Alguns meses se passaram, mais precisamente 2 meses, e nesse meio tempo muita coisa aconteceu. As damas do baralho não existiam mais. Kelly largou o emprego e estava se tratando fisica e mentalmente, após ter um colapso nervoso que a levou a um quadro de depressão. Por sorte, Daniel havia deixado um seguro de vida num valor altíssimo e isso sem falar nos vários imóveis que ela nem sabia que Daniel tinha, além dele possuir alguns investimentos em ações e fundos imobiliários. Ela estava reclusa e não queria falar com ninguém. Seu primeiro teste de HIV deu negativo, mas pelo tempo poderia ser um falso negativo. O segundo teste deu indeterminado e agora ela estava aguardando o prazo pra fazer um novo exame.
Eu ainda não estava acreditando que o Coringa era a Luara e a história que a Kelly contou sobre a vida dela era horrível, mas o que ela fez com a gente, também foi.
Paty também estava com depressão e raramente falava comigo. Ela me disse que pegou gonorréia, clamídia, tricomoníase e que havia desenvolvido uma doença inflamatória pélvica. Ela tomava vários remédios que lhe causavam náuseas, vômitos e dores no estômago. Leonel pediu um afastamento na empresa de seu pai e tio, para poder se dedicar da melhor forma possível à recuperação da Paty. Ela também estava se tratando com um psiquiatra pois seus distúrbios pareciam ter ficado mais graves.
Fabi estava viajando pelo Brasil com Gabriel e não se comunicava com a gente. De vez em quando eu fazia alguns comentários em suas fotos no instagram, cuja legenda sempre era Lua de mel e dois coraçõezinhos.
Eu ainda estava naquela separação de mentira com Armando e o pior é que a cada dia que passava eu sentia Armando mais distante. Antes, a gente se encontrava pelo menos uma ou duas vezes na semana no motel, mas na semana passada nós não fomos ao motel e essa semana já estava quase acabando e nada. Eu também sentia ele mais distante e seu olhar era mais triste e aquele brilho no olhar eu já não percebia mais.
Sara estava impossível. Suas mudanças de humor eram constantes, da mesma forma que suas brigas comigo, com sua irmã e Rafael, seu namorado. Os únicos que não eram alvos de sua bipolaridade eram Armando, que por vê-la pouco, estava sempre disposto a ouví-la e lhe dar apoio. Abel também não sofria seus ataques, e por isso o motivo de tantas brigas com Rafael, pois Sara e Abel agora eram unha e carne.
Kelly achou melhor não revelar a ele por enquanto a identidade real do Coringa e nem a sua possível infecção ao HIV. Mexer nesse assunto, causaria nossa exposição e ela queria enterrar essa história. Eu e Paty tivemos que prometer não revelar por enquanto, e Abel achou que essa depressão dela fosse somente pela morte de Daniel. Ele também sentia a perda do pai e da Luara que desapareceu sem lhe dar uma explicação.
Regina ficava num mundinho dela o dia inteiro. Isso me preocupava muito porque cada vez mais eu desconfiava de algo que eu não queria acreditar. Minha filha estava saindo com alguém mais velho e toda vez que eu tentava conversar sobre isso, ela se esquivava. Eu tentava mexer no computador dela e em suas coisas, mas fui pega numa da vezes e ela disse que isso era invasão de privacidade. Depois desse dia, nossa ligação de mãe e filha foi para o ralo. Dissemos coisas duríssimas uma para a outra e pouco a pouco fomos nos afastando.
Duas coisas me faziam esquecer um pouco esse estresse que era a minha vida. Malhar na academia e organizar a festa do condomínio que finalmente seria amanhã.
Não aguentava mais olhar pra cara do Ricardo, que esse ano se inscreveu pra membro de comissão. Esse cara fez de tudo que podia pra transar comigo, mas eu não cedi. Infelizmente, não é o que muitos pensavam, porque o Ricardo é um cara muito sem vergonha. Éramos seis pessoas na comissão pra organizar e algumas reuniões fazíamos no play das crianças ou na área de lazer do condomínio, mas esse ano fizemos algumas reuniões nas nossas casas também e na maioria das vezes o Ricardo oferecia sua casa pras reuniões. Eu, Ricardo, Berenice, Juliana, Geraldo e Keila.
Geraldo era o síndico e Keila sua esposa. Ele quase nunca participava das reuniões. Juliana era uma das fofoqueiras do condomínio e Berenice era esposa do Jocelio, nossos vizinhos de porta. Enquanto nós discutíamos nas reuniões sobre as atividades, comes e bebes da confraternização, Ricardo vivia flertando comigo e com as outras mulheres. Eu já tinha ouvido boatos de vários casos do Ricardo, e a Keila era um deles. Um dos motivos do Geraldo não comparecer nas reuniões de planejamento era o Ricardo. Ele não suportava os deboches e as piadinhas dele.
Numa dessas reuniões na casa do Ricardo, ele marcou um horário e chegou uns 5 minutos atrasado. Estávamos na porta dele, e o safado chega trajando somente um short de nylon e pede desculpas dizendo que estava na piscina e acabou perdendo a hora. Assim que a gente entra, ele sem cerimônia tira o short e fica de sunga ostentando aquela pica meia-bomba que marcava toda a sunga. Perguntou se queríamos água e foi tomar banho pra tirar o cloro do cabelo. Nós quatro ficamos quietas, até que a fofoqueira da Juliana abriu a boca.
Juliana - Vocês viram o tamanho daquela coisa?
Berenice - Não entendi o assunto…
Keila - Hahahaha Ah, Berê, sério que você vai fingir que não sabe o assunto?
Berenice - Estou boiando…
Juliana - Ele praticamente esfregou nas nossas caras! Impossível você não ter visto!
Grazi - Ele é muito escroto! Puta falta de respeito com a gente…
Enquanto falávamos sobre isso, ele saiu do banheiro enrolado na toalha, e parecia estar mais duro agora.
Ricardo - Já vou me juntar a vocês, meninas…
Juliana - Sem problemas, Ricardo…
Estávamos aguardando ele na sala, quando lá do quarto ele começa a falar.
Ricardo - Keila, dá um pulinho aqui no meu quarto! As coisas que eu pedi da Shein chegaram, inclusive aquele conjunto de lingerie que você me mostrou. Acabei comprando pra você.
Keila - Ricardo, depois eu vejo isso contigo…
Ricardo - Tem certeza? OK! Já estou indo garotas…
Nesse dia ele ficou cheio de gracinha com a Keila, e quando fomos embora, ela disse que iria ficar pra ver as coisas que ele tinha comprado. Lógico que assim que saímos, a fofoqueira da Juliana começou a falar que a cabeça do Geraldo ia doer hoje.
Em todas as reuniões, Ricardo arrumava um jeito de ficar assediando a gente e a única que ele respeitava era a Berenice e eu de vez em quando. Sempre que ele abusava, eu dava um corte e a minha vontade era falar pra todo mundo o que ele tinha feito com a Nina.
Numa outra reunião, as coisas saíram do controle e eu sei que fui muito burra, mas na hora que as coisas acontecem, parece que eu travo e eu demoro a ter alguma reação. A reunião seria na casa do Ricardo novamente e eu fui a primeira a chegar, pois gosto de ser pontual.
Ele me recebeu normalmente, e me perguntou se eu queria experimentar um prosecco Riondo que ele havia acabado de receber. Eu que sou apaixonada por proseccos aceitei, mas fiz questão de vê-lo abrir a garrafa e como os outros iriam chegar, aceitei.
Ricardo - Essa marca é excelente. Já experimentou?
Grazi - Nunca! Dizem que é muito bom.
Ricardo - Vou pegar 2 taças. Olha essa cor como é linda! Sente o cheiro…
Grazi - Parece damasco ou pêssego.
Ricardo - Antes da gente beber, eu gostaria de fazer um brinde.
Grazi - Tudo bem…
Ricardo - Um brinde à amizade colorida que nós iremos ter e ao seu cuzinho que será meu em breve.
Grazi - Você é muito escroto mesmo, né? É uma pena fazer isso com um prosecco desse, mas perdi a vontade de beber.
Joguei o espumante nele, molhando sua roupa, fazendo com que ele começasse a tirar a roupa na minha frente e ficou pelado, exibindo aquela anaconda que estava meia bomba.
Grazi - Você é muito cara de pau! Se veste logo antes que alguém chegue.
Ricardo - Eu vou tomar um banho primeiro. Se alguém chegar, você recebe pra mim?
Grazi - Vai logo!
Enquanto ele foi pro banheiro, eu não resisti e coloquei um pouco do espumante pra experimentar porque eu não iria perder essa oportunidade.
O tempo foi passando, e o Ricardo volta com cabelo e corpo molhado, mas o que chamou a minha atenção é que sua anaconda agora estava maior e dura, pronta pra dar o bote.
Grazi - Porra, Ricardo! Que merda é essa? Você só pode estar de sacanagem…
Ricardo - Eu estou carente e com muito tesão. Preciso de um boquete pra me aliviar um pouco.
Grazi - Eu vou embora! Já se passou meia hora, e eu acho que não vem ninguém aqui. Você armou pra me comer, mas se fodeu…
Nisso a campainha toca, e eu vejo no olho mágico Juliana e Berenice. Eu fico nervosa e falo sussurrando pra ele.
Grazi - Vai botar uma roupa!
Ricardo - Relaxa, meu amor! Estou indo…
Ele vai para o quarto e eu conto até três, respiro fundo e abro a porta.
Juliana - Oi, Grazi! Chegou há muito tempo?
Grazi - Acabei de chegar…
Berenice - Meu Deus!!!
Juliana - Ricardo!!!
Ricardo - Foi mal, gente!
Quando eu olhei pra trás, vi Ricardo se retirando e ele ainda estava pelado e de pau duro. Puta merda! Filho da puta! Juliana olhou pra mim cheia de malícia enquanto Berenice me olhava com reprovação.
Ricardo voltou logo em seguida vestido com uma bermuda e camisa, mas ainda dava pra ver que aquela anaconda estava armada para dar o bote.
Ricardo - Desculpa, gente! Mil desculpas! Vocês querem beber alguma coisa?
Juliana - Estou vendo que vocês já estavam bebendo…
Grazi - Nem começamos…
Berenice - Ai, Grazi…
Ricardo - Caramba, com essa confusão até esqueci de tirar a roupa do chão. Já volto!
E novamente ele saiu, mas deu um sorriso cheio de malícia pra mim e ainda piscou o olho. Minha vontade era de ir embora, mas se eu fosse seria a prova final que algo tinha acontecido.
Berenice - Caramba, Grazi! Mal se separou do Armando e já foi logo atrás do Ricardo?
Grazi - Não, Berê! É tudo um mal entendido.
Juliana - Sei…
Grazi - Por quê vocês se atrasaram tanto?
Berenice - Chegamos na hora. Ricardo me mandou mensagem pedindo pra começar meia hora depois.
Juliana - A mim também. Ele disse que precisava tratar de um assunto especial. Agora entendi tudo…
Grazi - Olha só gente! Não aconteceu nada!
Ricardo - Como assim, nada? Você me pediu pra chegar mais cedo, disse que queria conversar, desabafar e eu abri esse prosecco pra gente beber e ficamos curtindo a companhia um do outro. Fizemos até um brinde!
Grazi - Cara, você é muito safado, pra não dizer outra coisa…
Berenice - Gente, vamos fazer essa reunião, que a data já está próxima. O que aconteceu aqui não é da minha conta e nem da sua Juliana. Bico calado!
Grazi - Já disse que não aconteceu nada.
Começamos a reunião, e dessa vez a Keila não veio e nem seu marido, pra variar. Por um lado foi bom, porque a Keila é muito do contra e sempre tem ideias estranhas. Acabamos a reunião e daí por diante nada de importante aconteceu… até o dia da confraternização.
Nem sei por onde começar, pois este dia foi um dos piores dias da minha vida, se não foi o pior. O que eu posso dizer é que na vida existe uma lei de ação e reação. Tudo que a gente faz, volta pra gente de alguma forma, sejam coisas boas ou más e até o final desse dia, eu e Ricardo teríamos uma prova disso.
A decoração do condomínio estava linda. Essa parte eu deixava pra Nina fazer, mas a Berenice e a Keila fizeram com muito capricho e estava perfeito. Contratamos um serviço de buffet de salgadinhos e compramos bebidas. Eu ficava nessa parte e sempre pedia uma ajuda ao Armando, mas dessa vez Geraldo assumiu essa função. Eu e Juliana ficamos responsáveis pelas gincanas, brindes, música, limpeza e pela organização geral. E o crápula do Ricardo, ficou responsável pela jogatina. Uma coisa que não podia faltar era o campeonato de buraco e esse ano tinha individual e dupla. Inicialmente a proposta era que as duplas fossem feitas pelos casais, mas muitas mulheres não sabiam jogar ou não queriam. Foi melhor assim, pois já houve até divórcio aqui no condomínio por causa desse campeonato de buraco.
A confraternização começaria com o torneio de buraco porque às vezes esses campeonatos demoram e durante as reuniões, chegamos a um consenso de que não haveriam apostas, porque sempre acabava em confusão, mas as zoeiras estavam liberadas.
À medida que as partidas aconteciam, os ânimos ficavam mais acirrados, porque como eram muitas pessoas, todo jogo tinha eliminação. Era um gozando o outro que perdeu e quem perdia ficava de fora zoando também, e o tempo foi passando, até que chegou a final de duplas. Erick e Armando contra Ricardo e Olair que era o marido da Juliana.
Olair queria tirar o Armando do jogo dizendo que como ele não mora mais lá, não poderia jogar, mas o próprio Ricardo disse que ele paga o condomínio e é dono do imóvel e por isso tem seus direitos. Estranhei isso, porque os dois são muito competitivos e isso seria uma forma rápida de se eliminar o adversário.
Não vou contar sobre a partida, até porque eu ficava indo e voltando com tantas outras coisas pra cuidar, mas sempre que dava, eu ficava por perto pra dar apoio ao meu marido porque sei que ele gosta disso. Neste dia, Armando estava azedo e muito irritadiço e tudo era motivo de discussão entre a gente. Parecia que estávamos realmente separados, e com problemas a resolver. Se algumas semanas antes eu achava ele meio distante e sem o brilho no olhar, posso dizer que há uns dias ou talvez semanas, ele estava sempre de mal humor comigo e cada vez mais distante.
Enfim, a partida acabou e os vencedores foram Armando e Erick. Eu abracei meu marido e comemorei como se a vitória fosse minha. Em seguida, Ricardo veio dar os parabéns, e começou então o início do fim.
Ricardo - Parabéns, sócio! Jogou bem!
Armando - Porraaaaa! Te ganhei, otário! Sou melhor que você e ganhei o buraco!
Ricardo - Sim! Você ganhou a partida de buraco, mas eu ganhei os buracos da Grazi!
Silêncio. Todo mundo olhou pro Armando e eu fiquei congelada. Jamais poderia esperar um ataque direto desse. O silêncio que parecia ter durado uma eternidade, na verdade durou menos de dois segundos porque Armando voou em cima do Ricardo e os dois se atracaram ali no meio de todo mundo. Socos e chutes desengonçados e muito agarra-agarra com um querendo derrubar o outro no chão. Logo a turma do deixa disso apareceu, separando os dois e aí começaram os xingamentos. Foi uma confusão e quando tentei falar com Armando, ele me ignorou e saiu de perto de mim. As pessoas começaram a me olhar com aquele olhar de julgamento e comecei a chorar. A única pessoa que veio me consolar foi a Berê e todo mundo começou a se afastar de mim como se eu fosse uma leprosa. Era muita injustiça! Dessa vez eu não tinha feito nada, e estava levando a culpa. Ricardo antes de sair, ainda fez um último comentário.
Ricardo - Pode ficar com ela corno! Eu prefiro as novinhas e a Grazi foi só tesão de curiosidade mesmo.
Armando se virou pra correr e começar outra sessão de briga, mas seguraram ele. Ricardo pegou a Karen, aquela safadinha que deu um showzinho no meu aniversário, e foi com ela até um jardinzinho onde tem umas árvores.
Eu fiquei puta com ele por ter feito aquilo. Armando estava conversando com Jocélio e Erick e pelo olhar estava igualmente puto com ele. Erick conversava com ele, mas ele parecia não querer ouvir nada e ficava só olhando pra mim, como um predador que quer atacar a presa e matar.
Com certeza a filha da puta da Juliana andou falando de mim por aí, mas isso não ia ficar assim.
Grazi - JULIANA! JULIANA!
Juliana - Que foi, Grazi?
Grazi - Foi você, né? Você andou fazendo fofoca de mim? Sua futriqueira!
Juliana - Grazi, você bebeu? Eu jamais faria isso!
Agarrei ela pelo cabelo, e quando eu ia meter um tapa na cara dela, Berenice me segurou.
Berenice - Grazi, precisamos conversar.
Grazi - Berê! Eu não estou acreditando nisso.
Berenice me puxou pra conversar num canto afastado. Ela me disse que o Ricardo estava falando aos amigos há algum tempo que as reuniões de preparação eram muito excitantes porque você era muito gostosa e que você estava quase dando pra ele.
Grazi - Que absurdo!
Berenice - Jocelio que me contou isso, e eu disse que o Ricardo era um falastrão, mas naquele dia que a gente chegou lá e vimos você bebendo e ele sem roupas, eu acabei comentando isso com meu marido, porque ele continuava a falar que o Ricardo estava contando a todos que você era muito gostosa e dando detalhes do seu corpo e de como você agia com ele e só faltava ele dizer que estava te comendo.
Grazi - Eu vou matar o Ricardo!
Berenice - Pode ter sido o Jocelio, ou algum outro que contou ao Armando. Sinto muito, Grazi.
Eu saí em direção ao grupinho onde estava o Armando e puxei ele pra conversar.
Grazi - Armando, vamos lá em casa um instante.
Armando - Por que você não chama o Ricardo e leva ele pra sua casa?
Grazi - Armando, você não pode acreditar nas mentiras do Ricardo. Você sabe como ele é! Vamos conversar lá em cima…
Armando - Estou cansado de mentiras, Grazi. Não é só o Ricardo…
Grazi - Todo mundo que está falando de mim, é porque o Ricardo falou com elas. Ele é muito escroto! Vem comigo!
Armando muito contrariado acabou concordando em me acompanhar e quando chegamos em casa tivemos uma enorme surpresa. Nossa filha Sara estava com Abel na sala e os dois estavam supostamente vendo um filme, mas os dois estavam muito sem graça e eu notei que o Abel estava com a barraca armada.
Grazi - Sara, eu e seu pai precisamos conversar. Por que você não leva o Abel lá pra baixo?
Sara - Tudo bem, mãe.
Abel - Eu só preciso ir ao banheiro antes.
Enquanto Abel foi ao banheiro, eu fiquei olhando pra Sara, que evitava olhar em meus olhos.
Grazi - Você não ia sair com o Rafael hoje?
Sara - Só mais tarde. Ele combinou de jogar bola com os amigos dele antes e só iremos sair à noite.
Grazi - E a Regina? Sabe dela?
Sara - Ela desceu há uma meia hora atrás. Não me disse onde ia, mas deve estar no play.
Armando - Sara, fica por perto dela que já rolou uma confusão lá.
Sara - Rolou treta? Com quem?
Grazi - Depois a gente te explica, mas fica com a sua irmã.
Abel saiu do banheiro e se despediu da gente. Assim que ele e Sara saíram, começamos a discutir. Armando me acusava de traição e queria o divórcio.
Armando - Você me traiu, Grazi! Nunca mais terei confiança em você.
Grazi - Você vai acreditar em todo mundo, menos em mim. Se esqueceu que eu te falei da armação que fizeram comigo, das chantagens? Tudo isso é um complô contra mim. Você não entende isso?
Armando - Cansei, Grazi! Isso não é vida! Não consigo trabalhar direito. Não consigo me concentrar direito pra nada. Sabe o que é fazer uma cirurgia numa pessoa, e na hora pensar em você me traindo com Nando, Ricardo ou qualquer outra pessoa? Quase cometi um erro médico por causa disso.
Grazi - Sinto muito, meu amor. Por que não falou comigo sobre isso?
Armando - Você já ouviu falar que não basta a esposa do Cesar ser honesta, ela deve parecer honesta? Você não parece honesta pra mim, Grazi! Você acha que eu não percebo, mas quando você me conta as coisas, são sempre meias verdades. Sempre tem algo que parece estar faltando. A gente se conhece há muito tempo, e eu aprendi nesses anos a saber quando você está sendo realmente sincera.
Grazi - Eu estou sendo sincera agora. Eu te amo! Não tenho nada com nenhum desses caras. Eu juro! A única coisa que me importa é você e nossas filhas.
Armando - Eu estou cansado, Grazi! Eu perdi a confiança em você, e pra ficar assim contigo nessa incerteza, é melhor a gente se separar enquanto resta um pouco de amor, carinho e amizade entre nós.
Grazi - Por favor, confie em mim! É a única coisa que eu te peço. Eu não posso viver sem você!
Armando - A gente já está vivendo sem o outro, Grazi. Olha como nós estamos distantes!
Grazi - Não me deixe, Armando! A gente pode fazer dar certo! Acredite em mim! Você precisa acreditar no meu amor por você. Eu serei a melhor das esposas e vou contar toda a verdade pra você…
Armando - Quer dizer que das outras vezes não era a verdade?
Grazi - Eu tenho um problema! Eu nunca te contei isso, mas eu gosto de me exibir um pouco e eu tenho tesão relacionado à adrenalina. Eu sempre quis te contar isso.
Armando - Eu não confio mais nas coisas que você fala.
O celular do Armando faz um barulho e quando ele olha a mensagem fica com muita raiva.
Armando - Parece que as surpresas não acabaram.
Grazi - O que foi?
Armando - Seu amigo quer me dar o troféu do campeonato. Falou pra ir na casa dele em meia hora.
Grazi - Armando, por favor…
Eu fui em sua direção e agarrei-o dando beijos no seu rosto e boca. Ele tentou se esquivar e me empurrar, mas eu era insistente e ele acabou deixando que rolasse mais beijos.
Armando - Grazi, vamos fazer o seguinte. Eu e você vamos na casa do Ricardo, e resolvemos isso de uma vez por todas.
Grazi - Não acho isso uma boa idéia. Vocês acabaram de brigar…
Armando - Está escondendo alguma coisa de mim? É por isso que não quer ir?
Grazi - Armando, eu tenho que voltar pra festa, mas se você quiser ir, eu vou contigo. Passa lá embaixo, quando estiver na hora.
Armando - Se você realmente me falar o que aconteceu e confessar, eu posso tentar entender…
O que eu podia fazer? Se eu não contar a verdade, ele vai me deixar porque tem quase certeza que eu fiz algo e se eu falar a verdade, ele vai ficar com raiva e vai me deixar. Verdade, mentira, certo, errado… qualquer escolha que eu faça não vai alterar o resultado final. Divórcio.
Grazi - Eu não tenho o que confessar. Farei tudo o que você quiser, se isso significar uma chance de ficarmos juntos. Te amo!
Dei um beijo em sua boca, e saí de casa. Acho que ele ficou balançado e talvez eu tenha uma chance. Eu não acredito no que vou fazer, mas tenho que procurar o Ricardo e combinar com ele o que falar. Eu sei o que ele vai me pedir em troca, e eu juro por Deus que vai ser a última merda que irei fazer.
Toquei a campainha do apartamento do Ricardo, mas acho que ele não estava em casa. Fui até a área de lazer e não achei ele. Fui até o jardinzinho e comecei a escutar gemidos. Como ele tinha coragem de fazer isso, com tanta gente ali perto? Fui me aproximando devagar, até que eu vi o casalzinho mandando ver. Ricardo e Karen estavam fodendo em cima de um banquinho. Ele estava sentado no banco, e ela sentada em cima daquela anaconda de frente pra ele. Como ela conseguia subir e descer naquele ritmo? Aquela anaconda deve estar arrombando a bucetinha dela. Bucetinha nada, pra aguentar aquilo tudo…
Eu fiquei observando os dois e não sabia se esperava ou se interrompia os pombinhos. Os gemidos dela eram um tesão só e pareciam até de atriz de filme pornô. Era muita sacanagem fazer aquilo ali e de repente me deu uma vontade de transar. Fiquei me imaginando que era eu ali no lugar dela, com o Armando, é claro, correndo risco de alguém ver. Comecei a acariciar os meus seios com uma mão e também a esfregar a minha buceta por cima da roupa.
Fechei os olhos por cinco segundos, e quando abri meus olhos de novo, vi que Ricardo me olhava e deu aquele sorriso de cafajeste. Ele fez com que ela levantasse e colocou ela de quatro pra continuar a foda. Agora sim, os gemidos estavam mais altos e ela até usava as mãos para tampar a própria boca.
Ricardo castigava ela, botando aquela anaconda tão fundo nela, que a garota tomava uns solavancos pra frente e fazendo com que ela se desequilibrasse do banco a todo momento. Eu tinha que encerrar aquilo e fui andando até eles.
Grazi - Vocês estão malucos? Tem crianças aqui perto. Perderam a noção?
Karen - Grazi! Veio brincar com a gente?
Grazi - A pica dele bateu no seu cérebro? Endoidou?
Ricardo - Não fique com ciúmes, que daqui a pouco eu vou te dar prazer também.
Grazi - Ah, vê se te enxerga! Ricardo, a gente precisa conversar.
Ricardo - Meu pau vai conversar com seu cu daqui a pouco…
Grazi - É sério! Você não pode conversar com o Armando. Ele está muito puto contigo. Isso vai dar merda.
Ricardo - Caralho! Você não está vendo que eu estou ocupado?
Grazi - Eu vou tirar uma foto de vocês e fazer uma denúncia pro condomínio.
Ricardo - Mais um minuto, Grazi. Estou quase lá… Quero gozar na sua boquinha gata. Vem tomar meu leite.
Karen fica ajoelhada no chão e o Ricardo fica se masturbando na frente dela.
Ricardo - Fica do lado dela, Grazi. Tem leite aqui pra vocês duas.
Eu fiquei ali esperando ele terminar e em poucos segundos ele gozou na boca da Karen e também no rosto dela.
Ricardo - Aaaaaah!!!
Karen - Eu vou deixar vocês dois resolverem seu problema!
Ela foi ao banheiro lavar e depois foi embora. Ricardo se ajeitou, e veio me abraçar.
Grazi - Opa! Pera lá! O que você vai fazer com o Armando? Por que chamou ele pra ir na sua casa?
Ricardo - Vou entregar o troféu pra ele. Mandei gravar e tudo. Tá escrito o maior corno do condomínio.
Grazi - Ricardo, por favor, pare com isso! Tem tantas mulheres pra você pegar. Por que eu?
Ricardo - Porque eu quero. Você é gostosa pra caralho! E eu vi como você fode muito lá naquela suruba. Me apaixonei…
Grazi - Assim não dá… Se você fosse um cara bacana e fizesse as coisas no sigilo, a gente até poderia chegar num acordo, mas você quer me humilhar e ainda quer humilhar o meu marido. Isso eu não permito! O Armando é um homem maravilhoso e sempre foi direito com as pessoas. Você é um escroto e eu nunca vou deixar você fazer isso com ele. Vai ter que passar por cima do meu cadáver.
Deixei ele lá sozinho e voltei pra festa. Comecei a beber caipirinha e pensei que não havia mais saída. Daqui a pouco o Armando vai aparecer aqui e um escândalo vai acontecer, mas eu não vou deixar barato. Vou foder o Ricardo e todo mundo que falar mal de mim. Várias esposas que dormiram com ele estavam ali com os seus maridos.
O tempo foi passando e eu já estava no quinto ou sexto copo de caipirinha. Minha língua já estava coçando, porque tinha um grupinho de mulheres me olhando, e isso estava me deixando nervosa. Me deu vontade de ir ao banheiro e resolvi ir no da minha casa pra dar uma fugida dali.
Fui até o elevador e quando estava chegando em casa eu ouvi um grito que me deu um calafrio e fiquei arrepiada. Segundos depois outro grito e eu tinha quase certeza que era o Armando. Entrei em casa, procurando por ele e não o achei. Comecei a achar que era coisa da minha cabeça que já estava cheia de álcool e fui ao banheiro fazer minhas necessidades.
Quando eu saí do banheiro, eu vi o Armando no corredor com a roupa toda suja de sangue. Seu rosto estava machucado e sangrando e suas mãos estavam arrebentadas e com muito sangue também.
Grazi - Armando, o que aconteceu?
Armando - Sua vagabunda! Piranha! Olha o que você fez! Era isso que você queria? Está satisfeita?
Grazi - Armando, pelo amor de Deus, o que você fez?
Armando se sentou no chão e começou a chorar. Eu tentei abraçá-lo, mas ele se levantou.
Armando - Eu acho que matei ele.
Grazi - Nããããooo! Armando! Meu Deus, o que eu fiz?
Armando - Você me traiu, Grazi. Foi isso o que você fez. Me traiu com o Nando, fez suruba e sei lá mais o que. Eu devia te arrebentar, mas eu vou embora. Amanhã eu me apresento à polícia.
Eu só sabia chorar. Eu queria me enfiar num buraco e desaparecer.
Armando - Valeu a pena, Grazi? Os orgasmos que você teve valeram a pena? Fala, Grazi!
Ele pegou a chave do carro e foi embora. Tentei impedi-lo, mas ele me empurrou e quase me deu um soco. Eu não sabia o que fazer até que resolvi ir ver o estrago. Fui até o apartamento do Ricardo, e a porta estava encostada. Abri a porta devagar e quando entrei na sala, eu dei um grito porque o que meus olhos viam era inacreditável.
Grazi - Meu Deus, o que você fez?
