Mais um ano em que consigo fugir na semana do meu aniversário para o meio do mato. Gosto de sentir essa passagem de ano desconectada, com o tempo regulamentar da correria do dia-a-dia em modo de espera, suspenso. Alugamos um chalé simples na montanha, um carro e organizamos suprimentos para os três dias em que passaríamos fora da cidade. Fred e Bruno eram um casal de amigos especialistas nessas pequenas fugidas para o mato, e por isso, meses antes do meu aniversário eles já se animaram e começaram a organizar toda a trip.
O condomínio de chalés ficava em meio a um vale, na beira de um rio manso. Nosso cantinho ficava ao lado desse rio e tinha um deck, cozinha, rede em meio às árvores, barulho de passarinho e água correndo nas pedras a todo momento. Eles ficaram com o quarto e eu com o sofá-cama próximo a lareira - melhor impossível: siririca ao lado do fogo na calada da noite, pés quentinhos e meu presente próprio de aniversário estaria completo! – pensei que esse seria o auge de algum tipo de sexo na minha viagem até conhecer o amigo do Bruno que era o administrador do condomínio e Chef de um restaurante próximo: alto, barbudo e para a minha surpresa, solteiro e bi. Os meninos me apresentaram para ele já na maldade, e quando me contaram que os três já fizeram ménage eu não contive a empolgação de imaginar essa cena.
Marcamos um vinho no final da tarde ao redor de uma fogueira que fizemos perto do rio. Ele chegou sorridente por debaixo da barba e cabelos compridos, se apresentou e instantaneamente ficamos meio tímidos um com o outro. Sabe quando rola aquela olhada firme seguida de confusão na hora de cumprimentar e dar um ou dois beijinhos? Sempre fui meio tímida conhecendo pessoas e, sabendo disso, meus amigos foram logo ocupando nossas mãos com taças de vinho e traçando nossas questões em comum.
- A Marina é escritora e corre para o mato todo ano no aniversário. – Disse Bruno, enquanto nos abraçava ao mesmo tempo.
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- Então veio respirar o ar da montanha para se inspirar?
- Mais ou menos, tô mais a fim de me desligar.
Ele me contou todos os clichês possíveis sobre quem decide deixar a cidade para viver próximo da natureza. Silenciei meus pensamentos cínicos sobre essa parte e seguimos conversando sobre a vida, as estrelas que começavam a brotar no céu limpo e frio da noite que começava a cair e, quando já estávamos altos do vinho e do papo um com o outro, nos beijamos, assistidos pelos meninos que também começaram a se pegar. Apesar dos clichês, eu gosto dessa gente que vai embora, muda a vida toda, se encanta e se afeta com um lugar. Estar perto de gente assim faz eu me sentir viva, sentir que também posso me afetar e me deixar ser afetada por outros sentimentos. E foi com esse clima de quem queria se permitir, que, entre beijos com gosto de vinho e cheiro de fogueira, topei conhecer uma cachoeira deserta com ele, onde a gente podia “ficar mais a vontade”.
No dia seguinte nos encontramos depois do café e seguimos andando por uma estrada de chão que foi se estreitando até se tornar uma trilha e entrarmos em meio a um emaranhado de árvores, o que fazia surgir um suspense no ar. Depois entendi que cipós, galhos e musgos abarrotados eram uma forma da natureza proteger as próprias delícias da vida que emanavam dali. Conforme avançamos na trilha, nossa conversa se misturava aos tantos barulhos da mata, abafados pela aproximação da cachoeira. Não tinha ninguém próximo, então, rendidos ao calor, nossas roupas foram caindo assim que chegamos. Observei as linhas de seu corpo com atenção, como se em meio às pedras e árvores surgisse outra atmosfera ao seu redor. Enquanto o assistia, senti meu corpo enrijecer com a correnteza - ou foi uma forma da natureza sentir meu desejo e empurrar nossos corpos para perto um do outro. E assim fui nadando ao encontro dele, que assistia a água cair e hipnotizado não me percebeu chegando por trás. Enrosquei minhas pernas em sua cintura e ele se virou, me abraçando. Senti meus peitos se arrepiarem em contato com os seus e nos beijamos em meio a água doce que escorria de nossos rostos e cabelos. Com uma das mãos ele me puxou para fora da água e escolhemos uma pedra no sol para forrar uma canga e descansar da caminhada. Ainda sem roupa deitei em seu peito que, subindo e descendo com a respiração nos fazia sentir como partes dos fluxos que seguiam naquele lugar. Ele ajeitou as coxas de maneira que eu encaixasse minha vulva em sua perna – uma oportunidade ótima para eu me oferecer – e uma de suas mãos começou a percorrer de leve minhas costas, levantando um arrepio da pele recém molhada em contraste com o sol:
- Se você continuar com esse carinho assim, eu nem te conto onde podemos parar...
Avisei, fui me levantando e o encarando, que também mudou de posição e se sentou atrás de mim me abraçando de maneira que senti seu pau nas minhas costas, próximo a bunda. Eu queria o provocar, mas ele foi mais rápido que eu na intenção e começou a me beijar o pescoço, dando pequenas lambidinhas na pele molhada. Suas mãos correram a lateral do meu corpo... minha cintura... e pararam em um ponto nem lá nem cá que me deixava louca: entre as coxas. Enquanto sentia sua respiração em meu ombro, ficava cada vez mais molhada com a proximidade de seus dedos da minha vulva. Até que foi se aproximando devagarinho me fazendo perder a paciência e me contorcer, tentando alcançar sua mão. Ele riu, fez que não, mas me atendeu e começou de leve a me contornar os lábios espalhando o mel que já descia dali por entre minhas pernas. Atrás de mim senti seu pau ficando duro, e enquanto encostava a língua de leve em meu ombro, começou a descer e subir me masurbando com o indicador dobrado. Dei as primeiras pulsadas entre seus dedos que agora encharcados passeavam em círculos pelo meu clitóris. Ele me deu sinais de que sabia bem onde queria chegar, mas fez desse passeio uma arma para me fazer derreter toda em sua mão. E quando eu comecei a gemer de impaciência empurrando os quadris para ele perceber que estava sendo torturada de desejo, ele parou exatamente no cantinho que me faz explodir e demorou, me mordendo e prendendo o ar junto comigo até eu gozar. Em meio a bichos que sequer enxergamos, plantas e com a correnteza indiferente em nossa frente eu urrei de prazer em seus braços, marcando a pedra em que estávamos sentados com meu cheiro, minha marca, nosso desejo:
Só mais uma, entre tantas, dos bichos que circulavam por ali...
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