Era uma manhã fria e nublada, como a maior parte do ano em Londres. Com uma mochila nas costas e andando dificultosamente, com a ajuda de uma muleta canadense para firmar o pé esquerdo, eu olhava para a fachada dos prédios da Rua Backer, procurando pelo número 221B. Estava em busca de um apartamento para morar durante meu intercâmbio para a faculdade de medicina.
O aplicativo de locação indicava esse apartamento com melhor custo/benefício, próximo da universidade e do trabalho, com excelentes acomodações conforme indicavam as fotos e segundo as observações eu dividiria o alugel com outra pessoa que já morava no local.
Nunca fui muito sociável e sempre preferi ao máximo evitar internações desnecessárias, mas em certas situações acaba sendo inevitável, agora, diante da necessidade, eu estava resignado a suportar um colega de quarto a fim de economizar uma grana.
Enfim, ao lado de uma loja de roupas, em um prédio clássico vitoriano onde no térreo funcionava um café, acima de uma porta preta, em um vitral semicircular, encontrei o número 221B. Peguei o celular e digitei o número indicado no aplicativo.
— Olá, é a senhora Hudson? Sou eu, John. Marquei pelo aplicativo para vir conhecer o apartamento.
— Ah, sim! Eu estou aqui no café. Saio em um minuto — disse a mulher, desligando em seguida.
Pela voz não parecia ter mais de 50, o que viria a se confirmar quando saiu do estabelecimento uma loira alta de rosto fino e olhos azuis como o oceano sob as sobrancelhas finas semi arqueadas. Vestia um casaco bege com cinto e capuz com acabamento em astracã, uma calça jeans e botas à altura da panturrilha.
— Bom dia, John — cumprimento-me indo direto para a porta, que não estava trancada.
— Bom dia, senhora Hudson.
— Venha, vou te mostrar o lugar — disse, passando pelo hall e subindo as escadas.
— Havia uma observação na oferta da locação…
— Sim, o apartamento é para dois ocupantes, mas só tenho um inquilino nele. O nome dele é Sherlock e já mora aqui há três anos. Ele pode parecer um pouco excêntrico à primeira vista, mas é um garoto adorável.
Após subirmos as escadas, seguimos por um mezanino estreito e uma porta no final. A senhora Hudson bateu à porta e pegou na maçaneta, sem a girar, aguardando uma resposta do outro lado. Era possível ouvir pancadas fortes e abafadas acompanhadas por barulho de correntes. Imaginei o que poderia estar lá dentro, alguém estava levando uma boa surra. O barulho cessou e logo a porta se abriu.
Um tipo atlético, de cabelo preto encaracolado e molhado de suor, usando apenas um calção, desenrolava a bandagem elástica de uma das mãos antes de cumprimentar à hipnotizada senhora Hudson. O rosto da mulher tinha um tom um tanto avermelhado e os olhos com piscadas mais frequentes.
— Bom dia, senhora Hudson.
— Bom dia, Sherlock. Eu vim mostrar o apartamento para o seu novo colega de quarto.
— Oi! Eu sou John, John Hamish Watson — saudei, estendendo-lhe a mão.
Como era de se esperar um aperto de mão forte para alguém com pouca estatura, mas robusto. Ele devia ter por volta de 1,65 m enquanto eu media 1,76 m.
— Sherlock Holmes — respondeu — Entrem, fiquem à vontade.
Com o celular, dei uma última conferida nas fotos do aplicativo para comparar com o ambiente real. Parecia ainda melhor que nas fotos. A sala era enorme, com piso laminado e paredes brancas, mantendo os detalhes vitorianos do rodapé e do rodaforro. Em um espaço entre as duas janelas que davam para a rua, um saco de pancada preso a um suporte de parede e no canto adjacente uma estação de musculação. Do outro lado da sala, em um canto ficava uma estante que ocupava toda a parede, uma biblioteca invejável e um conjunto de poltronas e sofás de tecido suede cor de areia, enquanto no outro canto havia um armário pequeno com uma bancada, uma pia, fogão e geladeira. Ao centro, do lado oposto à porta de entrada, uma lareira de tijolos brancos, e na parede acima um mapa mundi com a projeção de Robinson.
Em cada um dos lados da lareira havia uma porta para os quartos. A senhora Hudson me levou até o quarto da esquerda, enquanto Holmes voltou a surrar o saco de pancadas.
— Cada quarto tem seu próprio banheiro — explicou.
— Gostei das acomodações — falei.
O quarto era suficientemente grande para caber uma cama de solteiro e uma escrivaninha. O closet era embutido e ao lado havia a porta do banheiro com instalações novas. Nada com o que me preocupar.
— E quanto ao meu colega de quarto? — sussurrei.
— Ele tem sido um ótimo inquilino. Há dias em que ele fica meio deprimido e pode passar dias sem dizer uma palavra, mas ele sempre volta ao normal. Por isso estou sempre por aqui para conferir como estão as coisas.
Saímos do quarto e me acomodei no sofá para descansar o pé, deixando a mochila no chão, ao meu lado. A senhora Hudson tirou o casaco, revelando um corpo deliciosamente curvilíneo, pernas grossas e seios vultosos.
— Vou preparar um chá pra vocês — prontificou-se — gostaria de mais alguma coisa, Sherlock?
— O chá apenas está ótimo, senhora Hudson, a menos que nosso amigo californiano prefira tomar outra coisa, café talvez? — respondeu Holmes, interrompendo novamente seu treino.
— Não, tudo bem, eu… espera!
— Já que vamos morar juntos — continuou — precisamos nos adaptar ao convívio mútuo, mesmo que nós dois sejamos pouco sociáveis. Além disso, podemos pensar em colocar algumas fitas antiderrapante nas escadas para evitar outras quedas.
— Como você…?
— Gosta de música, Watson? Costumo tocar violino quando preciso reorganizar as ideias. Espero que isso não o incomode.
— Não, eu gosto de música.
— Excelente!
Olhei para a senhora Hudson embasbacado com o quanto ele sabia sobre mim, até mesmo coisas que outra pessoa não poderia saber se eu mesmo não contasse, mas de alguma forma ele sabia. A senhora me olhou de soslaio e sorriu. Parecia se divertir com meu espanto.
— Fale do seu trabalho, Sherlock — disse ela.
— Eu presto consultoria a detetives particulares e às vezes à polícia, mas o que realmente enche minha geladeira são algumas investigações que faço a particulares.
— Então você é detetive? — perguntei.
— Pode se dizer que sim, mas eu não tenho um distintivo e nenhuma formação acadêmica, mas me arrisco às vezes em campo. Talvez seus conhecimentos médicos sejam bem requisitados — disse, puxando uma perna do calção e mostrando uma marca de facada na coxa — Isso foi numa luta corpo-a-corpo perseguindo um suspeito. Desde então eu comecei a treinar pra caso precise entrar numa briga de novo.
A chaleira apitou e a senhora Hudson nos serviu o chá.
— Preciso ir agora, meninos, mas precisando é só me ligar.
— Obrigado, Sra. Hudson — disse Holmes.
— Tenha um bom dia — falei, vendo-a sair tamborilando os dedos no ar.
— Ela é um tesão, não é?
— ‘Orra! Uma cavala.
Holmes pegou uma das xícaras e a levou à boca, bebericando o chá quente. O que me levou a questionar novamente o quanto ele me conhecia sem nunca termos nos visto antes.
— Vá em frente — disse ele, de repente, acomodando-se no sofá à minha frente — pergunte.
— O que aconteceu aqui? De onde me conhece?
— Eu o vi pela primeira vez há menos de 30 minutos. Não o conheço de lugar algum.
— E como sabe tanto sobre mim?
— Você me disse assim que entrou por aquela porta — deu mais uma bebericada no chá — Inferência abdutiva. É um hábito que eu tenho, não consigo evitar. As ideias simplesmente vêm à minha cabeça e a conclusão aparece. Quando peguei na sua mão não vi contusões ou hematomas, o que indica que quando você torceu o pé conseguiu evitar a queda, talvez por se segurar em um corrimão. Também senti uma leve textura de talco que só pode ter vindo de luvas, mas de qual tipo? Um do seus tênis e sua muleta estão com espirros de lama, mas como não chove há mais de uma semana, só posso imaginar que tenha vindo das obras de saneamento na calçada da esquina da rua Gower com a Euston, bem próximo ao University College Hospital, de onde eu presumi que você saíra, e também ao lado da estação de metrô onde pegou a Linha Metropolitana. Daí luvas e Hospital Universitário, muito novo para ser médico, mas estudante de alguma área médica seria o mais provável.
— Impressionante.
— Quando você entrou com o celular na mão, percebi que dentro da capa semi-transparente tem um ticket que me diz que preferiu vir de metrô, o que demonstra uma preferência em evitar a socialização com estranhos que teria se viesse de táxi ou motorista de aplicativo.
— Imagino que tenha presumido que sou da Califórnia pelo meu sotaque americano.
— Não sou familiarizado com os sotaques americanos. Na verdade a passagem aérea no bolso da sua mochila diz que você partiu do Aeroporto Internacional de São Francisco, então… dizer que você é californiano foi um chute.
— Em outros tempos você teria parado na fogueira por bruxaria.
Rimos juntos.
O som da notificação de mensagem despertou a atenção de Holmes, que pegou o celular e leu em silêncio.
— Trabalho? — perguntei.
— Detetive Lestrade. A Scotland Yard precisa dos meus serviços novamente. Fique à vontade enquanto eu tomo banho e me visto.
Holmes virou de uma vez a xícara de chá, abandonou-a sobre uma mesinha de canto, e entrou apressado para seus aposentos.
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Era surpreendente como após mais de meia hora ele ainda não tinha saído do quarto. Sei que alguns homens são cuidadosos até demais com a própria aparência, mas ele não estava indo a um encontro.
Alguém bateu à porta e eu, como novo morador, fui atender.
— Olá? — cumprimentou a mulher surpresa depois de eu ter atendido a porta. Na faixa dos trinta anos, de pele pálida e cabelo negro ondulados a altura dos ombros, olhos acinzentados e lábios grossos destacados pelo batom vinho. Tentei imitar a análise de Holmes, mas fora o uniforme policial por baixo do sobretudo preto eu não conseguia dizer mais nada acerca dela.
— Detetive Lestrade, por favor entre — falou Holmes atrás de mim, saindo de seu quarto — Percebo que passou muito bem a noite passada — disse, dando uma piscada de olho enquanto ela entrava com um sorriso sacana no rosto.
Estava claro que ele havia visto algo logo de cara que aos meus olhos destreinados passou despercebido. Holmes vestia um casaco gabardine cáqui sobre um suéter preto de gola alta e calça social slim preta.
— Lestrade, este é meu novo colega de quarto, John Watson. Watson, essa é a Detetive Inspetora Grace Lestrade, da Scotland Yard.
— Prazer — disse ela estendendo-me a mão.
— O prazer é todo meu — respondi, cumprimentando-a.
— Para onde vamos, detetive?
— Barnet. Houve um arrombamento, sinais de luta, mas ainda não localizamos a vítima. Estamos trabalhando com a possibilidade de sequestro.
Os dois iam saindo quando Holmes parou e olhou para mim.
— Apresse-se, Watson. Posso precisar de você.
Acompanhei os dois até a viatura que nos esperava em frente ao prédio com outro policial ao volante e o motor ligado. Lestrade acomodou-se no banco do carona enquanto Holmes e eu ficamos no banco de trás. Era a primeira vez que entrava em um carro em Londres e não houve como não estranhar o veículo com volante do lado direito e transitando pelo lado esquerdo das ruas.
— A vítima é o advogado Anthony Green. A esposa foi quem chamou a polícia — dizia a detetive — Madson Green é psiquiatra e professora universitária. Ela chegou de Manchester essa manhã e encontrou a porta arrombada e o marido havia desaparecido.
Chegamos à residência e a polícia já havia isolado o local.
— Mas o que esse garoto está fazendo aqui? — berrou um dos polícias em frente à casa assim que saímos do carro. Era um brutamontes, negro, por volta dos 50 anos, cabelo curto e bigode grisalho e visivelmente inconformado com a presença de Holmes no local.
— Capitão! Eu o requisitei — interveio Lestrade.
— A Scotland Yard pode lidar muito bem sem a intromissão desse garoto — esbravejou olhando para Holmes e logo depois para mim — E esse outro? É mais um civil para comprometer a cena do crime?
— Esse é meu assistente, Cap. Robinson — disse Holmes, ignorando a confusão e caminhando em direção à entrada da casa — Venha Watson, temos muito o que averiguar.
— Capitão — falou a detetive antes que o capitão da polícia nos detivesse ali mesmo — Eu me responsabilizo por eles, okay?
— Vou ficar de olho.
Lestrade e Robinson vieram logo atrás de nós.
Holmes se deteve à entrada da casa e analisou a marca de calçado tamanho 43 na porta e o batente com pedaços arrancados à altura da fechadura. Antes de entrar, arranjou com um dos policiais dois pares de luvas para nós. Lestrade calçou as dela e nos acompanhou pela casa sob os olhares atentos do capitão.
Na cozinha havia vidro estilhaçado no chão, manchas de whisky que havia secado deixando as pegadas de quem teria pisado por ali, além de algumas poucas manchas de sangue no chão e na porta dos armários.
Holmes analisava tudo friamente e desde que entramos na casa, não disse uma palavra.
Olhei para Lestrade e ela me olhou de volta com um sorriso de confiança no rosto. Ela parecia conhecer muito bem o meu colega.
— Já verificaram todas as entradas da casa? — perguntou Holmes.
— Evidente. Está tudo trancado — respondeu Robinson com ar de superioridade — o sequestrador invadiu pela porta da frente, houve luta e a vítima foi levada.
— Não, não foi.
Todos nos entreolhamos.
— Holmes? — falou a detetive surpresa.
— Não houve arrombamento algum. A vítima conhecia o agressor e o deixou entrar.
Ele parecia estar falando sobre outra cena de crime. Ninguém em sã consciência olharia para as evidências e descartaria uma invasão, pelo contrário, parecia a coisa mais óbvia a se sugerir que tivesse acontecido.
— Por Deus, Holmes! Tem uma porta arrebentada e a marca de um chute na frente. Como pode sugerir que a vítima o deixou entrar e o convidou para um drink? — disse Robinson de forma debochada.
Holmes se deitava no chão e tentava alcançar alguma coisa debaixo do armário.
— Tem muito vidro para um copo só — disse, pegando um segundo fundo de copo quebrado com cheiro de whisky — Peça que recolham os cacos das bordas. Estou quase certo que há material genético a ser analisado pelo laboratório. Tão certo quanto a minúscula mancha de sangue na pegada da porta é da vítima, portanto o chute só poderia ter sido dado após o ataque ter acontecido. Além disso, não há rastro de sangue no hall de entrada e nem lá fora; logo, a vítima nunca saiu da casa.
Lestrade não disfarçava o orgulho, nem Robinson a cara de espanto e frustração. Acompanhamos Holmes pela casa. Ele parecia um cão farejando algo e xeretando cada canto, passando pela sala onde a Sra. Green chorava copiosamente, sendo consolada por um policial, até chegarmos no escritório, onde havia duas escrivaninhas, um divã e estantes repleta de livros.
— O casal compartilhava o escritório — disse o capitão — Segundo a Sra. Green eles costumavam atender seus clientes aqui.
— Já foi revistado? — perguntou Holmes.
— Claro, assim como todo o resto da casa.
Entramos no escritório e meu colega continuou sua busca pelo que quer que fosse e parou diante da escrivaninha do advogado.
— O Sr. Green era um homem meticulosamente organizado… E está faltando alguma coisa.
Nesse momento, a esposa da vítima entrou no escritório acompanhada pelo policial que a confortava. Seus olhos vermelhos e inchados desfiguravam o belo rosto de uma jovem senhora ruiva, cujas sardas se espalhavam pela sua pele como gordura no leite.
— Senhora Green, havia algo sobre a escrivaninha do seu marido que não está mais aqui? — perguntou Holmes.
— Eu não sei, ele sempre foi muito organizado com as coisas dele…
— Algo está faltando, preciso que me diga o que é.
— Não tenho certeza…
— Algo que seja pessoal do seu marido, algo de valor.
Ela parou um instante e olhou atentamente para a escrivaninha.
— Uma Mont Blanc — disse ela — Ele tinha uma caneta tinteiro com a rubrica dele gravada, custou quase €500. O Anthony sempre teve muito ciúmes dela e por isso a guardava dentro de uma caixinha de camurça. Eu não a vejo aqui.
— Que ficava exatamente nesse espaço entre as demais canetas, mas a disposição delas e as cores indicam justamente a ausência da caixa — completou ele.
— E por que isso é importante? — perguntei. Holmes sorriu para mim.
— É elementar, meu caro. Sequestradores não levam souvenir de suas vítimas, assassinos em série sim.
— Disse que a vítima nunca saiu dessa casa. Onde está o corpo? — perguntou Robinson.
— Bem ali — disse apontando para uma parede vazia — Não é óbvio? Sem móveis, sem obstrução e tem a perfeita largura de uma porta. Estou errado, Sra. Green?
— Não, é um quarto do pânico — disse, indo acionar a abertura da porta atrás da estante de livros.
E lá dentro, para surpresa de todos, estava o corpo do Sr. Green, com um corte no braço e marcas de estrangulamento no pescoço.
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Já passava das 21h e Holmes ainda não tinha voltado da delegacia. Havia ficado por lá com a detetive Lestrade investigando casos de seriais que poderiam se enquadrar com o perfil do assassino.
Sentado no sofá com o laptop sobre minhas pernas, redigia um trabalho da disciplina de Farmacologia. No apartamento não tinha nenhuma TV, rádio ou outro computador. A única coisa mais tecnológica que meu colega de quarto possuía era o próprio celular. Pelo menos um bom sinal de wi-fi ele tinha.
Alguém bateu à porta e enquanto eu pegava minha muleta e ia atender a Sra. Hudson chamou do outro lado.
— John? Sou eu, a senhora Hudson.
— Pode entrar — e ela entrou — Desculpe, não tive tempo de abrir a porta.
— Oh, tudo bem. Eu é quem não devia estar incomodando à essa hora. Só vim ver se estava tudo bem, eu vi que você tinha chegado, mas não o Sherlock.
— Ele ainda está na delegacia — falei retornando para o sofá.
— Por que não acendeu a lareira?
O frio não me incomodava, apesar de ter que estar o tempo todo agasalhado. E a luz elétrica era bem melhor para não cansar os olhos enquanto digitava.
— Pra falar a verdade eu nem sei como acender uma. De onde eu venho é quente a maior parte do ano e a maioria das casas, quando tem aquecimento, usam calefação.
— Querido, a lareira é elétrica — disse, ligando-a.
Era impossível não notar o quão sensual era aquela mulher enquanto andava pelo apartamento arrumando uma coisa e outra, principalmente quando seus olhos azuis como o oceano me fitavam me deixando hipnotizado, e quando esboçava um sorriso com aqueles lábios rosados e delicados tornava minha ereção inevitável.
— A senhora sempre cuidou de tudo por aqui? — perguntei, tentando iniciar uma conversa antes que ficasse estranho.
— Não, não. Meu marido era quem cuidava de tudo, mas desde que ele faleceu há seis anos, eu tive que aprender a administrar o imóvel e o café.
— Eu sinto muito.
— Tudo bem. Desde que o Sherlock se mudou para cá, ele tem sido o filho que eu nunca tive.
Isso explicava a constante presença da Sra. Hudson no apartamento e sua atitude solícita em sempre verificar se estava tudo em ordem, quase como uma governanta. Ela cuidava de Holmes como se fosse um filho.
— E eu poderia ser o pai — sussurrei para mim mesmo.
— O que disse? — perguntou.
— Não, nada, só que… deve ter se sentido sozinha todos esses anos, digo, sem se divertir um pouco, se é que me entende.
— Mas Holmes e eu nos divertimos — disse ela, assim, à queima-roupa — Quando ele está entediado, ele pega o violino elétrico e eu o vejo tocar.
— Ah, sim.
Ela sentou-se ao meu lado apoiando o cotovelo sobre o encosto do sofá e pousando o lado do rosto sobre o punho. Me mediu de cima a baixo e voltou a me encarar.
— Não sou ingênua, John. Sei bem do que você está falando.
Ela inclinou-se na minha direção, fitando seus olhos felinos nos meus. Soltou os longos cabelos loiros e pôs uma de suas mãos sobre minha coxa, dedilhando e subindo para minha virilha.
— Nos divertimos algumas vezes — sussurrou — mas quase sempre tenho que fazer isso sozinha.
Seus dedos hábeis abriram minha bermuda manuseando com maestria meu membro, após o tirar da cueca. Seu hálito quente soprava em minha boca pela proximidade e o nervosismo tomou conta do meu corpo, que tremia. Torcia para que Holmes não aparecesse no apartamento tão cedo.
— Quem sabe você possa me ajudar com isso — continuou. Roçando seus lábios pela minha bochecha e indo para a orelha — Quer se divertir comigo, John?
— Não precisa pedir duas vezes.
Segurei firmemente sua cintura e beijei seu pescoço. Ela arfou, inclinando a cabeça para trás oferecendo seu colo. Ajudei-a a tirar o suéter, exibindo seu corpo maduro, seios avantajados mantidos seguros pela taça bordada em dourado do sutiã.
Ela avançou sobre mim, como uma leoa atacando um indefeso gnu.
Entrelaçados em um abraço ardente e em um beijo molhado com o toque macio de nossas línguas. Meu corpo ardia de tesão e meu membro exposto roçando sua perna grossa estava em brasas.
Nos despimos completamente e ela se sentou de frente para mim, segurando meu rosto com ambas as mãos enquanto se esfregava no meu pau com seu sexo quente e úmido, ameaçando o engolhir a qualquer momento. Tentei alertá-la sobre usar proteção.
— Senhora Hudson,...
— Shhhhh, cala a boca e me fode, John.
Com um movimento de quadril, ela mandou tudo para dentro e gemeu quando entrou. Suas paredes vaginais o pressionaram desde a base, enquanto a glande sentia a entrada de seu útero.
Não tive outra escolha, senão fazer o que ela me mandara. A abracei pela cintura e ergui meu quadril enquanto ela se movimentava freneticamente para frente e para trás.
Seus seios deliciosos estavam pressionados contra o meu peito nu, fazendo a troca do calor de nossos corpos pelo contato de nossas peles.
Mais uma vez ela me encarou de forma predatória com aqueles lindos olhos, mas agora sua boca entreaberta exibindo os dentes cerrados e sua respiração ofegante lhe dando um ar selvagem e seu corpo lânguido movendo-se com ferocidade.
Agarrei-a pela bunda e senti toda a energia do meu corpo se concentrando em um orgasmo que se anunciava. Relutei, mas era inevitável. O ar escapou de meus pulmões e um jato forte e carregado saiu do meu pau direto para o útero da Senhora Hudson.
Ela esboçou um sorriso ao sentir a gala entrando, saiu de cima de mim e começou a me masturbar.
— Não desista agora, John.
Deixando meu pau duro novamente, ela ficou de cócoras sobre o sofá, montando de costas para mim e acomodando meu pau dentro de sua vagina.
Minhas mãos a envolveram pela cintura enquanto ela quicava na minha frente apoiando-se com as mãos em meus joelhos. Nossos sexos lambuzados já tomavam uma textura espumosa escorrendo pelo meu saco e certamente já entornava no sofá.
A mulher gemia, incansável, me mantinha dentro dela até que senti seu corpo enrijecer, sua vagina me apertar e um urro abafado sair da sua garganta. Ela desabou sobre mim e nos deitamos ali mesmo.
— Isso foi ótimo, John — disse enquanto tentava recuperar o fôlego.
— Eu poderia ter feito mais se não fosse o estado do meu pé.
— Quer que eu faça uma compressa? Devo ter alguns analgésicos lá em casa — disse ela levantando-se e catando as roupas pelo chão — Não me demoro.
Quem mulher!
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A porta se abriu e Holmes entrou, atracando-se com alguém, como numa luta corpo-a-corpo, mas quando as peças de roupas começaram a cair pude ter certeza do que meus olhos viam. E eles também quando se depararam comigo no sofá com o pé em panos quentes tomando chá com a Sra. Hudson, mas já vestidos. Meu colega e a detetive Lestrade agarrados e estáticos, como se tivessem sidos pegos no flagra.
— Oh, vocês estão acordados — disse Holmes, soltando a detetive.
— Já está tarde. Eu devo ir — falou Lestrade, recolhendo do chão seu casaco e saindo constrangida.
— Ninguém iria julgá-los, Sherlock.
— Nem eu os julgaria, Sra. Hudson — respondeu, pousando os olhos em nós e aspirando o cheiro do ambiente de forma sutil, mas perceptível.
— Novidades sobre o caso? — perguntei, tentando mudar de assunto.
Holmes serviu-se de uma xícara de chá e sentou-se na poltrona com uma expressão séria.
— Descobrimos quem matou o Sr. Green.
— E porque você não parece satisfeito?
— Pesquisando casos antigos de assassinos em série chegamos ao nome do peculiar Gregory Lewis, que cumpria pena em um hospital psiquiátrico e fazia tratamento. Há um ano havia conseguido a liberdade condicional e um psiquiatra o acompanhava. O cara tinha sérios problemas com paternidade, vinha de uma família disfuncional onde o pai traía e agredia constantemente a mãe, como se não bastasse o pai o violentava.
— Que horror!
— A partir da adolescência ele passou a nutrir um sentimento dúbio de amor homossexual e ódio para com o próprio pai. À essa altura seus pais já estavam separados e ele vivia com a mãe, mas jurou uma vingança que nunca se concretizou. Seu pai morreu de câncer no pulmão quando Gregory tinha seus vinte anos. Ele pensou que já tinha superado sua dor quando se relacionou com Tommy Grant, sua primeira das quatro vítimas. Havia um padrão de homens bem sucedidos que eram o seu alvo.
— Então?
— O capitão Robinson nos ligou, assim que chegou ao endereço de Lewis. Aparentemente ele tinha dado cabo da própria vida com um tiro na têmpora. Chegamos, mas ele já estava morto havia algumas horas. A casa estava uma bagunça e na lavanderia, a máquina de lavar destruída. Foi encontrada a caixa de camurça com a caneta tinteiro do Sr. Green e um mural com diversas fotos da vítima.
— Então o caso foi solucionado, o assassino em série está morto.
— Alguma coisa não se encaixa, Watson. Foram apreendidos vários objetos da casa do Lewis, mas não havia um celular, mas em meio a correspondência havia uma conta a ser paga. Não dá pra ter um sem o outro. A polícia quer dar o caso por encerrado, mas eu convenci a detetive Lestrade a segurar as pontas até amanhã.
A Sra. Hudson ouvia tudo, mas não tecia comentários. Sempre serena e amável, demonstrava sua preocupação com nosso bem estar.
— Está ficando tarde e vocês precisam dormir — disse ela deixando a xícara de chá e se levantando para sair — principalmente você, Sherlock. Sua mente funcionará muito melhor depois de uma boa noite de sono.
— Tem razão — confirmou ele.
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Holmes estava convencido de que algo ainda não estava claro naquele crime e por isso estávamos no hospital psiquiátrico responsável por acompanhar a evolução do tratamento de Gregory Lewis.
O diretor do hospital entrou na sala com uma pilha de documentos debaixo do braço e os depositou sobre a mesa.
— Isso é tudo o que temos de Gregory Lewis. Todas as anotações de seu psiquiatra desde de o dia em que ele deu entrada no hospital.
— Qual foi a última anotação que ele fez?
Ele vasculhou os documentos e nos estendeu uma pasta.
— Esses foram os últimos registros do Dr. Robert Miller, antes de ele falecer.
— Mas isso foi há um ano — comentou Holmes ao folhear as anotações.
— Sim, aqui está o laudo do Dr. Miller atestando o avanço na recuperação do paciente — disse o diretor estendendo outro documento.
— E quem assumiu o tratamento após a morte do Dr. Miller? — perguntei, tentando ser útil.
— Designaram alguém para acompanhá-lo, mas sem vínculo com o Hospital, então eu não poderia lhes dizer o nome.
— Veja isso — falei chamando a atenção de Holmes para uma das anotações — Lewis, mantinha o registro gravado de todas as sessões no celular.
— Mantemos os registros em vídeo também — completou o diretor — posso mostrá-los se quiserem.
— Podem ser úteis — respondi.
Enquanto o diretor saía, seguíamos vasculhando as anotações e relatórios do psiquiatra falecido. Em uma ficha de prescrições psico farmacêuticas havia alguns calmantes, anti depressivos, e uma lista de alergias do paciente.
— O cara tinha alergia a quase tudo — comentei entregando a ficha a Holmes.
— Amido?
— Pode ser confundida com alergia a glúten, por estar presente quase sempre nos mesmos alimentos.
Holmes se levantou abruptamente e largou sobre a pilha de papéis tudo que tinha nas mãos. Parecia estar tendo uma alucinação olhando para o nada com a boca entreaberta e uma expressão de quem estava vendo a mais bela das pinturas.
— Agora tudo faz sentido — disse meu colega com um brilho nos olhos.
— Como faz sentido?
— Esqueça os vídeos, Watson. Precisamos encontrar a Sra. Green.
Holmes saiu apressado e eu tive que acompanhá-lo, ainda que de muleta. Com o celular em mãos, ele chamava um motorista de aplicativo.
— Não tão rápido, Holmes — falei.
— Me perdoe, não pude conter a empolgação.
— Mas o que aconteceu? Descobriu mais alguma coisa?
— Como se parece um comprimido de Librium de 10 mg, meu caro?
— Não tenho certeza, mas acho que verde, redondo e ovalado, mas pode vir em cápsulas também.
— Não rosa, não chato. Só falta uma peça do quebra cabeças e sei exatamente onde ela está. Por que razão Gregory Lewis teria um pacote de arroz tradicional no armário, uma vez que é alérgico?
— Não faço a mínima ideia.
Holmes ainda fez uma chamada com o celular.
— Detetive, preciso que me faça um favor. Estou no hospital psiquiátrico onde o Lewis esteve internado. Preciso que venha buscar o John e levá-lo com você à casa do nosso assassino para buscar uma coisa — disse e desligou.
— O que devemos buscar na casa do Lewis?
— O celular dele está dentro do saco de arroz. Pegue-o e me encontre na delegacia.
Lestrade chegou com a viatura alguns minutos depois, ainda sem entender o que estava acontecendo. Entrei no carro e seguimos para a casa de Lewis.
— O que vamos buscar lá? — perguntou ela.
— Segundo Holmes, deve haver um celular no saco de arroz. Parece que Lewis tinha o costume de gravar as sessões de terapia no celular e pode ter gravado as sessões com o último psiquiatra com quem se tratava.
— Faz sentido.
— Faz? — perguntei surpreso.
— Não encontramos o aparelho. A máquina de lavar estava revirada e havia roupas molhadas no chão. Se ele lavou o celular acidentalmente poderia colocar no saco de arroz para tentar recuperá-lo.
— Faz sentido.
— Foi o que eu disse — falou dando um leve sorriso.
Chegamos ao local e a casa ainda estava lacrada pela perícia. Lestrade sacou dois pares de luvas de uma caixa e me deu uma. Descemos do carro e ela simplesmente rompeu os lacres da porta da frente e entrou, sendo seguida por mim.
Parecia que uma briga ocorrera ali tamanha era a desordem. Entramos na cozinha, onde havia uma poça de sangue e respingos no rodapé da parede.
— Deve estar por aqui — disse a detetive abrindo os armários acima da pia.
Uma porta levava à lavanderia, onde vi a máquina de lavar ainda revirada e com as marcas de chutes do mesmo tamanho dos encontrados na porta dos Greens.
— Watson, achei — gritou Lestrade.
Voltei para a cozinha e ela tirou o celular de dentro do saco de arroz.
— Como Holmes disse que seria — disse empolgada — preciso ligar para o capitão. Se os técnicos não conseguirem religá-lo, talvez recuperem a memória.
Era visível a admiração que a detetive tinha por Holmes, e pelos eventos da noite passada, talvez um pouco mais do que admiração.
Meu colega era um cara de sorte. A detetive Lestrade era um mulherão que ficava ainda mais sexy de uniforme.
— Cap. Robinson… — houve uma pausa — Sim, capitão — outra pausa — Estou a caminho.
— O que houve? — perguntei.
— A Sra. Green está sob custódia.
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— Boa tarde, Sra. Green. Desculpe a demora — disse o capitão Robinson, sentando-se à mesa, de frente para uma relutante psiquiatra.
— Boa tarde capitão. De antemão queria agradecê-lo por ter conseguido encontrar o assassino do meu marido. Uma pena que ele não tenha tido um julgamento para pagar pelo seu crime.
O capitão inclinou-se para frente, e olhou para o espelho falso do outro lado da sala, de onde víamos e ouvíamos tudo.
— Sra. Green, eu só quero lhe perguntar uma coisa — Robinson pôs ambas as mãos sobre a mesa e fixou seu olhar sobre a mulher — A senhora tratou Gregory Lewis como paciente?
Ela o olhou sobressaltada, quase como se tivesse sido ofendida.
— Eu não conhecia esse homem. O que sei dele eu vi nos jornais — visivelmente nervosa, agarrou-se à sua bolsa e ia se levantar — Se era apenas essa a pergunta, já tem sua resposta. Se não se importa eu tenho que tratar das exéquias dos meu marido.
— Detetive Lestrade! — chamou Robinson.
Lestrade entrou em seguida, acompanhada por Holmes, que foi quem tomou a palavra.
— Sra. Green, eu prometo que serei rápido. O senhor Gregory Lewis era paciente no hospital psiquiátrico e foi tratado por um profissional que logo depois veio a falecer após uma parada cardíaca. Trágico — fez uma pausa e começou a andar pela sala — Porém, outro profissional da área assumiu a dura tarefa de tratar um paciente que tinha um histórico violento e atípico de assassinar homens por quem ele desenvolvia uma certa afinidade paternal ou até amorosa.
— Meu jovem, se você presume que tenha sido eu a tratar o Gregory Lewis…
— Não presumo. Eu sei.
— Um momento, Holmes… — intervinha Robinson.
— Capitão, por favor — disse Lestrade, confiante.
— Meu colega Watson apresentou-me uma ficha de prescrições psico farmacêuticas onde também havia uma lista de alergias que Lewis possuía. Uma delas é alergia a amido. E qual não foi minha surpresa ao encontrar um saco de arroz no armário do senhor Lewis.
— E o que isso tem a ver comigo? — indagou a Sra. Green, impaciente.
— Sabemos que o arroz é bastante útil para absorver a umidade de aparelhos eletrônicos, em especial eletrônicos molhados acidentalmente. Um celular que o nosso suspeito havia esquecido dentro do bolso da calça e que acabou lavando. Sofrendo os efeitos do que não sabia ser os efeitos dos esteróides agindo em seu corpo, destruiu a máquina de lavar e outras partes da casa em um ataque de fúria. Desesperado por ter perdido sua biblioteca de terapia, foi ao mercado mais próximo e comprou um saco de arroz. A detetive Lestrade e meu colega Watson estiveram na casa do senhor Lewis essa manhã e não vão acreditar no que acharam no saco.
Lestrade colocou sobre a mesa o celular. Acessou a galeria de áudios e reproduziu um dos últimos gravados e a voz de Lewis foi ouvida.
▶ ️ — Eu estou com medo, doutora. O Sr. Green tem sido tão atencioso comigo quando venho aqui e eu temo que possa perder o controle e acabe o machucando. Como eu faço isso parar?
▶ ️ — Não se preocupe, Gregory, estou aqui para ajudá-lo. Vamos tentar aumentar a dose da sua medicação…
O áudio continuava, mas era inequívoca a voz da Sra. Green.
— Lewis não foi o assassino, ele foi a arma do crime. A Sra. Green queria o seu marido morto e seu novo paciente caiu no seu colo como uma obra maléfica do destino. Mas ao invés de tratá-lo, o levou para casa para que ele visse seu marido, que ficasse obcecado por ele, pois como sabemos, recebiam seus clientes em casa. A proximidade com o marido fez Lewis ceder às suas terríveis compulsões, com uma ajudinha da Sra. Green, que lhe deu, não Librium, mas esteróides, como serão comprovados assim que pedirmos ao laboratório para testar os remédios apreendidos, o que explica o estado de destruição que encontramos na casa dele. Depois, na mesma noite, foi à casa do senhor Lewis, o matou e fez parecer um suicídio. Mas suicidas não se deitam no chão da cozinha antes de atirar contra a própria cabeça, não é?
Isso me fez lembrar os respingos de sangue no rodapé da parede. O tiro havia sido dado quando Lewis já estava no chão. Mas como?
— Cap. Robinson — continuou Holmes — a autópsia do corpo já foi concluída?
— Ainda não, mas acredito que até a noite esteja pronta.
— Lewis estava com a saúde debilitada após o surto, não seria difícil dominá-lo. Até mesmo uma mulher de meia idade conseguiria. O teste da pólvora nas mãos do corpo será negativo, mas aposto um resultado diferente nas mãos da Sra. Green.
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O caso havia sido solucionado. A Sra. Green jamais iria se divorciar do marido, caso contrário perderia parte da fortuna que ambos possuíam. Com o marido tragicamente assassinado, seria a herdeira imediata de todo o patrimônio.
O sucesso na resolução do crime pedia uma comemoração em um pub.
— Estou impressionado como tudo se desenrolou — falei após tomar um gole da minha cerveja — O que começou como um caso de sequestro se mostrou um assassinado orquestrado pela esposa da vítima. Admito que logo que chegamos ao local tudo apontava para um sequestro.
— O grande problema, Watson — disse Holmes — é que as pessoas vêem, mas não observam. Olham e imediatamente julgam baseados em um viés de confirmação, não importando se detalhes apontam para outra direção e são os detalhes que fazem toda a diferença.
— Por isso não pensei duas vezes em chamá-lo — disse a detetive — Eu sabia que algo estava muito errado naquela cena do crime, mas o capitão insistia em seguir a linha do sequestro.
Seguimos bebendo e conversando por quase duas horas. Já era noite quando voltamos para nosso apartamento. Lestrade estava soltinha e assanhada para o lado de Holmes, que não se fazia de ignorante e dava toda abertura para ela avançar e lhe dar uns agarros pelo caminho. Subimos os três, mas assim que entramos, os dois foram direto para o sofá, agarrando-se em um frenesi ardente e animalesco, sem se importarem com minha presença.
Livraram-se dos seus casacos e desabotoaram suas camisas, enquanto mantinham as bocas coladas uma à outra e os corpos em constante fricção. Lestrade segurou Holmes pelo rosto e olhou para mim. Meu colega acenou positivamente com a cabeça e entendi perfeitamente do que se tratava.
Me sentei no sofá de modo que a detetive ficasse entre nós, tateando com vigor nossa virilha com o volume crescente enquanto beijávamos seu pescoço em cada lado e fazíamos uma massagem em cada um daqueles seios médios e biquinho duros cor de caramelo. Sua mão deslizou para dentro de nossas calças e pôs para fora nossas ferramentas nos masturbando e gemendo de forma provocadora.
Livrou-se do restante de roupa que tinha e ficou de quatro, abocanhando o pau de Holmes e oferecendo sua bunda redondinha para mim. Não perdi tempo e, após esbofetear deliciosamente aquele traseiro, abocanhei sua boceta sentindo o sabor do seu mel. Eu a penetrei com os dedos, tocando o interior da sua vagina enquanto massageava seu clitóris. Ela gemeu e se contorceu a ponto de não conseguir manter a mamada em meu colega e, agarrando-se ao sofá, soltou um grito agudo seguido de um urro e seu corpo todo amoleceu.
Apoiada no encosto do sofá, a detetive foi penetrada por mim e por meu colega alternadamente até que ambos enchemos sua bunda com nosso gozo esbranquiçado e viscoso que lhe escorria pelas pernas.
Fomos para o banheiro de Holmes, e sob a água quente e o vapor que enchia todo o local, ergui a detetive com facilidade e a penetrei enquanto ela me abraçava com suas pernas e meu colega a penetrava na porta dos fundos. Totalmente sem ritmo, socávamos como uma máquina levando-a à loucura.
Após muito sexo e muitos orgasmo, terminamos exaustos e capotados os três no chão do quarto de Holmes.