O gay e o quarto do terror
D* é uma pequena cidade de pouco mais de doze mil habitantes na costa nordeste dos Estados Unidos. Foi lá que nasci e cresci, e onde cursei o senior year of High School, ou seja, a transição entre a antiga vida estudantil e a entrada numa universidade ou emprego. Sendo filho único, minha família é pequena e se preparava para se mudar para a França. A multinacional para a qual a empresa em que meu pai trabalhava como engenheiro o havia contratado para desenvolver projetos na subsidiária francesa, o que fez com meus pais passassem até alguns meses seguidos na França, enquanto eu permanecia na cidade para concluir meus estudos. Minha mãe muitas vezes o acompanhava nessas longas ausências. Como artista plástica, ela queria que seu atelier ficasse em nossa própria casa, o que demandou reformas na propriedade que meu pai adquiriu, e que ela fazia questão de acompanhar de perto para garantir que tudo saísse conforme seus projetos. Como eu era um rapaz independente e ajuizado segundo a avaliação deles, não ficaram muito preocupados em me deixar sozinho. O bairro no qual nossa casa se localizava era tranquilo, na rua todos os vizinhos se conheciam e sempre reinou um clima de camaradagem entre eles. Mais um motivo para meus pais estarem convencidos de que eu estava seguro. Nossos vizinhos mais próximos eram Mr. e Mrs. McBride, um casal idoso pelo qual meus pais tinham muito afeto, e que sempre me trataram como se eu fosse neto deles. Há dois anos a senhora McBride faleceu, deixando o senhor McBride sozinho aos oitenta anos.
Pouco antes do verão que antecedeu o início do meu último ano letivo, Sam, um neto dos McBride de cuja existência nunca soubemos, veio morar com o avô viúvo que, após a perda da esposa, claudicava bastante ao caminhar e tinha passado a depender de uma bengala para fazê-lo, além de padecer de uma surdez que vinha avançando e dificultando sua comunicação. O Sam havia se transferido para o colégio em que eu estudava a tempo de participar do nosso último acampamento de verão, uma tradição entre os alunos do senior year mantida há anos, e que serviu, de certa forma, para que ele se entrosasse com a turma. Não que esse entrosamento tivesse sido grande coisa, pode-se dizer que serviu mais que se fizesse conhecido, pois ele não parecia um sujeito sociável, preferindo sua própria companhia à dos outros, mantendo-se reservado e falando pouco.
Os alunos do último ano da Rocky Hill High School formavam duas turmas, A e B, cada uma com cerca de 30 rapazes e moças, o Sam e eu fomos alocados na turma A assim que o ano letivo começou. Foi quando efetivamente começamos a ter algum entrosamento. No colégio havia quatro caras gays, eu era um deles, e uma garota lésbica. A direção, assim que percebeu os problemas com o bullying passou a organizar encontros, palestras e dinâmicas para contornar a situação. Na prática era mais uma forma de angariar pontos junto à comunidade e se mostrar progressista em relação às questões sociais do que propriamente um desejo real de solucionar o problema. De qualquer forma, pelo fato das punições para quem praticasse bullying serem bastante rígidas, inclusive com expulsão e denuncia às autoridades policiais, a prática reduziu bastante e só era feita quando os agressores tinham plena certeza de que ninguém a estava presenciando.
Eu era considerado um garoto popular no colégio, tinha livre trânsito entre quase todas as rodinhas, exceto à galera do Phil e seus asseclas, um bando de parrudos considerados os bad boys do pedaço. Eles se destacavam nos esportes, eram o sonho de consumo das garotas, especialmente das patricinhas, mas eram os asnos nas disciplinas e no convívio social. Houve um tempo, em anos anteriores à repressão ao bullying, que eu os temia, pois já havia sido vítima de seus descalabros. Boa parte da minha popularidade se devia ao fato de eu ser um dos membros do corpo estudantil que redigia o jornal escolar, o que também levou a gangue do Phil a me poupar, depois que fiz sérias acusações contra o comportamento agressivo deles. Outra coisa que talvez também tenha feito com que me deixassem relativamente em paz, foi que alguns carinhas igualmente atléticos e parrudos, me curtissem justamente por eu ser gay e considerado um cara muito bonito.
Embora sentisse tesão por alguns dos rapazes, eu não tinha pressa alguma em perder a virgindade, queria que esse momento fosse especial, com um carinha pelo qual estivesse apaixonado e que correspondesse a esse sentimento. Desde que me descobri gay, romanceava com isso, fruto de uma porção de filmes com temática gay que costumava ficar assistindo repetidamente. Não foi um grande problema me assumir, meus pais já desconfiavam da minha natureza tímida, da maneira doce e cuidadosa como eu tratava nossos dois cachorros ou qualquer outra criatura, do meu total desinteresse por esportes violentos, das minhas amizades predominantemente femininas, embora minha compleição física com uma musculatura bem definida e meu comportamento nunca denunciassem minha homossexualidade. A revelação se deu justamente por conta de uma matéria que eu estava me propondo a escrever para o jornal da escola. Meus pais me flagraram pesquisando a internet e me questionaram quanto ao interesse por esse assunto.
- É que eu acho que também sou gay! – respondi com naturalidade, deixando ambos espantados
- Como assim, acha que é gay, Dan? – perguntou minha mãe
- Eu gosto mais de rapazes do que das garotas. – afirmei
- Mas você vive cercados delas! – observou meu pai.
- Eu me identifico com jeito delas, é isso. Não que eu queira me parecer ou ser uma delas, mas é mais fácil me relacionar com garotas do que com garotos. – esclareci.
- Isso não quer dizer que você seja gay! – exclamou meu pai
- Mas o fato de eu sentir atração física pelos rapazes pelados no vestiário do colégio, é. – argumentei.
- Você já teve algum contato físico com algum desses rapazes pelos quais se sente atraído? – questionou minha mãe, visivelmente perturbada com essa possibilidade.
- Claro que não, mãe! Eu nunca transei com ninguém ainda, se é isso que você quer dizer com esse tal de “contato físico”. – asseverei. Ambos me encararam tentando não rir. – E podem ficar tranquilos que, quando isso estiver para acontecer, se é que vai acontecer e, daqui a um século, eu aviso vocês! – completei.
- Ficamos felizes com a sua sinceridade! Seja lá o que você quiser da sua vida, Dan, nós estaremos sempre aqui para te apoiar, ok! – disse meu pai.
- Eu sei! Eu amo vocês!
Apesar do Sam ser um cara meio esquisito, eu até simpatizava com ele, o que em nada ajudou para nos tornarmos amigos. Ele era invocado, usava umas roupas muito largas, meio fora de moda, que escondiam seu corpo parrudo, o que só se constatava nas aulas de educação física ou no vestiário onde cheguei a flagrá-lo completamente nu debaixo das duchas, e confirmado que ele era dono da maior pica do colégio. O jeito com o qual ele se vestia dava-lhe uma aparência desleixada, as barras das calças sempre estavam emboladas sobre os tênis, ou puídas por arrastarem no chão, as camisetas às vezes estavam do avesso, as mangas das jaquetas e blusões cobriam suas mãos, sem mencionar os cabelos que pareciam ter algum tipo de ojeriza a uma escova ou pente, embora eu, particularmente, achasse que era justamente naquela cabeleira desalinhada que residia um pouco do charme que eu via nele. Nem o Phil, os caras da gangue dele, o Alex, Todd e Jeff que eram os rapazes mais corpulentos e com os maiores cacetes do colégio chegavam a ter rolas daquele tamanho. Durante o acampamento de verão que se deu numa reserva estadual em meio à natureza, eu fui dos poucos que tentou se aproximar dele para socializar, e confesso que não fui muito bem-sucedido nessa empreitada. Ele se mostrou arredio com todos, dava respostas curtas às perguntas e preferia as atividades nas quais não precisava interagir com os demais. Na época meus olhos já brilhavam pelo Jeff, ele era o mais sério candidato a quem eu concederia minha virgindade. Ele e o Alex faziam parte daquele grupinho de caras que discretamente demonstrava interesse pelos gays da turma, junto com o Steve e o Ross que se relacionava com o Tom sem esconder esse relacionamento. Tanto o Jeff quanto o Alex e o Steve, estavam numa espécie de disputa para ver quem tinha mais chances comigo, era um assédio gentil, atrevido muitas vezes, mas respeitoso e eu gostava da companhia deles.
O Sam e eu seguíamos para o colégio a pé, cobrindo os poucos quarteirões entre as nossas casas e a escola quase sempre sem falar muito. Eu era mais tagarela, ele era de ouvir e dar respostas curtas, ou fazer algum comentário sobre assuntos banais. Mesmo assim, eu sentia que ele muitas vezes tinha vontade de falar mais sobre si, de receber mais atenção da minha parte ou algo no gênero. Porém, eu estava dando o melhor de mim, mostrava um interesse verdadeiro por uma amizade, até porque gostava muito do avô dele e por sermos vizinhos. Contudo, havia uma barreira mais imposta por ele do que por mim, que mantinha aquele relacionamento insosso.
D* não tinha grandes atrativos para a juventude se divertir, uma ou outra lanchonete mais descolada, uma velha mina de prata desativada quando deixou de ser produtiva há mais de um século e meio e cujas terras, na qual estava instalada, nas cercanias da cidade, estavam sob disputa judicial e serviam de ponto de encontro para casais que buscavam um refúgio para transar sem serem importunados, três cinemas e alguns bares com máquinas de jogos onde muitos iam com identidades falsas para poderem consumir a melhor cerveja da região. Apesar de conhecer todos esses lugares, eu era um cara caseiro, preferia trazer alguns amigos para casa e ficar assistindo filmes e séries no streaming ou jogando videogame, isso quando não era convidado por algum deles para a mesma finalidade em suas casas. Num dos extremos da cidade também havia um grande lago cujas margens eram bastante disputadas durante o verão por boa parte da população, e para onde eu costumava ir de bicicleta com meus amigos, aproveitando suas águas para nadar e dar uns mergulhos.
Foi numa dessas tardes quentes já no final do verão quando as aulas já haviam começado que eu presenciei uma atitude inesperada e explosiva do Sam. O grupinho com o qual combinei de ir ao lago era composto de quatro garotas do colégio, do Alex, Jeff e Steve. Pouco antes de sair de casa, fui bater um papo com o senhor McBride que estava na varanda da casa dele desfrutando da tarde abafada. Apesar da grande diferença de idade, eu sempre tinha assunto para conversas longas com ele e com a senhora McBride quando era viva. Eu gostava de ouvir as histórias que eles me contavam sobre suas inúmeras viagens ao redor do mundo, e eu até conseguia me ver naqueles lugares que eles descreviam como se estivessem novamente diante daquelas paisagens. Depois de alguns minutos, o Sam apareceu e veio se sentar conosco na varanda.
- Estou saindo para um passeio até o lago com uns amigos, quer vir com a gente, vai ser bem legal? – convidei.
- Não estou muito afim! – respondeu o Sam com seu jeito seco
- Vá com eles, Sam, você fica enfiado no seu quarto quase o tempo todo, isso não é bom para um rapaz da sua idade. Na minha época era difícil meus pais me segurarem dentro de casa, precisavam me dar bronca. – disse o senhor McBride
- É legal, você vai ver! Tem um trapiche do qual se pode saltar na água, é bem divertido! – insisti
- Deve ser um saco! Quem mais vai? – perguntou ele. Quando enumerei os nomes da galera, ele voltou a repetir. – Um saco mesmo!
- Eu ia achar bem legal, se você viesse comigo! – exclamei. Ele ficou me encarando por alguns minutos antes de concordar e me ver sorrir na direção dele.
Às margens do lago, todos se livraram das roupas que estavam por cima da roupa de banho e foram encontrando um lugar para ficar tomando sol, revezando entre os mergulhos na água e a relva que cercava o lago. O Sam foi o único a relutar em tirar a roupa, tinha enfiado o short num dos bolsos da calça e para vesti-lo precisava se despir. Como eu disse, ele era um sujeito esquisito, fazia umas coisas que ninguém conseguia entender.
- Não vai mesmo querer entrar na água? Está uma delícia! – afirmei, depois de ter dado alguns mergulhos e ter nadado e brincado com o restante da turma que continuou na água, enquanto fui me sentar ao lado dele.
- Que graça tem isso? – questionou, examinando meu corpo molhado dentro da sunga.
- É legal! É refrescante! É divertido! – respondi.
- Hã! – exclamou ele, apático.
Voltei para dentro do lago e comecei a encher as mãos lançando água na direção dele, para ver se ele se animava.
- Que porra você está fazendo! Para com isso, moleque! – berrou ele, o que não me impediu de continuar. – vou te dar um cacete se você não parar com isso! – ameaçou.
- Ele está ficando bravinho! Oh, que medo! Vem para a água para acalmar essa braveza, vem! – debochei.
Ele arrancou os tênis e a calça, estava sem cueca e aquele baita cacetão pulou para fora assim que ele arriou o jeans, me deixando extasiado enquanto ele voltava a colocá-lo dentro do short. Em seguida, partiu correndo na minha direção como se fosse me agredir. Ao me alcançar, enfiou minha cabeça na água pressionando meu corpo para baixo. Pensei que fosse me soltar logo em seguida e me deixar voltar à superfície, mas aquilo começou a demorar e eu fui ficando sem ar, me debatendo para não me afogar. Quando o desespero tomou conta de mim, comecei a chutar e agitar meus braços para todos os lados, até acertar um chute forte na canela dele.
- O que foi isso, cara? Ficou maluco! Quase me afoguei! Brincadeira sem graça! – esbravejei quando consegui recuperar o fôlego.
- Desculpe! Você está bem? – devolveu ele
- Só por que eu te molhei um pouco, não precisava ser tão estúpido! Eu só queria te animar. – continuei, revoltado com a atitude dele.
- Já pedi desculpas! – repetiu ele. O que me fez ver que era melhor não fazer gracinhas com ele, e acabou me deixando chateado.
- Deixa para lá! Esqueça! - tinha sido uma brincadeira tão inocente pela qual eu não esperava uma reação tão violenta.
Voltei a me sentar na margem enquanto me secava o observava a turma se divertindo pulando do trapiche, cada um tentando dar um salto mais espetacular que o outro. O Sam ainda ficou na água mais um tempo, depois também deu uns saltos do trapiche, antes de se sentar ao meu lado. Ficou um silêncio estranho entre nós dois, e eu fui me juntar com as duas garotas que tinham se sentado na beira do trapiche para ver os caras saltando. Algum tempo depois, apareceram dois caras. Ficaram nos observando até que um deles resolveu mexer comigo.
- Tem um lugar para a minha pica nessa bundona tesuda? – provocou ele, voltando-se para o companheiro aos risos., enquanto eu o ignorava.
- Sua bunda é mais gostosa do que a das garotas, sabia? Tenho certeza que meu caralho ia fazer a festa dentro dela! – fomentou o outro.
Continuei conversando com as garotas fingindo estar alheio às provocações, até um deles se aproximar de mim, baixar o cós da bermuda e deixar o pinto a centímetros do meu rosto.
- Dá uma chupada no meu cacete, bundudinho, dá! – provocou acintoso.
Subitamente o Sam surgiu do nada, estava postado atrás do sujeito e o puxou pelo ombro quase o fazendo perder o equilíbrio.
- É bom você guardar esse pintinho novamente dentro da bermuda se quiser que ele continue no meio das tuas pernas, seu filho da puta! – rosnou o Sam, enquanto uma de suas mãos esmagava o queixo e a garganta do sujeito, até seus olhos dele ficarem arregalados.
O comparsa tentou acudi-lo, mas foi alcançado pelo braço do Sam antes de esboçar qualquer movimento e foi lançado para dentro do lago. O sujeito estava ficando sem ar, segurava o braço do Sam e tentava desesperadamente arrancá-lo de seu pescoço quando levou um chute entre as pernas e, levando às mãos até o saco, voou, aos berros, do trapiche para dentro da água. Eu estava grato pela intervenção do Sam, mas ao mesmo tempo, espantado com a violência com a qual ele reagia.
- Obrigado! – exclamei tímido na direção dele. Eu pretendia fazer um comentário sobre o exagero da reação dele, mas achei mais prudente me calar. Desde esse dia, passei a sentir certo temor pelo Sam.
- Ele te machucou? – perguntou o Sam, quando encarou minha cara atordoada.
- Não, ele nem chegou a tocar em mim! Foi só uma bravata, caras desse tipo são como cães que ladram, mas não mordem. Ele devia estar querendo impressionar as meninas. – respondi. – De qualquer forma, obrigado! - voltamos para casa quando a brisa começou a ficar fria demais, pedalando emparelhados e em silêncio. Eu ainda estava digerindo aquela ferocidade que explodia nele como uma bomba.
Me mantive mais afastado do Sam por alguns dias, sem demonstrar que o fazia propositalmente. Eu precisava de um tempo para ver se algum tipo de coleguismo, ou uma amizade com ele, seria algo a ser mantido. Apesar de eu agir com naturalidade, ele percebeu que eu estava mais distante.
- Ainda zangado comigo pelo que fiz lá no lago? – perguntou ele, quando caminhávamos de volta para casa depois das aulas.
- Não estou zangado com você, nunca estive! Só achei um pouco estranho a maneira como você reagiu à brincadeira que fiz com você e, embora tenha ficado profundamente grato por ter afastado aqueles dois babacas que estavam me aporrinhando, acredito que não precisava ter sido tão violento. – respondi, sincero.
- Desculpe! Não quero que fique com uma má impressão minha.
- Não tenho uma má impressão sua! Quase não sei nada a seu respeito, mas acho que podemos ser amigos, se você quiser, é claro!
- Quero sim! Gosto de você! – ele imprimiu um sorriso, acho que o primeiro que vi no semblante dele.
Minha mãe que passou uns três meses comigo, voltou para a França por mais um período depois que meu pai ligou avisando que a reforma da casa estava lerda demais e que algumas coisas não tinham ficado como eles planejaram. Estava previsto que ela ficaria por lá mais ou menos pelo mesmo período, o que significava que eu estaria em casa sozinho pelo próximo trimestre. Eu me virava muito bem sozinho e aquilo não era nenhum problema para mim.
Quando soube da viagem da minha mãe, o Sam me fez centenas de perguntas, às quais respondi sem me preocupar com as informações que estava passando, afinal ele era neto do senhor McBride que em muitas ocasiões no passado, tinha cuidado de mim quando meus pais precisavam se ausentar por algum compromisso. O Sam começou a vir a minha casa com mais frequência, costumava se demorar até a noite com o pretexto de me fazer companhia. O avô até o incentivava e, à medida do possível se virava sozinho com suas limitações impostas pela idade. Com essa proximidade, fomos ficando mais íntimos. Tanto ele quanto eu tínhamos viva na memória, aquela tarde no lago, eu do corpão sarado e daquele caralhão cavalar e ele do meu corpo esguio e lisinho cuja bunda era a mais sedutora que ele já tinha visto. Embora eu não pensasse nele em termos sexuais, essas fantasias estavam reservadas para o Jeff, não dava para ser indiferente à excitação que eu sentia quando o Sam se aproximava e me tocava. Ele não fazia nada de acintoso, mas percebia-se que sentia prazer em estar perto de mim, em me tocar como se não tivesse sido intencional, em ficar me espiando escondido quando eu tomava banho ou me trocava. Não vi inconveniente algum nisso, as mãos dele eram vigorosas e fortes, os bíceps grandes e bem torneados, o tronco sarado, os ombros largos, as pernas grossas e peludas o que me fazia enxergar seus toques como um lisonjeio, como uma exaltação à sensualidade que eu sabia que meu corpo exercia.
Numa noite fui jantar na casa deles a convite do senhor McBride, que tinha encomendado uns pratos de um restaurante grego do qual ele era grande apreciador, e onde costumava levar a esposa antes de ela falecer. A conversa foi se estendendo até tarde, quando o senhor McBride pediu que o Sam o ajudasse a subir as escadas para ir dormir, eu me dispus a tirar a mesa e lavar os pratos. Passava um pouco da meia-noite quando voltei para casa, acompanhado pelo Sam, que disse que me levaria até a porta, depois até o portão, depois até a porta da minha casa e, finalmente, até meu quarto para terminarmos de assistir a um filme que havíamos começado a assistir dois dias antes.
O trecho do filme que faltava assistir durou pouco mais de meia hora, e ambos ficamos insatisfeitos com o final, ficamos conjecturando outros finais que o autor poderia ter dado tornando-o mais interessante. Enquanto debatíamos sobre essas possibilidades, me dei conta de que nunca antes tinha trazido um colega para o meu quarto que ficasse todo esparramado sobre a minha cama. Por alguma razão, senti tesão com isso, e notei que o Sam ajeitava constantemente o cacete sob as calças, provavelmente, pelo mesmo motivo.
- Posso dormir aqui esta noite? – perguntou ele, se espreguiçando sem vontade de abandonar o lugar aquecido sobre o qual estava deitado.
- Claro! Posso ajeitar a cama do quarto de hóspedes ou colocar um colchão aqui ao lado da minha cama, o que você preferir. – respondi inocente
- Prefiro ficar na mesma cama que você! – retrucou ele. – Algum problema?
- Não! A cama é bem larga, dá para nós dois.
Quando ele se despiu, voltei a constatar que estava sem a cueca. Qual será a bronca que esse cara tem com as cuecas, será que não tem nenhuma, será que o desleixo chega a tanto que nem ao trabalho de vestir uma simples cueca ele se dá, questionei com meus botões. Como não estávamos no inverno, eu tinha o hábito de dormir apenas com a bermuda do pijama. Até hoje não sei o que me levou a ir me trocar no banheiro do meu quarto e não na frente dele. Nem porque cargas d’água resolvi tomar uma chuveirada quando já tinha tomado banho antes de ir jantar na casa do senhor McBride, durante a qual fiz a minha primeira chuca, seguindo meticulosamente todos os passos do procedimento que li num site que tratava de diversos assuntos sobre a homossexualidade. Essa necessidade surgiu espontânea, e sem que eu tivesse a intenção de fazer sexo com o Sam. Na verdade, isso nem me passou pela cabeça, daí o espanto de eu subitamente me ver lavando o cu debaixo do chuveiro. Fui me deitar ao lado do Sam até meio sem jeito, como se tivesse cometido algum delito; especialmente por que ele esperava por mim recostado nos travesseiros com as pernas bem abertas e sem cobrir com o lençol aquele caralhão grosso e aquele sacão peludo. Senti um calafrio percorrendo minha espinha quando me dei conta de que ia ficar praticamente colado àquele corpão estando também quase nu.
- Você vem dormir, ou não? Onde se meteu por tanto tempo? – indagou ele, sem tirar os olhos do meu corpo.
- Fui tomar um banho! – respondi gaguejando e num tom de voz que mal se podia ouvir.
- Você está sempre tão cheiroso! Eu gosto do cheiro da sua pele! – retrucou ele, fazendo com que eu me enfiasse rapidamente debaixo do lençol à procura de abrigo. – Você nunca dormiu com alguém na mesma cama? – perguntou ele, desconfiado de tanta timidez.
- Não, nunca! – tive a sensação de estar chancelando a minha virgindade para ele.
Apagamos as luzes e cada um se virou para um lado. Algo me dizia que eu não ia pregar o olho naquela noite. Vencido aquele conflito comigo mesmo que tinha me deixado tremendo da cabeça aos pés, fui relaxando ouvindo a respiração cadenciada dele, algo inusitado para mim, mas que aumentou aquela necessidade que eu sentia de encontrar alguém para ter momentos dessa natureza, tão íntimos e agradáveis. Eu estava quase cochilando quando o Sam se virou e praticamente montou em mim. Seu braço me envolveu, os pelos do peito dele roçaram minhas costas, o ar que ele expirava resvalava na minha nuca arrepiando a pele, uma de suas pernas se intrometeu nas minhas e os pelos grossos que a revestiam triscavam a minha pele lisa. Abri os olhos sobressaltado me preparando para sair correndo, achando que ele ia me pegar à força. Tudo não passava de imaginação minha, ele logo voltou a respirar no mesmo ritmo tranquilo de antes e dormia com os músculos relaxados pela quentura que vinha do meu corpo. Levou mais um tempo até eu sentir os olhos novamente pesados e o sono me vencendo. Por fim, apaguei.
Não sei por quanto tempo tinha dormido quando acordei com o Sam se movimentando colado nas minhas costas; estava escuro, porém, eu não estava enganado e nem sonhando, a bermuda do pijama não cobria mais a minhas nádegas, e aquela coisa dura e latejante alojada no meio do meu rego só podia ser o pauzão dele procurando avidamente a entrada do meu cuzinho.
- Sam! – pronunciei baixinho mas enfático.
- Hein! – grunhiu ele, a voz preguiçosa
- Sam! – repeti, pois era a terceira vez que eu sentia aquela coisa úmida roçando minhas pregas anais.
- Hã! – devolveu ele.
Cheguei a pensar que ele estava sonhando com alguma sacanagem que o deixou de pau duro e simulando os movimentos de quem está enrabando uma bunda. Mas então, senti o braço musculoso dele me contendo, aquele troço duro no meu rego diretamente sobre a minha rosquinha forçando meus esfíncteres a se abrirem, e o peso do corpo dele sendo lançado sobre mim. Primeiro fiquei sem reação, depois me excitei com o tesão que ele estava sentindo e que o fazia me desejar de forma tão carnal e lasciva. Meu reguinho estava ficando cada vez mais molhado e, de repente, um impulso abrupto introduziu a caralhão pulsátil dele no meu cuzinho, dilacerando meus esfíncteres e rasgando minhas preguinhas, dando origem a uma dor insuportável que me fez gritar e me agitar querendo sair debaixo dele.
- Ssshhh! Ssshhh! – grunhiu ele junto ao meu ouvido. – Calma, calma! Fique quietinho, você não vai a lugar algum! – sussurrou, fazendo força para me conter.
- O que você está fazendo, Sam? – perguntei, ante o óbvio.
- Te enrabando! – respondeu gemendo
- Por que?
- Porque você é um tesão! Porque a sua bunda gostosa me deixa maluco! Porque eu te quero! – enumerava ele.
- Está doendo muito! Você é enorme! – retruquei aflito
- No começo é assim mesmo, depois você acostuma! Relaxa que fica mais fácil! – sentenciou ele. – Você vai gostar, prometo!
Senti que precisava me conformar, eu não ia dar conta de me livrar dele, minha compleição física e minhas forças não dariam para tanto, e nem eu mesmo sabia se era isso que eu queria naquele momento. Talvez, se eu me acalmasse, aquela podia ser uma experiência nem tão ruim assim. Era pagar para ver. Como o inexperiente ali era eu, era melhor deixar ele conduzir a situação. O maior problema era aquela dor, por mais forte que eu estivesse me fazendo, não estava aguentando, era demais. Ele continuava enfiando o pauzão em mim e à medida que ele atolava no meu cuzinho ia detonando tudo que encontrava pela frente. Além, disso, o Sam não era nenhum pouco delicado, seus movimentos eram brutos, a força que estava empregando para me arregaçar era demasiada, ele estava sendo violento como das vezes em que presenciei essa violência regendo suas ações.
- Você está me machucando, Sam! Eu não vou fugir, prometo! Não precisa usar essa força toda comigo! Dói muito quando faz assim! – protestei.
- Eu já te disse que no começo é assim mesmo!
- Mas talvez possa ser menos dolorido se você não usar tanta força! Tenta! – pedi
- Você promete que não vai tentar escapar? Eu quero e vou te comer! – garantiu ele, obstinado pelo tesão.
- Prometo!
Ele agiu como eu havia pedido, porém por pouco tempo, algumas estocadas apenas, até meter o caralhão até o talo no meu cuzinho. Depois, começou a bombar com força, muita força, o que me levou a ganir e até a soltar alguns gritos quando parecia que ia desfalecer. Eu não sabia, mas meus ganidos e meus gritos agoniados o excitavam, deixando-o quase fora de si pela procura do prazer, para saciar toda a voluptuosidade que consumia seu ser.
- Não estou aguentando mais, Sam! Por favor, para! Tira a pica do meu cuzinho! – implorei
- De jeito nenhum! Você ficava olhando para o meu pau que eu sei. Você estava pedindo para eu te foder, e é isso que estou fazendo. – sentenciou ele
- Eu sei que eu olhei para o seu pau, mas não com a intenção de você me foder. Era só uma curiosidade minha. – afirmei. – Acho que ainda não estou pronto para transar.
- Você está mais do que pronto para transar, você desperta o fogo dos machos! Eu estou te dando exatamente o que você precisa.
- Deixa ao menos eu me ajeitar, essa posição está muito ruim, machuca muito lá dentro. – reclamei
- Isso é um truque para tentar escapulir! Não vou cair nessa! – revidou, intensificando as estocadas que estavam arrebentando meu cu.
- Para Sam, por favor! Eu suplico, para! – gritei com a brutalidade desmesurada dele. – Então vamos fazer assim, me deixa ficar por cima, você ainda vai conseguir me segurar se eu tentar fugir como você acha que vou fazer, mas juro que não vou. – sugeri
Ele acatou minha sugestão, o que me deixou um pouco mais livre, e fez com que o caralhão agredisse mais brandamente minhas entranhas. Ele erguia as ancas e eu parecia estar montando um cavalo xucro, enquanto minha bunda caia sobre aquela verga colossal que sumia inteira no meu cu. Fixei meu olhar no dele, aquele sentimento de cobiça que vi brilhando no rosto dele era muito prazerosa. Aos poucos fui me atrevendo a tocar o rosto dele, a percorrer delicadamente com as pontas dos dedos o contorno de suas expressões, a me inclinar na direção dele e tocar meus lábios nos dele, apenas cobrindo-os com suavidade, deixando que o hálito dele entrasse na minha boca, a afastar carinhosamente as mechas do cabelo dele que tinham caído sobre a testa.
- Não está melhor assim? – perguntei quando o vi fechando os olhos como se estivesse mergulhando fundo naquele prazer.
- Está! – respondeu ele, sentindo pela primeira vez um prazer que jamais havia sentido, uma plenitude que apaziguava todo seu ser.
- Viu como eu não tentei fugir! Dói bem menos assim e não me machuca tanto. – sussurrei, envolvendo o tronco dele quando ele girou comigo para ficar novamente em cima de mim.
Como ele estava mais calmo, bombando meu cuzinho com um vaivém cadenciado sem se valer de tanta brutalidade, eu gemia com os lábios entreabertos próximo à boca dele, deslizava as mãos sobre suas costas e apertava minhas pernas ao redor da sua cintura. Era a primeira vez que eu sentia um homem dentro de mim, e ele parecia caber inteiro lá dentro onde eu tinha um mundo de caricias a oferecer. Começamos a nos beijar, e língua dele entrou na minha boca e se entrelaçava com a minha, o sabor dele se mesclava ao meu, e num êxtase crescente comecei a gozar. Eu nunca tinha gozado sem me masturbar, o que me levou a ter essa sensação maravilhosa foi aquele cacetão se movendo no meu cu. Se, por ventura, ainda pairasse qualquer dúvida quanto a eu ser gay, aquele prazer selava essa certeza.
- Você é gostoso para caralho, Dan! Para caralho! – bramiu ele, bombando cada vez mais alucinado com o prazer que vinha de sua jeba agasalhada pelo meu cuzinho e se espalhava por toda sua pelve.
Senti-lo gozando foi outro momento muito especial. As três estocadas abruptas que ele deu antes de começar a ejacular doeram bastante e me fizeram gritar novamente, mas o que veio depois, o esperma quente e pegajoso dele entrando em jatos fortes no meu cu era a prova inconteste de que eu, de alguma forma, tinha satisfeito aquele macho, com o mesmo prazer que ele estava me dando. Fiquei brincando com a orelha dele quando ele deixou seu peso cair sobre mim. Ele estava suado, respirava profunda e rapidamente, alguns de seus músculos ainda se contraiam em espasmos, e meus afagos pareciam estar lhe dando uma serenidade que jamais sentira antes.
O Sam só tirou o cacetão do meu cuzinho quando ele já estava quase flácido, foi ao banheiro mijou ruidosamente e voltou ao quarto. Eu havia juntado as pernas e estava em posição fetal deitado ao lado de uma grande mancha de sangue que tingia o lençol, enquanto um filete rubro contínuo fluía do meu cu arregaçado. Minhas entranhas padeciam de uma cólica dolorida, tão forte que me impedia de levantar.
- Você está bem? – perguntou o Sam, ao me ver contraído e segurando as mãos sobre o ventre.
- Está doendo! Estou sangrando! – balbuciei.
Ele voltou ao banheiro pegou uma toalha que umedeceu debaixo da torneira e, abrindo minhas pernas, a comprimiu cuidadosa e delicadamente contra meu cuzinho.
- Eu vou cuidar de você, não se preocupe! – retrucou ele
- Preciso trocar esses lençóis, estão cheios de sangue. – eu proferia o óbvio, estava tão transtornado com o que tinha acabado de acontecer que ainda não atinava com nada.
- Depois você providencia isso! Agora fique deitado, logo essa dor passa e o sangramento para. – eu tinha que acreditar nas palavras dele, pois tudo aquilo era um enorme mistério para mim. – Vem, deita a cabeça no meu peito e logo tudo isso passa! – aquilo me pareceu o mais sensato a ser feito, e era bom sentir os batimentos do coração dele contra o meu rosto.
No dia seguinte acordei sozinho na cama, não consegui ir ao colégio, tinha um pouco de febre, meu cuzinho doía tanto que não conseguia me sentar, e ainda sentia cólicas revolvendo minhas vísceras, o que acabou me deixando sem apetite. No horário de costume, o Sam apareceu para irmos ao colégio, quando lhe comuniquei que estava indisposto e que não iria, ele se prontificou a ficar comigo, e precisei ser pertinaz para que me deixasse voltar para a cama. Embora não pudesse observar o estado do meu cu, pelos sintomas, conclui que estava bastante machucado e que aquilo não podia ser normal depois de uma transa, senão ninguém se mostraria tão interessado em transar. O que me levou a refletir sobre outra questão, a brutalidade com a qual o Sam me desvirginou, a força que empregou para consumá-la, sem eu ter reagido à sua investida, até por eu ter ficado excitado com ele.
No segundo dia eu estava melhor, as cólicas haviam desaparecido, aquele mal-estar generalizado também, apenas o ânus continuava extremamente sensível ardendo e me impedindo de sentar diretamente sobre ele. A caminho do colégio o Sam me perguntou se eu estava melhor, o que facilitou que eu abordasse o assunto delicado que tinha para resolver com ele.
- Estou um pouco melhor, sim! – respondi de imediato. – Posso te fazer uma pergunta? – fui logo continuando. – Por que você usou de tanta força para comigo quando eu cedi a você e fui me entregando sem resistência? Isso foi totalmente desnecessário.
- Eu já te pedi desculpas por isso! Quando você começou a se agitar eu pensei que queria escapulir. – justificou-se
- Eu me agitei porque estava doendo muito. Eu nunca tinha feito aquilo e você é muito grande. – ele apenas esboçou um risinho, concordando. – Vou te pedir uma coisa, se quiser continuar sendo meu amigo, nunca mais seja violento comigo. Promete?
- Você está exagerando! Não fui violento com você!
- Foi sim, Sam! Você usou de uma força desnecessária. Vai me prometer nunca mais agir dessa forma comigo, ou não?
- Prometo!
- Obrigado! Fico feliz e espero que cumpra o que está me prometendo. – percebi que ele não gostou de ser advertido, porque não proferiu mais nenhuma palavra até chegarmos à escola e se manteve afastado de mim até o regresso para casa.
Cada vez que um professor passava um trabalho em grupo, eu me unia ao Jeff e ao Steve numa parceria que já vinha de anos anteriores e que sempre resultou num bom entendimento e em notas altas pelos trabalhos. Havia duas semanas que nós três estávamos às voltas com um novo trabalho e estávamos combinando para fazer a pesquisa do tema na Internet na tarde da sexta-feira daquela semana na casa do Jeff. Também tínhamos o hábito de ficar jogando videogame quando dávamos por encerradas as atividades relacionadas ao trabalho, e nos descontraímos com os lanches que a mãe dele costumava preparar, o que não raro, me fazia chegar em casa quando já havia anoitecido. Meus pais nunca se opuseram a isso e, mesmo quando eu resolvia dormir na casa do Jeff, eles estavam de pleno acordo.
- Qual é a sua Dan, o que você estava combinando com aqueles dois? – perguntou o Sam quando estávamos voltando para casa naquele dia, e ele interrompeu a caminhada agarrando meu braço e socando minhas costas contra o tronco grosso de um dos álamos-brancos enfileirados na calçada.
- Ai! Você está me machucando, Sam! Solta o meu braço! – protestei, encarando-o até ele me soltar lentamente. – Que estupidez foi essa, outra vez? Você prometeu não fazer mais isso! – lembrei-o, o que o fez baixar o olhar. – Vamos fazer o trabalho de ciências, é para antes da prova daqui há dez dias. Você já fez o seu? – respondi, notando que ele não prestou atenção à minha resposta.
- Ah, tá! Desculpe! – articulou baixinho. – Vai dormir na casa do Jeff, na cama dele?
- Na casa dele, talvez, não sei ainda. Não durmo na mesma cama com ninguém, para seu governo! – respondi enfático.
- Então por que ele ressaltou para você não esquecer o pijama? Costuma dormir pelado na casa dos outros? – continuou ele
- Aonde você quer chegar com esse interrogatório todo? Não estou te entendendo! O Jeff disse aquilo porque uma vez me esqueci de colocar o pijama na mochila e ele teve que me emprestar um dos dele, foi só isso! – você está agindo estranho Sam, por que? – massageei o local onde ele havia apertado meu braço para que não se formasse um hematoma na região.
- Impressão sua! Não tem nada de errado comigo! – asseverou ele.
Eu começava a chegar à conclusão de que teria que acabar com aquela amizade, que o Sam e eu não combinávamos e que seria melhor cada um seguir seu rumo antes que algo mais sério acontecesse. O problema seria como dizer isso a ele numa boa, pois eu já me sentia intimidado com suas reações, começava a ter medo dele.
Por volta das oito horas da noite, o Sam bateu na porta de casa, estava cabisbaixo, tinha um sorriso acanhado colocado à força no semblante e veio me convidar para jantar com ele. Aleguei estar sem fome, que já havia beliscado bastante e que ia assistir um pouco de TV antes de dormir. Ele insistiu.
- Meu avô foi deitar cedo. Fiz um jantar especial só para nós dois, eu mesmo preparei tudo! Seria uma pena desperdiçar tudo aquilo! Sei que não agi legal esta tarde e quero que me perdoe. – sentenciou ele, até conseguir que eu fosse à casa dele.
Não recordo de alguma vez ter feito alguma refeição na sala de jantar dos McBride, toda vez que o senhor e a senhora McBride me convidaram para comer alguma coisa que ela tinha preparado e de que sabiam que eu gostava, tínhamos ficado no balcão da cozinha mesmo, numa informalidade que combinava com o jeito simples e amoroso com o qual me tratavam. Mas, o Sam havia disposto a louça, os talheres, velas acessas e travessas com a comida na sala de jantar. Até um arranjo com azaleias, gardênias, prímulas e cíclames se destacava no centro da mesa coberta por uma toalha branca que ressaltava o colorido das louças.
- O que significa tudo isso? – perguntei estarrecido
- É para você! – exclamou ele, se mostrando contente pela minha surpresa.
Entendi aquilo como um pedido de desculpas, baixei a guarda e colaborei para que tivéssemos um jantar amistoso e um bate-papo descontraído. Talvez eu tenha exagerado ao me dispor a terminar com aquela amizade, todos têm seus altos e baixos, faz parte da natureza humana, e eu tinha julgado o Sam com severidade demais.
Findo o jantar, o Sam quis me mostrar o projeto de ciências no qual o grupo dele estava trabalhando, e me levou até o amplo porão da casa dos McBride. Eu nunca estivera ali antes, ele devia ocupar toda a área da casa, e era composto por um grande salão onde havia algumas janelas rentes ao teto e onde ecoava o barulho dos passos, um cômodo um pouco menor que servia como uma espécie de depósito e onde estavam instalados os equipamentos de calefação da casa, além de um banheiro anexo a um quarto com uns 20 metros quadrados sem janela alguma, e onde havia uma cama dupla bem arrumada, uma poltrona antiga onde o couro que a revestia se achava rachado em muitos lugares, além de um baú de madeira com ferragens enferrujadas disposto ao lado da cama, sobre o qual havia um abajur de cabeceira. Esse quarto destoava do restante do porão, cheirava a tinta fresca como se suas paredes tivessem sido pintadas recentemente.
- Para que serve esse quarto? – perguntei curioso, dada a disparidade de seu arranjo.
- É um quarto extra! Não está sendo usado. – respondeu o Sam, sem maiores detalhes, enquanto me mostrava parte do experimento que ele e sua turma estavam preparando para o trabalho de ciências, que ele havia montado numa bancada do salão maior.
Elogiei a criatividade do grupo dele e a habilidade com que tinham montado o experimento. Ele parecia não me ouvir, estava disperso, olhava ao redor como que para se certificar de que estávamos sozinhos e, subitamente, ele me deu uma gravata e me arrastou para dentro do quarto.
- Está maluco? O que pensa que está fazendo, Sam? Me larga! – protestei, enquanto me debatia para me livrar daquele braço que estava me sufocando.
- Só estou garantindo que você não vai dormir com aquele cara! Que ele não vai foder o seu cu! Você é meu Dan, só meu! Só eu posso te foder, ninguém mais! – declarava ele ensandecido.
- Que bobagem você está falando! Eu não vou dormir e nem transar com ninguém, nem mesmo com você! Me deixe passar, eu quero sair daqui agora! Vou voltar para casa! E essa é a última vez que eu falo com você, está entendendo? A última! – berrei, procurando passar por ele que bloqueava a minha passagem pela porta.
- Você não vai a lugar algum! Você vai ficar aqui até quando eu quiser! – revidou ele.
- Você ficou louco? Me deixa sair, Sam! – comecei a desferir socos no peito dele, mas eles pareciam não afetá-lo.
- Pare com isso, ou vou ter que bater em você para que me obedeça! – ameaçou ele.
Eu não parei, fiquei ainda mais obstinado a sair dali a qualquer custo. Quando vi a mão cerrada dele vindo na direção do meu rosto já era tarde demais para desviar, o soco me atingiu em cheio e fui parar aos pés da cama, momentaneamente atordoado e tentando saber o que tinha acontecido.
- Eu te avisei! Mandei você parar! Você não me obedeceu! – exclamou ele
- Louco, desgraçado! Nunca mais quero olhar na sua cara! Se você não me deixar sair daqui agora eu vou começar a gritar. – ameacei
- Grite o quanto quiser! Já reparou que o revestimento das paredes é acústico, nenhum som produzido aqui dentro vai lá para fora. Este será seu novo quarto daqui em diante. – afirmou ele
- Por que está fazendo isso comigo, Sam? Que mal eu te fiz para você agir assim?
- Você é um viado puto, fica correndo atrás de machos para te foderem, como aqueles imbecis do Jeff e do Steve. Mas eles não vão relar a mão em você! Você é meu! Você não vai me trocar por outro macho, não vai! Você não vai me abandonar! – sentenciou ele
- Do que você está falando? Eu não tenho nada com você! Nada, está me ouvindo?
- Eu amo você! Nós somos namorados! Você só vai trepar comigo! – ele parecia estar fora de órbita, delirando feito um esquizofrênico.
- Se você me ama como diz, me deixa sair daqui. Prove que me ama, Sam! – eu já havia percebido que bater de frente com ele não resultaria em nada, que era melhor contornar a situação entrando na loucura dele.
- Não vou cair no seu truque! Você fica aqui, eu vou cuidar de você!
- Por quanto tempo acha que vai conseguir me manter preso aqui dentro, o pessoal vai ver que estou sumido, vão perguntar, vão procurar por mim. Você vai ser desmascarado e acusado de sequestro, de cárcere privado, isso crime, Sam! Vão te prender se você não me soltar, está me ouvindo? – argumentei.
Ao tentar mais uma vez passar por ele, fui empurrado para trás e ele fechou a porta na minha cara, trancando-a pelo lado de fora, não antes se assegurar de tirar o celular do bolso da minha calça. Desesperado, comecei a esmurrar a porta e a gritar até que o silêncio me convenceu de que ninguém mais estava do outro lado, e de que aquele doido varrido tinha me feito seu prisioneiro.
Pelo quarto não ter janelas ou nenhuma abertura, eu não sabia se do lado de fora era dia ou noite. Quando me exauri de tanto esmurrar a porta, fui me encolher na cama e acabei adormecendo, sem saber por quanto tempo dormi. Gritei o mais alto que pude chamando pelo senhor McBride, pedindo socorro, pedindo que qualquer pessoa que estivesse me ouvindo viesse me acudir, mas foi em vão. O senhor McBride eu sabia que dificilmente me ouviria devido a surdez e, conforme a declaração do Sam, o quarto devia estar mesmo revestido por algum material acústico. Constatei no espelho do banheiro que o lugar onde o Sam acertou o soco estava todo inchado, inclusive parte do lábio superior daquele lado. Tive um acesso de choro ante a imagem que vi refletida no espelho.
Meu estômago estava protestando, eu estava com fome. Não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que o Sam me trancou. Fui até a pia do banheiro e tomei água para enganar o estômago que se revolvia. Tinha voltado a me deitar, observava o teto, havia duas manchas próximas à lâmpada, uma lembrava o mapa da Itália, a outra se parecia com uma cadeia de montanhas. Recontei inúmeras vezes o contorno de cada uma delas, e toda vez encontrava uma montanha a mais ou a menos. Eu ia ficar louco se não saísse dali o quanto antes. O Sam voltou a abrir a porta depois que regressou da escola, com uma bandeja sobre a qual havia uma refeição completa.
- Está com fome? Fiz especialmente para você! – exclamou com um sorriso
- Me deixe sair daqui, eu te imploro! Vamos encontrar uma maneira de resolver essa situação, conversando, você e eu, com sinceridade. – voltei a suplicar.
- Nós já conversamos, não há mais nada a se dizer! Se você não estivesse se oferecendo para aqueles dois tarados que só querem o teu cu, tudo estaria bem entre nós. – ele falava coisas sem o menor sentido, como se na cabeça dele estivéssemos comprometidos um com o outro.
- Eu ... não ... tenho ... nada ... com ... o ... Jeff ... ou ... o ... Steve! Enfia isso na sua cabeça! Isso é um delírio seu, paranoia pura! Pare de agir como se eu estivesse te traindo, não há nada entre a gente além de uma amizade, e até isso não vai existir mais se você continuar agindo dessa maneira. – reforcei.
- Eu sou seu homem, sou seu macho! Você me deve fidelidade! – retorquiu ele
- De onde você tirou isso? Não é porque fizemos sexo uma vez que você pode se intitular meu macho! – devolvi
- Mas nós vamos fazer mais vezes, até você se dar conta do quanto eu te amo. – afirmou ele
- Não Sam, nós não vamos mais transar, eu não quero mais transar com você! Seja sensato!
- Isso também não é você quem decide! O macho sou eu, quando eu quiser te foder você vai ser bonzinho e carinhoso como foi da primeira vez, e vai abrir teu cuzinho para mim. – aquilo não podia estar acontecendo, só podia ser um pesadelo, só podia ser uma brincadeira de mau gosto dele, talvez me testando em sabe-se lá o que.
- Você só pode estar de gozação! Ok, você já se divertiu o bastante, agora é hora de parar, a brincadeira acabou! – exigi
- Ninguém mais vai me abandonar, muito menos você, agora que estamos apaixonados! – foi a resposta que ele deu.
A discussão me fez perder a fome. Eu estava cada vez mais convencido de que ele estava surtado. A fala dele era incoerente, parecia estar relacionada a outras pessoas e situações. O Sam padecia de algum distúrbio mental, só isso explicava aquela loucura toda. Fiquei novamente horas trancado naquele quarto. Voltei a chamar por socorro, mas o resultado foi o mesmo das outras vezes. Adormeci e acordei, adormeci e acordei, e ele não voltava. De tão confuso que estava comecei a desejar que ele voltasse, estava com saudades dele, estava ficando tão paranoico quanto ele.
- Você está pálido, precisa comer alguma coisa. Veja o que eu te trouxe! Não parece apetitoso? – ele agia com uma naturalidade desconcertante.
- Está sim, obrigado! – respondi, avançando sobre a comida feito um leão faminto, sob o olhar satisfeito dele. – Ninguém no colégio perguntou por mim? Quanto tempo estou trancado aqui dentro?
- Perguntaram, sim. Eu disse que você está doente, mas que volta logo. Só uma semana, não é muito não é?
- É muito sim, Sam! Eu quero ser livre, quero poder voltar para a minha casa, quero voltar para escola, quero poder fazer as coisas em liberdade. Você não pode me manter preso aqui.
- Você é livre! Só não está indo para o colégio, mas eu vou te trazer a matéria das disciplinas todos os dias, prometo! Vamos estudar juntos, enquanto namoramos, não é legal?
- É Sam, é legal! – concordei. De que adianta discutir com um louco?
Quando ele entrou no quarto eu tinha acabado de sair do banho, estava me enxugando quando ouvi a porta sendo destrancada e corri para ver se ele ia me soltar, sem me preocupar em me vestir, apenas enrolando a toalha na cintura. Enquanto eu comia ele não tirava os olhos de cima de mim, eu devorava a comida, ele o meu corpo.
- Você é tão lindo, Dan! Eu sou um sortudo por você ser meu namorado!
Quando coloquei a bandeja sobre o baú de madeira, ele veio me abraçar. Minha reação instintiva foi afastá-lo, mas ele me conteve à força.
- Você tinha me prometido não usar de tanta força comigo, lembra? Mas está fazendo isso agora! – afirmei, na tentativa de trazê-lo à razão.
- É que você vive tentando escapar! Eu já te avisei, não faça mais isso, eu sou seu homem. Olha como está o meu pau, duro, bem duro, por você. Seja carinhoso como foi naquele dia e satisfaça seu macho, você me deve isso! – sentenciou, me exibindo a ereção descomunal dentro do jeans.
- Não há clima para transarmos, Sam! Eu não quero mais transar com você! – asseverei com convicção.
- Pega no meu caralho e chupa! Você ainda não chupou a minha pica, e você precisa! Quando estiver sentindo o cheiro do teu macho você vai ficar dócil. Chupa, Dan! – ordenou ele, aproximando-se de mim e puxando minha cabeça para perto do falo dele.
- Não, Sam!
- Não me obrigue a bater em você, Dan! Eu não quero te machucar, mas você precisa cumprir com sua obrigação, você precisa satisfazer seu macho! – insistiu.
Como não me movi, fiquei frente a frente com a jeba latejando dentro do jeans sem fazer o que ele mandou, foi uma questão de poucos minutos para um bofetão estalar no meu rosto, deixando meu ouvido zumbindo e me fazendo cair sobre a cama.
- Ai, Sam! Não, não, não, pare, pare! – comecei a gritar quando vi aquela mão pesada vindo novamente na minha direção enquanto ele me agarrava pelos cabelos. – distribui pontapés e socos a esmo, alguns o acertaram o que o revoltou tanto que o terceiro golpe a me acertar foi um soco que me deixou atordoado.
A mão dele se fechou ao redor da minha garganta, ele me comprimia contra o colchão, minhas mãos não o alcançavam, pois eu queria esmurrar aquela cara que me encarava. O ar começou a faltar, o grito não saia, minha visão começou a embaçar, só então a mão soltou meu pescoço. Tossi, levei ambas as mãos ao pescoço e o massageei, suguei todo ar que era capaz pelo nariz e pela boca, pois os pulmões pareciam estar colabados. Quando meus olhos voltaram a distinguir as imagens com clareza, o Sam estava nu, a benga a centímetros do meu rosto. Eu abri a boca e fechei os lábios ao redor da cabeçorra enorme e molhada. Era a primeira vez que eu sentia aquele gosto, levemente salgado, aquoso, de sabor e aroma intensos. Com as lágrimas rolando pela face, chupei devota e resignadamente o cacetão que terminou de enrijecer com o trabalho meticuloso dos meus lábios e língua. O Sam continuava segurando minha cabeça junto a virilha dele, garantindo que eu não me afastasse até sobrevir o gozo que encheu minha boca de porra; outro líquido que nunca havia provado antes, desconhecendo sua textura cremosa, seu sabor amendoado, sua alcalinidade que pinicava as papilas gustativas da língua, e sua tepidez que se espalhava por toda a boca e garganta, à medida que eu ia engolindo aqueles jatos abundantes, enquanto o Sam grunhia e se contorcia de prazer.
- Ah, Dan, é assim mesmo! É assim que eu gosto! Você tomando o leitinho do teu macho como um bom viadinho submisso. – grunhia ele em êxtase. – Viu como é bom!
Como tinha acabado de comer depois um jejum prolongado, pensei que ia vomitar com o gosto daquela porra, até cheguei a sentir engulhos, mas me controlei respirando fundo, temendo que se eu o fizesse, ele voltaria a me bater. Achei que ele fosse embora depois de gozar, mas ele se deitou de costas e mandou que eu me enroscasse nele. Senti os braços vigorosos dele me enlaçando e soube que não reagiria mais a nenhum de seus assédios, eu ia apenas obedecer para não apanhar mais.
Não ter que passar aquela infinidade de horas sozinho me pareceu que elas passavam mais rápido. Quando o Sam voltou a ficar irrequieto, a pegar na minha mão e a levar até seu membro, onde senti ele voltando a adquirir uma consistência rija, eu não contrariei sua ordem para me deitar de bruços. Ele subiu em mim, ficou se esfregando na minha bunda, me chamando de viadinho, de bicha gostosa, de sua fêmea, enquanto chupava minha nuca e pincelava o caralhão dentro do meu reguinho. Completamente excitado, sem conseguir mais controlar o tesão, ele meteu com força a cabeçorra estufada e úmida no meu cuzinho. Eu gritei, pedi para que não me machucasse e deixei ele se satisfazer na minha ampola retal, inundando-a de porra, depois de ter lanhado meus esfíncteres até sangrarem. Quando constatou que havia me machucado novamente, ele se mostrou ridiculamente carinhoso e preocupado.
- Você está bem? Doeu muito, machucou? – questionava ele, limpando minha região anal com lenços umedecidos que se tingiam com meu sangue.
- Você é um animal, Sam! O mais desprezível dos animais! – balbuciei, sem forças, subjugado pela humilhação.
- Você sabe que isso não é verdade! Eu estou aqui cuidando de você, fazendo de tudo para que você se sinta confortável. Você é um ingrato, Dan! Um filho da puta de um ingrato! – disse ele, me deixando ali ao sair e trancar a porta.
Aquilo virou rotina. Ele vinha me trazer as refeições, às vezes até três ao dia, outra vezes apenas uma, levava a roupa de cama e trazia outras limpas, o mesmo fazia com as toalhas, minhas roupas pessoais ele foi levando e não as trouxe mais de volta, eu passava praticamente o tempo todo nu, o que facilitava quando ele queria fazer sexo comigo. Mesmo machucado eu me via obrigado a transar todos os dias, as vezes também duas vezes num mesmo dia, ou naquilo que eu achava que era um dia, pois tinha perdido a noção do tempo, e me via obrigado a acreditar no que ele dizia. Quando me olhava no espelho, muitas vezes por horas, constatava o quanto havia emagrecido, como tinha olheiras profundas, como meu rosto estava marcado pela mão pesada do Sam que, menos paciente, me esbofeteava pelo menor deslize ou desobediência. Então eu chorava, chorava tudo aquilo que segurava quando na presença dele.
- Que dia é hoje, Sam? – perguntei, enquanto ele se despia para uma sessão de sexo.
- Quarta-feira, por que? Vai a algum lugar? – o sarcasmo dele era outra coisa que vinha se acentuando.
- Dia do mês eu quero saber!
- Tem algum compromisso agendado?
- Deixe de cinismo, Sam! Só me responda o que perguntei, pode me fazer esse favor?
- Treze de novembro! Satisfeito?
- Um mês e três dias! – balbuciei. – O trabalho de ciências era para o dia vinte e oito de outubro, o professor não perguntou por mim, nenhum dos colegas perguntou por mim? A justificativa da doença que você inventou não se sustentaria por tanto tempo. O que você está fazendo para ninguém desconfiar desse meu sumiço? – indaguei.
- Você está na França, mas provavelmente volta antes do término das férias de inverno. – a objetividade com a qual ele criava justificativas era espantosa.
Ele estava no meio das minhas pernas abertas, socando o caralhão no meu cuzinho com um frenesi descontrolado, eu gania me agarrando ao seu tronco enquanto ele mastigava meu mamilo. Afora a dor, meu corpo parecia anestesiado. Eu já não sentia mais aquela excitação dele me desejando, aquele tesão enquanto a carne rija dele pulsava nas minhas entranhas, aquele calor que ia se concentrando na minha virilha enquanto o cacetão dele esfolava minha mucosa anal e me levava ao gozo. Meu corpo permanecia frio durante e após o coito, apenas esperando ele se saciar.
- O que você está fazendo? – perguntou ele alvoroçado, parando repentinamente com aquele vaivém da caceta entrando e saindo do meu cuzinho.
- Como assim, fazendo o que? Eu não estou fazendo nada! – afirmei sem entender o que ele quis dizer com aquilo.
- Exatamente, você não está fazendo nada! – gritou furioso. – Você não está fazendo nada para me satisfazer. Você não está fazendo nada para eu te engravidar! Você vai engravidar, Dan! Você vai colaborar para fazermos o nosso filho! – continuou gritando, com o olhar injetado fixado no meu rosto aterrorizado.
- Eu sou homem, Sam! Eu não tenho como engravidar, não tenho como deixar que você faça um filho em mim. Biologicamente isso é impossível, Sam! – respondi apavorado. – Não me aperte tanto, Sam, está me machucando! Puxe o pinto um pouco para fora, está doendo bastante, Sam! Me solte! Me solte, não estou aguentando, Sam! Socorro, Sam! Para! Para! – ele estava me arrebentando por dentro.
- Eu vou te engravidar, viado do caralho! Você vai me dar um filho, o nosso filho, puto desgraçado! – gritava ele, ao mesmo tempo em que eu me defendia de seus bofetões colocando os braços diante do rosto.
- Sam! Sam! Me ouça, Sam! Por favor, pare, e me ouça! Eu não tenho como te dar um filho, meu corpo não foi feito para gerar uma criança. Tente ser razoável, você sabe que é impossível um homem gerar um filho dentro de si! Acalme-se e reflita! Olha para mim, Sam! Olha! Acalme-se, por favor, deixa eu te acariciar, você vai se sentir melhor! – eu estava tentando de tudo para aquele louco em surto ter um minuto de lucidez.
- Mentira! Você quer ter filho com o Jeff, mas não comigo, confessa! – gritou ele. – Mas eu vou te engravidar, ah, se vou!
Nesse instante ele voltou a abocanhar meu mamilo, cravou os dentes tão profundamente que perfurou minha pele e, como eu aos berros tentava me safar, ele rasgou praticamente todo o mamilo, destacando-o do meu peito e fazendo o sangue jorrar numa profusão alarmante. Quando o encarei, seu olhar vidrado não enxergava nada, sua boca estava cheia de sangue e os dentes ainda expostos como os de um cão raivoso. Foi tão somente quando viu aquele lençol de sangue cobrindo meu peito que ele se deu conta do que tinha feito. Pensei que ele fosse me matar ali, naquele instante, mas apavorado, ele começou a estancar a hemorragia que vinha do mamilo lesionado.
- Eu vou cuidar de você, amor! Não se preocupe com nada, eu estou aqui, sempre vou estar! Vou cuidar de você, querido! – balbuciava ele, visivelmente transtornado.
- Eu preciso ir para um Pronto Socorro, Sam! Você não pode cuidar de um ferimento desses, é muito grande, precisa de sutura, precisa ser avaliado por um médico. Pelo amor de Deus, Sam! Me leve até o hospital, isso não vai parar sozinho. – eu também tinha perdido o controle.
Com as mãos trêmulas reposicionei o pedaço de pele com o mamilo preso apenas a um pedículo ao lugar certo. Eu já não sabia dizer se a dor maior vinha do mamilo arrancado à dentada, ou se do ânus todo dilacerado. Ambos sangravam e a cama começava a se parecer com um abatedouro. O cenário deixou o Sam apavorado, só ali ele se deu conta do que tinha feito. Ele não parava de pedir desculpas, de dizer que me amava, de me garantir que cuidaria de mim e que nada de ruim ia me acontecer. Ilações, delírios de um louco. Depois de horas revezando toalhas sobre meu mamilo, o sangramento foi diminuindo, enquanto a dor se espalhava pelo meu peito, e chegava ao pescoço irradiada e pulsante, me torturando sem clemência.
- Eu vou morrer se você não me levar a um médico, Sam! Eu estou muito machucado, você não pode cuidar disso sozinho, raciocine um pouco, por favor! Não é possível que você não se dê conta da gravidade da situação! Me ajude, Sam! Não me deixe morrer aqui! – eu implorava, mas minhas palavras não encontravam eco dentro dele.
- Você está muito agitado, isso não vai te fazer bem! Fique calmo, está tudo sob controle!
- Não está não, porra! – berrei a plenos pulmões. – Você vai me matar, seu louco desgraçado! – ele me deu um soco e eu apaguei.
Quando recobrei a consciência, uma larga faixa circundava meu tronco, no lugar do mamilo uma pequena rodela de sangue havia passado pelas camadas do curativo. Ao menor movimento a dor era insuportável. Por alguns segundos pensei que aquela faixa e os curativos tinham sido feitos num hospital, mas logo me dei conta de que tinham sido feitos de forma amadora. Eu estava tentando me levantar para ir ao banheiro, pois estava com a bexiga cheia quando o Sam entrou no quarto.
- Aonde pensa que vai? Você precisa ficar na cama! – sentenciou
- Eu preciso mijar, minha bexiga está quase estourando. – revelei. Ele me ajudou a ir até o banheiro, passando o braço ao redor da minha cintura para me dar firmeza.
Eu encostei a cabeça no ombro dele depois de urinar e lavar as mãos, como se estivesse pedindo carinho, uma tentativa de amolecer suas convicções.
- Me leva para o hospital, Sam! Por favor, querido. – ronronei, feito um gatinho manhoso.
- Não será preciso, eu já fiz o curativo, o sangramento parou e você vai tomar esses antibióticos para evitar uma infecção. – retrucou ele.
- Você nem sabe se esses antibióticos servem para esse caso. Isso é uma mordida, está contaminada, é preciso desinfetá-la para evitar contaminações maiores. Isso está fora da sua alçada, Sam. – argumentei
- Eu já pesquisei tudo, fiz tudo conforme qualquer médico faria, agora é só você tomar esses comprimidos e dentro de alguns dias tudo estará cicatrizado. – nem ele percebia a loucura de suas palavras. – Eu estou aqui, cuidando de você, cuidando do meu amor!
Apesar das minhas condições físicas precárias, o Sam fazia sexo comigo numa frequência constante e intensa, repetindo a mesma ladainha a cada coito finalizado, que estava fazendo aquilo para que eu engravidasse. As reiteradas vezes em que eu tentava enfiar na cabeça dele de que isso jamais aconteceria, que era impossível eu engravidar, ele simplesmente ignorava. O desvario dele tinha alcançado um estágio tão avançado que ele chegou a me obrigar a fazer diversos testes de gravidez que tinha adquirido na farmácia para ver se eu tinha ficado prenhe. A cada resultado negativo, ele me punha de bruços sobre a cama, me puxava para um dos cantos dela de modo que minhas pernas pendessem abertas e com o cuzinho exposto montava em mim me penetrando até o talo e me inseminando com sua gala farta.
Eu continuava me perguntando por que ninguém aparecia para me resgatar, será que ninguém se preocupava com meu sumiço? Enquanto esse pensamento pairava na minha mente, dezenas de pessoas lá fora se mobilizavam para descobrir meu paradeiro. Inicialmente o Jeff acreditou na versão do Sam, de que eu estava doente, mas isso não durou nem quatro dias, pois todo preocupado, ele foi à minha casa me procurar. Voltou insistentemente, e vendo que a casa estava sem nenhum movimento, e sabedor de que eu nunca o deixaria tantos dias sem notícias, ele ligou para o celular do meu pai na França. De lá mesmo, a polícia local foi acionada. Meus pais pegaram o primeiro voo para os Estados Unidos para descobrir o que estava acontecendo. A casa vazia e alimentos se decompondo sobre a pia da cozinha os deixaram apavorados, algo de muito grave tinha acontecido. Equipes de investigações criminais da polícia do Estado entraram em campo, o rastreamento do meu celular indicava que ele não tinha saído da área próxima à nossa casa, embora ligações e mensagens não fossem respondidas. Investigadores à paisana começaram a fazer rondas e a monitorar qualquer movimento suspeito na nossa casa. Meu sumiço tinha completado mais de dois meses quando a primeira pista para solucionar o caso surgiu. A casa vizinha, começou a ter um entra e sai frenético de um rapaz que comprou inúmeros itens para fazer curativos em duas farmácias do bairro, que solicitava diariamente as refeições pelos aplicativos, sempre na quantidade para três pessoas. E todas as informações que meus pais haviam passado à polícia sobre o senhor McBride e suas limitações físicas, não condiziam com todo aquele movimento anômalo, que outros vizinhos também corroboraram, citando movimentos estranhos na casa até durante a madrugada.
O colégio também estava sendo monitorado por policiais à paisana, depois que agentes anteriores estiveram fazendo muitas perguntas aos meus colegas de classe. O neto do senhor McBride tinha respostas evasivas, mesmo sendo nosso vizinho e estando acostumado a fazer o trajeto de ida e volta ao colégio em minha companhia. Ele sabia de menos para uma relação tão próxima e passou a ter seus passos vigiados noite e dia. Após o terceiro dia daquele movimento fora dos padrões do Sam, o cerco se fechou. Enquanto ele estava na escola, agentes foram à casa dele e abordaram o avô. Ele vinha se mostrando bastante preocupado com o meu sumiço desde que a polícia o informara, revelou que eu tinha jantado com eles há algumas semanas atrás, que estivera na casa deles em companhia do neto, mas que não sabia de mais nada. Não se recusou a deixar os agentes vasculharem a casa, desde que isso ajudasse a saber do meu paradeiro. O quarto do Sam no andar superior tinha um painel cheio de fotografias minhas, em sala de aula, no colégio em companhia de colegas, no quintal de casa, de sunga no lago, sobre a bicicleta no trajeto entre a minha casa e a escola, deitado nu dormindo na cama do porão, closes da minha bunda nua, do meu rosto desacordado e edemaciado, denotando uma fixação doentia do autor das fotografias pelo protagonista delas. O alerta foi dado, a polícia estava a um passo de desvendar meu sumiço.
Eu passava por ondas de febre apesar dos antibióticos que estava tomando, havia momentos em que eu não distinguia sonhos e pesadelos da realidade. Mal tinha forças para me levantar para fazer minhas necessidades e ficava esperando pelo Sam para poder me apoiar nele. Ele tinha trazido o café da manhã, mas meu estômago estava tão embrulhado que não consegui me aproximar da comida. Tinha dito que ia para o colégio, mas que voltaria mais cedo, no intervalo do almoço para ver como eu estava. Eu apenas acenei com um movimento débil da cabeça, e a porta se fechou. Depois de algum tempo ouvi ruídos vindo do lado de fora, não teria dado tempo para o turno de aulas do período da manhã ter passado tão rápido. O Sam não costumava falar antes de abrir a porta. Abri e cerrei os olhos duas vezes, não era apenas uma voz que vinha lá do outro lado, eram duas, talvez três. Saltei da cama tão rápido com o que me restava das energias que tudo rodopiou ao meu redor e eu me estatelei no chão, soltando um grito, pois minha mão tinha ficado exatamente embaixo do mamilo rasgado. O tom das vozes aumentou, elas estavam coladas à porta do outro lado. Eu me arrastei até ela e, com toda a força que me sobrou, soquei a madeira e comecei a gritar por socorro. De repente, parecia que havia uma multidão do lado de fora. A porta começou a receber golpes fazendo-a sacudir no batente. Ouvi gritos, ordens sendo dadas com uma voz enérgica que se sobressaia às demais. Uma furadeira ou algo semelhante investia contra a porta próximo à fechadura.
- Afaste-se da porta! Vamos derrubá-la! – aquilo já não era mais um sonho, nem pesadelo, era a voz de alguém vivo, tão vivo quanto eu estava começando a me sentir novamente.
Voltei a me arrastar até a cama e, com um estrondo, a porta se escancarou com um chute e um homem enorme metido num uniforme. Eu ergui os braços, chorando desesperadamente e implorando.
- Me ajude! Me ajude, por favor! Me ajude! – por alguns segundos achei que aquele vulto enorme que se aproximou e se inclinou para mim era um anjo, um anjo tão forte que me suspendeu e me segurou em seus braços.
A luz ofuscou meus olhos, mesmo assim, eu percebi que estava cercado por uma multidão, todos correndo, ordens sendo dadas, meu corpo sendo deitado numa superfície dura que começou a se mover rapidamente escadas acima. O rosto estarrecido do senhor McBride, suas mãos procurando me tocar. Meu pai, minha mãe, ambos chorando se debruçando sobre mim, eu me agarrando aos braços deles. O dia claro, uma garoa fina refrescando meu rosto, pessoas por todos os lados enfileiradas num corredor que eu percorria sendo transportado por dois homens uniformizados que deslizaram a superfície sobre a qual eu jazia para dentro de uma ambulância. Os paramédicos me fazendo perguntas, tantas e tão seguidas que eu mal conseguia responder no mesmo ritmo. Sirenes disparando assim que as portas foram fechadas, eu novamente encarcerado, mas não sozinho, os paramédicos perfurando meus braços, tubos transparentes sendo atados a eles, uma quentura entrando nas minhas veias e os olhos pesando cada vez mais, o som da sirene ficando distante, um mar azul se formando em meu cérebro, o vento soprando e aliviando toda a dor que meu corpo carregava há dias.
Quando voltei a acordar, estava num quarto silencioso envolto numa penumbra reconfortante, minha boca estava seca os lábios também. Meu pai sentado à minha direita numa poltrona que mal acomodava seu corpanzil, desperto e tão atento que ao me ver com os olhos abertos se levantou de um salto e pegou na minha mão, foi o melhor calor que já senti na vida. Minha mãe recostada num divã do outro lado cochilava envolta num cobertor, mas também logo abriu os olhos com o movimento do meu pai.
- Como você está Dan, querido? – perguntou a voz doce dela, enquanto seus olhos se enchiam d’água.
- Bem, eu acho! – respondi.
- Você foi operado esta tarde, precisaram fazer uma plástica para reconstruir seu mamilo. – revelou meu pai. – O médico disse que com o tempo, a estética dele vai ficar quase normal. – ele parou de falar de repente, mas eu senti que havia algo mais a dizer, e que ele achou por bem não mencionar nesse momento, enquanto eu ainda tentava assimilar tudo o que tinha acontecido.
- E o meu ... – subitamente tive vergonha de me expressar, mesmo sentido que o incomodo que vinha do meu peito não era o único que se fazia sentir.
- Seu ânus também precisou ser reparado com suturas, os esfíncteres foram rompidos. – continuou ele, terminando de esclarecer o que tinham feito comigo.
Fiz força para não chorar, não queria que pensassem que eu era um fraco. Tinha passado por essa provação, mas ela finalmente acabou, eu ia sair dessa, e isso não era motivo para choro.
A polícia prendeu o Sam durante uma aula, ele não reagiu quando os agentes lhe deram voz de prisão, apenas perguntou se o namorado dele estava bem, pois ele estava grávido dele. O depoimento dele na delegacia não tinha nenhuma lógica e, ao termino dele, o Sam foi conduzido a um manicômio judiciário, onde aguardaria pelo julgamento.
O senhor McBride veio me visitar no hospital, eu nunca o tinha visto tão abatido. Ele se sentia culpado pelas atitudes do neto e me pediu perdão. Eu o tinha como um avô, ele e a senhora McBride tinham sido minha referência de avós e, desde criança, essa troca de afeto havia nos unido. Ele também nos contou a história do Sam, não para que ela servisse como desculpa pelo que ele tinha feito, mas para que pudéssemos entender a patologia que afetara seu neto.
O pai do Sam, filho do senhor McBride, morreu quando o Sam tinha seis anos, num acidente. Até aí nós conhecíamos essa história. A mãe do Sam nunca foi a nora que o senhor e a senhora McBride desejavam, mas se dispuseram a lhe dar todo o suporte de que necessitasse para criar o Sam da melhor forma possível. Ela se recusou e se afastou deles, levando o neto. Casou-se pouco mais de um ano depois com um sujeito do qual teve outro filho, e que via o Sam como um fardo a ser aturado e que vinha junto com o pacote da esposa. O casamento não durou nem três anos, e eles se divorciaram. Quando ela se viu tendo problemas financeiros para sustentar os dois filhos, juntou-se com outro cara, teve mais um filho com ele e, como esse sujeito não estava a fim de sustentar filhos alheios, o Sam e seu segundo meio-irmão foram enviados a um colégio interno, só saindo de lá quando veio morar com o senhor McBride. Disse o senhor McBride, que nas poucas vezes em que teve contato com ele no colégio interno, que ficava noutro Estado, ele se queixava de abandono, que não sabia porque a mãe o foi descartando à medida que novos personagens entravam na vida dela. Contudo, eles nunca conseguiram convencer a mãe dele a permitir que ele fosse morar com eles, preferindo deixar o menino no colégio interno ao invés da companhia dos avós.
Quatro dias depois saí do hospital e voltei para casa. Meu pai retornou à França e minha mãe ficou comigo até o final do semestre e a conclusão do curso. Eu não ia entrar na universidade naquele ano, como a maioria dos meus colegas, não apenas devido ao que aconteceu, mas também pela mudança para a França. Encarei esse período como um ano sabático, sem assumir grandes compromissos, para procurar esquecer tudo o que aconteceu e me recuperar psicologicamente daquele trauma.
Desde que me mudei para a França, o Jeff vem passar todos os verões conosco. Ele foi um dos meus colegas que entrou na universidade após o baile de formatura da High School. Nos falamos quase que diariamente pelo Whatsapp, o que nos mantem constantemente informados sobre as nossas vidas, e o que alguns dos amigos que deixei nos Estados Unidos estão fazendo. Este é o quarto verão que ele passou conosco, está voltando hoje para os Estados Unidos. Ontem acordei no meio da noite e fui ter com ele no quarto de hóspedes. Desde o que aconteceu com o Sam no quarto daquele porão, eu nunca mais consegui dormir no mesmo quarto com outra pessoa. O Jeff estava esparramado na cama, só de cueca, eu não havia acendido a luz quando entrei no quarto, mas mesmo na penumbra dava para distinguir e admirar aquele baita corpão musculoso e viril. Fiquei um tempo ali parado, observando-o dormir com aquela expressão serena no rosto másculo, mil coisas passavam pela minha cabeça, e eu já sentia saudades antes mesmo de ele partir. Eu estava me despindo quando ele repentinamente acordou, um pouco assustado com a minha presença.
- Está tudo bem? – questionou ele, apurando o olhar à medida que meu corpo ia se desnudando.
- Sim! – respondi, engatinhando na cama até chegar a ele. – Acho que te amo! – exclamei, quando me encaixei em seus braços.
- Sabe desde quando estou esperando ouvir essas palavras? Desde o ensino médio, desde o dia em me dei conta que preferia ter você como parceiro a qualquer garota com quem já estive. Eu te amo, Dan! – confessou.
Eu segurei o rosto dele entre as mãos e o beijei uma, duas, inúmeras vezes sentindo meu corpo responder com um tesão crescente, algo que eu imaginava nunca mais fosse acontecer. O Jeff entrou em mim, fez minhas entranhas vibrarem, ressuscitou nelas toda a capacidade que eu tinha de acolher um macho, e só me soltou depois de me fazer gozar e se despejar todo dentro do meu cuzinho.
Minha mãe e eu viemos trazer o Jeff ao aeroporto, o voo dele para os Estados Unidos parte em quarenta e cinco minutos. Não tenho vontade de soltar da mão forte e quente dele, nem de me desviar do brilho que há no olhar dele. Não estamos precisando de palavras para nos comunicar, elas se mostrariam vazias e insuficientes diante da imensidão daquilo que cada um tinha dentro de seu coração. A umidade viril que o Jeff ejaculou em mim se fazia sentir entre as minhas pernas, eram as sementes que ele semeara em mim, sementes essas que obviamente não gerariam uma nova vida, eram sementes que fariam nosso amor germinar enquanto ele estivesse longe, eram sementes que eu cultivaria com todo cuidado e paixão que sentíamos um pelo outro até o próximo regresso dele. O embarque do voo dele acabou de ser anunciado.
- Eu te amo! – sussurramos simultaneamente quando nos abraçamos para a despedida. Em meu peito havia uma felicidade tão grande que mal cabia dentro dele.