Quando Amar Machuca - CAPÍTULO 06 – Sorvete de Morango e Camarão

Um conto erótico de J.D. Ross
Categoria: Homossexual
Contém 2392 palavras
Data: 03/02/2023 14:39:47

Depois de muitoooo tempo sem postar estou trazendo mais um capítulo para esta série...

************************

Meu coração continuou borbulhando de carinho por ele, não conseguia tirar da minha cabeça seu rosto, seu sorriso, seu jeito de me olhar, parecendo estar sempre me pedindo mais afeto e amor. A Jacque continuava a ser deliberadamente irritante a todo momento, parecia se divertir com minha notória falta de jeito e vergonha com toda aquela situação.

Ainda com cara de bobo Greg? - Dizia ela toda vez que passava por mim e eu estava distraído pensando no Zack.

Como vou saber Sra Melt, a não ser que estivesse em frente ao espelho não posso saber se estou com cara de bobo! - Retruquei na última vez que ela falou comigo antes de sair.

Pare de ser ranzinza é só uma brincadeira, estou feliz que esteja feliz e apaixonado - Falou ela passando pela frente do sofá - Estou indo na editora resolver umas coisas sobre o prefácio do meu livro, parece que seria bom ter um músico falando sobre o livro que estamos lançando.

- Tudo bem! - Respondi - Isso pode realmente ajudar na divulgação.

- Parece que uma cantora chamada Shania Twain gostou de um dos meus livros e talvez queira fazer o prefácio deste - Concluiu ela parecendo indiferente.

Shania Twain? - Falei espantado - É brincadeira, certo?

- Não, por que a surpresa?

- Essa mulher é muito grande nos Estados Unidos e Canadá dentro do mundo country, e a cada ano fica mais famosa, vai dizer que não conhece ela? - Encarei ela incrédulo.

- Desculpe Greg, nem de country eu gosto. - Abrindo a porta - Se falamos melhor quando eu voltar, tchau

- Tá bom - Ela nem me ouviu, a porta já havia se fechado - Pensei, não acredito que ela não conheça a Shania Twain - Deitando-me no sofá e olhando para o teto.

Já passavam das 19:30, eu tinha tomado banho e estava na cozinha preparando nosso jantar quando o telefone tocou, corri para atender, pensando ser o Zack.

- Alô? - Atendi ansioso, era a Jacque.

- Vou jantar com o editor do meu livro, estamos em um impasse quanto a alguns pontos, vou chegar somente depois às 21:30 - Falou apressada parecendo descontente com alguma coisa.

- E eu faço o que com toda essa comida que estou fazendo? - Retruquei indignado com aquela situação.

- Devia chamar alguém para jantar com você, se é que me entende - falou com uma voz cheia de malícia.

- Nem pensar, não podemos ficar abusando da sorte - Respondi ríspido e quase sussurrando.

- Faça como quiser - Disse ela - Porque está sussurrando ao telefone?

- Sei lá, você me deixa desconcertado com essas suas ideias, Tchau e se cuide hein!

- Tchau, pode deixar.

O que vou fazer com toda essa macarronada e esses camarões? - Não pude nem mesmo responder ao meu pensamento, a campainha tocou.

- Já vai, só um instante - Gritei, largando o pano na mesa e tirando o avental.

- Tomei um susto ao abrir a porta, Zack estava parado na porta todo encharcado, seu semblante estava muito triste e parecia estar chorando, contudo não era possível ter certeza, já que, ele estava molhado dos pés a cabeça. E eu nem mesmo havia notado que estava chovendo.

- Entre por favor, o que aconteceu? - Corri até o armário de toalhas e peguei a maior toalha que tinha lá, uma toalha tipo de praia listrada de azul e branca. Quando voltei, ele continuava no mesmo lugar parado de cabeça baixa.

- Você precisa se secar vai acabar doente - Enrolei a toalha sobre ele e comecei a tentar secar seu cabelos - Fechei a porta - Acho melhor você subir pro meu quarto, vá ao banheiro e tome um banho eu já subo lá levar mais uma toalha e roupas secas para você - Ele não me olhava no olhos, mas fez o que pedi.

Voltei ao armário, peguei 2 toalhas de tamanho normal e subi as escadas. Entrei apressado no quarto e fui em direção ao meu guarda-roupas, procurei por alguma cueca de tamanho menor sem sucesso, lembrei que havia comprado algumas cuecas para meu sobrinho Michele que tinha mais ou menos o mesmo tamanho do Zack. Fui ao quarto de hóspedes, peguei duas cuecas, sem muita cerimônia e voltei, agora precisava de outras roupas, escolhi um calção jeans preto que ficava apertado em mim e uma camiseta que ficava bem justa. Quando me virei para ir em direção ao banheiro, pude ver pelo reflexo do espelho que ele estava parado no box ainda de roupas, pendurei as roupas que havia separado e fui ajudá-lo a tirar as roupas encharcadas.

- Deixa eu te ajudar a tirar essas roupas molhadas - enquanto ele nem mesmo se movia, parecia estar em transe.

Liguei o chuveiro e fui ajustando até a água ficar na temperatura ideal. Segurei o rosto dele e lhe dei um beijinho, somente nessa hora ele me olhou e me abraçou.

- Você pode me ajudar a tomar banho, não me sinto bem! - Falou com a voz fraca.

- Claro meu Príncipe - Tirei minha roupa e fiquei só de cueca.

Dei banho nele, mas não conseguia parar de pensar em qual seria a razão dele estar naquele estado.

Ajudei ele a se vestir, peguei-o no colo, ele me laçou pelo pescoço com os braços e pela cintura com as pernas, repousou sua cabeça no meu ombro e sussurrou no meu ouvido:

- Eu amo você, obrigado por cuidar de mim!

No que depender de mim vou cuidar de você a vida toda, amo você e faria qualquer coisa para te ver bem - Disse com uma voz calma e doce descendo as escadas.

Coloquei ele sentado e fui pegar pratos, talheres e as panelas de comida. Arrumei tudo na mesa, sentei-me bem perto dele.

- Fiz apenas uma macarronada e camarão, mas se quiser posso fazer alguma outra coisa pra você.

- Tudo bem, não estou com muita fome - falou apoiando a cabeça na mão direita e olhando pra mim desanimado.

- Precisa comer algo, depois você me diz o que está acontecendo, combinado?

Ele sinalizou afirmativamente balançando a cabeça. Arrumei o prato dele com um pouquinho de macarronada e três camarões apenas. Servi a ele um pouco de refrigerante de laranja, que era seu preferido.

Depois de ter conseguido fazer ele comer quase toda a comida e beber o refrigerante, levei ele para o sofá e fiquei tentando fazer com que ele me contasse o que havia acontecido. Ele estava relutante, o que estava me deixando cada vez mais preocupado. Até que depois de forçar muito ele disse:

- Minha mãe é uma grande idiota - Falou sem dar nenhum contexto.

- Zack isso não me diz nada o que foi que te fez pensar assim? - Disse me aproximando mais dele.

- Eu contei sobre nós pra ela - Disse sem acrescentar mais nenhum detalhe.

Meu coração parou, minhas mãos ficaram geladas, eu senti minha cabeça latejar, parecia estar prestes a explodir.

- Como assim, o que sobre nós você falou pra ela? - Acho que eu estava gritando, porque ele deu um pulo e colocou as mãos tapando os ouvidos.

- Por quê está gritando comigo? - Perguntou afastando o tronco para longe de mim.

- Desculpa, me perdoe, eu não quis gritar, por favor me desculpe - Abraçando ele tentando não surtar.

Demoram alguns minutos até que ele parasse de chorar e se acalmasse novamente.

- Eu disse para ela que eu te amava e que queria namorar com você, ela surtou me deu um tapa na cara e disse que me mataria, antes ter um filho morto, que um filho gay - Falava sem olhar pra mim - Completou dizendo que se eu continuasse com essas ideias ela iria mandar eu para o colégio militar, até eu completar 18 anos.

- Ela não sabe que estamos namorando então? - Perguntei com alguma esperança.

- Não, eu só disse que gostava de você. Ela até disse que eu era um pirralho idiota se acreditava que alguém como você iria olhar para mim. - Aos soluços.

Tentei consolar ele, trouxe ele para meu peito, apertei ele contra meu corpo, chorei sem conseguir me conter, eu não sabia o que dizer, minha família me aceitou, com dificuldade claro, mas nada parecido com isso.

- Se quiser pode ficar aqui, eu ligo para sua mãe e explico a situação - Falei acariciando seus cabelos.

- Ela vai surtar - Falou parecendo assustado com a ideia.

- Calma, deixa que eu me viro com ela, fique tranquilo - Levantando do sofá e indo em direção ao telefone.

Disquei e demoraram alguns toques para atender.

- Alô

- Sra Smith, é Gregory Foster - Tentei usar um tom amistoso.

- Sr. Fosterr, como tem passado?

- Muito bem obrigado, liguei para avisar que o Zack está aqui na minha casa - não pude continuar ela me interrompeu

- Já estou a caminho, este garoto está passando de todos os limites.

- Espere um pouco Sra Smith, deixe-me falar com a senhora, por favor - Falei dessa vez com voz firme e decidida - Seu filho está um pouco aborrecido, parece que vocês tiveram um pequena discussão, acredito que seria bom ele ficar aqui esta noite, amanhã a tarde eu levo ele para casa e talvez vocês possam conversar com mais calma, o que me diz?

- Ele contou ao senhor o motivo de nossa briga? - completou ela com a voz embargada.

- Não, ele não quis me falar sobre o conteúdo da discussão - menti sem nenhuma culpa - isso não é da minha conta, não é mesmo, ele é meu atleta mais promissor preciso estar aqui pra ele, seja qual for a dificuldade.

- Se não for incomodar o senhor, tudo bem - com voz calma, parecendo estar aliviada de não precisar lidar com aquela situação naquele momento.

- Não há incômodo algum, ele pode dividir o quarto de hóspedes com minha amiga Jacqueline, que está passando uns dias comigo, na verdade seria ótimo tê-lo conosco.

- Sendo assim, acredito que ele pode ficar aí então - Agora parecendo muito mais tranquila.

- Excelente, tenha uma boa noite!

- O senhor também, treinador.

Nunca me acostumarei com pessoas mais velhas que eu me chamando de senhor. Voltei à sala e comecei a dizer para ele o que a mãe disse, mas ele me interrompeu dizendo que, se ele podia ficar ali o resto não interessava. Ele parecia muito decepcionado com a mãe, eu não podia condená-lo, deve ser muito difícil ouvir palavras tão duras de sua própria mãe.

- Gostaria de subir para o quarto me ajudar a arrumar a cama?

- Sim - respondeu sem se mover.

- Então vamos - estiquei a mão.

Ele segurou minha mão e subimos em direção ao quarto, Zack parecia mais esperto, contudo ainda se movia vagarosamente. Parei ao seu lado e o peguei no colo, como os noivos fazem na noite de núpcias.

- Senhor Zachary Foster está pronto para sua noite de núpcias? - Falei com voz grave e engraçada.

- Sim, claro que sim - Falou ele parecendo mais animado e sorrindo pela primeira vez desde que chegou.

Entramos no quarto e coloquei ele na minha poltrona.

- Por favor, aguarde um instante enquanto arrumo nosso ninho de amor, meu Príncipe.

Ele sorriu novamente deixando seu corpo cair sobre a poltrona. Arrumei tudo o mais rápido que pude, corri e o coloquei na cama, dei a volta e me deitei ao lado dele. Puxei ele pra mais perto e ele deitou a cabeça no meu peito. Nunca me senti mais feliz do que naquele momento, apesar das circunstâncias, eu tinha o amor da minha vida em meus braços, ele queria tanto estar ali que tinha comprado briga com a própria mãe por causa desse amor. Parece muito egoísta da minha parte, e talvez seja mesmo, mas eu tinha tudo que eu queria ter ali comigo, quem sabe fosse por pouquíssimo tempo, contudo é melhor ter aquilo que se deseja por pouco tempo do que nunca o ter.

- Quer sorvete, eu fiz um sorvete delicioso de morangos que minha mãe colheu ontem - perguntei com voz animada.

- Adoraria - Falou olhando nos meus olhos.

Dei-lhe um beijinho e sai em busca do sorvete.

- Já volto - gritei do corredor.

Enchi duas grandes taças de sorvete, coloquei alguns pedaços de chocolate ao leite, muita calda de chocolate e morango por cima. Alguns minutos depois, subi as escadas com bastante cuidado, costumo fazer caca quando subo as escadas carregando coisas.

Cruzei a porta e ele estava de olhos fechados parecia estar dormindo, repousei as taças na mesinha de cabeceira.

- Não ache que vai me enganar fingindo dormir - falei baixinho próximo ouvido dele - meu amor trouxe o sorvete você não vai nem experimentar, está uma delícia.

Não houve resposta, estava realmente dormindo. Peguei uma taça e apressei-me a levar para o freezer, quando estava voltando a porta da sala se abriu.

- E ai pelo jeito arrumou alguém para jantar com você - Olhava para mim com um sorrisinho bem irritante.

- Como você sabe disso? - Sussurrei

- Bom, tem uma bicicleta aí na varanda, logo você tem companhia ou sequestrou um ciclista desavisado - Sussurrando e fechando o guarda-chuva.

- É o Zack, ele teve uma briga feia com a mãe - Sussurrei

- Por quê estamos sussurrando?

- Porque ele está dormindo e não quero acordá-lo - Continuei a sussurrar

- Entendi, mas o quarto fica do outro lado da casa né, Gregory - Voltando a falar normalmente no meio da frase.

- Você tem razão - falei em volume normal dessa vez.

- Vou tomar um banho e dormir, estou exausta - Disse ela passando por mim.

- Se sentir fome sobrou muita comida, guardei na geladeira, a macarronada está no pote roxo e os camarões no pote verde piscina.

- Ok obrigada - Falou automaticamente enquanto subia as escadas, acho que nem me ouviu.

Só quando cheguei ao quarto me dei conta de que não havia jantado. Dominado pela preguiça ataquei a taça de sorvete mesmo. Assim que terminei fui ao banheiro escovar os dentes e urinar, lavei as mãos coloquei um pijaminha curto e me apressei em colocar as cobertas sobre Zack, estava entrando um ventinho estranho. Fechei a janela e me deitei ao lado dele, peguei as suas mãos e as segurei, encostei minha cabeça na testa dele, fechei meus olhos e pela primeira vez fiz uma oração, nela pedi que as divindades as quais eu nunca acreditei abençoasse a minha vida, principalmente cuidassem do Zack e que se fosse possível mantivessem ele na minha vida por longos anos ainda. Senti meu coração se aquecer e um sentimento de alegria tomou meu corpo, eu que nunca acreditei em religiões e nunca tive muita fé, a partir daquele momento passei a acreditar em um Deus e este Deus se chama amor.

****************************

Espero que curtam...

Forte abraço

J.D. Ross

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive J.D. Ross a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários