios devagar. Foi alternando assim até que minha sensibilidade passou a ser toda dele, toda entregue as texturas da sua barba, língua e boca. Até me fazer voltar para o fluxo onde tudo começou: o passeio de memórias… a onda de prazer subindo pelo corpo… e outro desaguar, agora direto naquela boca que sabia muito bem de mim se banhar.
Quando terminou me deu um último beijinho agora terno, como se quisesse acalmar minhas coxas dos espasmos. E veio subindo pelo meu corpo, se ajeitando para dormir, se aninhando e ao mesmo tempo também me cobrindo.
-Agora sim, boa noite.
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