Let:
Antes de Camila chegar pedi pra Eduarda prometer não brigar com ela de forma alguma antes de ouvir tudo que ela tinha a dizer e pra gente conversar de forma civilizada e ela concordou
Camila não demorou a chegar, deixei Mya com Eduarda e fui atender ela na porta e pedi o mesmo que pedi a Eduarda, ela concordou e disse que a última coisa que queria era brigar com Eduarda
Entramos e sentamos nos 4 no sofá da sala, Eduarda não olhava Camila nos olhos, parecia querer evitar o contado visual mas dava pra ver claramente que as duas estavam emocionadas, os olhos das duas estavam vermelhos e inchados, era triste ver minhas amigas naquela situação
Mya já foi direto ao assunto como sempre, ela é bem mais prática que eu nesse sentido, ela consegue ser mais fria quando precisa, eu sou mais emotiva nessas situações
Mya: Bom vou direto ao assunto, eu e Let acreditamos nas duas e estamos decididas a resolver isso, então Camila a Eduarda já nos contou com detalhes tudo que aconteceu quando chegou no apê de vocês aquela noite e agora precisamos que você conte o que aconteceu do momento em que Carla chegou até a hora que você acordou, aí vamos comparar as histórias e procurar resolve isso
Camila: O que mais quero é resolver isso, não aguento mais essa situação
Let: Então poderia falar pra nós por favor o que Mya pediu
Camila: Claro que posso, eu cheguei do escritório era por volta das 20 horas e Carla veio comigo pra me ajudar e revisar um processo que estou trabalhando, é um processo muito complicado de uma empresa que os sócios resolveram se separar, Carla me ofereceu ajuda e eu aceitei porque era muita coisa pra ler e reler, como ela se forma esse ano seria bom pra ela ajudar em um processo desse e pra mim seria útil ter ajuda
Assim que cheguei eu avisei Eduarda que já estava em casa e que Carla estava comigo pra me ajudar, eu já tinha notado que Eduarda não tinha ido muito com a cara de Carla por isso já avisei logo e expliquei o motivo direitinho dela estar no nosso apê comigo
Quando chegamos ofereci algo pra Carla beber porém ela não quis, deixei ela sentada no sofá com a pasta do processo e fui trocar de roupa, vesti um conjunto de moleton porque estava um pouco frio, voltei para sala e me sentei e começamos a rever o processo
Discutimos algumas pautas e líamos páginas por página e quando tinha algo relevante uma mostrava a outra
Já era por volta das 22 horas quando a fome bateu, falei pra Carla que iria fazer algo pra gente comer porque ainda iríamos demorar um pouco, ela sugeriu pedir uma pizza porque assim eu não perderia tanto tempo e assim eu fiz, ela perguntou se eu não tinha refrigerante porque ela estava com a garganta seca, eu fui até a geladeira e peguei um refri 2 litros e dois copos e voltei e sentei pra gente continuar o trabalho
A pizza chegou depois de uns 40 minutos, peguei meu cartão na bolsa no quarto e fui pegar a pizza, depois de pagar eu coloquei a pizza na mesa, guardei meu cartão e voltamos ao trabalho, a gente foi trabalhando e comendo pizza e bebendo refri, aí só me lembro de ficar com muito sono porque já estava tarde, a última vez que lembro de olhar a hora já era mais de 23 horas, depois disso eu não sei o que houve mas acordei deitada no sofá com um cobertor em cima de mim, estava com a mesma roupa porém sem o tênis que eu estava, eu achei que era Eduarda que tinha tirado meu tênis e colocado o cobertor em cima de mim, depois que fui no quarto e não a vi eu achei estranho e foi quando liguei e nada dela atender, ai fiquei preocupada e fui procurá-la, o resto da história vocês sabem
Mya: Você não imaginou que poderia ser Carla que tinha cuidado de você no sofá?
Camila: na hora nem lembrei de Carla, só acordei meio zonza no sofá e imaginei que tinha apagado ali e que Eduarda tinha cuidado de mim, só quando fiquei sabendo de tudo que vocês me falaram no restaurante que embrei dela e imaginei que ela tinha me coberto e tirado meu tênis já que Eduarda não tinha feito aquilo
Let: você acordou vestida com todas suas roupas? Não tinha nada diferente?
Camila: não tinha não, eu acordei com o mesmo conjunto de moleton que eu estava usando, mesma meias, a mesma calcinha, tudo exatamente igual
Mya: desculpe a pergunta mas você estava sem sutiã?
Camila: sim, eu tirei quando fui trocar de roupa, eu raramente uso sutiã em casa e como vesti uma blusa toda fechada eu não vi problemas
Mya: sei como é, eu faço muito isso
Let: Camila eu sinceramente acredito em você, acho que você foi totalmente sincera, mas eu acredito na Eduarda também, então algo não está batendo
Camila: Eu não menti em nada, eu nunca trai ninguém e não iria começar fazer isso agora justo com a mulher que eu amo
Nesse momento Camila já não segurava as lágrimas e nem Eduarda, Mya vendo o estado das duas foi até a cozinha e trouxe uma jarra de água e 2 copos e serviu as duas
Mya: Camila a Eduarda chegou no apartamento e viu você e a Carla na cama, você estava dormindo de costas com o lençol até a cintura e nua da cintura pra cima, porém Carla estava acordada e viu a Eduarda e fingiu estar assustada
Camila: pelo amor de Deus quantas vezes vou ter que dizer que não fui pra cama com a Carla? Eu não seria tão idiota a ponto de levar alguém pro meu apê, avisar minha namorada que essa pessoa estava lá, levar ela pra nossa cama e dormir sabendo que minha namorada poderia chegar a qualquer momento, se eu fosse tão covarde a ponto de trair alguém que me ama e sempre fez tudo por min eu iria em um motel ou em qualquer outro lugar, menos no meu apartamento correndo esses riscos todos
Eduarda: Eu sei que eu só tinha que escutar mas preciso perguntar
Mya porque você disse que Carla fingiu estar assustada? Você acha que isso foi armação daquela vagabunda?
Mya: é exatamente o que acho, eu acredito em vocês duas e não tem outra explicação a não ser que vocês foram vítimas de uma armação e só pode ter sido a Carla
Camila: Eu vou ligar pra ela agora e ela vai ter que explicar isso porque sinceramente eu acredito na Eduarda, ela não iria inventar algo assim, eu não fui pra cama com Carla então ela vai ter que se explicar
Mya: não liga não, calma um pouco porque a gente precisa pensar direito como resolver isso de vez
Let: concordo com Mya, se isso foi mesmo uma armação dela precisamos de provas, ela vai negar tudo sem provas ou sem pensar em um jeito dela confessar, precisamos nos acalmar em pensar em algo
Mya: Só mais uma coisa Camila, você não notou que Carla era afim de você? Tipo ela nunca tentou nada?
Camila: No dia que nós conhecemos a uns 2 meses atrás ela veio tipo com uns sorrisinhos e uns elogios e notei que ela ficava me dando umas encaradas, no fim do dia ela me convidou pra jantar aí aceitei e disse que minha namorada trabalhava como chef em um restaurante, vi que ela fez uma cara de decepção e acabou arrumando uma desculpa e não quis ir, mas depois disso ela não tentou nada, as vezes via que ela me olhava meio diferente mas como ela nunca passou dos limites eu achei que era coisa da minha cabeça e deixei isso pra lá, no mais ela sempre me ajudou em tudo, ela sempre me acompanhava nos processos e nunca importou de trabalhar fora do horário, sempre foi muito eficiente, nunca deu indiretas nem nada do tipo, era uma estagiária esforçada que me ajudava muito, era assim como eu a via
Let: pois provavelmente ela se apaixonou por você e como sabia que você tinha um namoro estável e não deu abertura pra ela tentar algo ela resolveu no desespero acabar com esse namoro pra depois arriscar a te conquistar, mas precisamos de provas pra termos certeza
Eduarda: eu não preciso de provas, está claro que foi armação daquela vadia
Camila: então você acredita em mim amor?
Eduarda: sim, eu acredito em você sim e me desculpe por não ter acreditado antes amor
Camila: eu no seu lugar provavelmente teria feito pior, não precisa se desculpar, só vem aqui aqui e fica do meu lado, não aguento mais ficar longe se você
Eduarda se levantou e se jogou nos braços de Camila, as duas se beijaram e se abraçaram, as duas choravam muito, eu chamei Mya e saímos do apê, as duas precisavam de um tempo, só falei pra elas que logo a gente voltava e descemos pro restaurante pra ver como as coisas estavam
Fui na cozinha e tudo corria bem, falamos com Grazi e Marcela e explicamos o que tinha acontecido durante a conversa e pedimos para elas ficarem até fechar só naquela noite e elas concordaram nua boa, Mya conversou com Érica e Tamires e voltamos para o apê, o clima era outro, os sorrisos tinham voltado ao rosto de nossas amigas e eu fiquei muito feliz de ver as duas juntinhas ali abraçadas e trocando carinho, porém ainda tínhamos que resolver o lance da Carla e Mya tinha uma ideia
Mya: Camila você é advogada e com certeza sabe algum laboratórios que pode testar seu sangue pra gente descobrir se tem alguma substância estranha no teu corpo né?
Camila: sim eu conheço uma amiga que trabalha em um dos melhores de BH
Let: O bom seria coletar seu sangue agora mas nessa horário não vai dar
Camila: talvez dê sim, essa amiga minha me deve uns favores, talvez ela possa ajudar
Mya: então faz isso, seria ótimo, e você lavou os copos que vocês tomaram o refri?
Camila: não, estão na mesa de centro até agora, eu não tive coragem de fazer nada quando voltei ao apê, só fiquei deitada chorando esperando vocês me ligarem
Eduarda: desculpe amor, eu fui injusta com você
Camila: você não me deve desculpas, já te falei que o que você fez é totalmente compreensivo e eu acho que no seu lugar eu faria pior
Let: Camila tem razão Eduarda, você não tem culpa de nada e nem ela, agora vamos dar um jeito de resolver isso tudo
Camila foi ligar pra amiga e Mya foi no apê com Eduarda pegar o copo e passou no apê de Cristina, acordou ela e explicou a situação e levou ela com as duas, era bom ter uma delegada junto pra servir de testemunha se fosse preciso
A amiga de Camila fez questão de ajudar e seguimos pro laboratório, avisamos as meninas pra ir pra lá assim que pegasse os copos no apê e assim elas fizeram, assim que todos chegaram a amiga da Camila abriu o laboratório e coletou o sangue da Camila e o resto de refri dos copos, ela disse que no outro dia na hora do almoço a gente poderia buscar os resultados e só não iria fazer no momento porque ela precisava da autorização do seu chefe pra fazer esse tipo de exame mas era algo puramente burocrático e resolveria no outro dia de manhã
Cada uma de nós seguimos pra casa e marcamos de encontrar no outro dia ao meio dia no meu apê, Camila ia pegar os resultados e iria trazer Carla junto com a desculpa que os exames eram meus porque eu estava começando um tratamento para engravidar e ela iria pegar pra mim como um favor já que ela iria no meu prédio para olhar um apartamento porque ela e Eduarda tinham terminado e ela iria mudar de apê pois o apê antigo trazia muito lembranças da Eduarda
Quando eu e Mya chegamos o restaurante já tinha fechado e Grazi e Marcela já estavam dormindo, eu e Mya nos despedimos e fomos dormir
No outro dia era 10 e pouca da manhã e recebo uma mensagem da Camila avisando que sua amiga tinha avisado que os exames estavam prontos e que ela tinha sido vítima de um boa noite cinderela, foi encontrado vestígios em um dos copos e no sangue dela
Combinamos de seguir com nosso plano e agora com as provas a Carla estava com sérios problemas, eu estava doida pra chegar logo o horário combinado mas a hora não passava, eu e Mya ficamos conversando para matar o tempo
Era 11:30 quando as meninas chegaram do colégio, explicamos tudo a elas e logo depois Eduarda e Cristina chegaram, ficamos sentadas na sala esperando Camila chegar, ela já tinha avisado que estava a caminho e que Carla estava com ela
Era pouco mais de meio dia quando bateram na porta, Mya foi atender, quando elas entraram Carla fez um cara de espanto e tentou voltar pra trás dizendo que ia esperar no carro mas Mya entrou na frente dela e a impediu de sair e falou com uma voz bem firme pra ela entrar e sentar porque ela era a convidada especial da nossa pequena reunião
Carla achou melhor não discutir com a mulher de mais de 1,80 de altura com a cara feia olhando pra ela, deu meia volta e seguiu Camila, com certeza ela já sabia que a casa dela tinha caído e deu pra ver nos seus olhos que ela estava apavorada
Camila: Carla essas são Grazi, Marcela e Let minhas amigas, a que nos atendeu é Mya minha amiga, Eduarda minha namorada e futura esposa você já conhece e essa do lado dela é minha amiga delegada Cristina
Carla nessa hora ficou branca, acho que a palavra delegada a deixou mais com medo ainda, a situação era pior do que ela esperava
Ela se sentou meio as presas, acho que as pernas dela bambiaram de medo
Camila: os exames que peguei na clínica na verdade são meus e não da Let como falei, são exames de sangue e outro feito no resto de refri colhido dos copos que bebemos naquela noite, acho que não preciso te explicar o que foi encontrado nos exames né?
Carla: não
Camila: agora me explica Carla, porque tudo isso? O que passou pela sua cabeça? Você sabe que eu podia ter morrido? Você tem noção do tanto de processo que vou enviar em cima de você? Tem noção que você vai perde a chance de se tornar uma advogada e vai pra cadeia?
Carla: sei, eu não pensei direito eu....
Camila: você o que Carla? FALAAAA!!!
Carla: Eu amo você, eu não conseguia pensar mais em nada e fiz besteira, me perdoe por favor
Camila: te perdoar, a vontade que estou é de quebrar sua cara todinha, só não vou fazer isso porque estou na casa da minha amiga
Carla: perdão Camila, eu fiz besteira mas estou arrependida, por favor
Mya: Calma Camila, eu sei que você deve estar com muita raiva mas tente se acalmar
Let: me conta Carla, o que você fez? Quero ouvir da sua boca
Carla: não quero falar disso, vocês já sabem de tudo, eu só quero ir embora, por favor eu já pedi desculpas
Cristina: você pode falar aqui ou posso te levar pra delegacia que eu trabalho que é aqui na frente e pegar seu testemunho, a gente tem umas formas legais de arrancar o que a gente precisa saber, o que você prefere?
Carla: Tá bom eu conto tudo
Let: então fala logo!
Carla: eu consegui o boa noite cinderela na Internet, levei no bolso e quando Camila foi pegar o cartão no quarto eu coloquei no copo dela, assim que ela apagou eu arrastei ela e a deitei na cama, tirei sua blusa e a cobri com o lençol, tirei minhas roupas e fiquei só de calcinha, deitei e esperei Eduarda chegar, bom o que aconteceu ela já deve ter contado, então depois que ela saiu eu vesti minha roupa e levei Camila de volta ao sofá, vesti sua blusa novamente e a cobri, arrumei a cama e sai rápido porque eu estava com medo dela acordar, eu devia ter lavado os copos mas não me toquei, bom é isso
Camila: você é muito fdp mesmo, eu sempre te tratei bem, sei que você me ajudou mas eu também te ajudava em tudo, te explicava cada detalhe do trabalho e sobre os processos, em troca disso você quase acaba com minha vida
Carla: eu amo você, eu fiquei desesperada, eu não pensei direito, sei a merda que fiz e estou disposta a pagar por isso, eu só quero que saiba que fiz isso tudo porque te amo muito
Mya: isso não é amor, isso é doença, quando a gente ama alguém a gente quer ver essa pessoa feliz independente de com quem seja, você nunca amou na vida se não saberia disso
Carla começou a chorar, ela não conseguiu falar mais nada, o desespero bateu e com certeza ela sabia o tamanho do problema que ela tinha arrumado
Eduarda que até o momento não tinha falado nada se levantou e sentou ao lado de Carla e abraçou ela, todas nós olhamos assustadas, Carla se assustou mas acho que ela precisava tanto de um abraço naquela hora de desespero que abraçou Eduarda e só chorava e pedia desculpas entre lágrimas e soluços
Eduarda pediu pra mim pegar um copo de água e eu fui, ela deu o copo de água para Carla e essa foi bebendo devagar
Eduarda: se acalme, não adianta chorar agora, se acalme que quero conversar com você
Carla: pode falar
Eduarda: quantos anos você tem?
Carla: faço 22 mês que vem
Eduarda: e o que você vai fazer da vida de agora pra frente
Carla: eu não sei, eu iria me formar em direito esse ano e queria muito ser uma boa advogada mas agora não sei o que vai ser de mim, vou pagar o que devo e quem sabe retomar minha vida algum dia
Eduarda: vou te contar o que você vai fazer, você vai sair daqui e vai pra sua casa, vai ligar pra um psicólogo e vai se tratar, vai transferir seu estágio pra outro escritório, Camila vai te ajudar nisso, vai me prometer que nunca mais vai fazer esse tipo de coisa e nem chegar perto de mim ou da Camila, vai aproveitar a chance que estou lhe dando, vai ser uma boa advogada, e ser uma pessoa boa de hoje em diante, você concorda?
Carla: eu faço o que você quiser, eu prometo que vou fazer tudo que falou, ou melhor eu te juro por tudo que é mais sagrado
Eduarda: tudo bem, eu acredito em você, só não esqueci que vou guardar esses exames e se eu ficar sabendo que você aprontou qualquer coisa errada eu entrego eles pra Cristina e ela vai atrás de você
Carla: eu entendi, pode guardar eu nunca mais vou fazer nada de errado, eu juro
Eduarda: então levanta e vai, é não esqueci do nosso acordo
Camila: mas Eduarda....
Eduarda: por favor deixa ela ir, estou pedindo a você por favor
Camila: tá bem
Carla: Obrigado Eduarda, eu nunca vou esquecer o que fez por mim, e mais uma vez me desculpem por tudo
Carla se levantou e saiu com a cabeça baixa enxugando as lágrimas do rosto e sem olhar pra trás, eu não tinha entendido o porquê Eduarda tinha feito aquilo e acho que ninguém entendeu nada já que ela deveria ser a com mais raiva da Carla
Camila: porque fez isso Eduarda? Ela quase separou a gente, fez uma coisa horrível e merecia pagar pelo que fez
Eduarda: E você acha que colocar ela em uma cadeia é acabar com a vida dela ia resolver algo? a tendência é que ela se tornasse uma pessoa muito pior, sem futuro ela ia passar pelo inferno e isso não ajuda ninguém
Camila: e deixar ela ir ajuda? Ela pode achar que escapou dessa com um simples pedido de desculpas e pode fazer de novo
Eduarda: é isso pode acontecer sim mas eu acredito que ela realmente se arrependeu, o choro dela não tinha nada de fingimento e eu dei uma chance pra ela porque eu tive uma em uma situação ruim e pra mim funcionou, eu só quis devolver a alguém a chance que eu também tive um dia
Camila: Como assim amor? Que chance que você teve?
Eduarda: Eu nunca contei isso ninguém, nem pra você, tenho vergonha dessa parte da minha vida mas vou contar pra vocês pra que vocês entendam o que fiz
Mya: essa eu quero ouvir porque não atendi nada também apesar de concordar que você tem razão que denunciar ela não iria ajudar ela mudar, provavelmente ela se tornaria alguém pior
Eduarda: quando eu tinha 16 anos eu andava com uns amigos meio barra pesada, a gente era muito pobre e para conseguir algo pra comer a gente fazia pequenos assaltos nos bairros mais ricos, a gente invadia casas que estavam vazias e roubava o que tinha valor e vendia, uma bela noite eu e mais uma amiga e dois amigos entramos em uma casa e estávamos fazendo o limpa quando escutamos um carro chegando, entramos em desespero e tentamos pular da janela do segundo andar, era meio alto mas era melhor pular já que se a gente descesse podia dar de cara com o dono da casa, todos pularam e correram e eu fui a última, quando pulei eu bati os pés de mal jeito e um deles torceu que chegou a deslocar, eu ainda tentei correr mas não conseguia porque a dor era muito grande, nisso o dono da casa me pegou, ele tinha ouvido meus gritos, ele me segurou e falou para eu ficar quieta se não ia ser pior, eu já tinha alguns processos por furtos e a chance de eu ir parar na centro de jovens infratores era grande, eu chorava de dor e de medo, nem tentei reagir, eu estava entregue com aquele homem me segurando e meu tornozelo com uma dor insuportável
O dono da casa me levou pro carro carregada, me sentou no banco da frente, ligou o carro e saiu, perguntou meu nome, queria saber da minha vida, eu chorava e contava, ele ia fazendo perguntas e mais perguntas e eu ia respondendo, achei que ele estava me levando pra delegacia mas pra minha surpresa ela parou em um hospital, me carregou e chamou um enfermeiro pra ajudar, resumindo, eu fui medicada e passei a noite no hospital, ele voltou no outro dia, pagou meus exames e me levou pra casa, disse a minha mãe que tinha torcido o pé correndo na rua e ele viu e me ajudou, comprou os remedios que o médico passou, ia todo dia na minha casa me visitar e levava coisas de comer, no início achei até meio estranho aquele homem estar me ajudando, eu tinha 16 anos e era bem bonitinha, cheguei a pensar besteira mas a gente foi conversando e ele me contou que era gay e que tinha sido expulso de casa quando a família descobriu, que comeu o pão que o diabo amassou mas que foi ajudado por uma senhora que conheceu na rua, disse que gostou de mim porque eu o lembrava de sua irmã mais nova, a gente acabou virando amigos, ele me levou para trabalhar no seu restaurante, me ajudou com meus estudos, tudo que sou hoje devo a ele, não vejo ele desde que ele mudou para Portugal
Camila: então seu tio que mora em Portugal que você tanto fala é essa homem que te ajudou?
Eduarda: é sim, só não te contei como o conheci, desculpa amor eu tinha vergonha de contar isso
Camila: Tudo bem amor, sabendo agora da sua história eu entendo o que você fez, espero que Carla dê valor a chance dela como você deu a chance que você teve, e tenho muito orgulho de você, não precisa ter vergonha do seu passado
Eduarda: bom gente é isso, agora posso voltar pra minha cozinha que preciso relaxar kkkk
Acho que todos ali naquela sala ficaram emocionado com o que aconteceu, eu dei um abraço forte na Eduarda, e todos fizeram o mesmo
Nos despedimos e todos se foram, eu fiquei ali pensando em tudo que aconteceu nesses dois dias, e cheguei a conclusão de que tem algumas coisas que não acontece só em filmes não, as vezes a vida nós trás algumas surpresas e acasos que parece coisa de filme!
Pelo menos essa história daria um filme com final feliz, isso que importa!!!
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Continua...