* Galera, valeu pelos comentários e desculpem a demora para a postagem. Acredito que agora consigo postar até o final, pois já tenho quase tudo escrito, só falta conferir alguns capítulos. Obrigado ao pessoal que me corrigiu por ter usado a palavra errada, vou me policiar para não cometer esse tipo de erro de novo, valeu! Agora um aviso pra você que está querendo tocar uma lendo este ou outro capítulo dessa história, sinto dizer mas vão ter poucos momentos assim. Vai ser mais uma história de aventura e descobrimento do que erótica. Você acertou Kaus07, é quase isso que passa na minha cabeça quando estou escrevendo! Lembrando que os capítulos se intercalam entre os dois personagens, então neste voltamos para o Bran. Sem mais delongas, boa leitura. Comentem à vontade! *
Desde que o tal do Delvin saiu da forja, Bran ficou se sentindo estranho. Não de uma forma ruim, mas ele estava nervoso. Ele iria sair com outro rapaz, no dia seguinte, “para beber e se divertir”, foi o que o outro disse. O que será que ele queria dizer com isso? Será que era só um convite para se conhecerem? Um convite de amigos? Ou tinha algo a mais?
Bran não fazia ideia do que poderia ser. Quando pegou o projeto da peça que iria forjar, ele tocou levemente a mão do meio-elfo. Naquele instante, parecia como se um arrepio percorresse por todo o seu corpo, fazendo todos os seus pelos se eriçarem, como os de um gato de rua briguento. Ainda agora, quando se lembrava do toque, sentia algo estranho, porém bom.
Antes que começasse a se preocupar de mais com isso, Bran se concentrou no trabalho a sua frente e deu tudo de si para que ficasse bom. Aquela mesma placa de metal, que ele deixou cair na surpresa, mais cedo, estava tomando a forma desejada. Só na manhã seguinte é que começaria o projeto de Delvin. E foi o que fez, Bran focou no seu trabalho, que foi quase até o ocaso, mas pelo menos terminou o trabalho anterior, e poderia se dedicar inteiramente ao novo no dia seguinte.
Entretanto, antes que o novo dia chegasse, Bran pretendia se informar melhor sobre como se comportar no encontro de amanhã. Ele foi até Nolgrin, que estava finalizando a contagem das moedas ganhas no dia, e perguntou
- Hum, NolgrinDiga rapaz, o que tu quer? - Nolgrin lhe pediu sem levantar os olhos dos metais preciosos.
- Hum, amanhã, depois que ... eu ... hum ... – Bran não sabia como perguntar o que estava em sua mente, ele simplesmente não conseguia colocar em palavras.
- Você tá com medo do encontro com o tal Delvin?
- Não! Não é medo, é que .... – Novamente, Bran fez uma pausa longa em sua fala.
- Ah garoto, tú já é quase um adulto, ta na hora de conversar melhor e mais com as pessoas. Fala o que tiver que falar, caralho! – Mesmo falando de uma forma grosseira e aparentemente bravo, Bran sabia que esse era apenas o jeito rabugento de seu mestre.
- Eu não sei se ele quer me ver só como amigo ou quer algo mais! – Finalmente, Bran colocou tudo para fora.
- Ah então é isso? Hahahaha – Nolgrin riu ruidosamente. – E tem algum problema se ele quiser algo a mais com você? Eu logo vi que ele é viado. Todo pomposo, roupas coloridas, uma vozinha mais fina. Bem o tipinho de rapaz que morde fronha, hahahahaha. – Ele riu de sua própria piada. Antes que Bran falasse algo, Nolgrin continuou – Mas garoto, ele te convidou pra sair e beber, pra ir a uma taverna. Isso é o tipo de coisa que amigos convidam pra fazer. Mesmo que ele tenha te convidado com segundas intenções, é só você dizer que não e pronto ué. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
Bran continuou olhando Nolgrin, de forma pensativa. Não era bem esse o problema de Bran. Afinal na sua última, e única, ida ao bordel, Bran havia descoberto que sentia tesão por humanoides do sexo masculino, apesar de não ter tido relação com nenhum até o momento. Percebendo que Bran continuava de cenho franzido, Nolgrin completou:
- A não ser que você queira que ele tente algo mais. Aí você deve aproveitar.
Nesse momento, Bran sentou numa das poucas cadeiras que havia ali e suspirou. Nesse ponto, Nolgrin percebeu que a confusão do rapaz residia em não compreender o que sentia. Ele falou:
- Ei, não fique assim rapaz. To vendo que tu tá confuso. Olha, se tu gostou dele e ele for um bom rapaz, aproveita. A gente está nesse mundo só de passagem, por pouco tempo. Você bem menos do que eu, já que é humano. Eu sei que no puteiro te paguei por uma menina, mas é que eu nunca soube do que você gosta.
- Eu... eu também não sabia. mas quando a gente tava lá, eu vi ..., eu vi ... um homem, sentando no colo de....
- Não precisa dizer, que já entendi. – Cortou Nolgrin, e continuou. – Faz o seguinte, volta lá no puteiro, pede por esse rapaz que você viu, ou outro, sei lá. E tenta fazer o mesmo que você fez com a Nínive, não sei. Eu sou meio bronco garoto, eu não entendo essas coisas direito, mas eu sei que tem gente que gosta de coisas diferentes do que as pessoas dizem que é o normal. Vai ter gente que vai te dizer o que é certo e o que é errado, mas não se importe com os outros, e sim com o que você pensa. E se beijar e trepar com um rapaz for o certo pra você! Maravilha! Aproveita bastante.
Bran ficou olhando para Nolgrin durante a sua última fala, e sentiu, ao mesmo tempo, um enorme alívio e vontade de chorar. Abraçou o seu mestre com toda sua força, e apesar de não soltar nenhum suspiro de choro, sentiu algumas lágrimas caírem dos seus olhos.
- Oras, também não precisa ficar todo emotivo com isso garoto, largue disso. – Ralhou Nolgrin, mas ele correspondeu ao abraço do seu aprendiz com carinho.
Os dois ainda conversaram por mais tempo, com Nolgrin se abrindo um pouco mais para Bran, pois ele percebeu que sendo o anão fechado e carrancudo que era, talvez estivesse dando o exemplo errado ao rapaz. Desta forma, Bran soube que Nolgrin abandonara seu clã pela paixão que teve com uma anã de um clã rival. Mudaram-se para esta cidade, distante de ambos os clãs, para ter paz, mas um trágico acidente acabou levando sua esposa, fazendo com que ele se tornasse mais fechado e carrancudo. Aparentemente, Bran era a primeira pessoa para quem Nolgrin se abria desta forma, e já faziam anos do ocorrido.
A conversa acabou levando horas, e quando os dois fecharam tudo, a lua e as estrelas já brilhavam nos céus. Nolgrin perguntou:
- Você vai no puteiro garoto?
- Acho que não, se tiver que acontecer algo amanhã, que seja!
- Então tá, só alugue um quarto numa taverna, porque não quero ter que sair de casa pra deixar você se divertir, e também não quero vocês se empolgando e fornicando na minha cama, Hahahahaha! – Nolgrin respondeu, rindo alto.
Bran ficou vermelho, mas riu das besteiras de Nolgrin. Os dois se recolheram aos seus aposentos e, depois de uma refeição rápida e de se lavarem um pouco, cada um deitou em sua cama e dormiu.
Um sonho se apossou da mente de Bran, nele, o jovem ferreiro forjava uma espada, algo que ele nunca havia feito sozinho, e Delvin estava ao seu lado. O meio-elfo falava algo em uma língua que Bran não compreendia e tinha uma espécie de tábua fina surgindo por trás de seus ombros, mas ambos sorriam quando se olhavam. A cena mudou e uma gnoma, que Bran não se lembrava de ter conhecido, se esgueirava entre as sombras, mostrando um caminho para Bran, e mais alguém que estava com eles, mas Bran não tinha certeza se era Delvin ou outra pessoa. Outra vez o ambiente mudou, Bran e 3 outras pessoas, que estavam nas sombras, sem que ele pudesse identificá-las, se encontravam em uma câmara de pedra escura, ele se sentia apreensivo e, de repente, um som alto soou e Bran acordou sobressaltado.
Nolgrin chutou o canto da cama e praguejava na língua anã, que Bran aprendera com seu mestre:
-“Puta que pariu, orcs fedidos do caralho...”
Ainda meio sonolento e se sentindo um pouco estranho, Bran percebeu que estava todo suado. Apesar de ser apenas o começo do verão e ainda não estar tão quente, parecia que ele havia acabado de fazer uma corrida sob o sol forte, ou de trabalhar em frente à forja por um dia inteiro. Já era de manhã, porém para Bran, parecia que nem poucos minutos haviam passado desde que dormira. Mesmo assim, estava descansado e, depois que seu mestre parou de praguejar, os dois se uniram para o café da manhã.
- Você está com uma aparência horrível, Bran, não dormiu? Ficou pensando no teu meio-elfo é? Hahahahaha!
- Deixa de besteira, ele não é meu!
- Corrigindo, ainda não é teu, mas deixa quieto. Tu precisa fazer o serviço que ele encomendou, eu não vou ficar de olho, vou deixar nas tuas mãos, tenho que sair e resolver algumas coisas na cidade, então se aparecerem clientes, já sabe.
- Pode deixar Grin, sabe que eu me viro e a encomenda dele não parece difícil, só vou pedir pra você conferir pra mim no final.
Nolgrin só sorriu, assentiu com a cabeça, pegou uma bolsinha com dinheiro e saiu. Bran já estava acostumado com as saídas de Nolgrin. De tempos em tempos, o anão saía cedo para encomendar metais e outras matérias primas, necessárias para suas obras. Muitas vezes voltava com uma ou mais ferramentas novas e, às vezes, até com algo para a casa dos dois. Bran raramente ia junto, em parte porque preferia ficar na forja trabalhando e em outra, pois se sentia o dono da ferraria quando estava sozinho atendendo os clientes. Ele adorava isso, imaginava que era o ferreiro chefe do local, ou vestia uma ou outra armadura e se colocava no lugar de um cavaleiro valente e corajoso. Ele ficava imaginando como seria o seu futuro, mas geralmente era uma dessas duas possibilidades, guerreiro armadurado ou ferreiro chefe!
O dia percorreu tranquilo, poucos clientes apareceram e nenhuma encomenda de importância surgiu. Isso deu bastante tempo para ele se dedicar à encomenda de Delvin. Mesmo tendo tido uma noite estranha, estava se sentindo bem-disposto e conseguiu terminá-la antes do previsto. Parecia que hoje ele havia acordado inspirado, não se distraiu nem um pouco, como no dia anterior. Depois de terminado, analisou seu trabalho e, por mais que encontrasse um ou outro detalhe que talvez pudesse ter feito diferente, estava muito satisfeito com o resultado, sabia que tinha feito um trabalho digno e que seu mestre ficaria orgulhoso. Ele sabia que Nolgrin nunca dava o braço a torcer, dizendo que este ou aquele trabalho de Bran tivesse superado o seu, mas ele já convivia com o anão a tempo suficiente para entender os elogios silenciosos do mestre.
Bran resolveu aproveitar o tempo de sobra para adiantar outras encomendas, uma delas era uma espada e isso o fez lembrar de seu sonho estranho. Todas as vezes que ele forjava uma espada, Nolgrin finalizava o trabalho, ele ainda não entendia o motivo, seu mestre sempre dizia que era o prazer dele fabricar armas e por isso, Bran nunca discutiu. Entretanto, em seu sonho Delvin estava ao seu lado, talvez fazendo algum encantamento, pois falava em línguas incompreensíveis para Bran. Não que ele fosse um poliglota, ele conhecia apenas o idioma humano e o anão que seu mestre lhe ensinara, também sabia alguns cumprimentos e xingamentos em elfo, que seu mestre lhe ensinara, embora ele nunca tivesse usado.
Nolgrin retornou no meio da tarde, tirando Bran de seus devaneios, trazendo alguns materiais e avisando que logo mais entregariam o restante. Conferiu o trabalho de Bran, comparando com o projeto e ficou alguns minutos observando a peça. Não falou absolutamente nada durante esse tempo e no final olhou para Bran de cima a baixo, como se estivesse avaliando-o.
- Rapaz, se eu não soubesse quem você é, diria que isto é um trabalho de anão e não de um humano.
Além de muito surpreso, Bran ficou se sentindo o máximo. Este havia sido o melhor elogio que recebera de seu mestre, e desta vez em palavras e não apenas com olhares de aprovação e acenos com a cabeça.
- Mas não fique convencido não, porque ontem você quase molhou o metal na água, e você sabe que é óleo que usamos para resfriamento das peças.
Bran assentiu sorrindo, sabendo que era o melhor que podia receber. O restante da tarde foi passando e Bran ia ficando cada vez mais nervoso e ansioso com a ideia do seu encontro com Delvin. Em alguns momentos, chegou até a pensar em desculpas para não sair, mas uma parte de si dizia que ele precisava se encontrar com o meio-elfo. O pôr do sol chegou, e com ele o contratante da encomenda apareceu nas portas da forja. Desta vez, estava sem o manto de feiticeiro, usando roupas mais comuns, e muito elegante!