Era a chance de Andréa, não tinha por que esperar. O que tinha para falar era simples, mesmo podendo ser mal interpretada. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Aline foi direta:
- Venha comigo, vamos para um local mais reservado. O que eu tenho para dizer não pode esperar, está na hora de você fazer uma escolha definitiva.
Andréa gelou por dentro, sem ter a noção do que esperar. Vendo que Aline estava séria ela pensou: "Será que Aline e Guilherme voltaram atrás? O que poderia ter acontecido em tão pouco tempo para os dois mudarem de ideia?"
Aquela conversa seria um divisor de águas na vida de todos. Mesmo séria, Aline não sabia que provocara um verdadeiro terror em Andréa, que acostumada a trocar os pés pelas mãos, já sofria antecipadamente, era vítima de si mesma, sempre esperando o pior de todos.
Continuando:
Parte 23: Seguindo em frente.
Aline a puxou pelo braço, e andaram para um consultório vazio que ficava dois metros adiante, ali no corredor das salas de atendimento, e fechou a porta. Quando ela se virou, notou como Andréa estava lívida. Vendo a aflição no rosto de Andréa, Aline preferiu ser honesta.
- Eu acho que está na hora de você desapegar.
Andréa ouvia ainda assustada. Apertava uma mão com a outra, e tinha as narinas dilatadas. Aline sabia que era a hora de falar tudo o que precisava, dar as opções e deixar que Andréa fizesse sua escolha:
- Mesmo que se sinta responsável, ninguém tem o poder de consertar a relação de ninguém, isso só cabe a Sheila e Augusto…
A reação de Andréa mostrou que ela não esperava por aquilo. Deixou cair os braços ao longo do corpo, mostrando-se mais aliviada. Aline continuou:
- Sheila fica na defensiva sempre que você aparece, esperando que o seu lado ruim, o único que ela conhece, volte a aparecer.
Andréa ainda tentou argumentar se explicando:
- Minha intenção é devolver o que eu tirei dela, ajudar…
Aline fez um gesto para que ela esperasse com as duas mãos, pedindo calma. Sabendo que não tinha como adoçar as palavras, ela foi direta:
- Isso é impossível, ela não confia em você. Nunca teve motivos para isso, vocês nunca foram amigas.
Andréa sentiu a dureza na forma de Aline falar. Acusou o golpe, deu dois passos em direção à janela como se imaginasse fugir dali.
Aline exclamou:
- Vou ser direta!
Andréa parou atenta. Esperava a fala de Aline e sabia que ela seria incisiva. Ciente de que precisava que Andréa tomasse uma decisão definitiva, e pudesse seguir em frente, ela foi honesta:
- O melhor a fazer é sair de vez da vida daqueles dois.
Aline deu uma pausa, justamente para que Andréa assimilasse o que ela propunha:
- Alguma coisa ainda a prende aqui? Não me diga que esse hospital de interior é o suficiente para você?
Andréa não sabia o que dizer. Olhava para Aline com o pensamento distante. Aproveitando o momento de introspecção da amiga, Aline pediu:
- Venha com a gente. Guilherme e eu ainda acreditamos em você, queremos você em nossa vida.
Enquanto falava, Aline passou o braço sobre os ombros de Andréa, demonstrando afeto. Continuou:
- Diferente de Sheila e Augusto, nós a conhecemos de verdade, sabemos que longe da influência desse ambiente e daquele maldito Renato, você é outra pessoa.
Um brilho diferente surgia no olhar da Andréa. Aline prosseguia:
- Uma profissional brilhante, uma pessoa do bem, que gosta de ajudar os outros.
No rosto de Andréa havia ocorrido uma transformação, diante das palavras da amiga, e a expressão era de encantamento. Aline finalizou:
- Vamos, venha com a gente, o que me diz?
Se sentindo amada, querida, Andréa ainda estava insegura, mas quase a ponto de aceitar:
- E vamos hoje, de supetão, só vamos?
Aline se divertiu com o jeito dela falar:
- Sim! Vamos juntas com Guilherme.
Andréa olhou em volta como se estivesse preocupada com o que aconteceria ali depois que elas partissem. Aline entendeu a dúvida e se adiantou:
- Qualquer cirurgião daqui, até mesmo as boas enfermeiras desse hospital, podem fazer o acompanhamento de Sheila. Agora está fácil.
Andréa mudou totalmente e um lindo sorriso apareceu em seu rosto. Era um sorriso feliz. Aline percebeu que estava conseguindo convencer e lhe explicou o motivo principal de ser melhor que Andréa se afastasse:
- Sem precisar se preocupar com você, Sheila e Augusto estarão livres para fazer o que bem entenderem. Se vão se acertar ou se separar de vez, só cabe a eles decidir.
Andréa, calada, pensava no que Aline havia dito. Aline prosseguiu:
- Sua presença os deixa em estado de alerta, sem contar a sombra do canalha do Renato. Pelo que eu soube, Augusto lidou muito bem com ele.
Andréa sabia que ela estava certa e acenou afirmativamente com a cabeça. Aline deu o xeque mate:
- Por mais que você se sinta culpada, se Sheila se entregou tão fácil, é sinal de que ela tinha certa curiosidade ou vontade.
Andréa concordava, mostrando que seguia o raciocínio sem dificuldade. Aline concluiu:
- Você não tem o poder de decidir se um casal deve ou não ficar junto somente porque se sente culpada.
Andréa sorriu aliviada e concordando. Estava pronta, a amiga tinha toda a razão, não tinha mais no que pensar:
- Você está certa! Vou avisar aos meus pais e arrumar as minhas coisas. Acho que você mesma deveria falar com Sheila e com Augusto. Não é covardia da minha parte, mas depois de tudo o que você disse, ficou claro que tem razão. Acho que será melhor assim.
Aline se sentiu orgulhosa, feliz por atingir seu objetivo:
- Eu acho melhor também. Vá para casa e avise ao Guilherme sobre a nossa decisão. Tenho certeza de que ele vai gostar muito disso.
Andréa deu um abraço bem apertado, demorado, seguido de um beijo carinhoso na boca de Aline. Depois foi se virando para sair. Aline a trouxe de volta com um olhar cúmplice:
- Eu não devo demorar, mas se quiser, pode abusar um pouquinho do Guilherme na minha ausência, acho que vocês deveriam ter um tempo a sós, estreitar mais os laços.
Andréa sorriu contente e Aline não conseguiu esconder o sorriso safado. Andréa lhe deu mais um beijo, um pouco mais intenso dessa vez e saiu. Aline não perdeu tempo, foi direto para a sala dos médicos, precisava encaminhar Sheila para os cuidados de outro profissional.
Andréa, caminhando rápido, não demorou mais do que cinco minutos para chegar em casa. Entrou direto, atravessou a sala decidida, encontrando Guilherme ao telefone, vestido apenas com um calção, apoiado na ilha da cozinha. Ela parou de frente para ele, admirando seu corpo, escutando o que ele falava:
- Eu acho que já ficou um pouco tarde para eu sair daqui hoje, já passa das dezoito horas… a estrada é sinuosa, melhor viajar descansado amanhã cedo… devo chegar no final da tarde… falamos melhor pessoalmente amanhã, ok? Então, tchau!
Ele finalmente terminou a ligação. Só então Guilherme se deu conta de que Andréa o encarava. Ele perguntou:
- O que foi? Que sorriso bobo é esse?
Andréa saiu do transe:
- Estou apenas pensando no quanto eu fui idiota. E em quanto tempo nós perdemos.
Guilherme se aproximou de um jeito sedutor:
- É verdade! Precisaremos nos esforçar para recuperar esse tempo.
Ele tentou abraçá-la, mas Andréa se afastou:
- Acabei de vir do hospital, preciso de um banho.
Ela se virou depressa e subiu correndo as escadas, achando que se limpando rápido, manteria Guilherme interessado. Já foi se despindo pelo corredor, em direção ao banheiro. Ele a seguiu, dando tempo para que ela abrisse o chuveiro e começasse a se lavar. Mas a vontade que o motivava era maior e ele resolveu agir, entrando de vez no banheiro, já sem o calção, surpreendendo Andréa, que perguntou:
- Você e Aline já tinham combinado, né?
Com um sorriso maroto, bem safado, Guilherme desconversou, enquanto molhava as mãos na ducha, pegava o sabonete e começava a ensaboar as costas dela:
- Não sei do que você está falando…
Andréa tentou protestar:
- Vocês dois… - Mas foi calada por um beijo.
Um beijo forte, de muita vontade, os dois querendo a mesma coisa.
Guilherme deu banho nela, cuidadosamente, ensaboando cada centímetro do seu corpo, sempre com carícias e toques provocantes, deixando a xoxota para o final. Agarrada aos cabelos dele, Andréa apenas se entregou ao momento de intenso prazer, sentindo seu grelinho sendo massageado, o sabonete percorrendo toda a extensão da boceta, se transformado em um acessório erótico.
Guilherme era muito bom nesse tipo de jogo, um sedutor profissional, um amante competente, que sabia dominar a mulher sem precisar se impor, apenas usando sua habilidade de proporcionar prazer. Andréa se deixava tocar, desfrutando de tudo muito excitada.
Vendo-a ali, entregue, ele se abaixou de joelhos no chuveiro e passou a chupá-la com a habilidade de quem sabe onde tocar e como fazer, mostrando que tanto ele, como Aline, eram um só nessa arte de provocar prazer, e possuíam a mesma essência. Por isso eram um casal único.
Andréa gemia, extasiada:
- Assim você acaba comigo… aaahhhhh… nossa, você é tão bom nisso quanto Aline… Ahhhhhh… eu não mereço…
Completamente dono da situação, Guilherme mostrava a ela como o futuro poderia ser: incrível e prazeroso, com cumplicidade, amor e prazer:
- Você é linda! Toda mulher merece gozar gostoso. Nós a faremos feliz outra vez, apenas confie.
Guilherme envolveu o clitóris dela com os lábios, alternando sucção e carícias, levando Andréa a picos de prazer que ela só havia sentido na época da faculdade, quando ainda tinha os dois como amantes.
- Como isso é bom… como eu precisava de vocês… Ahhhhh… eu prometo que jamais os abandonarei novamente…
Ele aumentou a pressão, enfiando dois dedos na xoxota dela, chupando o grelo e de forma certeira, estimulando seu ponto G. Andréa gozou aos berros:
- Ah, caralho! Que delícia, estou gozando… como eu amo vocês, sempre amei… Aahhhhhh…
Guilherme queria dar a ela tudo, todo o prazer que pudesse. Ele se colocou atrás dela, pincelando o pau na entrada de sua boceta e foi forçando. Andréa, apoiada no box com as duas mãos se empinava, melhorando o ângulo:
- Vem! Eu quero muito você, Aline deixou…
Provocado, Guilherme respondeu à altura, a prensando contra o box, segurando firme nos seios e cravando o pau um pouco mais forte:
- Aline não deixa nada, não manda nada. Vocês duas são minhas, eu faço o que quiser com as minhas duas putinhas.
Andréa sentiu um calafrio de excitação percorrendo todo o seu corpo, aumentando ainda mais o desejo que a dominava:
- Então faz… Ahhhhh… eu sou sua putinha… fode a boceta da sua putinha, fode… Ahhhhh…
Guilherme sentiu a entrega absoluta dela potencializando o seu tesão, e começou a estocar com virilidade, mas se preocupando em dar prazer, não em machucar:
- É isso que você quer? Pau nessa boceta apertada? - Ele a segurou pelo pescoço, simulando um leve enforcamento.
Andréa, extasiada, gemia mais forte:
- Isso… Ahhhhhh… eu quero… Ahhhhh… adoro esse pau… mete, vai... Ahhhhh
Alucinado, Guilherme passou a estocar com força, indo fundo dentro dela, o máximo que conseguia:
- Vai gozar pra mim? Vai ser minha puta, só minha e da Aline? Essa boceta me pertence agora…
Andréa não conseguia mais falar, pronunciando palavras desconexas, totalmente entregue às sensações que se apossaram do seu corpo:
- Vou… sua e da Aline… Aahhhhhh… pertenço a vocês…. aaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh.
Tomada por espasmos intensos, perdendo o controle do próprio corpo, tendo orgasmos consecutivos, Andréa precisou ser amparada por Guilherme, que preocupado, a pegou no colo e a levou para a cama. Aos poucos, ela foi recobrando a consciência:
- Nossa, o que foi isso?
Ele também não sabia explicar:
- Sei lá, acho que você colocou tudo pra fora de uma vez. - Ele tentava acalmá-la com um cafuné.
Andréa, já plenamente recuperada, mas ainda sensível, disse:
- Aline e eu conversamos, decidimos que vamos embora com você. Ela está certa, eu preciso deixar que Sheila resolva a própria vida. Eu só esqueci de dizer à Aline que preciso antes encerrar meu contrato no hospital.
Aquela notícia deixou Guilherme mais feliz do que já estava:
- Talvez se eu fizer uma doação generosa, tanto em dinheiro quanto em insumos e equipamentos, acho que sua liberação será mais fácil.
Antes que Andréa pudesse protestar, sentindo que ela não iria concordar, ele completou:
- Entenda de uma vez, você não está mais sozinha. E outra, temos uma instituição que fornece esse tipo de ajuda às clínicas e hospitais que precisam. Não é nada demais.
Vendo que ele estava decidido, Andréa se resignou:
- Eu aceito! Agora preciso ir ver os meus pais, contar a eles minha decisão. Aline já deve estar chegando, não devo demorar.
Guilherme perguntou:
- Passagens para três então? Saímos amanhã cedo?
- Sim! Acho que darei essa casa de presente aos meus pais, não tenho a intenção de voltar aqui. Acho que talvez, apenas para visitá-los.
Guilherme, com um aceno de cabeça, apenas concordou com ela. Andréa se vestiu e, em poucos minutos, saía de casa.
Se de um lado a decisão estava tomada, com Aline, Guilherme e Andréa se preparando para um novo capítulo em suas vidas, naquele exato momento, Augusto, Maria e Fátima, voltavam ao hospital. Aline o aguardava na recepção. Logo que ela o viu, se adiantou e foi ao seu encontro. Assim, estavam bem no meio do salão principal da entrada quando ela o abordou:
- Augusto, podemos conversar?
Preocupado com Sheila, ele concordou imediatamente:
- Certamente, o que se passa?
Ela o acalmou:
- Calma! Sua esposa está bem. Quero falar dos próximos passos.
Maria observava a conversa a uma distância de um metro, ao lado da Fátima. Ela entendeu, pelo olhar de Aline, que a médica queria falar a sós com Augusto:
- Venha Fátima, vamos ver a Sheila. - As duas saíram calmamente em direção ao corredor que levava ao quarto dela.
Aline levou Augusto ao mesmo consultório vazio onde tinha estado com Andréa, pediu que ele se sentasse e começou:
- Primeiro, quero dizer que Andréa não será mais a médica da sua esposa.
Augusto recebeu a notícia com surpresa, mas intimamente se sentiu satisfeito em saber daquilo. Aline continuou:
- Na verdade, estou levando Andréa embora comigo, ela não vai mais interferir na vida de vocês…
Augusto a interrompeu:
- Me desculpe, mas eu só tenho a agradecer a isso. Desde que essa mulher voltou para a cidade, minha vida saiu dos trilhos.
Aline achou que aquilo era uma desculpa, uma forma de se isentar da responsabilidade:
- Eu entendo seu ponto de vista, mas é bom lembrar que a traição precisa de duas pessoas para se consumar, Andréa não fez nada sozinha.
Augusto não aceitou muito bem, mas resolveu ser esperto, ao invés de confrontar:
- De qualquer forma, isso agora não importa mais, já que vocês estão indo embora. - Ele queria mudar de assunto. - Quem será o médico de Sheila?
Aline também achou desnecessário o confronto:
- A cirurgia correu bem e o pós-operatório está além das minhas expectativas. Em breve ela poderá ir para casa. Ela pode seguir tranquilamente o procedimento do hospital. A equipe daqui é competente, não será um problema.
Achando que não tinha mais o porquê de continuar aquela conversa, Augusto resolveu agradecer:
- Obrigado, doutora! Por tudo. Eu sei o que você fez pela Sheila em Angra, ela mesmo me contou antes de passar mal. Eu desejo toda a felicidade do mundo a você e ao seu marido. - Tentando alertar, passou do ponto. - Mas se afaste de Andréa, não coloque seu casamento em risco.
Tomando as dores da amante, Aline resolveu responder à altura:
- Eu entendo por que você disse isso, mas você também precisa ser honesto consigo. Se Sheila caiu tão fácil na armação de Andréa e Renato, talvez a casa não estivesse tão em ordem como você pensa, não é?
Assim que falou, Aline já se arrependeu. Tentou amenizar:
- Me desculpe! A Andréa que você e eu conhecemos são pessoas diferentes. Talvez você não saiba, mas fui eu que juntei os cacos, logo que ela foi embora daqui, assim que foi traída por você e por Sheila.
Augusto, sabendo que não era santo naquela história, resolveu que era hora de acabar com as acusações e conselhos mútuos:
- Eu também peço desculpas, passei do limite. Novamente, obrigado por tudo.
Augusto saiu e Aline ainda ficou alguns minutos avaliando a situação. Fez um rápido balanço:
“Cumpriu seu papel, fez o melhor que podia por Sheila, convenceu Andréa a abandonar qualquer plano e voltar com ela e Guilherme para a civilização". O saldo da rápida passagem pelo interior era extremamente positivo. Estava satisfeita, cheia de saudade do marido, ansiosa pela volta de Andréa à sua vida. Decidiu que era mesmo a hora de voltar para casa. Sentia saudade do mar, de sua cozinheira, de seu jardim… Saiu do consultório e foi a algumas salas ao lado, agradecer à equipe de enfermagem. Sabendo que havia dado o seu melhor por Sheila, deu uma última olhada em direção ao seu quarto e se foi, satisfeita e ciente da missão cumprida. Foi recebida em casa por um Guilherme que não cabia em si de felicidade:
- Tudo o que Andréa disse é mesmo verdade? Estamos indo embora? Nós três? - Aline respondeu com um beijo apaixonado, sem precisar dizer mais nada.
Guilherme abriu o navegador do celular e pesquisou o número do hospital, fazendo a chamada em seguida. Ao ser atendido, pediu:
- Por gentileza, eu quero falar com o diretor.
A atenciosa atendente o questionou:
- Quem gostaria?
Ele sabia o que dizer para cumprir seu objetivo:
- Meu nome é Guilherme e eu sou médico. Sou o marido da Dra. Aline, que veio fazer a cirurgia de intervenção uterina na paciente Sheila, no hospital de vocês. Eu gostaria de fazer uma doação para o hospital…
A atendente rapidamente repassou a ligação. O diretor aceitou de bom grado liberar Andréa sem maiores complicações, de olho nas promessas feitas por Guilherme, tendo a certeza de que a perda da profissional justificava as benesses envolvidas.
Na manhã seguinte, poucas horas após acordarem, os três seguiram viagem. Andréa, determinada a recuperar a confiança dos dois. Aline, feliz por tê-la de volta à vida deles, e Guilherme, pensando em como satisfazer duas amantes tão insaciáveis, mas definitivamente, sentindo que sua vida estava completa. Esse sentimento de plenitude invadia todos os três.
Se para Andréa, Aline e Guilherme o caminho parecia estar mais claro, e tudo indicava que as coisas começavam a se ajeitar, para Augusto e Sheila, o horizonte ainda era nublado, o caminho a percorrer se mostrava difícil e tortuoso. Quem saberia o que o final da jornada reservara aos dois? O momento ainda não era de dar o primeiro passo, a saúde de Sheila e do bebê os faziam adiar qualquer conversa definitiva.
Por três semanas, Sheila continuou internada. Sua saúde estava ótima, o bebê se desenvolvendo bem e a cicatrização perfeita, seguindo o caminho natural.
Esse tempo foi importante para que ela e Fátima se tornassem amigas. Com Augusto voltando ao trabalho e Maria também de volta a fazenda, Fátima se tornou sua acompanhante permanente, passando praticamente vinte e quatro horas ao seu lado. Ela ajudava Sheila em tudo: cuidava dela no banho, ajudava na alimentação, ouvia suas reclamações sobre Augusto e suas justificativas para a traição, assistiam televisão, recebia os alunos que vinham para visitá-la, fazia sala para os amigos quando ela estava dormindo. A única folga de Fátima era quando Augusto chegava, durante a noite geralmente, mas ele logo recebia algum chamado e ela voltava ao quarto. Durante esse tempo, Fátima pôde estudar Sheila profundamente, conhecê-la melhor e decidir como faria para ajudar o casal.
Assim que Sheila recebeu alta, Fátima também foi junto com ela, mas agora, Augusto era presença mais constante e Maria também passou a visitá-la mais.
O sexto sentido de Sheila se aguçou, ela sentia que Fátima escondia alguma coisa, mas a sua maior preocupação, no que ela precisava manter a atenção, era a distância de Augusto. Mesmo estando de volta sob o mesmo teto, a relação de marido e mulher praticamente não existia mais. Mesmo sempre cuidando dela e do bebê, aquele Augusto carinhoso, o homem que movia montanhas por ela, não estava mais ali.
Seu primeiro pensamento foi de que ele apenas estava cumprindo com sua obrigação. Como pai de seu filho, ele jamais a deixaria desamparada. Aquilo não era suficiente para ela, pois não queria caridade e muito menos ser um peso para ninguém. Era preciso resolver a situação. "Mas com Augusto sempre fugindo de qualquer tentativa de aproximação dela, o que fazer?" Aquilo estava deixando Sheila maluca, estressada e ia acabar lhe fazendo mal.
Paralelamente, ela estranhava a proximidade entre Fátima e Augusto. Os dois pareciam se conhecer bem demais, e algo ali não fazia sentido. Mas sem um dado concreto para reclamar e achando que o conhecia completamente, acabou preferindo não criar caso, pois Augusto era certinho demais, careta ao extremo, ele jamais a trairia, não fazia parte de quem ele era. E Fátima, em nenhum momento, deixou que ela pensasse o contrário.
Sheila decidiu partir para o tudo ou nada. Aproveitando que Fátima precisou ir até à Fazenda, sabendo que Augusto chegaria a qualquer momento, arrumou duas malas grandes e as colocou bem em frente à porta. Assim que Augusto entrasse, ou ele seria honesto com ela, ou ela iria embora para a casa dos avós. Precisava descobrir o que se passava na cabeça dele, aquela situação não podia continuar. Mesmo sem intenção, achando que estava agindo certo, no fundo, ele estava fazendo com que Sheila ficasse doente. Ou eles voltavam a ser marido e mulher, ou era hora de cada um seguir a própria vida.
Sheila tinha tudo planejado, inclusive a volta ao trabalho na próxima semana: O médico a liberou, sua saúde estava perfeita e gravidez não é uma doença. Ficar em casa, ainda mais sem saber o que acontecia com seu casamento, sem ter uma definição, não era mais uma opção. Voltar ao trabalho manteria a mente ocupada, a tirando daquele estado de quase depressão.
Não precisou esperar muito, ouvindo o barulho inconfundível do motor da velha picape ecoando pela rua. Pode ver Augusto saindo e abrindo o portão da garagem e logo depois estacionando. Sentou-se no sofá, tentando parecer calma.
Como ela imaginara, a primeira coisa que ele viu ao abrir a porta foram as malas na entrada. Ele olhou para ela no sofá, tentando entender o que aquilo significava:
- O que é isso Sheila? - Escolhendo mal as palavras, ele completou. - Vai fugir outra vez?
Seguindo o roteiro que ensaiara durante todo o dia, ela foi direta:
- Não! Não estou fugindo, mas acho que é melhor eu ficar um tempo com os meus avós.
Augusto, achando que ela estava brincando, preferiu não levar a sério:
- Você precisa de cuidados, Sheila. Vai jogar essa responsabilidade pra cima deles? Você não acha que isso é um pouco demais para os dois?
Respirando fundo para não se alterar, tentando sensibilizar Augusto, não o confrontar, criou coragem:
- Eu acho que nunca perdi perdão pelo que fiz. Eu entendo o jeito que você tem me tratado, eu mereço. Então aqui vai, do fundo do meu coração: me desculpe, Augusto! Eu sei o quanto magoei você, hoje entendo o quanto deve ter sido humilhante, o quanto você sofreu… saiba que eu jamais deixei de amar você, mesmo confusa, tendo feito você sofrer.
Augusto sentiu o quanto as palavras dela eram sinceras e não conseguiu segurar uma lágrima que teimava em escorrer. Pela primeira vez, tinha a certeza de que ela dizia a verdade, mas sua forma de agir desde que ela voltara para casa, também era um reflexo do que ele precisava confessar e não conseguia criar coragem para fazer. Sheila voltou a falar:
- Eu entendo se você não me quiser mais como esposa, mas eu não posso viver assim, nessa indefinição, tendo você ao meu lado sem poder lhe tocar, sem ser amada por você. Eu sei que você será o melhor pai do mundo para o nosso filho, e sou agradecida por isso. Mas eu preciso de uma resposta.
Augusto avaliava se era o melhor momento para se confessar. Vendo Sheila tão forte e decidida à sua frente, ponderou: será que valia a pena o risco? Será que ela aguentaria o que ele tinha a dizer?
Sheila lhe deu tempo, esperou vários minutos. Mas Augusto continuava parado, como se estivesse meio fora-do-ar. Sentindo a indecisão que ele demonstrava, falou:
- Ok, Augusto! Eu entendi. Eu não tenho como carregar essas malas. Se você puder, ou quando Maria ou Oscar passarem por aqui, leve-as para mim.
Sheila chegou mais perto e ficando na ponta dos pés, deu um beijo carinhoso em sua boca, não conseguindo segurar o pranto que tomou conta dela em seguida, achando que tudo havia terminado ali.
Sentada no sofá, deixou que as lágrimas levassem um pouco daquela dor que sentia. Augusto estava ali parado, sem reação, perdido em conjecturas. Finalmente Sheila se levantou e caminhou em direção à porta:
- Se você mudar de ideia e resolver me perdoar, se achar que ainda existe uma chance para nós dois, sabe onde me encontrar. Vou esperar por você.
Antes que ela saísse, ele resolveu agir:
- Espera!
Sheila não sabia o porquê, mas sentiu que o que ele tinha a dizer não era bom, sua expressão estava tensa, seu semblante carregado. Ele confessou:
- Nem tudo é culpa sua, eu também preciso ser honesto. A verdade é que eu também traí a sua confiança.
Sheila parou, olhando para ele ainda sem entender direito o que ele queria dizer. Ele falou:
- Com raiva, querendo me vingar, acabei pagando o que você fez na mesma moeda.
Sheila sentiu seu coração sendo estilhaçado, feito em pedaços, mas sabia que não tinha a mínima condição de se achar superior, ou até mesmo de cobrar o que quer que fosse. Entendia, naquele momento da confissão de Augusto, enquanto ele assumia o seu ato, o tamanho da dor que causara a ele, a mesma que sentia agora. E era devastadora.
Continua…
É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.