O viado-puto da república de estudantes
- Ai, ai, para está me machucando! Para, Jorge! Ai, ai, tira Jorge, tira! Eu não estou aguentando mais, tira, por favor! Eu não quero mais, chega, tira logo que está doendo muito! – suplicava choroso o Alex.
- Qual é a tua viadinho? Você acabou de dar o cu para quatro caras em sequência, e agora que é a minha vez você começa a ter chiliques, porra do caralho! Só pode ser gozação! – protestou o Jorge, sem parar de foder o rabinho apertado do Alex que tentava a todo custo fugir do tesão desenfreado do colega.
- É que você é enorme e muito bruto, assim eu não aguento! – lamentou-se o gay submisso.
- Você só diz isso para me deixar mais doidão e com mais tesão, eu sei que tu gosta de levar pica, e é isso que estou fazendo. – retrucou o Jorge, socando freneticamente o cacetão grosso na fendinha úmida que o apertava.
- Então me dá um minuto, deixa eu respirar, tomar um fôlego para relaxar porque assim eu não aguento. – implorava o Alex no limiar de suas forças. Mas, o cavalão tarado que estava engatado no cuzinho dele tinha urgência, havia cinco dias que não esporrava e isso já vinha prejudicando seu humor.
- Dá uma maneirada aí, Jorge! Segura a tua onda, cara! Não está vendo que o moleque está sentindo muita dor? – interveio o Lucas, procurando ajudar o primo.
- Fala sério, eu é que tenho que maneirar! Vocês quatro foderam o cu dele até agora, pintaram e bordaram no rabão dele e eu é que preciso segurar a minha onda. Vão se ferrar! Ninguém me tira daqui até eu encher o cu desse viado de porra. – revidou o Jorge exasperado
- Ninguém está te impedindo, eu só estou mandando você ser mais gentil e carinhoso com ele. Você tem consciência do quanto ele é apertado e sabe muito bem o tamanho da tua rola. Uma transa tem que ser prazerosa para os dois, e não é isso que você está fazendo. – censurou o Lucas.
- Ai, ai, ai Jorge! Por favor, tirem ele de cima de mim. Não estou aguentando mais, juro! – gritou o Alex, depois que o Lucas deixou o Jorge ainda mais obstinado com aquele cuzinho aveludado.
- Para, caralho! É a terceira vez que você machuca o Alex! Que merda, cara! Estava tudo rolando numa boa até você foder com tudo! – interveio o Rafael, mais um dos moradores da república que tinha acabado de esporrar no cuzinho do Alex.
- Puta merda! Sou sempre o vilão, caralho! – devolveu o Jorge, socando fundo no cuzinho do Alex ao sentir que ia gozar. – Eu vou gozar! Cazzo, eu vou gozar! Eu vou gozar! Ah! – urrou alto, estremecendo e puxando aquela bunda carnuda contra sua virilha, enquanto soltava oito jatos de porra no cuzinho do colega gay que gritava em meio ao choro.
- Tira esse troço de mim agora! – ordenou o Alex, com o corpo ainda trêmulo e o cu todo esporrado ardendo. – Ai! – gritou mais uma vez, quando o Jorge puxou o caralhão à meia-bomba para fora, todo melecado, através de seus esfíncteres rotos.
- Pronto, já tirei! Pode parar com esse faniquito! – exclamou o Jorge, sentindo-se saciado com aquela ejaculação abundante.
- Nunca mais toque em mim, entendeu! Nunca mais! Você é um animal, eu te odeio, cara! Que droga, por ele faz isso comigo? – lamentava-se o Alex, alcançando sua camiseta sobre o espaldar do sofá, onde os cinco o haviam enrabado, para estancar o filete de sangue que escorria pela parte interna de sua coxa esquerda. Ele não se atreveu a sair dali, mantendo uma das mãos no sofá para se apoiar, pois sabia que suas pernas, ligeiramente adormecidas pela posição forçada na qual se entregou àqueles machos gananciosos, nem o cuzinho sangrando, o levariam em segurança para lugar algum.
- Está contente agora, depois da merda que acabou de fazer? – questionou indignado o Fernando, outro colega de república que havia sido o primeiro enfiar sua jeba no cuzinho do Alex quando começou a rolar a suruba daquela tarde.
- Ah, vão se foder! Estou cheio do viadinho só reclamar da minha pica! A de vocês ele agasalha numa boa, deixa vocês fazerem o que bem entendem com o rabo dele, enquanto comigo só sabe reclamar! À merda, todos vocês! – exaltou-se o Jorge, guardando o cacetão na cueca, do mesmo jeito que o tirou do cuzinho do Alex, e vestindo jeans e camiseta antes de sair batendo a porta com força para ganhar a rua, todo contrariado.
- Você está legal? – perguntou o primo, oferecendo-se para levar o Alex ao banheiro a fim de ele se lavar depois da lambança que haviam deixado em seu cu arregaçado.
- Se você puder ir comigo até o banheiro para eu me lavar seria uma boa. Ele socou aquele pauzão tão fundo em mim que estou com cólicas. – respondeu o Alex, apoiando-se no ombro do primo.
Normalmente, essas sessões de suruba na república de estudantes ocorriam de forma relativamente tranquila, cujo único alvoroço ficava mesmo nas rolas daquele bando de cinco marmanjões tarados pelo corpão escultural do único gay da turma, o Alex. Ele foi o último a entrar na casa que pertencia ao tio, pai do Lucas, nas cercanias da Universidade Estadual de Maringá, para onde se mudou vindo de São Paulo. Também era o mais novo deles, garoto precoce e inteligente, entrou na faculdade antes dos dezoito anos. Embora fosse um gay assumido e os pais o soubessem e procuravam lhe dar todo apoio, apesar de temerem por sua segurança num país ainda reconhecidamente homofóbico, Alex era discreto e reservado, o que contribuía para que as pessoas com quem convivesse demorassem a perceber sua homossexualidade. Levou quase um ano para que os colegas da república chegassem a essa conclusão e, quando o questionaram, ele simplesmente admitiu sua condição sem nenhum constrangimento.
As suspeitas começaram quando eles perceberam que ele ficava um pouco encabulado quando andavam ela casa só de cueca ou muitas vezes até pelados, em trajetos curtos até a lavanderia onde tinham esquecido ora uma toalha de banho, ora uma peça de roupa que queriam vestir para sair. Assim que notaram essa timidez, se tornaram mais atrevidos, provocando-o com pequenas insinuações, exibindo seus cacetes numa desfaçatez declarada ou mesmo encoxando-o deliberadamente quando a situação lhes era propícia, uma vez que o Alex tinha sido agraciado pela natureza com uma bunda grande, roliça e proeminente, capaz de deixar qualquer um babando de tesão. Ele nunca se mostrou arredio à essas pequenas e sutis investidas, aceitava-as com um sorriso meigo e tímido, o que o deixava ainda mais sensual e atraente. Seu rosto harmonioso e o par de olhos de um verde citrino cativavam as pessoas com facilidade, o que não apenas lhe abria as portas mais prontamente, como angariava uma legião de amigos e amigas. Desse modo, quando a pergunta, se ele era gay, foi questionada pela primeira vez, ele se abriu com a turma da forma mais objetiva e direta possível, com um sonoro – sim, sou! – A partir daí o assédio se intensificou, eles já não se contentavam mais em apenas insinuar e exibir seus dotes, passaram a cobiçar ostensivamente aquele corpão virgem. O primeiro a ser agraciado com seus favores sexuais foi o primo, até porque era com ele que ele compartilhava o quarto. Porém, o Alex não se fez de rogado e, aceitando as investidas dos demais, deu-lhes o prazer que procuravam, ele mesmo descobrindo o prazer que cada um daqueles marmanjões atléticos, bonitões e libidinosos tinha a oferecer. Embora ainda rolassem alguns encontros individuais com cada um na privacidade dos quartos, as surubas em qualquer cômodo da casa aconteciam sem constrangimentos. Todos o tratavam bem, respeitavam-no e o aceitavam como era, companheiro, solícito, carinhoso e dedicado.
O único a fugir desse padrão era o Jorge. Ele demorou mais a aceitar o convívio com um gay, devido a uma formação machista e preconceituosa que, no entanto, viu ruir à medida que ia conhecendo o Alex melhor. Logo após o Alex admitir sua homossexualidade, o Jorge procurou se manter afastado dele, até cogitou se mudar da república. Inconfessavelmente, ele se sentia incomodado na presença dele, temia que uma aproximação ou uma amizade pusesse em dúvida a sua própria sexualidade. Fora criado num ambiente em que os homens tinham medo de “pegar aquela doença” se ficassem muito próximos de gays, e se mostravam hostis e agressivos quando estavam na presença de um deles. Com o Alex ele foi percebendo o absurdo que haviam metido em sua cabeça, que “aquela doença” nem mesmo era uma doença, e que aquilo não se pegava, era inato na pessoa e, em nada implicava em seu caráter e personalidade. O Jorge sabia que era um homem bonito, que atraia e assanhava as garotas que cobiçavam seu físico atlético e, principalmente, seu cacetão avantajado que lhe dava trabalho para ser alojado dentro das calças; muito embora, depois de o sentirem em suas vaginas, passassem a recusar que ele tornasse a enfiar aquilo dentro delas sentindo-se como se houvessem sido estupradas por aquele caralhão animalesco. Outros caras gays já tinham se engraçado por ele, deixando-o puto e chegando mesmo a dar umas porradas num que se mostrou mais ousado e quis pegar na sua benga dentro do banheiro de um shopping. O Alex nunca o distinguiu, nunca o enxergou como melhor ou mais sedutor que outro cara qualquer, nunca fez qualquer menção ao seu dote privilegiado, ou se mostrou interessado nele. Foi daí que ele acabou percebendo que a homossexualidade não era uma doença, que gays não deixavam homens menos homens por estarem perto deles, que havia gays que não davam a mínima por todos os atributos dos quais ele tanto se orgulhava. E, um deles, justamente o Alex, fazia parte desse grupo, nunca o elogiando, nunca se mostrando interessado em sua pica, nunca o endeusando só por ser macho. Ele não conseguia entender porque, e lhe faltava coragem para perguntar diretamente ao Alex, mesmo quando resolveu se aproximar dele e também fazer parte daqueles bacanais tão prazerosos.
No dia seguinte, uma manhã nublada de segunda-feira, Lucas, Rafael, Fernando e Pedro conversavam durante o café da manhã sobre o incidente da tarde anterior. Ao se juntar a eles pronto para seguir para a faculdade, Jorge se deparou com aquelas faces carrancudas; mas, mesmo assim, dono de um bom humor que raras vezes se via abalado por qualquer coisa, ele arriscou um sonoro e jovial – Bom dia! – que foi respondido por murmúrios forçados. Apesar do clima tenso que notou entre os colegas, foi além, já provocativo, pois desconfiava do motivo daquelas caras de poucos amigos.
- Cadê a florzinha? Ainda melindrada? – questionou, jocoso.
- Cara, tem horas que você é um tremendo de um canalha! Puta merda, vá ser insensível assim na casa do caralho! – revidou o Pedro, ante aquela cara de pau que se fingia alheia as cagadas que fazia.
- O Lucas estava justamente nos contando o que rolou com o Alex essa noite. – explicou o Fernando.
- E o que foi que rolou com a frutinha, qual foi o drama dessa vez? Crise existencial devido a suruba? – questionou o Jorge
- Puta merda, não dá para falar com esse cara! – exasperou-se o Rafael
- Depois do que você fez com ele, o Alex se enfiou no quarto e não saiu mais. Nem quis descer para jantar quando a gente foi lá chamar. Perto da uma hora da madrugada, percebi que ele não conseguia dormir, estava se agitando na cama, e perguntei se ele estava legal. Ele só respondeu com um ‘sim’ baixinho e eu percebi que ele estava chorando. – começou a contar o Lucas.
- Devia ser o cu querendo mais pica! – exclamou sarcástico o Jorge
- Porra, cara! Vá se foder! A coisa é séria, larga a mão de ser otário! – devolveu impetuosamente o Lucas.
- Tá, segue em frente com essa ladainha! Já percebi que o vilão aqui está sendo julgado pelo tribunal da inquisição e que o veredito de culpado já foi sentenciado! Mas, vamos lá, soltem os cachorros! – revidou o Jorge
- Bem, continuando! De repente, ele se vestiu e saiu. Perguntei para onde ia e se precisava de alguma coisa, ele não respondeu. Quando voltou, cerca de meia hora depois, e tentando não me acordar pensando que eu estava dormindo, ele enfiou uns três ou quatro comprimidos na boca e voltou a se deitar depois de se despir. Ouvi que ele chorava baixinho outra vez, mas não quis ficar aporrinhando e deixei que desabafasse. Ele demorou a pegar no sono, era plena madrugada quando fui examinar as caixas de medicamentos que estavam na mesa de cabeceira e deduzi que ele tinha saído para ir a uma farmácia para comprá-los. Tinha uma caixa de analgésico, uma de anti-inflamatório e um antiespasmódico. Faltava pouco para o alvorecer quando ele voltou a se agitar, acordando pouco depois e tomando mais uma vez aquela batelada de comprimidos. Perguntei o que estava acontecendo e ele não quis responder. Apesar de ele insistir em não revelar o que se passava, exigi uma explicação e ele me respondeu que não estava se sentindo bem, que eu o deixasse em paz. Foi tudo o que não fiz. Forcei-o a me mostrar o cuzinho, pois desconfiei que aquilo tudo tinha a ver com aquele sangramento todo, depois que você o fodeu. Cara, você arregaçou o moleque! Ele está muito machucado! Tem uma porção de preguinhas completamente detonadas bem visíveis, mas ele deve estar todo estourado por dentro também, porque das outras vezes em que rolou a suruba, ele nunca ficou tão mal, vocês devem se lembrar. Ele ficava engraçado por um dia ou dois, caminhando meio travado ou sentando de ladinho, mas não se queixava de nada, muito menos precisava tomar medicamentos. E isso só aconteceu depois daquela porra que você fez com ele ontem, socando essa pica feito um animal no rabinho dele. Para que fazer uma merda dessa com ele? – concluiu o Lucas
- Quer dizer então que vocês resolveram mesmo jogar toda a culpa para cima de mim! Porra, todos vocês socaram as picas no cu do moleque, e eu sou o único culpado das preguinhas dele estarem detonadas. Vocês são um bando de bostas, tá sabendo! – protestou o Jorge
- O Alex estava aceitando tudo numa boa, como sempre, até você começar a enrabar ele daquele jeito e ele pedir para você parar, não foi? Só que você não parou, continuou socando a vara nele mesmo ele gritando e implorando para você parar. – sentenciou o Rafael.
- Cara, dá para afirmar que você o estuprou, se a gente se apegar a maneira como você o fodeu! – lembrou o Fernando. – Essa porra é crime, cara!
- Puta merda, eu não acredito na hipocrisia de vocês! Vão querer me convencer e me culpar de estupro, é isso? Vocês são uns merdas! – berrou o Jorge, dando um soco na mesa.
- Calma aí, galera! Desse jeito não chegaremos a nada. Tudo bem, aqui ninguém é santo, todos se esbaldaram no cuzinho do meu primo, mas você precisa admitir que extrapolou em muito o que é normal em uma foda consentida, Jorge. – disse o Lucas
- Não são santos, mas estão se fazendo de santos! Deixa o teu tio saber que foi você quem descabaçou o filhinho virgem dele e, não contente em só desvirginá-lo, também o entregou para um bando de machos tarados. O que você acha que ele vai pensar ou fazer com você? – questionou o Jorge
- Ninguém está se eximindo de nada! Mas, cai na real Jorge, você fodeu com tudo, cara! – asseverou o Pedro.
- Nem o Alex é o santinho inocente que vocês estão pintando, sabiam! Sabem para quem ele também anda abrindo as perninhas? Aquele tal de Marcelo, o personal trainer bombadão, sócio da academia, não está só treinando o Alex a fazer Spinning, Crossfit, musculação, como enfiando a piroca dele na bundinha gostosa do seu priminho. Ou vocês acham que o Alex, com aquele puta corpão precisa ir à academia três vezes por semana? O cara é um viadinho-puto, essa é que é a real. Viu um piruzão dando mole já se desabrocha todo! – afirmou o Jorge
- Estamos sabendo, meio que na surdina, porque ele ainda não falou nada. Mas, o cara é o namoradinho dele, o primeiro pelo que está parecendo. O que não vem ao caso agora, o assunto aqui é outro. – respondeu o Lucas
- Namoradinho? Só pode ser piada! Aquele marombadão deve ter uns 30 anos, chamá-lo de namoradinho é eufemismo. Aquilo fode até buraco de fechadura, quanto mais o rabão do teu priminho. – ironizou o Jorge.
- Sabe o que nós estávamos nos questionando antes de você chegar? Qual é a tua com o Alex, por que você o trata dessa maneira? O que foi que ele te fez para você ser tão rude com ele? E ninguém chegou a conclusão alguma. O Alex sempre te tratou bem, como a qualquer um de nós aqui. Se formos analisar bem, ele até te trata melhor. – asseverou o Fernando
- Melhor? Não sei de onde vocês chegaram a essa conclusão.
- Melhor, sim! Cada vez que pinta um bolo ou alguma coisa de que você goste, e você não estando presente, o Alex separa um pedaço para você e intima a todos para não mexerem naquilo. Quando você chega de madrugada da gandaia, e a gente está vendo um filme ou qualquer outra coisa, é ele quem te pergunta se você comeu ou se está com fome, e levanta, vai na cozinha e te prepara um lanche. Quando a gente vai para um lugar legal, quem é que te liga no celular perguntando se você não quer vir junto? Quando você larga as tuas roupas penduradas no varal da lavanderia por dias seguidos, quem é que vai lá, recolhe, dobra e deixa tudo empilhado na sua cama? Você vê ele fazendo isso com qualquer um de nós, vê? Não, isso é privilégio seu! E, cara, você é esse canalha com ele, juro que não dá para entender. – afirmou o Lucas
- Agora pintou ciúmes, inveja, só me faltava essa! Um bando de marmanjões com inveja do que o viadinho faz para mim. Eu nunca pedi para ele fazer essas coisas, ele faz porque quer. – respondeu o Jorge. – Para acabar com tribunal que já me condenou, não importa o que eu diga, eu vou me desculpar com ele. Faço isso agora mesmo, está bem assim? Vocês ficam felizes com isso, ou o que mais querem que eu faça? – devolveu o Jorge.
- É o mínimo, não é! Mas não vá perturbá-lo agora. Parece que ele finalmente conseguiu dormir e é bom deixar ele descansando. – sugeriu o Lucas.
- Ele tem aulas! Vão deixar ele faltar na faculdade? – indagou o Jorge
- Duvido que no estado em que se encontra, consiga ir a faculdade. – afirmou o Lucas
- É tão sério assim? – perguntou o Rafael.
- É cara, é bem feio, vocês precisavam ver! Ele vai penar por alguns dias antes de ficar legal novamente. Estou com muita pena dele, ele não merecia. Não merecia mesmo, é tão carinhoso e atencioso com todo mundo que me revolta vê-lo nesse estado. – condoeu-se o Lucas, fazendo o Jorge sentir-se um crápula.
Dois dias depois, o Alex voltou à faculdade. Estava abatido, sorria bem menos que o normal, passava horas afastado de todos, não fez mais nenhuma refeição com os demais, permanecendo praticamente o tempo todo que estava em casa, trancado no quarto. Não disse nada quando o Jorge lhe pediu desculpas, e o evitou o quanto pode, não permanecendo no mesmo ambiente que ele. A galera só veio a descobrir que ele tinha saído a procura de outro lugar para morar através de uma amiga comum com o Fernando, o que deixou a todos abalados.
- Você não pode estar falando sério! Se mudar daqui, por quê? – perguntaram quando o pressionaram a desistir da ideia.
- Teu pai vai querer saber porque você quer sair daqui e procurar um lugar onde vai ter que assumir também as despesas de aluguel. E, meu pai vai me aporrinhar a vida quando ficar sabendo disso. Vai ser uma merda, Alex! Pensa bem, desista desse absurdo! – pediu o Lucas.
- Se alguém tiver que deixar a república, esse alguém é o Jorge! Acho que todos concordam, não é? Você fala com ele Lucas, uma vez que a casa é do seu pai. – comentou o Pedro.
- Não quero que mandem o Jorge embora! Vai ser difícil ele encontrar um lugar como aqui, e ele vai precisar gastar muito mais em qualquer outra espelunca por aí. – afirmou o Alex.
- Mas se você continuar insistindo em nos deixar, só teremos essa opção. Entre você e o Jorge, ficamos com você! – disse o Rafael
- E tem mais, eu também não quero que o Jorge fique sabendo dessa conversa, que alguém esteja tramando para tirá-lo daqui. – declarou o Alex.
Ele também nunca mais voltou às boas com o Jorge, ignorava-o por completo, não lhe respondia às perguntas e não lhe dirigia a palavra. Logo o Jorge o taxou de infantil, mas nem isso o demoveu de sua postura. O clima na república nunca mais foi o mesmo, havia perdido muito daquela descontração e coleguismo de antes. Quando rolava alguma suruba, a participação do Jorge estava terminantemente proibida, mesmo que fosse apenas como espectador.
A partir dessa indiferença, o Jorge começou a sentir uma necessidade quase mórbida da atenção que o Alex lhe dedicava anteriormente. Não era apenas a questão sexual, a não participação nas orgias, o não poder tocar naquele corpo que a cada dia lhe fazia mais falta. Era a carência daquele olhar amigo, daquelas pequenas coisas que o Alex fazia para ele e das quais nunca se dera conta de serem tantas. Era aquela raiva que brotava dentro dele toda vez que o Marcelo cercava o Alex de bajulações e cantadas, conseguindo com elas passar noites inteiras desfrutando das carícias e do cu receptivo dele. Se lhe aventavam a palavra ciúmes para explicar o que estava sentindo, revoltava-se, virava um bicho. Não ele, um macho como ele não se deixava levar por esse sentimento piegas, coisa de boiolas. Ele estava acima do viado-puto que facilmente se entregava a qualquer macho, por alguém assim ele jamais poderia sentir qualquer coisa.
- Você sabe muito bem que o Alex não é um viado-puto como você diz. Gay ele é, nunca escondeu isso, mas fácil, rameiro ou biscateiro ele nunca foi. Afora o namoradinho, ele só se entrega para nós, tipo numa amizade sexual sem barreiras ou cobranças. Ele não pode ver nenhum de nós tristonho ou abatido sem nos cobrir de afagos e carícias, que na maioria das vezes acabam fazendo com que o levemos para cama e o tracemos para aliviar e superar os perrengues. Cada vez que um de nós fica um tempo sem namorar uma garota, subindo pelas paredes com os colhões abarrotados, é ele quem se aproxima, quem se solidariza, quem se dispõe a saciar nossas taras. É algo inato nele, essa necessidade de ver todos bem, de querer agradar os homens com quem convive. Também é por isso que todos o respeitam e admiram. O teu problema com ele é só seu, cara! É você que não consegue enxergar a natureza do Alex! – asseverou o Rafael, quando ele e o Jorge conversavam num barzinho onde a galera tinha ido se divertir, e o Jorge já havia passado um pouco da conta e, meio embriagado, fazia um exame de autoconsciência.
- Quero ver se o ‘namoradinho’ caralhudo dele vai ter essa mesma opinião quando souber que o Alex libera o rabo para todos naquela casa. Quando souber dos bacanais que rolam com o queridinho dele mamando rolas ao mesmo tempo em que leva pica no cu. – aventou o Jorge, sem conseguir desviar o olhar do Alex e do Marcelo se beijando apaixonadamente no mezanino do bar.
- Isso não é da sua conta! Cara, você não está pensando em fazer uma filha-da-putice dessas abrindo a sua boca, está! Deixa o garoto em paz! Desde que começou essa desavença que você não arranja uma garota para trepar, vai atrás de uma que dá mais certo. – aconselhou o Rafael.
- Só eu sei do que preciso! – retrucou o Jorge.
Ao menos era o que o Jorge pensava, que sabia do que precisava. Contudo, havia duas coisas das quais ele precisava, e elas estavam alojadas em lugares diferentes de seu cérebro. Uma, no terreno do consciente, colocar o viado-puto em seu devido lugar, menosprezá-lo, fazer com que soubesse que o mundo era dos heterossexuais machos e não de aberrações como ele. A outra no campo do inconsciente, da qual ele nem suspeitava, mas que, de quando em quando, emergia como pequenas fagulhas para o campo consciente, e criavam aquela confusão toda que o fazia tomar atitudes impensadas, diametralmente opostas ao que sentia; um desejo escuso pelo afeto do viado, uma necessidade velada por seu corpo e seu acolhedor casulo anal, aquela carência de beijos que incomparavelmente só sentia nos lábios dele. Era contra essas fagulhas que ele se revoltava, encarando-as como sendo tentações do diabo querendo levá-lo à perdição.
- Qual sua intenção com esse tipo de conversa sobre o Alex? – questionou o Marcelo quando o Jorge lhe contou que o Alex dava o cu para todos os caras da república. – Quando começamos a nos relacionar o próprio Alex me contou que transava com os caras da república, que deixou de ser virgem nas mãos do primo, então não estou entendendo aonde você quer chegar fazendo essa fofoca. – respondeu-lhe o Marcelo, deixando-o desconcertado
- Não estou fazendo fofoca! Te contei na condição de solidariedade entre machos, para que você não seja visto como corno de um gay. – retrucou o Jorge
- Sinceramente cara, você acha que eu me importo com a opinião dos outros? Não dou a mínima para o que qualquer babaca preconceituoso pensa a meu respeito, do tipo de vida que eu levo, ou com quem eu me envolvo. Desde os primeiros papos que levei com o Alex, devido o achar um cara tremendamente interessante e, confesso um verdadeiro tesão, ele me confessou que era gay, o que para mim não mudava ou diminuía meu interesse por ele. Antes de transarmos pela primeira vez, ele me contou o que rolava com os caras com os quais estava morando, que era uma amizade sexual sem compromissos. Tenho 32 anos cara, não sou nenhum moleque, tanto eu quanto o Alex sabemos que não vai rolar uma união permanente, até porque terminando a faculdade ele provavelmente volta para São Paulo para seguir sua vida. Mas, enquanto isso, a gente está se curtindo; ele, apesar da pouca idade, é um cara maduro, é sincero e digno, é sensível e carinhoso, faz um sexo como jamais tive com qualquer garota ou outro cara. Enquanto estivermos juntos, vou fazer de tudo para fazê-lo feliz, como ele tem feito comigo. Nenhum de nós fala sobre o futuro dessa relação, ela vai durar o quanto tiver que durar. É por isso que eu não estou entendendo qual é sua, cara! – esclareceu o Marcelo.
- Não, não é nada! É o que eu te falei, solidariedade entre machos, só isso. – Jorge já não sabia mais como se justificar ante o que tinha acabado de ouvir.
- Esse tipo de solidariedade eu estou dispensando! Especialmente, partindo do cara que fez o que você fez com o Alex. Ele e eu estamos há quinze dias sem transar de tanto que você o machucou e, sinceramente, se eu tivesse presenciado a cena, teria te arrebentado a cara, embora as minhas mãos estejam coçando agora com essa mesma vontade. Você fala em solidariedade de macho, mas você está longe de ser um. Um macho de verdade não faz o que você fez com ele, com um carinha meigo, amoroso e companheiro como o Alex. Se você não fosse esse espírito de porco que está se mostrando, eu até poderia pensar que você age assim por ciúmes. Mas, eu duvido que você seja capaz de qualquer sentimento nobre nessa sua mesquinhez. – sentenciou o Marcelo, antes de se afastar e voltar as suas atividades de personal trainer, deixando o Jorge estupefato e perdido em sua estupidez.
A galera toda frequentava a academia e mantinha uma amizade cordial com o Marcelo, e logo ficaram sabendo de mais essa infâmia do Jorge. Todos o censuraram, menos o Alex, que por já não lhe dirigir a palavra, tratou de esquecer mais essa agressão. Contudo, era justamente do Alex que ele queria ouvir os desaforos, a revolta, o desprezo pelo que fez, qualquer sinal de que tinha sido afetado por ele, mas isso nunca aconteceu. Era como se para o Alex ele não existisse.
O Jorge jamais conseguiu explicar a si mesmo porque continuava na república, onde todos já conheciam seu caráter e, de certo modo, o excluíam de muitas conversas e atividades, particularmente naquelas em que o Alex estava presente. Nem odiá-lo o Alex o odiava, mas ficar afastado dele machucava mais do que se o odiasse, isso era o que ele achava.
A turma toda já havia debandado, voltando às suas cidades de origem, na semana de provas antes do recesso do meio do ano, exceto o Jorge, por ter que enfrentar provas em duas disciplinas, o Lucas por ser de Maringá, e o Alex que esperava uma folga de uma semana do Marcelo para viajarem até a serra gaúcha.
O Jorge estava estudando em seu quarto, tarde da noite, quando ouviu os grunhidos guturais do Lucas vindos do quarto anexo. A garota com a qual tinha ficado o semestre todo deu-lhe um fora havia pouco mais de duas semanas e, desde então, ele estava na base da punheta. Revoltado nem tanto pelo barulho que não chegava a ser escandaloso, mas pelo Lucas estar sendo contemplado pelo que lhe faltava, ele foi ter ao quarto deles para reclamar. A porta estava ligeiramente aberta, não mais do que uma fresta de uns quinze centímetros, mas por ela estavam escapando os grunhidos de luxúria que não o deixaram se concentrar. Prestes a esmurrar a porta e invadir o quarto, ele vislumbrou o Lucas recostado à cabeceira da cama, com as pernas bem afastadas e o Alex deitado de bruços no meio delas, nu, com a bunda roliça empinada, chupando devotamente a caceta do primo. O Lucas se contorcia, fletia os joelhos, afagava a cabeleira sedosa do Alex enquanto ele trabalhava carinhoso sua pica e saco, totalmente alheio à curiosidade bisbilhoteira de sua presença junto a porta. Com o caralhão distendido querendo sair por uma das pernas do short, o Jorge os observava excitado e em silêncio. De onde estava, conseguia distinguir nitidamente os lábios úmidos do Alex envolvendo e massageando a glande molhada do primo, sorvendo sutilmente o sumo translúcido que ela vertia e que chegava a formar um fio viscoso quando ele afastava a boca da cabeçona excitada. Jorge levou a mão ao cacetão e o apertou, como se quisesse impedir a ereção já formada. Quando o Alex inclinava o rosto para um dos lados a fim de abocanhar um dos testículos, o qual ficava lambendo, chupando e massageando com a língua, a rola pesada do primo ficava se esfregando em sua face, lambuzando-a com o pré-gozo. Lucas lançava a cabeça para trás, grunhia cada vez mais alto, recolhia as pernas fletidas e afundava a cabeça do Alex contra seus genitais, denunciando o gozo iminente. Alex mal conseguia mover a verga rija e a chupava engolindo o máximo que podia daquela carne que pulsava em sua boca. Quando Lucas soltou aquele urro animalesco, Jorge soube que ele estava enchendo a boca do primo de porra, e que este a deglutia como se fosse um néctar divino. Lucas arfava e sorria envolto em puro deleite, encarando o primo e afagando seu rosto. Seguiu-se um beijo longo e carinhoso entre os dois, enquanto Lucas acariciava aquelas nádegas carnudas e lisinhas. Jorge não conseguia se mover, parecia uma estátua, tinha se esporrado todo, e boa parte da porra farta escorria por entre os pelos grossos de sua perna. Um desejo quase insano o fez querer entrar naquele quarto e suplicar ao Alex que lhe desse uma mamada como aquela, e lamentou estar terminantemente vetado a ter qualquer acesso à boca ou, àquele corpo nu que o Lucas abrigava em seus braços.
Os dois não paravam de se acariciar, de trocar beijos, conversavam amenidades, falavam do prazer que ambos sentiam por haver surgido aquela oportunidade de virem a morar juntos tendo estado sempre tão distantes um do outro. Jorge continuava ouvindo e observando os dois primos naquela intimidade, e não conseguia sair dali de tão fissurado. Não demorou para as carícias se tornarem mais sensuais, indicando que o tesão estava se intensificando novamente. Lucas cobria o rosto do Alex com beijos ternos e libidinosos, enquanto esse os retribuía percorrendo com seus dedos longos e delicados o contorno do rosto viril do primo. Os dois corpos se esfregavam freneticamente um no outro procurando por um encaixe, Lucas puxou as pernas do Alex pelos joelhos e as trouxe até a altura de seus flancos ficando encaixado entre elas. Alex se agarrava aos ombros largos do primo enquanto beijos e as caricias de ambos incendiavam seus corpos. Lucas mordiscava um dos mamilos do Alex fazendo-o soltar gemidinhos de êxtase, ao mesmo tempo em uma de suas mãos pincelava o cacetão no reguinho liso do primo. Ao ouvir o ganido estridente e prolongado do Alex, Jorge soube que Lucas o tinha penetrado, beijando-o em seguida para aplacar a dor que tinha lhe causado. Alex envolveu o tronco largo do primo e espalmou as mãos em suas costas, erguendo as ancas para franquear o cuzinho ao caralhão do Lucas. O primo o penetrava com cuidado, forçando o membro conforme os gemidos que o Alex soltava. Ele sabia que Alex estava sentindo dor, e através das carícias e dos beijos procurava recompensá-lo por entrar em seu corpo com o pauzão obstinado. Jorge também sabia que Alex sentia dor, pois durante as surubas teve a oportunidade de ver que o pau do Lucas tinha um tamanho respeitável e era bastante calibroso, mas mesmo assim Alex estava se deixando machucar, tamanho era seu desejo que o primo entrasse nele. A simbiose entre os dois corpos atados era perfeita, fundiam-se de tal maneira que ao observá-los, Jorge tinha a impressão de serem apenas um. Lucas era gentil e afetuoso, enfiava seu membro profundamente no cuzinho do primo que, gemendo, arranhava as costas largas e vigorosas do Lucas, e se abria, erguendo o quadril para que cacetão do primo entrasse cada vez mais profundo em seu casulo dadivoso. Para abafar os ganidos do Alex, Lucas mantinha dois dedos enfiados em sua boca, obrigando-o a chupá-los e assim dividir seu tesão entre o cu e a boca, ambos acolhendo a tara do primo. Jorge, atrás da porta, mal respirava, o caralhão completamente distendido e rijo, por tanto tempo, já doía, penosamente podendo ser tocado após ter esporrado mais enxurrada de esperma. Segundos antes, ele presenciou os primos chegarem ao clímax e gozarem simultaneamente, um com um ganido, outro com um urro, ambos carregados de prazer e luxúria. Jorge nunca tinha visto nada tão sublime, tão puro envolvendo duas pessoas, e compreendia agora porque aqueles dois primos se gostavam tanto, não era uma paixão amorosa, não era um amor apenas carnal, era algo que transcendia a compreensão e que talvez só eles dois soubessem definir.
O Jorge e o Pedro eram os dois moradores mais antigos da república e, após dois anos da chegada do Alex, eles concluíram seus cursos e voltaram para as respectivas cidades de origem. Lucas não abriu as vagas deixadas por eles, redistribuindo os três quartos de modo que ele e o Alex tivessem seus próprios quartos e o Rafael e o Fernando continuassem a dividir o outro. A dinâmica da casa tinha se mostrado um tanto quanto estressante com tantas pessoas, e o novo arranjo trouxe mais comodidade para todos.
Quase um ano depois de o Jorge e o Pedro terem deixado a república, Alex encontrou numa caixinha onde guardava miudezas, um pen-drive perdido e do qual não se lembrava de havê-lo guardado ali; até porque, não o identificou como sendo seu. Perguntando se por acaso não era do primo, do Rafael ou do Fernando, que negaram pertencer-lhes, deixou-o por três dias sobre a mesa de estudos, até ter encontrado um tempinho para examinar seu conteúdo. Acoplou-o ao notebook e ficou espantado quando viu surgir na tela o rosto do Jorge com uma gravação. Ouviu-a estarrecido.
Dentro de poucas horas meu avião decola e, certamente, nunca mais nos veremos, mas eu não podia partir sem te deixar esta mensagem. Quero que você saiba que naquele dia em que o Lucas e eu fomos te buscar no aeroporto, quando você veio para morar conosco, ao me deparar com o seu olhar e esse sorriso meio tímido que é uma de suas características mais marcantes, eu senti algo que jamais havia sentido antes. Aí você abraçou e cumprimentou seu primo e depois fez o mesmo comigo, abraçou um estranho com um afeto do qual jamais me esquecerei, nem que viva cem anos. Naquele dia eu nem podia imaginar que você era gay, e eu me vi perturbado por estar sentindo aquelas coisas estranhas por outro cara. À medida que as barreiras foram caindo, que você foi se entrosando com a galera, e eles todos respondendo à sua sensualidade e a atração que seu corpo exerce com aquelas pequenas malícias que, aos poucos, foram se tornando cada vez mais explícitas e acabaram nos levando a àquelas surubas, eu entrei em conflito com toda a minha formação, com aquilo que tinham me feito acreditar como certo ou errado, como digno ou como indecente. E, embora você me deixasse com um tesão danado, minha mente me dizia que você era uma criatura guiada pelo pecado e pelo que havia de mais vil na condição humana; que aquilo que você me fazia sentir tinha que ser punido. Quando enfiei minha rola no seu cu pela primeira vez, durante uma daquelas orgias, esse conflito interno se transformou em revolta entre o que eu queria, entre o prazer que você estava me proporcionando e o que minha mente julgava certo. Lembro-me claramente daquele dia, você tinha sido descabaçado pelo Lucas há pouco mais de uma semana, tinha admitido abertamente que era gay, o que levou a galera e pirar quando, no meio da gozação, arrancaram a toalha que estava enrolada na sua cintura ao sair do banho e te encoxaram até todos conseguirem tirar uma casquinha do seu corpão e, em seguida, irem te enrabando um após o outro. Lembro-me de ter sido o terceiro a meter a pica no seu cuzinho, o Pedro afoito foi o primeiro, ele tinha ido buscar no quarto uma cartela de suas camisinhas, que cada um foi pegando à medida que chegava sua vez de te foder. O Pedro tem uma pica normal e, quando coloquei a camisinha, ela era pequena para mim e ficou muito apertada, mas estávamos todos tão ensandecidos pelo tesão que resolvi meter com aquela mesmo. Aí me deparo com seu cuzinho estreito e apertado, primeiro achei que fosse só a camisinha, mas quando estava bombando seu rabo carnudo e macio, percebi que era o seu cuzinho que apertava a minha rola daquele jeito. Quando eu estava socando meu pau bem lá no fundo e teus ganidos estavam me deixando cada vez mais maluco, a camisinha arrebentou e, mesmo com ela arrebentada, eu não tive coragem de tirar o cacete antes de me despejar todo dentro de você. Você não disse nada, não reclamou, e quando o Fernando meteu no seu cu, percebi que você até gostou de estar todo lubrificado com a minha porra, pois parece que a penetração não tinha doido tanto quanto as anteriores. Eu não sabia como chegar em você para te pedir o que estava mexendo profundamente comigo, eu não sabia chegar em outro homem e dizer que queria que ele fosse só meu. Isso foi me atormentando tanto que chegou uma hora, eu vendo você dar o cu para a galera toda, sem perceber o que eu sentia por você, que resolvi literalmente te foder. Foi então que passei a meter em você para te machucar. A primeira vez você aguentou, gritou, penou, mas não reclamou de eu ter arregaçado seu cu. Na segunda, você, no meio dos ganidos de dor, pediu para eu ir mais devagar, eu não só não te atendi, como carquei mais forte e mais fundo te deixando bem machucado. E, na terceira, que foi aquela que acabou gerando a revolta da turma toda, eu queria detonar o teu cuzinho de vez, se ele não podia ser só meu, eu queria implodir ele para ninguém mais desfrutar daquele privilégio. Você me odiou, nunca mais falou comigo, nunca mais me deixou tocar em você, tinha dado tudo errado, eu que já não representava nada para você, acabei me tornando a pessoa que você mais detestava. De certa forma, tenho que te agradecer por isso, pois a partir daí redirecionei meus sentimentos. Esse vídeo é meu pedido sincero de desculpas por tudo que te fiz passar, é também a minha confissão de ter me apaixonado por outro homem, é admitir que não sou uma pessoa tão boa quanto pensava ser. Nossas vidas vão seguir seu curso, enveredar por caminhos muito diversos, mas você Alex, será sempre uma eterna e doce lembrança.
Alex percebeu que estava chorando quando o vídeo terminou, sentiu repentinamente um grande vazio no peito, não estava arrependido de ter rompido a amizade com o Jorge, nem de ter passado a ignorá-lo depois que ele praticamente o estuprou. Estava certo de não querer nada com um homem como o Jorge, que trazia preconceitos e uma formação vedada à diversidade e complexidade dos seres humanos. Talvez aquelas lágrimas estivessem mais ligadas a empatia que sentia pelo Jorge, de saber que ele sofria por ter uma mente tão obtusa e não se arriscar a experimentar novos tipos de relações. Ele quis dar uma resposta àquele pedido de desculpas, precisava que Jorge soubesse que não guardava mágoas dele, apenas decepção. Ninguém mais tinha o número do celular dele, até porque o chip que usou durante os anos de faculdade não era mais o mesmo que usava em sua cidade de origem, ou onde quer que estivesse agora. Procurou entre os colegas e amigos dele que ainda estavam na universidade para ver se conseguia algum meio de contatá-lo, e não encontrou. Até se deparar com uma garota com a qual o Jorge tinha ficado por alguns meses; ela tinha um endereço, o da casa dele em Bagé no Rio Grande do Sul, para onde ele a havia levado num feriadão prolongado. Alex cogitou escrever uma carta, ninguém mais escreve cartas hoje em dia, pensou, vai parecer ridículo, mas sem outra opção, resolveu escrevê-la.
Oi Jorge!
Há três dias encontrei o pen-drive que você me deixou, acabei de rever o vídeo pela segunda vez. Não sei muito bem o que dizer, ainda mais me valendo de um recurso de comunicação tão ultrapassado que, nem mesmo sei se um dia vai chegar às suas mãos. Nosso relacionamento não deu certo, não fomos capazes de encontrar sua essência, talvez por isso ele não se materializou. Independentemente do que aconteceu, eu quero que você saiba que a primeira vez que o vi, ao chegar ao aeroporto de Maringá, e que nossos olhares se cruzaram, pensei ter encontrado o homem dos meus sonhos. Todo gay sonha com um homem, o tem bem definido em suas fantasias, e o meu se materializou naquele dia em você. Sabendo que ia conviver pelo menos os próximos dois anos ao seu lado, fiquei imaginando como faria para que você soubesse que era gay, que te achava um tesão de homem e que queria perder minha virgindade em suas mãos, quando eu nunca antes me vi nessa situação. De um modo ou de outro, vocês iriam acabar descobrindo a minha homossexualidade, por isso resolvi me abrir com o Lucas, um primo com o qual até então tinha tido pouquíssimo contato. Ele foi de uma sensibilidade e carinho tamanhos que sem premeditar, mas por dividirmos o mesmo quarto, uma noite acabou rolando um clima e eu me entreguei a ele. Foi mágico, foi o melhor dia da minha vida, ele foi carinhoso, levou meu corpo a sentir emoções com as quais jamais havia sonhado. Não havia paixão entre nós, havia cumplicidade. Eu nunca vi o Lucas como o cara com quem queria viver o restante dos meus dias, mas como o cara que saberia dividir comigo a iniciação da minha vida sexual. Continuava, porém, o dilema de como chegar em você, um cara que curtia garotas, que mantinha relações sexuais simultâneas com pelo menos meia dúzia delas e não fazia segredo disso. Eu ainda sou tímido e discreto demais para ousar chegar num cara e confessar que estou a fim de transar com ele, que quero que ele seja meu homem, quanto mais naquela época. Quando a turma começou com aquelas gracinhas, insinuando e propondo aquelas surubas, eu não dei uma de puritano, achei que estava ali uma chance de você me descobrir. A nossa primeira vez, que você menciona no vídeo, apesar de ter acontecido diante de todos, de não haver privacidade e nem intimidade só para nós dois, foi tão maravilhosa que eu cheguei a pensar que depois dela você ia chegar em mim e que nos envolveríamos sentimentalmente. Quando a camisinha arrebentou e eu comecei a sentir todo aquele teu sêmen encharcando meu cuzinho, o primeiro esperma de um homem nas minhas entranhas, foi como se você estivesse me dando a si próprio como um presente. Eu o guardei dentro de mim por quase um dia e, a cada passo que dava, aquela umidade formigando na minha ampola retal me recordava da sua pele roçando a minha, do cheiro de seu suor quando seu peito suado se debruçou sobre as minhas costas, do seu hálito quente arfando na minha nuca enquanto seu pau entrava e saía esfolando e rasgando meus esfíncteres. Naquele dia eu tive certeza de que você ia ser meu homem para todo o sempre. Mas então, você foi mudando, foi me mostrando um lado seu que me desprezava como pessoa pelo que eu era. Você foi ficando cruel, a ponto de eu começar a ter medo de você e do que poderia fazer comigo, pois todas as tuas ações tinham o objetivo de me ferir, emocional e fisicamente. Naquele dia em que eu gritava e suplicava para você parar de me foder daquela maneira bruta, quando você rasgou não só as minhas pregas anais como as minhas entranhas, eu percebi que precisava colocar um fim naquilo, ou você um dia, num momento de insanidade igual aquele, ia acabar me matando, tamanha era a ira que sentia por eu ser gay. Dali em diante, você não fez outra coisa que não me mostrar que eu estava certo ao pensar assim. Eu não guardo mágoas de você, desejo sinceramente que encontre a felicidade ao lado de uma mulher e que consiga formar uma família legal. Nossa experiência não foi aquilo com que sonhei, mas também jamais vou te esquecer, você não era o homem certo, porém acabou me ensinando que existem homens com os quais se deve ter muito cuidado, homens que podem nos ferir profundamente e nos levar a desacreditar da bondade e carinho de outros, como o Lucas meu primo ou como o Marcelo com que continuo me relacionando.
Alex sabia que ia guardar aquele pen-drive por toda a vida, ele simbolizava muita coisa, nem de todo boa, nem de todo má, mas fazia parte de sua história. Jorge recebeu a carta, releu-a inúmeras vezes, sentiu os olhos marejarem em quase todas elas. Lamentou não ser quem Alex esperava, mas iria guardar aquela carta até o último de seus dias, eram apenas duas folhas manuscritas numa letra inclinada e delicada, porém, refletiam uma parte boa de si mesmo.