*Este capítulo começa logo após o final do 02, então como faz tempo da postagem daquele, volte lá e dê uma lidinha nos parágrafos finais para lembrar o que estava acontecendo. Ele segue a linha do Delvin.
Geldwin era um dos elfos mais belos que Delvin conhecia. Talvez por isso, Delvin tinha se apaixonado por ele logo que se conheceram. Ele era alto, perto de Delvin, tinha longos cabelos dourados e uma pele bronzeada naturalmente. Olhos cor de mel e um rosto meigo, mas com traços fortes e sem barba, como todos os membros de sua raça. Ambos começaram o “curso de feitiçaria” ao mesmo tempo, a 4 anos atrás. Naquele tempo, Delvin ainda estava se descobrindo, mas seu colega não. A sociedade élfica aceitava melhor as diferenças de gênero e sexualidade entre seus membros. Haviam, inclusive, aqueles que nasciam com gênero fluido, podendo alternar entre o masculino e o feminino a seu bel prazer. Por isso, Geldwin, um jovem elfo gay, já decidido do que gostava, chamou tanto a atenção do pequeno meio-elfo. Seja qual foi o motivo que os fez se envolver, o que eles tiveram no passado acabou em pouco tempo, pois, assim que percebeu o quão tóxico era o elfo, Delvin rapidamente tratou de se afastar, embora o elfo nunca tenha desistido de perseguí-lo. Delvin tentava evitá-lo o máximo possível, e apenas trocava ideias imprescindíveis aos estudos quando não podia contar com seu professor ou outro colega. Entretanto, o Elfo estava em frente a porta da torre do Feiticeiro, barrando a entrada do meio-elfo o que forçaria uma troca de palavras entre os dois.
- Deixe-me entrar Gel, preciso falar com Salazar. – Pediu Delvin, no tom mais monótono e sem emoção que conseguiu emitir.
- Ora se não é o belo Delvin. Voltando tarde hein? Não tinha apenas que fazer uma encomenda? Porquê demorou tanto? – A voz melodiosa e linda do elfo só deixava o tom dele mais debochado.
- Não preciso dar satisfações a você. Deixe-me entrar, pois como tu mesmo disseste, já estou atrasado, e preciso informar o Mestre do preço da encomenda. – Delvin tentou soar o mais cordial possível, mas sabia que era quase impossível.
Geldwin até poderia ter ficado mais tempo enrolando, mas o Mestre deles tinha olhos por toda torre, e certamente já sabia do retorno de Delvin, portanto, abriu passagem, mas obviamente respondeu:
- Tome cuidado querido De, o mestre não está de bom humor, e você bem sabe que não está nas graças dele. Se você aceitasse as aulas particulares que eu lhe ofereço, tenho certeza de que melhoraria o seu desempenho!
Delvin quase riu da proposta, pois sabia as reais intenções destas aulas particulares.
- Agradeço por sua tremenda preocupação com meu desempenho “querido Gel”, mas devo recusar sua oferta, prefiro focar nos meus próprios métodos.
Geldwin ainda continuou falando algo, porém Delvin subiu as escadas de forma barulhenta para não ter que ouvir aquela voz chata de seu ex. Ao atingir o último andar da torre, permitido aos alunos, ele aguardou ser chamado. Não era necessário bater à porta, pois o feiticeiro via e ouvia tudo que acontecia dentro e nos arredores da torre, exceto nos aposentos próprios de cada aluno, pelo menos era o que Delvin sabia.
- Entre. – A voz abafada do feiticeiro soou por detrás da porta.
Delvin respirou fundo e abriu a pesada porta de madeira. Ali dentro, um ambiente parcamente iluminado, cheio de estantes com livros, jarros com criaturas estranhas mortas dentro, e um monte de aparatos estranhos, os quais Delvin apenas imaginava para que serviam, aguardava seu mentor. Salazar, um humano alto de meia idade, careca e de cavanhaque negro, vestindo um manto, certamente mágico e cheio de proteções arcanas, se encontrava de costas para entrada, analisando algum dos seus diversos instrumentos. Sem se virar, ele questionou Delvin:
- Fez a encomenda?
- Sim mestre, o ferreiro e seu aprendiz farão a peça, que estará pronta amanhã à tarde.
- Ótimo, e o pagamento?
- Será cobrado quinhentas peças de ouro, mestre, e eu me voluntario para recolhê-la – Delvin optou por não contar que parte desse pagamento cobria um serviço anterior mal pago pelo seu mestre.
Salazar se virou para o rapaz e o encarou por alguns segundos. Delvin detestava quando isso acontecia. Parecia que seu mestre lia sua mente nesses momentos, mas ele sabia que não era assim que funcionava a magia da leitura mental. O Jovem manteve o olhar o tempo inteiro e Salazar finalmente quebrou o silêncio.
- Meio caro desta vez, mas tudo bem. Sim, permito que você a recolha. Você é confiável para estes tipos de serviços, diferente de quando preciso de alguém para realizar qualquer feitiço. Seus colegas são muito superiores nesse quesito. Por que você não aceita as aulas que seu colega Geldwin sempre lhe oferece? Vocês eram tão próximos no começo...
Delvin suspirou, já sabendo que a discussão demoraria, mas respondeu mesmo assim:
- Mestre, o senhor sabe que no início eu era muito inocente e não via as reais intenções do Geldwin. Ele só queria se sentir superior, pois ao meu lado, alguém que ele considera inferior, pela raça, por ser mais novo, ou não sei o quê, ele se destacaria.
- E no entanto, quem se destaca mais, de uma forma ruim, é você Delvin. Eu lhe chamo a atenção e o repreendo, não com a intenção de inibi-lo, mas sim de que você cresça. É nítida a sua diferença de aprendizado em relação aos outros. Geldwin pode ser o que tem as melhores notas, mas Peter e Felícia não ficam muito atrás. Se você não consegue com um, tente com os outros dois. Pedir ajuda é importante às vezes.
- Eu já tentei, mas Peter foi mesquinho e me pediu para pagá-lo, com quantias exorbitantes e Felícia me humilhou nas duas aulas que fiz com ela. Não quero passar por isso novamente.
Salazar suspirou, e continuou:
- Delvin, você tem o dom da magia, e consegue realizar alguns feitiços. Eu consigo vê-lo sendo um bom feiticeiro. Entretanto, eu não consigo vê-lo se esforçando. Se tomar aulas adicionais com seus colegas não é uma opção, compareça a todas as minhas. Sei que você detesta as aulas teóricas, mas elas são necessárias. Seus colegas estão mais avançados justamente por isso. Nenhum deles nunca faltou a nenhuma delas. Apenas você.
- Eu sei mestre. – Delvin respondeu cabisbaixo – mas eu não suporto ficar com a cara enterrada nos livros. Em algumas delas eu até dormi!
- Lembro bem de acordá-lo algumas vezes. Para mim, isso soa como desleixo! Você é esperto e inteligente, e se dá muito bem na prática. Se daria melhor e estaria, talvez, até a frente de seus colegas se tivesse mais dedicação nas aulas teóricas. Por isto, estas constantes faltas, que o obriguei a fazer a encomenda de hoje. Não gosto de ter de punir os meus alunos, mas não vejo outra opção no seu caso. E lembre-se, a avaliação está se aproximando, se você não atingir o desempenho requerido, terei de informar seus pais. Na última, você passou no limite, e, desde então, não notei melhora. E você sabe que, se um aluno meu falhar na avaliação, ele deixa de ser meu aluno.
- Eu sei mestre.
- Sabe, mas não faz nada para mudar sua situação. Enfim, você já está cansado de saber disso e eu também já cansei de alertá-lo. Ah, amanhã e no dia seguinte, eu não estarei, portanto não haverão aulas, aproveite o tempo para estudar. Antes de sair, deixarei o dinheiro com você para buscar a peça, ela pode ser um pouco pesada, então peça ajuda ao ferreiro ou seu ajudante para trazê-la e deixá-la no salão principal. Eu a trarei para cá depois. Pode se retirar.
Aliviado por ter terminado a discussão com seu mestre, Delvin foi para seu quarto. Cansado, principalmente de ter que ouvir a mesma ladainha de sempre, ele decidiu tomar um banho. Apesar de tudo, morar na torre de um feiticeiro tem as suas regalias. No seu quarto, além de uma enorme cama com dossel, extremamente confortável, uma escrivaninha para anotações que estava extremamente bagunçada, havia um biombo dividindo o ambiente. Atrás do biombo, repousava uma banheira mágica, que se enchia sozinha com água na temperatura de preferência do usuário. Delvin tratou de entrar nela logo, e ela rapidamente se encheu com água morna. Agora, finalmente despido e dentro da banheira, Delvin enfim relaxou. Ele adorava a sensação da água em seu corpo, sua pele branca demorava a se enrugar, por isso seus banhos normalmente demoravam quase uma hora.
Após seu banho, Delvin, ainda nu, olhou-se no espelho de seu quarto. Uma enorme peça, com moldura de mogno e prata, na qual um orc poderia se ver por inteiro, mas que agora refletia apenas um pequeno meio-elfo. Seu corpo esguio, de pele muito branca, não possuía pelos. Delvin agradecia a sua ascendência élfica por isso, não que ele os odiasse, mas achava que isso não combinava com ele. Exceto na cabeça, onde poucos pelos lutavam para manter uma barba bem rala, que ele mantinha aparada. Os longos cabelos soltos lhe davam uma aparência mais selvagem, algo que ele gostava muito, porém, no dia a dia, ele preferia mantê-los presos. Olhando seu reflexo, um jovem sem músculos aparentes, mas muito belo, Delvin pensava no que poderia fazer. Continuar como aprendiz de feiticeiro estava com os dias contados. Ele já havia percebido que essa não era sua vocação, até que a próxima avaliação acontecesse, ele teria um teto, mas depois, ou voltava para casa ou tentava a vida ali na cidade. Na verdade, apenas a segunda opção era viável a esta altura, pois em casa com um pai e irmão intolerantes, seria impossível viver. Já havia até apanhado do irmão por ter presenteado o mesmo com uma flor, pois segundo ele “flores são presentes de meninas”, e o pai era ainda pior. Não, ele precisava encontrar algo para fazer ali nesta cidade, algo para ganhar a vida, mas o quê?
Uma ideia lhe ocorreu, assim que viu seu pênis ficando ereto com a ajuda de sua mão. Ele era jovem, belo e possuía um membro avantajado. Poderia trabalhar em um prostíbulo. Com certeza haveriam muitos nobres que pagariam para tê-lo, mas ele era um frequentador desses ambientes e sabia que não eram apenas os nobres que os frequentavam. Ele teria de servir a todos, e talvez até a mulheres. Ele sabia o que muitas das pessoas que trabalhavam nesses lugares passavam. Alguns eram assassinados pelos clientes e ninguém se importava, ninguém os respeitava. E ele, alguém sozinho nesta cidade, poderia facilmente ser alvo desse tipo de violência, sem contar que sua família, se soubesse o que ele estava fazendo, poderia até querer eliminá-lo, para não manchar a honra da família. Ele sabia que, no fundo, seu envio para cá, para aprender magia, era apenas um meio de afastá-lo de sua casa e de seus irmãos. Ele estava sozinho no mundo, e, sozinho, precisava se resolver.
Mas hoje ele não queria pensar mais nisso, queria relaxar e resolveu se masturbar. Pegou um pote de óleo que tinha no meio da bagunça da escrivaninha, besuntou ambas as mãos, seu pênis e seu ânus e deitou-se na cama para melhor se estimular. Com uma das mãos ficou percorrendo todo o corpo do seu pau, ele nunca havia usado nenhuma régua para saber o comprimento dele, mas era maior que o de todos os homens com os quais já havia tido relações, e pela surpresa de muitos, sabia que era bem grande. Delvin adorava a sensação de sua mão subindo e descendo pelo seu membro, adorava sentir as saliências que ele possuía, a leve curvatura para a esquerda. Enquanto uma mão percorria seu pênis, com a outra ele massageava as bolas. Nesta região ele era mais sensível, só de tocar, os pouquíssimos pelos que possuía se arrepiaram. Enquanto se massageava desta forma, Delvin procurou em sua mente alguém para ocupar o imaginário, o primeiro que veio foi Bran. Delvin o imaginou nu diante de si, imaginou as mãos fortes e ásperas do moreno fazendo o que as suas próprias estavam fazendo no momento, depois imaginou como seria a boca do rapaz, abocanhando o seu pau, primeiro só a cabeça, depois engolindo seu mastro inteiro. Então com a outra mão, Delvin desceu até seu cu, massageou a entrada, inseriu a ponta do dedo e o restante aos poucos, e então, imaginou o indicador grosso de Bran o penetrando. O gozo veio mais rápido que o normal, levando Delvin ao êxtase rapidamente. O jovem ficou deitado por alguns segundos, torcendo para que o outro rapaz também fosse gay, e que gostasse de Delvin e que fosse divertido e que rolasse alguma coisa entre eles. Antes que pudesse imaginar demais, Delvin se levantou e focou, “o que tiver de ser, será”, mas ele sabia que até a hora do encontro ainda ficaria pensando nessas coisas outras vezes. Analisou a cama, para ver se não sujou nada, e como estava tudo ok, foi tomar outro banho. Agora, novamente limpo e relaxado, Delvin decidiu dormir.
Cedinho na manhã seguinte, Delvin já estava acordado, sabia que seu mestre logo sairia e ele precisava estar de pé para receber o dinheiro. Assim que estava pronto, vestido desta vez com roupas normais, que consistiam em uma blusa branca com colete púrpura, uma calça e botas, e não o costumeiro manto de aprendiz, o jovem saiu de seu quarto e deu de cara com seu mestre.
- Ah, que ótimo, iria chamá-lo, mas como você já está aqui, tome. – Disse Salazar, estendendo uma bolsa recheada de moedas para o jovem. – Você já sabe o que fazer, estou com pressa, então..., ah, estude um pouco nestes dois dias!
O feiticeiro nem parou, simplesmente continuou e desceu as escadas. Sempre fora um homem frio, mas hoje parecia mais que o normal. Parecia preocupado, mas isso não importava para o rapaz. Ele até pensou em falar: “bom dia pra você também”, mas não o fez, por causa da mágica da torre. Voltou para seu quarto e pegou a sua bolsa sem fundo, um item mágico que pode guardar tudo que passar pela sua abertura, independentemente do tamanho ou do peso, sempre parecendo vazia e sem fazer nenhum som. Era mais seguro deixar o dinheiro ali dentro, trombadinhas e batedores de carteira existiam em todo canto da cidade.
Ao invés de seguir o conselho do mestre, Delvin saiu da torre imediatamente após guardar o dinheiro em sua bolsa mágica. Por sorte não encontrou nenhum dos seus colegas, e tratou de ir rapidamente para a cidade. Estava decidido a passar um tempo por lá, para quem sabe descobrir a resposta para o seu dilema. Andou pelo mercado, pelo porto, pela área das tavernas, sua preferida, viu diversos anúncios de “precisa-se de...” mas nenhum lhe chamou a atenção. A maioria era de trabalhos braçais, e apesar de fazer exercícios regularmente, Delvin não era um rapaz muito forte. Ele foi até um dos bairros mais ricos da cidade, ver se havia algum anúncio para atendente em algumas das melhores lojas. Entrou em algumas, se passou por cliente, perguntou por trabalho, mas nenhuma parecia interessada em contratá-lo. Comeu em uma das melhores tavernas, e também pediu por trabalho por lá, mas parecia que ninguém estava aceitando novos funcionários nesta cidade, pelo menos não para os trabalhos que ele estava disposto a desempenhar. Voltou a uma das lojas e comprou um chapéu emplumado, que combinava com seu colete. O ocaso se aproximava e Delvin decidiu finalizar a sua empreitada, e em busca de, quem sabe, um pouco de diversão com o jovem alto e forte.