6. O veneno do ciúme
Sou a Salva. Na verdade, meu nome é Salvadora, por culpa de uma promessa que minha mãe fez. Mas eu detesto esse nome e sempre me chamaram de Salva. Sou a filha caçula de duas. Tenho uma irmã que se chama Glaise. Sou carioca, criada em botafogo, estudei em boas escolas, como o Colégio Metodista Bennet, e sempre tive um grupo muito grande de amigos e amigas. Tive uma infância normal de menina de classe média da zona sul, e no Rio de Janeiro, nossa educação era bem normal, sem muita repressão, embora meus pais fossem pessoas simples e até muito liberais para a época. Até meus dezessete anos, só tinha namorado três garotos, quase todos da minha idade e da nossa turma, e eram namoricos inocentes, para escrever nos nossos diários. Mas, no carnaval do ano em que eu completaria dezoito anos, conheci um rapaz um pouco mais velho, já tinha mais de vinte anos e era simplesmente lindo. Ele apareceu na nossa turma da praia, porque perto do ponto onde nos reuníamos em Ipanema, havia uma rede de futevôlei e ele era bom naquele jogo e um conhecido o levou lá para fortalecer o time. Ele era sorridente, brincalhão, divertido, e logo conquistou a simpatia da turma. Foi assim que ele passou a frequentar aquele grupo nosso na praia. Era estudante de jornalismo.
Mesmo tendo ficado encantada com ele, muitas garotas logo se jogaram para o lado dele, oferecidas, então eu me mantive mais distante, não puxei muito papo, e apenas notava que às vezes ele me olhava, atento. Ele tinha olhos claros muito bonitos e um sorriso cativante. Percebi que algo em mim atraía a atenção dele. Eu tenho pés pequeninos e delicados, calço 34, não sou alta, e eu notava que ele olhava muito para os meus pés, e olhava para outras partes também (risos). Ele tinha um olhar destemido e assumido que me deixava logo atraída.
Eu não tinha uma beleza de bonequinha, as garotas de Ipanema eram famosas por seu charme e beleza, mas eu era uma moreninha normal, de beleza mais brejeira, demonstrava minha origem misturada, bem brasileira. Tenho olhos grandes de cílios longos, nariz pequeno e boca bem desenhada de lábios sedutores. Meu rosto é harmonioso. Nunca me achei linda, mas havia quem achasse. Eu sempre gostei de usar biquínis pequeninos, sem forro, que marcavam tudo, pois sabia que isso era provocante. Eu gostava de ver o desejo no olhar dos homens. Isso eu já tinha desde pequena. Essa era uma característica que eu sabia ter desde menina, me agradava muito notar que era admirada, e depois, já mais adolescente, desejada. Por isso eu não ligava para usar sutiã, nem tinha vergonha de deixar meus seios médios de mamilos castanhos serem cobiçados. Eu sabia que eram bonitos e tentadores e os exibia em blusas bem decotadas ou justas.
Sempre fui uma mulher muito segura da minha feminilidade, sempre gostei do sexo, e a excitação e a libido para mim eram algo irresistível.
Muitas vezes, na praia, fiz topless quando a praia estava mais vazia. Nesse ponto eu nunca tive nenhum tipo de timidez e percebi que o Sidney, como o chamavam, me cobiçava discretamente, mas sem dar muito nas vistas.
Um dia, na manhã de um sábado, quando eu estava voltando de um banho no mar, ele observava meu caminhar e como não havia outros conhecidos perto eu perguntei o que ele olhava tanto nos meus pés. Ele abriu um lindo sorriso, e disse na maior simplicidade:
— Eu não sei explicar. Mas me sinto atraído por seus pés, acho que são lindos, delicados, femininos e muito sensuais. Eles tem um charme próprio.
Agradeci e perguntei:
— Fico satisfeita, pelo menos meus pés não desapontam. Qual o seu nome?
Ele continuava sorrindo:
— Meu nome é Sidney, Sidney Lobato Mendes Garcia, uns me chamam de Lobato, outros de Sidney.
Ele deu uma pausa e completou:
— Os seus pés são o fecho de ouro para o pacote mais perfeito de mulher que eu vi no Rio de Janeiro. Palavra de fotógrafo.
Achei graça daquilo, ser chamada de pacote de mulher, mas gostei de ouvir:
— Quer dizer que fui reduzida a um pacote de mulher?
Ele confirmava sorrindo:
— E que pacote! Quantas não sonham em ser assim? Papai Noel foi generoso comigo este ano. Veio entregar o presente na praia do jeito que eu gosto. Com pouca roupa e um jeito irresistível de bailarina.
Na hora eu até fiquei admirada, achei graça pois ele era ousado, e não liguei para a petulância dele:
— Bailarina? Como sabe?
— Eu sou fotógrafo, e fotografo mulheres, estudo as mulheres nos seus mínimos detalhes, e percebi pelos seus movimentos, posturas e gestos, que deve fazer dança. Só uma bailarina caminha como você, e se movimenta com essa graça.
Foi nesse momento que ele começou a me parecer ainda mais atraente. Eu de fato tinha estudado balé quando pequena e como não era alta, na adolescência fui encaminhada para a dança moderna que fiz por alguns anos. Só quem conhece mesmo o movimento de uma dançarina, educado ao longo de muito treino, poderia reconhecer aquilo só observando meus gestos na praia.
Eu fiquei calada, ali na beira da água, olhando para ele, e como ele era mais alto, eu olhava de baixo para cima. Ele falou:
— Você é uma garota muito bonita. Dose condensada de beleza. O frasco é pequeno, mas o perfume é imbatível. E diferenciada. É dona do seu nariz, sabe o que quer e se dá valor.
— Como sabe tudo isso?
— Faz dias que eu a observo.
Eu estava a cada momento mais admirada. Nem podia imaginar que ele tinha aquela atenção toda comigo, e isso me tocou. Agradeci e me sentia feliz. Ele parecia estar também.
Ficamos ali na areia conversando, um bom tempo, e naturalmente, passamos a caminhar na beira da água, aproveitando para nos conhecermos melhor. Andamos o trajeto da praia quase toda. Até o Jardim de Alá, que separa Ipanema do Leblon, e depois retornamos até no Píer. Naquela época estavam construindo o emissário submarino. Naquele dia eu fiquei entusiasmada pois tive a chance de conhecer melhor aquele homem atraente, gostoso, inteligente, simpático, brincalhão, e que parecia muito sincero. Desde aquela manhã, na praia, passamos a nos encontrar mais, primeiro na praia, depois quase todos os dias, no final do dia, para tomar sorvete, conversar, passeios na orla de Copacabana, ir ao cinema em Botafogo, e em duas semanas estávamos quase inseparáveis. Assim começou um namoro que foi inesperado, mas passou a ser cada dia mais intenso.
Eu continuava a me vestir de forma ousada, sensual, minissaias, miniblusas, vestidinhos curtos e decotados, quase sempre sem sutiã. Eu sabia que ficava provocante. E o Sidney dizia que adorava me ver daquele jeito, que eu andava de forma muito sensual e isso era irresistível. Eu gostava de ver que ele incentivava.
Aos poucos fomos procurando oportunidades de ficarmos sozinhos em lugares discretos onde podíamos dar uns amassos. Mas até na praça Nossa Senhora da Paz, a gente se agarrava bastante. Passeávamos por toda a Zona Sul e namorávamos de forma cada vez mais íntima e arrojada.
Um mês depois, ou pouco mais, eu estava muito tarada, queria sexo de verdade, e decidida que ele seria o primeiro homem com quem faria sexo na minha vida.
Eu fizera dezoito anos, já tinha namorado com o Sidney em momentos bem tórridos, íntimos, no carro, na água do mar, na “corrida de submarinos” que é como a gente chamava estacionar o carro na frente do calçadão, no Leme ou em Ipanema, para ficar namorando. Eram muitos carros estacionados que faziam o mesmo à noite. Eu o masturbava, depois aprendi a chupar e fazê-lo gozar para eu engolir. Era alucinante aquilo. Mas, mesmo já tendo masturbado e chupado, e sendo também chupada e masturbada até gozar deliciada, eu ainda era virgem.
Então, já maior de idade, fomos ao apartamento emprestado por um amigo dele, para termos a privacidade necessária e naquela noite eu me entreguei a ele completamente.
A primeira vez é sempre muito marcante para nós mulheres, eu creio, e comigo não foi diferente. Eu tenho uma bocetinha muito pequena, apertadinha, que o Sidney chamava de bocetinha de corça. Ele devia conhecer, eu não, mas me excitava aquela comparação. Já o pau dele me parecia bem grande, grosso perto da minha xoxotinha. Só que eu estava decidida, e dei para ele forçando para que me deflorasse. Perdi a virgindade com um pouquinho de dor e muito mais tesão, e gostei muito, fizemos sem pressa, e desfrutando de tudo com grande entrega. Aquela noite foi para sempre. E selou nossa parceria. O que mais me marcou é que ele estimulava minha libido, me excitava, mas esperava que eu tomasse a iniciativa de forçar a penetração dele. Ele sussurrava no meu ouvido:
— Você quer sentir o pau dentro da sua xaninha? Quer dar essa bocetinha de corça? Sua taradinha!
Eu ficava muito tarada mesmo e queria ser fodida sem receio. Isso ajudou.
Depois disso a gente fazia sexo todos os dias e até mais de uma vez. Fui ao médico que me receitou as pílulas e aquilo me libertou do medo de engravidar. Foram cinco anos de namoro fantástico. Éramos inseparáveis, sempre juntos e em clima de entusiasmo constante.
Sidney me ensinava sexo com dedicação, e ele era muito experiente, tinha cabeça bem aberta e explicava que eu deveria perder o condicionamento de uma sociedade cheia de moralismo e puritanismo. Assim, aprendi a gostar de sexo e a ser uma excelente amante. Sem vergonha ou timidez.
Um mês depois de perder a virgindade eu acabei aprendendo a dar o meu cuzinho, e o Sidney fez de um jeito tão provocante, tão envolvente, que eu gozei muito e até gostei de sentir um pouco de dor. Mas depois o prazer foi incrível. Só saber que estávamos fazendo sexo não convencional, por vias alternativas, já nos deixava mais do que tarados.
Me recordo de uma vez que fomos de ônibus para uma viagem de final de semana a São Paulo, sentamo-nos bem no fundo, nas últimas poltronas, e nosso tesão era tanto que eu sentei no pau do Sidney boa parte da viagem, com a saia erguida, sem calcinha e coberta com uma mantinha. Acho que gozei umas cinco vezes na xoxota e uma no cuzinho ao longo das seis horas de viagem. Eu tinha que enfiar a cara numa almofadinha para poder gemer sem fazer barulho e não chamar a atenção dos passageiros que dormiam ali perto. Desci do ônibus mais tarada do que quando entrei. E na volta foi a mesma coisa.
Nós também éramos muito liberais, e na nossa turma de amigos, costumávamos ir acampar juntos no sítio de um dos colegas, tomávamos banho de cachoeira todos nus, uns respeitando os outros. Com o tempo fazíamos nudismo a maior parte do tempo. Eu notava olhares de outros amigos, mas o Sidney me dizia para relaxar, pois era impossível olhar para mim e não me desejar. Aos poucos fui ficando mais desinibida ainda e adorava aquela sensação de provocar e ser desejada. E depois de algum tempo a gente até praticava sexo no escuro, no mesmo quarto, na presença de outros casais amigos, que faziam o mesmo, e todos se divertiam sem perder o respeito. Assim, entre os casais amigos tínhamos muita intimidade, liberdade e companheirismo. Para nós, sexo era totalmente natural e integrado na nossa vida, e ninguém se incomodava com os outros. Esse era o clima liberal da nossa turma.
Sidney se formou em jornalismo, estava progredindo na carreira, trabalhava em uma empresa que o valorizava, e ele crescia na profissão. Já três anos depois que namorávamos ele havia adquirido um apartamento de dois quartos, e tudo indicava que seria um profissional muito bem-sucedido. Viajava cada vez mais regularmente, para fazer matérias e reportagens.
Ele sempre foi um sujeito muito simpático com todos, brincalhão, descontraído, e isso atraía gente de todos os lados. As mulheres sempre o assediavam muito. E eu, a namoradinha, fui aprendendo com ele tudo o que eu podia saber sobre sexo. Eu gostava muito de aprender e nunca tive restrições.
Mas já no final do quinto ano do namoro, a gente quase que morava junto, passava finais de semana com ele e só durante a semana dormia na minha casa.
Com as ausências dele eu me sentia meio secundária. A minha formatura, marcou o momento em que eu ia começar a trabalhar na minha área, antes eu era secretária executiva, mas havia me formado em história e graças a uma indicação de um chefe poderoso no governo, pretendia trabalhar numa das instituições voltadas ao patrimônio cultural. Mas era um emprego de iniciante.
Eu me sentia meio inferiorizada em relação ao crescimento profissional do Sidney, o que ele fazia era motivo de admiração de todos, e eu meio burocrática. Me via sozinha muitos dias da semana quando ele viajava para fazer reportagens, ou documentações fotográficas, eu andava enciumada, sem na verdade ter um motivo concreto. Aos poucos fui ficando irritadiça com ele, queria sair e ele era mais caseiro, queria receber amigos e ele queria descansar e ficar mais recolhido. Passamos a nos desentender por coisas pequenas, mas não brigávamos, só trocávamos ideias e pontos de vista contrários. E eu fui me tornando uma pessoa insegura. A sensação que eu tinha era de que ele se divertia nas viagens com outras mulheres. Sidney era sensual, transpirava testosterona, eu não acreditava que ele não fazia nada por fora. As mulheres sempre se fazendo de oferecidas.
A moça que antes eu era, arrojada, intrépida, e destemida, se sentia fragilizada, e com medo de que nossa relação se deteriorasse, e ele me traísse a ponto de me abandonar. Até porque as mulheres andavam cada dia mais assanhadas para o lado dele.
Como ele fotografava muito bem, muitas o procuravam para fotos e ensaios. Eu tinha visto atrizes e modelos famosas marcando sessões de ensaio com ele. Aquilo me deixava enciumada e com raiva. Mas não me metia nos assuntos de trabalho. Ele tinha cada vez o tempo mais tomado por trabalhos e viagens.
Não durou muito tempo e estávamos nos desentendendo com facilidade e tínhamos algumas discussões. E o Sidney não gostava de brigas, discussões de relacionamento, ou cobranças. A coisa foi piorando. O resultado é que em uma noite de discussão por uma implicância minha, eu queria fazer um determinado programa, ir a uma festa, e ele havia chegado cansado de um trabalho e não queria. Bastou eu ficar infernizando com minhas cobranças por meia hora e ele disse que eu podia ir à festa. Ele não iria. E não queria mais continuar nosso namoro. Estava no limite, e não me reconhecia mais como a namorada de antes.
Eu não acreditei, fiquei em choque e como era arrogante, me achava o máximo, não dei o braço a torcer, achei que ele voltaria atrás. Pedi que me deixasse em casa. Eu saí do carro e entrei no meu prédio sem dar mais conversa para ele. E ele se foi.
Passada uma semana eu já estava muito arrependida de ter saído do carro. E nos dois meses que se seguiram, como ele não me procurou mais, eu entrei em crise depressiva.
Sidney prosseguiu a sua vida, fazendo suas viagens, seu trabalho, estava sempre acompanhado de mulheres dispostas a oferecer a ele o que ele desejasse, e eu sozinha, emagrecendo, sem fome, sem energia para reagir, e sem humildade para reconhecer que havia errado.
As amigas da turma me contavam que viram o Sidney em bares, acompanhado de mulheres belas e muito safadas. Aquilo me corroía.
Até a minha mãe, que adorava o Sidney me criticou, dizendo que eu era muito chata, e ele teve razão de sair fora. Falou que eu era uma caçulinha mimada, sempre tivera tudo fácil, e achei que ele iria se curvar. Mas não curvou.
No terceiro mês eu pensei seriamente em me matar. Estava tão deprimida que não tinha mais nem coragem de sair de casa. Tomei excesso de remédios e quase empacotei. Minha mãe me descobriu caída no banheiro quase sem pulso, e me levou ao hospital. Tive que pedir um atestado médico e ficar uns dias em tratamento intensivo de repouso com medicamentos de tarja preta. Sidney estava viajando e nem ficou sabendo. Pedi que não contassem a ele.
Recebi então a visita de uma grande amiga nossa, que era mais velha, e mais experiente. Ela gostava mesmo da gente e me deu um chá de porrada numa fala franca e direta. Contou que o Sidney estava passando o rodo na mulherada toda da praia, saía com uma a cada noite, só se divertia, mas não estava feliz. Mas que do jeito que eu estava ele nunca mais iria se interessar. Eu tinha que me levantar, me erguer, ficar bonita, bronzeada, e atraente, e ir atrás dele. Ela era muito amiga dele também e sabia que o Sidney ficara muito triste com a nossa separação. Mas não ia desistir de ter uma relação de liberdade e de confiança. Só assim ele voltaria.
Eu não tinha mais como escapar, coloquei o orgulho no lixo, me arrumei e passei a me cuidar de novo, fiz um pouco de academia, voltei a dançar, frequentava outra praia, para não ter que me encontrar com o Sidney, e aos poucos, fui ficando com boa autoestima de novo. Estava até mais atraente e gostosa do que antes. E como sempre apareciam as paqueras, eu voltei a me sentir desejada.
Até que quando completou seis meses da nossa separação, eu já tinha três meses de recuperação, havia voltado ao peso ideal, estava novamente bonita, bronzeada, e atraente, e resolvi ir à praia de Ipanema, no ponto onde todos os amigos frequentavam. E lá me encontrei com o Sidney, que me tratou bem, simpático, mas meio distante. Chamei-o para caminhar na praia, conversar, e deixando de lado todo e qualquer tipo de soberba ou orgulho, contei a ele que estava mal, que sentia muita falta, que era apaixonada por ele, e que havia sofrido demais. Expliquei que havia revisto as questões que nos separaram e estava disposta a ser diferente. Eu não ficara com ninguém, nem tinha disposição, e queria muito reatar nossa relação. Para minha surpresa, com muita calma, ele disse que gostava muito de mim e havia sofrido também. E completou explicando sua visão.
Como ele sabia que nada havia feito de errado, que meus ciúmes eram infundados, não aceitou minhas cobranças, pois não queria uma relação em que houvesse a menor sombra de desconfiança. E essa era a sua condição para uma relação séria. Confiança e transparência.
Eu concordei e perguntei se ele estava disposto a me perdoar e se poderíamos reatar.
Sidney me abraçou, me deu um beijo muito gostoso e disse que se eu prometesse não entrar em paranoia novamente, tentando separar o que ele fazia profissionalmente da nossa vida, ele estava disposto a reatar. Eu fiquei muito eufórica, e naquele dia mesmo, expliquei que achava que estávamos há cinco anos, juntos, já tínhamos nossa profissão definida, e poderíamos decidir vivermos juntos e até nos casarmos.
Sidney não contestou, apenas disse que dentro de um mês daria uma resposta, pois iria analisar a situação.
Um mês depois ele aceitou. E naquele ano mesmo, depois de dar entrada nos papéis e esperar prazo legal, nós nos casamos na casa de uma tia minha, apenas na presença de familiares e amigos muito íntimos.
Fomos morar no apartamento dele que redecoramos e terminamos umas mudanças que eu quis realizar, reformando o banheiro e melhorando a cozinha. E depois de dois dias de lua de mel num resort na praia, nós vivemos um ano maravilhoso de um casamento de sonho.
No primeiro mês eu tratei de dispensar a diarista que já trabalhava para o Sidney havia uns anos. Eu queria ser a única mulher a decidir as coisas ali, ela era meio teimosa, se sentia a dona do pedaço, e me dediquei a brincar de casinha e a ser um modelo de esposa. Contratei diarista nova que não nos conhecia de antes.
Na nossa casa sempre havia do bom e do melhor. Jantar com bons vinhos, eu fazia sempre pratos diferentes, receitas novas, e quase sempre recebíamos amigos para jantar, ou para conversar. Nosso apartamento funcionava como um clubinho dos amigos. Como o Sidney trabalhava muito, e viajava bastante, ele não se incomodava tanto com isso, e até achava bom pois eu não ficava sozinha. Mas depois de uns oito meses, ele começou a se incomodar, pois ele chegava de viagem cansado e nossa casa sempre tinha visitas, amigos, jantares, almoços nos finais de semana. Quando não éramos nós os convidados de outros casais amigos. Nossa vida social era agitada e o Sidney, que gostava de ler, de ficar ouvindo música sozinho, de ver filmes, se incomodava com essa agitação. Lentamente, começava um processo de desgaste da nossa relação, quase imperceptível, mas à medida que o Sidney se recusava a sair, a visitar amigos, a fazer vida social, eu fui ficando meio frustrada. Nossa harmonia foi sutilmente abalada.
Isso reduzia minha disposição de fazer sexo, o que para ele era muito importante. A menina mimada que eu era se sentia contrariada novamente.
Eu fui ficando novamente com ciúme do meu marido, que todos adoravam, que todos gostavam, que as mulheres desejavam, que os amigos elogiavam, e eu me sentindo mais apagada ou em segundo plano. Era a minha cabeça. Uma neurose, mas eu não via. Até que depois do final ano, decidimos alugar uma casa no litoral do Rio de Janeiro, dividindo a locação em quatro casais, pois a casa tinha quatro quartos, sendo duas suítes, e mais dependências que dava para abrigar a turma de amigos que sempre aparecia para passar o final de semana. Era para ser umas férias de recuperação das energias, descansar, e reatar nossa sintonia. Mal eu sabia que era ali que a coisa iria pegar e pegar bem feio.
Continua
Meu e-mail: leonmedrado@gmail.com
NOTA DO AUTOR: Esta história é parte integrante de meu próximo romance a ser publicado em breve. Trata-se de uma história de pessoas reais cujos nomes foram alterados propositalmente. Portanto, direitos reservados e história exclusiva. Não é permita sua reprodução. Vou publicar aqui algumas partes, até onde acho que é conveniente. Não deixarei a história em desfecho. Faz parte da divulgação de minha próxima obra.
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