Chegou a hora de contar algo que aconteceu comigo há quase dez anos. O texto a seguir possui um pano de fundo de verdade, alguns acontecimentos reais e elementos de ficção e fantasia para tornar a história um pouco mais literária. Não vou identificar o que foi verdade e o que foi floreado, bem como o nome da personagem será mudado. Adianto ao leitor, para melhor aproveitamento de seu tempo, que este texto não contém cenas de sexo explicitamente narradas, apenas a exposição de acontecimentos que poderiam ter acabado em sexo. Caso o leitor prefira algo mais picante e quiser parar por aqui, não ficarei ofendido. Não pretendo iludir ninguém com falsas expectativas.
Ainda que muitos possam me elogiar pelos meus contos, algumas coisas das quais tomei parte não me dão orgulho nenhum. O que vem a seguir é uma dessas coisas. Também não sei porque decidi contá-las agora mesmo sob um pseudônimo. Poderia ficar com essas lembranças apenas comigo como meu "dark side of the moon", mas julgando estar entre amigos que apenas buscam histórias para preencher o vazio de suas horas, resolvi compartilhá-las.
Talvez esta história sirva como um contraponto - embora isso não tenha sido pedido - aos relatos e contos que os leitores tanto buscam por aqui, nos quais mulheres sempre ávidas por sexo em situações que nunca contém obstáculos para o garanhão de plantão nos enchem de prazer e excitação. O que se desenrolará a seguir é o teatro da vida, sem ensaio, sem texto nem posição decorados, sem plateia, sem ribalta, e cujas angústias e sofrimentos se leva apenas para os bastidores da alma.
As condições do meu local de trabalho me colocaram muito próximo de um outro estabelecimento onde eu tinha acesso privilegiado por relações de parentesco. Nesse estabelecimento chegou para trabalhar uma jovem, que chamarei de Vanessa.
Eu sou um sujeito um tanto quanto desligado quando me contam uma coisa pela primeira vez, só ligando os pontos certo tempo depois. Já haviam me contado que essa tal Vanessa era fogo na roupa e que não recusava - e até ia atrás - uma proposta de sexo, sendo que teria iniciado sua vida sexual em tenra idade. Eu ouvia essas histórias mas nunca liguei o nome à pessoa. Pensava que ela, na minha vida, era como o oxigênio: a gente sabe que existe, mas nunca vê.
Vanessa era baixinha e gordinha, longe de ser o exemplar de uma mulher considerada gostosa. Tinha os cabelos loiros, mas eram tingidos - ela mesma me contou depois. Eram lisos e iam até o meio das costas. O rosto era bonito, com olhos pretos, narizinho pequeno, bem feito e arrebitado e a boca bonita também, pequena. Os dentes eram magnificamente brancos. A pele era de uma cor de quem é branco de cabelos castanhos. É só. Que eu possa destacar de beleza, é só. Não estou aqui julgando ninguém nem me colocando como um homem belo e atlético. Tenho minhas imperfeições físicas. Mas é que não posso dizer que Vanessa tinha um corpo deslumbrante porque, simplesmente, ela não tinha. E não vou me ater a tecer considerações detalhadas sobre isso. Fica sabido que era baixinha e gordinha. Tinha seios médios, que dava pra ver que eram muito distantes um do outro. A bunda era grande e as coxas pra lá de grossas.
Quanto ao seu jeito de ser, o que sei é que era inteligente, esperta, obstinada e, por vezes, encrenqueira, sendo que eu não cheguei a vivenciar esse lado dela, tendo meio que experimentado apenas o seu lado obstinado. Eu teria um monte de histórias sobre a maneira de ser da Vanessa em outras áreas de sua vida, mas não quero expor esse tipo de coisa que foge ao foco deste site.
Confesso que não me lembro como tudo começou. Mas eu me lembro que ia ao seu local de trabalho, não por causa dela, e acabávamos batendo longos papos. Não vou dar detalhes sobre o tipo de assunto, mas não era sobre sexo nem namoro. Eram assuntos fúteis para nós dois e, por jogada do destino, eu tinha um certo conhecimento e era tido na cidade como um cara inteligente e ela, interesse. Lembro que esse meu parente chegou a comentar comigo que Vanessa me achava muito inteligente. O fato é que eu passava por lá e a gente acabava conversando.
A amizade e a liberdade foram crescendo. Não sei se cheguei a pensar em intimidade com ela, mas é provável que sim, porque eu penso nessas coisas. Eu estava em um relacionamento sério, então ia com cuidado. Vez ou outra ouvia comentários sobre o "fogo" dela e me perguntava se ela ia partir pra cima de mim sabendo que eu tinha namorada. Me perguntava se ela teria coragem, porque eu não tinha.
Lembro que um dia conversávamos sobre História - uma paixão que eu tenho - e ela tocou no assunto sobre um determinado e famoso filme dos anos 70 sobre um certo imperador romano e me perguntou se eu conseguiria esse filme para ela. Comentei que o filme tinha muita putaria e se ela sabia disso. Ela disse que sim e que gostaria de assisti-lo. Foi aí que resolvi dar um passo adiante e ver no que daria. Falei que poderia conseguir o filme pra ela, desde que ela não falasse pra ninguém que fui eu que arrumei. Acho que o que eu queria era ver se ela era "pra frente" mesmo e passasse a conversar sobre sexo. Pra quê? Não sei. Acho que coisa de homem sem vergonha…
Só sei que consegui o filme pra ela mas não me recordo se ela comentou comigo sobre ele. As coisas iam seguindo normalmente. Acho que posso dizer que assumi o risco de trilhar um caminho perigoso, rondando os limites de ter um relacionamento íntimo com ela e,consequentemente, trair minha namorada. Eu era um inconsequente, mesmo… Não me passava pela cabeça terminar com minha namorada pra ficar com ela, mesmo porque eu não estava apaixonado por ela. O que eu queria era a putaria mesmo, trair minha namorada comendo uma mulher mais nova sem querer saber as consequências disso. Também acho que já rolava um certo buxixo, que, ainda bem, não chegou aos ouvidos da minha namorada, que Vanessa estava caidinha por mim e que era questão de tempo ela dar o bote.
Não lembro quando e como aconteceu, mas aconteceu. Pelas circunstâncias do nosso trabalho, de nossos locais de trabalho, acabamos ficando sozinhos certa vez e sem ninguém para nos observar. Aí ela deu o bote. Pediu um beijo. Me permiti à traição e cedi. Nos beijamos longa e apaixonadamente. Depois ela me diria que tinha sido maravilhoso. A linha havia sido cruzada, para o bem e para o mal.
Não sei se foi antes disso, mas tenho quase certeza de que foi depois, trocamos números de celular. Na época já existia esse famoso aplicativo de mensagens instantâneas - ela tinha - mas eu ainda estava no SMS, e foi por esse meio que trocávamos mensagens. Quase toda noite que eu não estava namorando, a gente passava horas trocando mensagens. Por força das circunstâncias, não podíamos falar, então ia por texto mesmo. Por meio do SMS ela me contou muita coisa. Coisas íntimas. Por exemplo: moravam apenas ela e a mãe dela e ela me disse que as duas ficavam só de calcinha em casa. Até hoje, quando vejo a mãe dela na rua, lembro dessa história.
Não nego: eu ficava muito excitado. Ficava na fronteira entre perguntar-lhe coisas indecentes e o pudor de estar invadindo um terreno o qual eu não deveria estar. Mas ela me contou um pouco de suas peripécias sexuais. Confirmou que perdeu a virgindade muito, mas muito cedo; que já havia ficado com homem casado e que já havia pedido - e foi atendida - que ejaculassem em sua boca, engolindo todo esperma. Disse que ia na casa do vizinho, quando a mãe dele não estava, para transar com ele.
Enfim, gozava da mais completa liberdade sexual desde muito nova, coisa que eu não tivera e que minha namorada não me oferecia. Talvez fosse isso o que me instigava a seguir nessa loucura que eu não sabia onde ia chegar.
Na convivência diária, face a face, a coisa ia se avolumando. Não nego que já a procurava, na esperança de ouvir dela alguma taradice que me excitasse ou mesmo uma cantada, mesmo eu não sabendo se aceitaria ou não, se poderia ou não, se deveria ou não e quais as consequências disso. Sempre arrumávamos um jeito de ficarmos a sós no trabalho e aí nos beijávamos muito. Geralmente era em meu local de trabalho, numa sala isolada, em intervalos do trabalho dela. Ela vinha e, em duas conversas, me pedia para beijá-la. Como era o que eu queria, nos atracávamos em intermináveis beijos. Hoje não sei dizer que gosto tinham… Se eram melhores que os da minha namorada… Talvez o que eu sentia era a excitação, a volúpia de estar envolvido com uma mulher bem mais jovem que eu, ainda que não tivesse o corpo mais exuberante, mas que tinha a mais bela liberdade para viver sua sexualidade sem nenhuma vergonha.
Durante nossos beijos, eu preciso dizer, tinha ereções, e não escondia isso dela. Apertava meu membro enrijecido contra o corpo dela justamente para ela perceber. Ela percebia e até chegou a insinuar que "eu estava realmente animado". Isso não a envergonhava. Acho até que ela ficava satisfeita, tendo a certeza de que eu não era indiferente aos nossos encontros. Lembro que uma vez, beijando-a, fui atrevido: enfiei a mão por dentro de sua camiseta, afastei seu sutiã e toquei seu seio esquerdo. Confesso que achei-o muito caído pra idade dela. Talvez fosse pelo sobrepeso… Mas senti na palma da mão e depois na ponta do dedo o bico pequeno, quase como uma verruguinha, bem diferente da minha namorada, que tinha bicos grandes. Quando fiz menção de erguer sua camiseta para mamá-lo, ela me impediu. Vergonha do corpo, talvez. Pudor natural de mulher frente a um amante atrevido, quem sabe? Decidi não contrariá-la e me concentrei apenas em beijá-la.
Não tenho uma cronologia exata dos acontecimentos, portanto vou contá-los à medida que as lembranças chegam à minha mente.
Uma vez, era domingo, e minha família tinha o hábito de fazer almoço no sítio do meu pai. Quando o almoço ficou pronto, fui pra lá, e qual não foi minha surpresa, Vanessa estava lá! Estranhei, mas não entendi que fosse algo ruim, embora soubesse que não ia rolar nada ali, cercado de parentes por todo lado. O patrão dela, meu parente, disse que ela tinha se oferecido pra ir. Vanessa fez questão de ficar o tempo todo grudada em mim, como se fosse minha namorada. E por falar nela, ela não ia nesses almoços por motivos que prefiro não relatar.
Terminada a refeição, fui pra sala da tv. Vanessa atrás. Sentei-me no sofá e ela sentou-se grudada em mim. O pessoal quase todo na cozinha conversando, outros na varanda, outros já tinham ido embora. Na sala, apenas crianças assistindo um filme. Ela não demorou a agir e pôs a mão em minha coxa, próximo à altura da virilha, e demonstrou intenção de ir em direção ao meu membro. Peguei uma almofada e coloquei por cima, para ninguém ver, e deixei ela seguir com seu propósito enquanto conversávamos.
Basicamente, a conversa girou em torno das propostas que ela me fazia pra gente transar naquela tarde ali no sítio, quando todos fossem embora. Dei a ela razões de que isso seria impossível de rolar. Primeiro, todos desconfiariam de nossas intenções quando ficássemos só nós dois ali. Segundo: não ficaríamos só nós dois ali. Meu pai ficava no sítio até o começo da noite, pra tratar e cuidar dos porcos e galinhas que ele cria. Terceiro: todos os domingos, por volta das 16 horas, eu tinha encontro marcado com a namorada na casa dela, onde ficava até quase meia-noite, quando, então, eu voltava pra casa. Como é que eu ia justificar pra ela que naquele dia me atrasaria ou não iria? Ela me trazia em rédeas curtas. E tem mais: na minha família não tinha santos nem bobos. É provável que já havia alguém desconfiado, de olho em nós dois ou nas atitudes da Vanessa e, não pensaria duas vezes em botar a boca no trombone, talvez até sem a intenção de me prejudicar. Afinal, se eu queria ter um caso por fora com Vanessa, o que é que eu estava pretendendo fazendo tudo às claras? Teria que ser discreto e escondido.
Em meio às minhas negativas, Vanessa não se abalava e tocava meu pênis por cima da calça jeans, enquanto me contava coisas para mim surpreendentes. Falou que, se ficássemos, iríamos transar num determinado quarto da casa, onde ela ficou e transou com uma prima minha que é lésbica no último reveillon. Vamos por partes: primeiro, a revelação de uma transa dela. Segundo: Vanessa revelava ali que era bissexual. Terceiro: revelava que minha prima era homossexual, o que ninguém sabia na época; hoje já é de conhecimento de toda a cidade, pois ela tem até esposa.
É claro que eu estava excitado com isso. Vanessa podia comprovar pela minha ereção. É claro que eu queria me lançar numa aventura com ela. Qual homem normal resistiria indiferente às investidas de uma fêmea louca pra dar pra ele, custe o que custar? Mas tinha um monte de coisas que me impediam de ser ousado como ela estava sendo. Eu sou um dos raros casos deste mundo de ser um homem que não sabe dirigir e nem tem carro. Sair com ela para ir a um motel… Esquece. Eu não teria jogo de cintura pra lidar com minha namorada quando ela soubesse da traição. Eu mesmo não queria traí-la porque tinha plena consciência de que ela não merecia tal punhalada pelas costas. A própria Vanessa, numa conversa que tivemos, disse que não queria ser minha namorada; detestava essa "mecânica" de namoro, de ter que ficar só com aquela pessoa. Ela me queria, mas queria muito mais a sua liberdade de poder me descartar quando se enjoasse de mim. Eu já previa o resultado. Escolher Vanessa era terminar sem minha namorada e sem Vanessa. Mas eu queria ter sexo com ela! É típico aquele caso de querer comer omelete sem querer quebrar os ovos. Era meio impossível…
Naquela tarde, enquanto estávamos no sitio, Vanessa me atazanou o tempo todo para que eu a comesse. Nesse episódio da sala de tv, bem, as crianças não perceberam nada. Os demais, acho que alguns desconfiaram da pregança que Vanessa ficou comigo. Mas não teve jeito. Logo que pintou uma carona pra cidade, acho que com um tio meu, voltei pra cidade e ela veio junto, de certa forma, fazendo pressão para que eu ficasse com ela em sua casa. Não fiquei. Primeiro deixamo-la em casa e depois meu tio me deixou na minha. Acho que foi a partir desse domingo em diante que, sempre ao cair da noite, Vanessa ligava no meu celular, e várias vezes minha namorada atendeu, e do outro lado ficava mudo. Eu não tinha salvado o contato de Vanessa; consegui decorar seu número. Dizia pra minha namorada que não conhecia aquele número e não sabia quem poderia estar ligando. Ela não se convenceu. Pior: acertou na mosca que era Vanessa e que ela queria me tomar dela. Eu dizia que não, que éramos só amigos por causa de trabalharmos próximos, que ela nunca deu em cima de mim, que eu não queria nada com ela… Na hora ela ficava nervosa, depois passava, pra repetir no domingo seguinte
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