O outono ainda não havia efetivamente se apresentado em Londres naquele setembro de 1889, de maneira que ainda podíamos desfrutar dos efeitos do verão recém terminado, com um clima ameno e sem o tradicional fog londrino. Era início de noite, numa sexta-feira que encerrava uma semana de muito trabalho acumulado no Saint Bartholomew Hospital, resultado do período em que estive fora com minha querida Mary em lua de mel durante uma deliciosa viagem pelo Egito. Ao relembrar os intensos anos que precederam nossas núpcias eu me perguntava como havia conseguido conquistar o coração daquela incrível mulher, dona de uma inteligência ímpar, sempre muito ativa e sagaz; um raciocínio rápido e afiado que apenas perdia em astúcia para meu prezado amigo Holmes. De qualquer forma, para minha felicidade e completa realização, meus desajeitados e previsíveis flertes resultaram em que Mary Morstan finalmente passou a se chamar Mary Watson, e oficialmente se tornara minha esposa há pouco mais de 3 meses.
Deitado em minha cama, eu usufruía da modernidade de finalmente termos energia elétrica abastecendo nossa moradia, algo que passou a estar disponível recentemente em Londres e, para nossa sorte, logo chegou a nosso bairro. Lia um tratado de medicina, mais especificamente sobre cirurgias envolvendo novas técnicas de amputação com as quais eu devia lidar esporadicamente. E o fazia escutando Mary cantarolando alegremente enquanto se banhava antes de vir se juntar a mim em nossa cama. Absorto na leitura, reparei de canto de olho quando, algum tempo depois, ela saiu do banheiro em roupas de dormir, usando sua longa camisola branca que pouco deixava antever as formas discretas e delicadas de minha pequena loirinha. Seu ritual repetia-se toda noite e não foi diferente naquela, sentando-se à penteadeira para escovar seus curtos cabelos, acompanhado de um tempo se embelezando e aplicando um leve e adocicado perfume, seu fragor característico, e do qual nunca me cansava.
- Você não se esqueceu que temos amanhã uma importante recepção na casa dos Kent, não é John? - Mary sempre atenta a nossos compromissos, lembrava-me mais esse, um relevante jantar daquela influente família e com íntimos contatos junto à realeza britânica.
- Sim, meu amor. Como poderia me esquecer? Comentamos sobre ela durante toda a semana!
- Eu sei disso, querido. Mas também bem sei que eventos sociais nunca estão entre suas prioridades. E seria uma lástima se perdêssemos essa oportunidade de ampliar nossos contatos e amizades na cidade - sempre precisa, ela parecia me conhecer melhor do que eu mesmo, o que mais ainda me dava a certeza de me ser a mulher perfeita.
- Não precisa se preocupar, pois atenderei na clínica apenas no período da manhã, retornando para casa no início da tarde. E aí serei todo seu, amor! - Notei um sorriso de aprovação que ela me deu enquanto me olhava pelo reflexo do espelho da penteadeira, satisfeita com meu comprometimento com seus planos e causas sociais.
Voltei minha atenção então novamente para a interessante leitura daquele tratado, chegando na parte onde os autores compartilhavam as experiências bem-sucedidas com novos fármacos aplicados após as cirurgias. Nesse meio tempo, distraído com a leitura, não me atentei para os movimentos de Mary, e muito menos para o curto intervalo de tempo em que se livrou da camisola, e caminhou de forma sorrateira em direção a nossa cama.
Senti os lençóis sendo puxados e me deixando descoberto, e, quando abaixei o livro para verificar o que ela fazia, tive a visão deleitosa de minha esposa subindo em nossa cama de uma forma felina, postando-se sobre minhas pernas. Notei satisfeito que ela se encontrava completamente nua, sua pele muito branca se destacando naquela cena; e logo senti suas pequenas mãozinhas acariciando minhas coxas sobre as calças do meu pijama. Ela, mal disfarçando um sorriso sedutor, mordia os lábios numa demonstração clara de seus planos para aquela noite. Seus doces e grandes olhos azuis me encaravam, ao mesmo tempo em que seus dedos ágeis encontravam a abertura de minhas vestes, tateando até chegar em seu objeto de desejo, e que era também o do meu prazer. Ela sorriu quando finalmente me sentiu em suas mãos me tornando involuntariamente teso para ela, mas com motivos mais do que justificáveis, excitado que estava ficando com as provocações e carícias de minha mulher.
- Hum, John... acho que eu o quero todo para mim também hoje, e não vou esperar por amanhã à tarde... - ela brincou enquanto abaixava parcialmente o cós de meu pijama, trazendo à luz o meu membro já em processo avançado de ereção.
- Ah Mary, Mary... como te desejo! - Disse isso estendendo uma de minhas mãos para acariciar seus cabelos e seu rosto macio, enquanto sentia o toque de sua boca sobre a glande de meu pênis, exposta que estava pelos movimentos ritmados que ela tão bem havia aprendido a me fazer. Desde sua primeira noite comigo, quando lhe fiz mulher, ela se tornara insaciável, mostrando-se na cama uma tórrida amante, sempre ansiando por novas descobertas que invariavelmente terminavam com ambos atingindo um gozo delicioso e totalmente cúmplice.
Retirei meus óculos de leitura e fechei o livro, naquele momento já completamente esquecido de qual assunto se tratava, e procurei relaxar e me entregar ao amor de Mary. Sentia sua boquinha delicada e de lábios finos se empenhando em me abocanhar por inteiro, subindo e descendo ao mesmo tempo em que saboreava meu gosto, a língua rodeando cada reentrância e dobra da cabeça e do corpo de meu pênis, então já completamente endurecido. Os dedinhos dela, enquanto isso, trabalhavam mais abaixo, uma mão encarregada de envolver e abraçar firmemente a base dele, ao passo que a outra contrastava com carinhos cuidadosos nos meus testículos, as unhas bem tratadas arranhando e coçando a pele e os pelos de meu saco. Seu sugar era gostoso e intenso, numa pressão certa para o enlace que se aproximava, com Mary deixando generosas quantidades de saliva sobre ele, já sabedora do quanto isso a facilitaria para me receber por inteiro em sua fendinha justa e apertada.
Seu movimento seguinte foi, como sempre, gracioso e altamente erótico, com ela escalando meu corpo engatinhando de quatro até beijar minha boca, nossas línguas duelando e conversando o idioma do sexo e do desejo, num complemento perfeito ao amor que nos unia. Dominando a situação, ela, então, se sentou sobre minhas pernas, suas finas coxas abertas e roçando a pele macia sobre mim, enquanto se voltava novamente para meu membro, segurando-o com uma de suas mãos. Esse ato foi no tempo exato de eu me livrar da camisa do meu pijama, impulsionado pelo calor que ardia dentro de mim.
Mary ergueu levemente seu corpo enquanto apontava a cabeça descoberta de meu pênis para a entrada de sua bocetinha. E, sem deixar de me olhar diretamente nos olhos, foi descendo lentamente e aos poucos, dando pequenas paradas para subir e voltar logo a seguir a descer mais um tanto, até conseguir me ter por inteiro dentro dela. Fazendo isso tudo enquanto as expressões de seu rosto e murmúrios em sua boca demonstravam o prazer que também sentia naquele ato. Naquele momento, minhas mãos já se apoderavam de sua cinturinha fina, sem forçar nada, mas se fazendo presente para lhe mostrar que ela também era minha, assim como eu era dela. Eu podia sentir suas carnes rugosas e molhadas apertando e abraçando o tronco do meu membro, nos movimentos deliciosos, mas ainda contidos de Mary indo para frente e para trás, rebolando suavemente sobre mim.
Sentindo isso, não me contive e me sentei para abraçá-la melhor e poder beijar-lhe os pequenos seios em forma de pera, com os mamilos caramelados de bicos túrgidos despontando em minha direção. Meus carinhos, entre chupões e mordidas entremeados ao mamar alternadamente seus peitos, arrancavam mais e mais gemidos de aprovação dela, acompanhados de movimentos cada vez mais vigorosos de seu corpo sobre o meu, a cópula plena se efetivando entre nós.
- Oh John! Que delícia... me possua... mais... assim....
- Ah, Mary! Que tesão, meu amor!
A partir daquele momento passamos a literalmente foder forte e de forma ritmada, os densos pelos acastanhados de sua boceta em contraste aos negros de meu ventre, sentindo-os muito molhados pelos líquidos que vertiam abundantemente de dentro dela. Sinal do enorme prazer que sentia, e que não conseguia mais esconder. Beijávamo-nos com avidez, as bocas querendo se engolir e sugar toda a essência um do outro, suas mãos apoiadas sobre meus ombros com os dedos crivados em meus cabelos, enquanto as minhas lhe acariciavam as costas, apalpando com gosto sua bundinha redonda e bem feita. Ela rebolava e se jogava contra o meu corpo, procurando me sentir cada vez mais dentro de si, meu pau lhe invadindo mais fundo, nos fazendo sentir a cabeça dele beijando a boca do seu útero, numa penetração plena e funda.
O momento de nosso ápice se aproximava rápido, ao mesmo tempo em que eu brincava com o dedo passeando pela entrada de seu discreto anelzinho traseiro, até ali apenas um objeto do meu desejo, insinuado algumas vezes a ela. Mary, contudo, não me repelia. Ao contrário, ela empinava mais ainda seus quadris, expondo seu buraquinho proibido ao abrir suas nádegas com uma das mãos, e deixando a primeira falange do meu dedo médio adentrar aquele canalzinho quente e muito apertado, que piscava e mastigava o invasor. Naquele mesmo tempo, seu beijo se transformou em algo mais molhado e lascivo; algo que confirmava ser ela a esposa dama que aprendia rápido a como a ser também a puta que sempre desejei ter em minha cama.
Consequência disso tudo, o gozo não demorou a vir para nós dois. Respirando descompassada, meu amor gemeu mais fundo e tremeu fortemente em meus braços, sussurrando em meu ouvido que estava gozando enquanto algumas lágrimas escorriam em sua face. Minha ejaculação acompanhou seu orgasmo, vindo forte e espessa, extraindo tudo de mim em jatos contínuos que a preencheram por completo; a ponto de o excesso escorrer e ser naturalmente expelido por ela, deixando marcas no lençol que comprovavam a intensidade de nosso amor naquela noite. Mary desabou logo a seguir sobre mim, vindo a se deitar ao meu lado enquanto recuperávamos o fôlego, ambos rindo e trocando juras de amor entre beijos e mais algumas atrevidas carícias íntimas.
O tempo para esse gostoso torpor, contudo, não durou mais do que poucos minutos. Fomos interrompidos escutando Holmes me chamando da rua, sua voz vigorosa convocando minha presença célere junto a ele. Olhando pela janela de nosso quarto, vislumbrei a charrete estacionada junto ao meio-fio, com Holmes conversando com o condutor enquanto me aguardava. Ciente da natural importância do chamado dele, corri para me banhar numa higiene mínima que pudesse disfarçar as marcas do sexo daquela noite, recompondo-me de maneira apropriadamente decente para ir ao seu encontro.
Ao sair do banheiro, já penteado e procurando por minha cartola e minha maleta, senti o olhar de Mary sobre mim. Ao observá-la, a vi ainda nua e refestelada na cama, as pernas semidobradas e muito afastadas, exibindo sua fendinha entreaberta e com os lábios rosados timidamente expostos, ainda brilhando de nossos sucos. Ela dedilhava delicadamente seu escondido e pequeno clitóris, buscando colher mais algumas últimas sensações de prazer.
- Pelo jeito perderei você nesse restante de noite, não é meu amor? - Ela me perguntou segurando um sorriso ao me ver desconcertado com aquela cena, o conflito dentro de mim claramente evidenciado entre atender ao pedido de meu velho amigo ou cair novamente em seus braços.
- Ah Mary, meu amor. Você sabe que não é e nunca será uma troca. Mas as urgências espúrias do mundo criminal não têm hora para acontecer. Eu preciso mesmo ir…
- Eu entendo, John. E admiro demais o trabalho de vocês dois juntos, um sempre completando o outro. Ficarei aqui sozinha, lembrando-me de nossa noite então… e sonhando com a próxima! - e falou isso com dois dedinhos se insinuando para dentro dela, enquanto soltava um delicioso gemido rouco.
- Ah, Mary! Quando voltar não resistirei a te acordar para continuarmos nossa noite… Espere e verá!
- Hummm… vou adorar ser acordada assim pelo gostoso homem que amo. Mas agora vá, que não quero depois Holmes reclamando comigo! Ah… E se tiverem dificuldades com o caso e precisarem de um apurado olhar feminino para os orientar, podem me chamar! Rsrsrs...
Sai correndo de nossa casa, disparado pela escada abaixo, mas não sem antes trocar um último beijo enquanto sentia as formas de minha esposa, levando comigo noite afora um pouco do seu cheiro de mulher junto a mim. Ao me ver sair pela porta de entrada, Holmes me apressou mais um pouco:
- Vamos, Watson! O tempo está contra nós. Apresse-se, homem!
Já comigo sentado e acomodado no banco da charrete, Holmes teve, então, a educação e polidez esperada de se desculpar:
- Perdoe-me, caro colega Watson. Não queria ter que interromper de forma tão intempestiva sua noite de prazer junto a sua amada.
- Não se preocupe com isso, Holmes. Eu havia me recolhido agora há pouco para fazer a leitura de um novo tratado de medicina antes de adormecer, estando ainda acordado. Apenas tive que vestir minha roupa novamente para vir a me juntar a você.
Notei, então, Holmes sorrindo, parecendo estar se divertindo com minhas explicações.
- O que foi, Holmes? Disse algo engraçado?
- Você nunca conseguiria ser um vilão, Watson. Pois além de não saber mentir, esconde muito mal as evidências de seus crimes. Ou, sendo mais específico, de seus momentos íntimos com Miss Watson.
Enrubescido, mas também admirado, questionei como ele podia ter deduzido isso.
- Mas como você pode insinuar isso, Holmes? Em que diabos você está se baseando para tirar essa conclusão?
- Pistas, deduções lógicas e evidências mais do que reveladoras, Watson. A começar por seu esmero com a higiene, preocupando-se em lavar o rosto e se apresentar com cabelos umedecidos, sinais mais do que evidentes de que não se limitou apenas à leitura, mas sim praticou atividades físicas nessa noite. E duvido muito que foram apenas exercícios ao lado da sua cama, e que não envolvessem também nossa querida Mary. Além disso, a menos que tenha se enganado ao pegar seu tradicional bálsamo, sinto também um suave perfume feminino ainda exalando de você, meu amigo. Nada contundente, mas que não passou desapercebido a meus aguçados sentidos.
Ainda tentando manter minha versão, busquei uma última argumentação e que, ao menos, colocasse Holmes em dúvida:
- Creio que você esteja blefando e se divertindo comigo, Holmes. Sendo ardiloso como sempre, e querendo, desse modo, extrair alguma confissão que revele nossos segredos íntimos de casal. Não dessa vez, Holmes, desista!
- Watson, amigo. Não precisa se furtar a admitir o ocorrido. Além do mais, você teve uma performance primorosa, se posso abusar de minha liberdade com você para lhe elogiar nesse ponto. Sabe, cheguei aqui a sua casa há cerca de meia hora, e logo percebi ser o momento deveras inoportuno. Respeitando seu momento, fiquei admirado como você conseguiu resistir tanto tempo a uma mulher maravilhosa e fascinante como Mary. Primeiro ao "fellatio" a que ela o submeteu, e depois se expondo às habilidades de joqueta dela ao lhe cavalgar de forma deliciosa e ritmada. Confesso ter sido difícil para mim não imaginar a cena toda em detalhes, admirador respeitoso que sou dos encantos dela. Perdoe-me, mas você sabe que faço isso de forma instintiva e científica. É algo além do meu controle.
Completamente derrotado, terminei baixando a guarda, tendo em meu rosto a confirmação envergonhada de que Holmes havia, de alguma forma obscura e inexplicável, realmente descoberto tudo o que eu e minha esposa estivéramos fazendo na cama naquele intervalo de tempo.
- Ok, Holmes. Não posso mais negar o que está evidente. Mas não consigo conceber como você pôde depreender tudo isso de forma tão assustadoramente detalhada apenas observando meus trajes e os resultados de minha ablução...
- Ora, Watson. É elementar que isso não foi suficiente para minha dedução. Também ajudou muito ver o reflexo das sombras de vocês dois projetadas contra a janela. O que, aliás, deve estar propiciando momentos interessantes também para seus vizinhos de rua, caro colega.
Voltei rapidamente a visão para constatar a tempo o que Holmes dizia, enquanto nossa charrete partia para seu destino. Olhei para a janela do meu quarto, notando como as finas cortinas que tínhamos lá instalado praticamente nada tapavam da visão de seu interior. O que era ainda mais realçado pelo contraste causado pelas luzes do abajur ligado. Mary estava em pé junto ao batente da janela, vestida novamente com sua camisola, e acenando sorridente para nós dois, depois de escutar o cumprimento cavalheiro de Holmes:
- Tenha uma boa noite, Miss Watson!
Os contornos do corpo dela eram excessivamente reveladores, quase dando a sensação de ela não estar usando nem mesmo sua camisola. Particularmente, do ângulo em que a víamos, as formas de seus seios, inclusive com os bicos durinhos e empinados, eram claramente visíveis. Algo que certamente não passou desapercebido a Holmes, e que me envergonhou mais do que constrangeu, por nossa ingenuidade e descuido com esse detalhe. Deixando minha residência para trás, apenas um pensamento me atormentava naquele momento: "Precisarei trocar as cortinas de nosso quarto. E tenho que fazer isso o quanto antes puder!"
O condutor logo tomou a direção da London Bridge, e eu, procurando voltar meu pensamento para nossa missão naquela noite, inquiri Holmes acerca daquela nossa convocação:
- Sinceramente, pouco sei sobre o ocorrido, Watson. O inspetor Lestrade enviou um mensageiro à minha casa com instruções claras para que o encontrássemos na Mansão Harper, em Inslington.
- Mansão Harper? Você se refere à residência de James Harper, o magnata do setor têxtil?
- Sim, ele mesmo. Considerando os poucos fragmentos que me foram comunicados, houve lá uma morte em situação suspeita e que envolve membros da abastada família. E, dado o contexto de todos os envolvidos, temo que não será algo simples de ser elucidado.
Seguimos nosso trajeto recuperando de nossa memória o que sabíamos sobre James Harper, seus negócios, família e relacionamentos entre a alta sociedade londrina. Figura controversa e um tanto arrogante, herdou cedo uma grande fortuna dos falecidos pais, mas que, com reconhecido mérito, conseguiu preservar e multiplicá-la em muitas vezes. Vários membros da família, como irmãos, tios e primos, o acompanharam em sociedade nesse crescimento, mas com ele sempre encabeçando e conduzindo todas as operações. Ao longo de sua trajetória rumo ao sucesso, abusou, contudo, repetidamente de práticas pouco ortodoxas de negociação. Extremamente agressivo, não poupava esforços ou tinha limites quando identificava um alvo, perseguindo-o até conquistar o que queria. Levou muitos concorrentes à falência, e colecionava críticos e inimigos na mesma proporção em que era cercado de um séquito de admiradores e bajuladores.
Sua vida privada fora até ali uma sucessão de escândalos e confusões, sendo famoso desde cedo por seus casos com inúmeras moçoilas bem-nascidas, e a quem prometia casamento apenas para poder desonrá-las na cama. Já homem feito, bem apessoado e milionário, passou a colecionar amantes de toda ordem, incluindo até mesmo esposas de rivais; e pelas quais tinha um interesse particular e especial pelo desafio adicional que lhe proporcionava para impor uma dose extra de humilhação aos pobres opositores. Levou isso ao extremo, chegando a colocar sua existência em jogo em um mortal duelo de pistolas, quando deu cabo à vida do marido traído que miseravelmente flagrou sua mulher; aquela com quem recentemente se casara, e surpreendida por ele em pleno ato em sua própria cama, enquanto era vigorosamente montada por James.
Após um longo período de loucuras, o "bon vivant" terminou finalmente sossegando um pouco, ao se casar com uma linda francesa de origem também nobre, Lady Yvette Dubois. O evento pegou todos da sociedade londrina de surpresa, causando furor e uma onda de boatos maldosos sobre a origem da exuberante francesa, insinuando ter sido ela, no passado, uma assediada cortesã de cabarés em Paris; algo que nunca foi devidamente comprovado. Para todos os efeitos, o que se sabia efetivamente dela era que, ainda muito jovem, tornara-se viúva de um primeiro casamento, interrompido que fora pela morte do marido durante as guerras Franco-Prussianas - ele na época um militar de alta patente do exército francês. Algum tempo após a tragédia, ela veio a conhecer James em função de seus negócios com o ramo da alta costura em Paris, engatando um relacionamento rápido e intenso que culminou com ambos resolvendo juntarem suas fortunas e se mudarem para Londres.
Nessa mudança de vida, também a acompanhou sua bela filha Amelie, então uma jovem adolescente e que fora oficialmente apresentada para a sociedade numa exorbitante festa de debutante ocorrida há alguns anos. Sua beleza e amabilidade, que em muito lembrava a de sua mãe, imediatamente caiu no graças de todos, sendo exaltada nas colunas sociais dos jornais da cidade. Havia, inclusive, rumores de que um jovem herdeiro da coroa real estaria com o coração destroçado ante a negativa da jovem a todas as suas recentes e fracassadas investidas.
O restante da família Harper, em maior ou menor grau, vivia também envolvido em acontecimentos e pequenos escândalos de toda ordem. Os diários e a imprensa em geral não perdoavam seus hábitos, e quase que semanalmente alguma nota saia sobre disputas e brigas, além de gastos exorbitantes com festas e recepções. Viviam imersos no mundo da rica burguesia e nobreza do império, cercados de muito luxo e sem respeito a regras que o dinheiro não pudesse contornar. Enfim, esse era o histórico recente e as informações que dispúnhamos da família Harper e, em particular, do senhorio da imensa e suntuosa propriedade com a qual nos deparamos ao ver nossa charrete apontando e passando por seus portões. O relógio marcava pouco mais de 9 horas da noite quando lá chegamos, sendo recebidos pelos criados que logo nos conduziram para seu interior pelo hall de entrada da mansão.
Rapidamente localizamos o inspetor Lestrade, que veio se juntar a nós assim que adentramos aquela residência.
- Felizmente você chegou, Holmes. Agradeço sua presteza em ter atendido a meu chamado, assim como também a você, amigo Watson. Temos uma situação deveras delicada aqui, e precisaremos de toda ajuda para resolvê-la.
- Por favor, Lestrade, diga-nos tudo o que sabe - Holmes foi direto ao ponto, não perdendo tempo com cerimônias.
- Bom, pelo que puder apurar, boa parte da família Harper está hospedada aqui desde o início dessa semana para realizarem reuniões sobre os resultados das empresas, definição de novos investimentos e demais assuntos relacionados à gestão de sua fortuna. Não temos, obviamente, detalhes sobre o teor dessas reuniões, mas o fato é que ao final dessa tarde fui chamado com urgência por lorde William Harper, o tio mais velho de James e que é um fraterno e pessoal amigo meu das rodas noturnas no clube de gamão e bridge que frequentamos juntos há muitos anos.
Enquanto passávamos por diferentes ambientes e salas da mansão, sob olhares um tanto apreensivos de alguns dos familiares que ali se encontravam, Lestrade foi nos expondo os fatos relatados por lorde William. Esse havia lhe dito que as reuniões, almoços e jantares vinham transcorrendo dentro do esperado, o que incluía naturalmente alguns desentendimentos sobre questões mais polêmicas, mas nada fora do mesmo padrão de outras ocasiões recorrentes como aquela.
Ao final da tarde de hoje, contudo, James se sentiu um tanto indisposto e se retirou para sua biblioteca, comentando que iria descansar por um período antes do jantar que se seguiria. Lorde William havia enfatizado esse ponto, pois estava muito próximo de Lady Yvette quando escutou o marido assim conversando com ela.
- Deduzindo o motivo pelo qual estamos aqui, imagino que houve então alguma fatalidade, não é inspetor? - tomei a coragem de questioná-lo.
- Sim, Doutor Watson, o senhor concluiu corretamente. Infelizmente tivemos uma morte que precisa agora ser melhor investigada.
- E, pelo que foi dito, tudo me diz que seria a morte de....
- Sim, dele mesmo, doutor. James Harper foi encontrado morto dentro de sua biblioteca.
- Oh, que terrível! Mas algo aqui o está levando a acreditar em não ser essa apenas uma mera fatalidade, inspetor?
- Não sei ao certo. As circunstâncias não estão claras, mas algo me diz ter sido mais do que apenas um mal súbito. Harper era um homem forte, praticante de esportes, notoriamente polo e natação. Seu ritmo de vida era frenético, é verdade. Mas nunca teve um histórico de problemas de saúde, sendo muito jovem ainda.
Lestrade, então, revelou que lorde William e os membros da família o haviam chamado na esperança de que ele agisse com o máximo de discrição, e assim pudessem evitar um alarde maior para a imprensa ante uma situação como aquela. Queriam encaminhar o assunto como um problema de saúde, e assim não causarem mais escândalos e insinuações por parte de seus detratores.
Contudo, Lestrade sempre zeloso de sua função, argumentou contra o pedido do amigo, e tomou os devidos cuidados para isolar o local onde James fora encontrado, e iniciou uma investigação preliminar para garantir que não fosse algo realmente criminoso o que ali ocorrera. Como nos confidenciou, seu faro para identificar crimes o alertara ser aquela uma situação que exigia maior atenção, daí nos ter convocado para o auxiliar e ver o que pudesse estar escapando aos seus olhos.
- Leve-nos ao local onde o corpo foi encontrado, Lestrade. Espero que não tenham movido o corpo, e que a cena tenha sido naturalmente preservada - Holmes interveio, já soprando seu cachimbo, num hábito que lhe proporcionava o relaxamento e concentração necessários para encarar desafios investigativos como aquele.
- Sim, Holmes, você pode contar com isso. O corpo foi encontrado na biblioteca pela enteada, Lady Amelie. Assim que viu o padrasto caído ao chão, gritou para todos correrem e o acudirem. Sir Mathew Hastings, marido de Jeanne Harper, prima de James e um conceituado médico, logo se antecipou na tentativa de prestar algum socorro. Entretanto, assim que o examinou constatou que nada mais podia ser feito. Seu corpo ainda estava quente, mas James não mais respirava e os procedimentos de ressuscitação não surtiram efeito, permanecendo, desde então, estirado ao chão como você bem poderá verificar.
Chegamos à biblioteca naquele momento, onde um consternado grupo de familiares se encontrava à nossa espera e das respostas que pudéssemos dar sobre o ocorrido, para decidirem, então, como proceder. Não pude deixar de me atentar ao pesado clima e tensão que pairava no ar, mas muito diferente do que se esperaria de uma situação de morte em família como aquela. Poucos efetivamente pareciam ali expressar algum sentimento genuíno de perda. Mantinham conversas em paralelo e numa pose neutra e fria, demonstrando nas entrelinhas que suas reais preocupações passavam longe de laços afetivos com o morto.
Lady Yvette se encontrava junto à filha Amelie, ambas de mãos dadas e pacientemente sentadas num dos vários e confortáveis sofás da ampla biblioteca do marido. Apesar do semblante carregado e nervoso, a beleza e elegância de ambas não podia deixar de ser notada, destacando-se entre o heterogêneo grupo de mulheres ali presente. Além delas, também estavam na biblioteca o Doutor Mathew, Billy Harper, irmão de James, sua esposa Lady Charlotte, e também lorde William.
Assim que Holmes adentrou o local, um forte silêncio se fez valer entre todos, conhecedores que eram da fama de meu amigo como investigador. Alheio a isso, logo o percebi se transformando, com o olhar vidrado e nervoso percorrendo cada canto do aposento. Eu podia sentir sua mente começando a trabalhar em ritmo vertiginoso, atento a detalhes que seriam invisíveis a nós, pobres mortais. Eu conseguia intuir como já deveria estar processando e combinando insanamente uma infinidade de informações para esclarecer a cena que tínhamos ali em nossa frente. Limitei-me, naquele momento, em conversar reservadamente com meu colega de profissão para entender e terminar por confirmar precisamente o que lorde William havia relatado a Lestrade. Apesar de não ser sua área de especialização, Doutor Mathew considerava a hipótese de um mal súbito que levou a uma fatal parada cardíaca.
O quadro que víamos em nossa frente apresentava o corpo de James estirado, em decúbito frontal, ao lado de um divã no qual se percebiam ainda as almofadas arrumadas e marcadas pelo seu descanso. Sobre a pequena mesa de canto estava seu copo apresentando ainda um resto do conhaque que bebia. Não se via nenhum sinal aparente de violência, luta ou mesmo de objetos fora do lugar. Só mesmo ele caído sobre o tapete, o rosto um tanto vermelho, cabelos em desalinho, os olhos fechados e uma expressão demonstrando desconforto e certamente a última dor que sentira quando desfaleceu.
Eu já estava me perguntando de onde Lestrade teria tirado a ideia de ser aquela uma possível cena de crime, quando Holmes, ajoelhado ao lado do corpo, me chamou para junto dele. Aproximei-me, e me posicionei a seu lado, abrindo minha maleta para pegar algum instrumento de apoio. Ele me fez, então, um sinal para parar, me questionando:
- O que você vê aqui, Watson?
Um tanto confuso, e não percebendo nada de especial no que via, eu lhe respondi singelamente:
- Vejo o corpo de um homem, que provavelmente caiu do divã onde descansava após sentir algum mal-estar. Imagino que não teve como clamar por ajuda, o que talvez indique um infarto fulminante que ceifou sua vida.
- Olhe melhor, Watson. Perceba os detalhes, converse com o corpo dele, procure indícios e observe os detalhes...
Respirei fundo e me coloquei em silêncio enquanto buscava me conectar com a "dimensão Sherlock Holmes", abstendo-me de tudo que não fosse relevante para o entendimento do ocorrido. Eu me esforçava, usando de minha experiência como médico, e percorrendo em minha mente as inúmeras e semelhante situações vividas com Holmes em casos e mistérios no passado.
- Bem... o rosto dele está levemente rosado...
- Sim, Watson, você começou a pegar a trilha correta, pensando como um investigador. E como fica o rosto de uma vítima de infarto ou de uma parada cardíaca?
- Tem tons levemente azulados decorrente da falta de oxigênio no sangue!
- Exato, Watson. E o que vemos aqui?
- Ele tem o rosto corado, e não me parece ter sido decorrente apenas de um improvável período de exposição ao sol.
Conversávamos em tom relativamente baixo, o que fazia os ali presentes tentarem apurar os ouvidos para descobrir algo mais sobre o que debatíamos e para onde estávamos indo.
- Agora olhe bem o entorno da boca dele, Watson.
- Oh... Como não percebi isso antes, Holmes? Sim... essa palidez nos lábios, pode bem ter sido causada por ingestão de alguma substância.
- Repare também no tônus muscular, demonstrando os espasmos que sofreu até desfalecer. Ele não simplesmente caiu do divã, Watson. Ele se debateu, lutando contra algo que o estava matando por dentro.
- James foi envenenado, Holmes?
- É minha primeira hipótese, mas não quero me precipitar.
- Algo talvez em sua bebida? - comentei, indicando com o olhar o copo esquecido na mesinha de canto
- Um bom palpite, Watson. Pegue-o com o cuidado para não contaminar a prova. Podemos colher evidências que levem a algum dos presentes, se for esse um caso de terem premeditado envenená-lo misturando algo em sua bebida.
Procedi seguindo as instruções de Holmes, sentindo sobre minhas costas os olhares dos presentes, provavelmente se perguntando o que eu estava fazendo. Assim que estava de posse do copo, eu o analisei visualmente contra a luz, buscando indícios ou alguma impureza que não teria lugar junto ao líquido. Infelizmente, esse não parecia ser o caso, pois apenas se via o líquido cobre avermelhado dos restos de uma dose de conhaque, que James bebia quando veio para aquele aposento descansar. Uma análise mais profunda em laboratório se faria necessária para que uma conclusão pudesse ser tirada daquela prova, caso eventualmente existisse.
Holmes permaneceu mais um tempo observando e recolhendo amostras junto ao corpo de James Harper, fazendo uso de meus instrumentos e ferramentas de coleta que sempre carrego em minha maleta. Fazia isso parecendo se divertir quase como um ator numa atitude jocosa, cheio de gestos e movimentos amplos. Parecia um ator ou mágico circense, caminhando agitadamente pelo aposento ao mesmo tempo executando suas ações investigativas, mas também atuando para os familiares ali presentes. Não era de forma alguma o mesmo Holmes que eu conhecia de longa data, mas sim uma caricatura dele. Mas nem passou por meus pensamentos questioná-lo quanto a esse exótico comportamento, deixando-o livre para proceder como bem entendesse.
Terminado esse período, Holmes então se dirigiu a lorde William, o membro sênior da família e a quem os demais membros naturalmente obedeceriam.
- Lorde William, se nos permite uma ação mais efetiva, gostaria de conversar separadamente com todos os aqui presentes, e saber melhor o que cada um tem a contar sobre o ocorrido.
- Acha mesmo necessário, senhor Holmes? Afinal estamos todos em família, e não concebo uma hipótese diferente de o ocorrido ser apenas o destino ter traçado que James nos deixasse hoje...
- Se quisermos ter essa certeza, eu insisto nessa ação. Além do mais, já vimos muitos destinos sendo forçosamente reescritos por familiares pouco pacientes com a espera do ritmo do tempo, se é que me faço entender, Lorde William.
- Pois bem, seguiremos, então, seu procedimento, senhor Holmes. Pedirei a todos que se ponham a sua disposição para as devidas inquirições. Pretende fazer aqui mesmo, na biblioteca? E na presença... ah... bom, na presença do corpo de James?
- Seremos rápidos, e considero que James pode nos prestar uma ajuda final nessa questão, estando também presente durante as perguntas - até eu mesmo considerei esse pedido de Holmes um tanto mórbido, mas nada mais naquela estranha noite me espantava.
Dessa forma fomos interrogando cada um dos familiares presentes na casa. Holmes, Lestrade e eu permanecemos na biblioteca, e fomos convocando e recebendo os parentes, registrando pontos relevantes tanto das descrições de seus movimentos e ações naqueles dias de reunião da família, como também arguindo sobre o relacionamento prévio com James e com os demais. Uma boa parte deles nada tinha de relevante para expor, e naturalmente responderam às questões no esperado "tom blasé" de indiferença e distanciamento do ocorrido, pouco incomodados inclusive com a presença do corpo na sala. Lestrade e eu anotávamos tudo, enquanto Holmes se mantinha mais observador, contundo fazendo perguntas por vezes desatinadas e sem nenhuma ligação com a investigação.
Chegou, então, a vez de Lady Yvette e sua filha Amelie, um dos momentos mais impactantes daquela investigação. Minha querida Mary haveria de me perdoar, mas não era possível ficarmos indiferentes à beleza daquelas duas mulheres que elegantemente tiveram a vez de se juntarem a nós na biblioteca.
Yvette parecia saída de uma obra de Honoré de Balzac, personificação do desejo e místicas masculinas por mulheres maduras e sensuais. Nossos olhares não se decidiam entre admirar seu rosto perfeito, com os lábios grossos competindo com os olhos grandes e vívidos, e o corpo de curvas acentuadas e harmoniosamente distribuídas, com os quadris largos ressaltados pelo corpete que marcava a cintura fina. O colo do peito exposto era um sensual detalhe a mais nos presenteado por seu lindo vestido de tons esmeralda, e que contrastava com seus cabelos negros e cuidadosamente arrumados em um coque no topo de sua cabeça; nos torturando com a visão de seu pescoço e sua nuca nus, com os poucos fios de cabelo escapando rebeldes e provocantes de seu penteado.
Amelie, por sua vez, combinava a jovialidade púbere de aparência inocente com a tentação de um corpo de mulher plena e ansiando por prazer. O auge de seus 19 anos certamente evocava a graça e formosura da mãe quando na mesma idade, diferenciada apenas pelos cabelos cacheados e um tanto mais claros que os negros da mãe. Ela os trazia completamente soltos e caindo em cascata por sobre seu vestido, um modelo branco simples e rendado mais que suficiente para completar os encantos da garota. A mesma dicotomia Amelie carregava em seu olhar, com uma expressividade desafiadora escondida por uma candura natural. Seu golpe final sobre nossas patéticas sensações masculinas vinha com um magnético decote a atrair nossos olhares, escondendo e ao mesmo tempo dando-nos um vislumbre provocante dos seios portentosos da menina, pronunciados para frente e para o céu sem a ajuda de qualquer suporte em sua vestimenta.
- Lady Harper e Lady Amelie, antes de procedermos com as perguntas, queremos expressar nossos sentimentos por sua perda - Holmes se posicionou perante elas, dando início ao testemunho.
- Obrigada, Monsier Holmes. É muito gentil de sua parte - Yvette respondeu, com um inglês que claramente vinha carregado do delicioso sotaque francês, o qual ela não tentava esconder.
- Sou sempre muito direto e franco, pedindo perdão pelo que, por vezes, pode aparentar ser uma falta de sensibilidade de minha parte. Mas minha função exige essa postura. Espero que me compreendam.
- Entendemos isso, e iremos colaborar com prazer em sua investigação, não é mesmo, "Mon Petit"? - Yvette deixou escapar um pequeno sorriso, dirigindo-se para a jovem que anuiu ao colocado pela mãe.
- "Oui maman" – escutamos, então, a doce voz de Amelie pela primeira vez naquela noite.
- Pois bem, inicialmente gostaríamos de saber do relacionamento da senhora com o seu falecido marido. Como transcorria seu casamento, como era a convivência com sua filha e se havia algum tipo de conflito com ele.
Yvette passou então a descrever e entrar em detalhes sobre a vida com James e com os demais familiares. Juntamente com Amelie, elas foram inesperadamente abertas, não se furtando a contar, inclusive, detalhes e ocorridos mais íntimos da família, esclarecendo escândalos e outras notícias exploradas de forma apelativa pelos jornais e colunistas sociais. Os Harper, realmente, eram um caso complexo de se entender, e, da mesma forma que possuíam uma fortuna considerável, carregavam consigo rivalidades que desencadeavam constantes brigas e desentendimentos. Amor e harmonia eram coisas totalmente distantes de sua realidade, e, nas palavras de ambas, a vida delas se transformara em um inferno depois do curto período de lua-de-mel após as núpcias.
- Como, então, a senhora poderia resumir a sua relação com James, Lady Yvette?
- "Triste et Terrible". Nosso amor, se um dia houve, desapareceu por completo. Sei que James voltou a seu comportamento promíscuo anterior, talvez apenas sendo um pouco mais cuidadoso por estar casado. Sabendo disso, eu sofria muito, ficando abandonada e vivendo uma relação quase que apenas de aparências.
- Por que, então, não se separou do seu marido, colocando fim a esse tormento? - perguntei o que naturalmente estava no ar como uma dúvida de nós três inquiridores.
- Um casamento dessa natureza não é algo simples, doutor. É mais um contrato do que uma união apenas por sentimento. E acabamos pagando um preço alto em troca de uma vida de luxo e conforto - sua resposta foi dura, confirmando muito do que se imaginava acontecer no fechado mundo da alta nobreza de nossa Londres.
- Sabendo que o seu marido não respeitava os votos matrimoniais, a senhora se manteve fiel a ele? - nesse momento quase me engasguei com a pergunta extremamente íntima, e que não esperava que Holmes tivesse a coragem de fazê-la.
Mas Yvette, manteve a calma e a respondeu de forma surpreendente, depois de trocar um olhar discreto com sua filha, e esboçar um tímido sorriso para nós.
- O que posso lhe assegurar, monsier Holmes, é que nunca passei e continuo a não passar vontades debaixo dos lençóis.
Holmes lhe sorriu de volta, ficando clara a afirmativa da agora viúva em manter seus casos quase como uma resposta ao comportamento repreensível do finado marido. A tensão naquele aposento se amplificou, com um calor acometendo a mim e ao inspetor Lestrade, esse pior do que eu e claramente constrangido com a revelação. Holmes e Yvette, contudo, mantiveram durante alguns longos segundos uma intensa troca de olhares carregada de energia, se desafiando e se provocando sem que nenhum dos dois cedesse ou desviasse o olhar. Ao final, Holmes rompeu o silêncio e voltou à carga com suas perguntas:
- A senhora deve imaginar que suas respostas, até aqui, a colocam no topo da lista de suspeitas de um eventual crime contra a vida de seu marido James, não concorda, Lady Yvette?
- Sim, eu sei disso, monsier Holmes. Contudo, estou convicta de minha inocência, pois nada fiz contra James. Não é segredo, como pôde atestar, que nosso casamento estava em ruínas. Mas nunca chegaria a fazer algo contra sua vida, não sendo de minha índole e não ganhando nada com sua morte.
- Esclareça, por favor.
- Nosso contrato de casamento tinha rígidas cláusulas quanto a situações e conflitos. James era um bruto, mas nunca foi burro. Mantivemos nossos bens anteriores separados, e eu pouco teria a ganhar com sua morte. Como firmado no contrato pré-nupcial, não teria, como não terei, acesso a praticamente nada dos bens originais da família.
- Entendo, entendo... Bom, voltando ao ocorrido nessa noite, gostaria ouvir de Lady Amelie sua descrição de tudo que viu quando entrou na biblioteca e encontrou seu padrasto estirado ao chão, como, inclusive, o temos ainda aqui - e quase todos voltaram o olhar para o cadáver de James, que, àquela altura estava coberto por um lençol, que solicitei à criadagem para proteger o corpo.
Amelie, basicamente, repetiu, com alguns detalhes adicionais, mas pouco significativos, o que lorde William já havia nos contado. Acrescentou que teria vindo à biblioteca a pedido da mãe para avisar o padrasto do jantar que estava para ser servido, sabedoras que eram de como ele era mal-humorado e não suportava ser interrompido nesses momentos pela criadagem da casa. Encontrou-o, então, nessa mesma posição, e, assustada, gritou por ajuda à porta do aposento, sendo rapidamente atendida pelo tio, Sir Mathew.
- E não chegou a tocar no corpo de James? Não tentou por conta própria prestar algum socorro? - Holmes questionou, provocando um certo titubeio por parte da menina.
- Não, não o fiz... Fiquei assustada, perdida e desesperada. Não sabia mesmo como acudi-lo e assim apenas gritei.
- Tem certeza disso, minha jovem?
- Sim... ah... sim, eu não cheguei perto dele, ficando na porta da biblioteca, bem ali - e indicou o batente da porta, a poucos metros de onde nos encontrávamos - Holmes pegou calmamente seu cachimbo, e deu uma longa tragada, sem tirar os olhos de Amelie, que desviara seu rosto um tanto envergonhada para o lado da mãe, como que buscando um apoio.
Imediatamente depois, e após um breve período de silêncio, Lady Yvette voltou-se para nós, e numa postura forte e confiante teve a vez dela mesmo fazer uma pergunta:
- Estamos livres, monsier Holmes? Ou o senhor irá nos prender sem nenhum motivo concreto? - sorriso enigmático no rosto, Yvette nos provocou, esticando as mãos e mostrando os pulsos juntos em direção a Holmes.
- Nunca concluo nada sem ter absoluta certeza de meus argumentos, "Madame Yvette". Mas sim, ambas estão livres, mas não saiam de nossas vistas. Ao menos não nessa noite. - Holmes respondeu, liberando as duas mulheres, que deixaram a biblioteca fazendo infelizmente esmaecer seus deliciosos perfumes do aposento.
Quando estava para perguntar a Holmes e Lestrade o que achavam dessa história, Holmes se antecipou e, me cortando a vez, pediu para chamar Bobby Harper e sua esposa.
- Vamos logo terminar com essa história, pois a noite está se alongando e já tenho o que preciso.
- Mas como... - e fui interrompido por Holmes, que me fez sinal de silêncio, ao mesmo tempo em que o casal entrava na biblioteca.
Senti que, com Billy Harper e sua bela esposa Charlotte, Holmes se agitou um pouco e mudou claramente o tom da abordagem com eles. Não sei se ainda afetado pelas insinuações e olhares de Yvette, mas ele se mostrava claramente mais excitado e até mesmo mais amigável com o casal do irmão mais novo de James. As questões começaram em torno do relacionamento familiar, querendo ele saber mais detalhes sobre a posição de ambos no grupo de empresas, e no relacionamento com James. Diferentemente dos demais, não foram, contudo, perguntas tresloucadas, mas sim feitas com cuidado e amistosamente, ganhando a confiança do casal. Para mim era claro que Holmes sabia que poderia tirar algo mais daqueles dois, que foram pouco a pouco entrando descontraídos e desavisados na teia que meu amigo tecia, navegando por assuntos que um observador atento tomaria por meras banalidades.
- Lady Charlotte, sua viagem com seu marido ao Sudeste Asiático foi proveitosa? Estou pensando em passar uma temporada de descanso por lá, mas temo sempre pelo clima extremo e as inesperadas monções....
- Ah, Senhor Holmes, posso dar-lhe algumas instruções de como tornar seu passeio mais interessante. Passamos semanas magníficas por lá no mês passado.
- Estiveram também na Birmânia, correto? - Holmes questionou, levando a conversa para um lado que eu mesmo não entendia o motivo;
- Sim, foi. Mas... como pôde saber disso? - um tom de surpresa se apresentou no rosto da mulher, seu tique nervoso aparecendo no ajeitar repetitivo dos belos cabelos ruivos de origem irlandesa.
- Lady Charlotte, não pude deixar de notar o lindo xale que a senhora está usando, e que reconheci a procedência assim que o vi - Charlotte instintivamente levou, então, a mão ao tecido que lhe adornava o pescoço, sentindo a textura macia da seda oriental.
- Oh... sim... É uma linda peça, não?
Mais uma vez, Holmes iniciava seus joguinhos psicológicos. Aqueles que tanto me divertiam como davam pena das pobres vítimas, completamente indefesas e despreparadas para enfrentar sua genialidade. Via Bobby Harper em silêncio, sem saber bem como se postar, com Holmes direcionando suas armas contra sua esposa, já um tanto nervosa e desconfortável.
- Sabe, Lady Charlotte, nossa colônia na Birmânia britânica é uma região profícua em especiarias e fármacos de origem milenar.
- Ah, sim... eu... quer dizer, nós soubemos disso quando lá estivemos...
- Muito se estuda sobre os efeitos dessas substâncias, que tanto podem curar, como... matar, Lady Charlotte - nesse momento, ela se retesou contra a cadeira, agarrando com firmeza a pequena bolsa dourada que trazia a tiracolo, mas ficando, contudo, em silêncio. Suas reações corporais falavam mais do que ela queria, sendo um livro aberto de onde Holmes tirava mais e mais informações.
E, impiedoso, ele continuou suas colocações, se voltando, naquele instante, para o inspetor Lestrade, conversando com ele enquanto era assistido por uma Lady Charlotte de olhos esbugalhados e uma expressão que foi se transformando de medo em terror à medida em que entendia para onde o assunto convergia.
- Lestrade, meu amigo. Por acaso você já leu algo a respeito de Kalakriti?
- Não, não me recordo de ter ouvido falar desse nome, Holmes.
- Pois bem, eu posso lhe explicar. Kalakriti é uma essência preparada pelos povos que habitam o noroeste da Birmânia e que, em pequenas doses, causa sensações de euforia e pode também ser usada no combate a inflamações pulmonares. Mas, acima de uma certa concentração, é fatal e leva a uma fulminante parada respiratória. E, por suas características peculiares, é extremamente difícil de ter seu uso detectado, e apenas com exames laboratoriais mais elaborados se percebe a presença dele no organismo.
Os segundos seguintes a essa colocação foram mais um dos momentos de expectativa que Holmes adorava impor em suas investigações, sempre antecedendo às revelações mais importantes que elucidavam os mistérios. Eu podia sentir aquilo acontecendo mais uma vez perante meus olhos, o xeque-mate inesperado e articulado, num lance de mestre que pegava todos de surpresa.
- Lady Charlotte, a senhora por acaso se incomodaria em entregar sua bolsa para que meu nobre colega Lestrade possa verificar seu conteúdo?
- Ora, como ousa me pedir isso? Exijo respeito. Uma dama nunca compartilha seus pertences pessoais a estranhos! - Lady Charlotte ainda tentava impor alguma indignação e conseguir com isso evitar o inevitável.
- Desculpe, Lady Charlotte, mas como representante da lei, eu tenho o poder de lhe obrigar a me entregar sua bolsa. E espero que não tenha que o exercer contra sua vontade - Lestrade interveio deixando-a sem opções.
Trêmula, ela lhe entregou sua bolsa ante o olhar perplexo do marido, que a tudo assistia em silêncio, e sem acreditar no que acontecia. Lestrade logo localizou um frasco contendo um pó branco, e que, ingenuamente, ainda carregava o rótulo manuscrito com a identificação da substância: Kalakriti, como bem previra Holmes. A partir desse ponto, o interrogatório se transformou numa confissão de uma mulher desesperada, que chorando muito revelou por tudo que vinha sofrendo na mão do cunhado inescrupuloso.
James havia descoberto algumas operações desastrosas do irmão mais novo na empresa, e que, pelos estatutos da empresa, dar-lhe-iam o poder, inclusive, de tirá-lo do negócio. James, de forma cafajeste, chantageava a cunhada e vinha a pressionando a ceder e ter relações com ele em troca do acerto daqueles problemas. Lady Charlotte fugia como podia, sendo a viagem para a Birmânia uma forma extrema de manter-se longo do algoz, e onde pensou ter encontrado a solução para seu problema.
Apesar de ter admitido o envenenamento de James Harper, e ser diretamente culpada por sua morte, confesso que me senti consternado com a história daquela mulher; resistindo ao caminho mais fácil de se entregar às sevícias do cunhado, e se vendo sem opções senão ser obrigada a uma atitude extrema como aquela. Bobby e Charlotte permaneceram um momento sozinhos na biblioteca, chorando juntos abraçados, enquanto nos encaminhamos para fora do aposento e comunicávamos, em conversa privada, o esclarecimento final sobre a morte do sobrinho a Lorde William.
Lestrade ficou encarregado, então, de encaminhar a prisão de Lady Charlotte, e que dispararia o processo judicial para seu julgamento. Enquanto isso, Holmes e eu nos despedimos de todos, com meu colega dedicando um tempo especial a Lady Yvette onde trocaram algumas palavras em particular, antes de embarcarmos na charrete que nos aguardava defronte à mansão dos Harper, com o relógio avançando pela madrugada de sábado. Durante o caminho, tive, então, a oportunidade de conversar melhor com Holmes, e entender como ele conseguira desvendar mais aquele mistério.
- Logo percebi que esse caso não seria resolvido exclusivamente com base em investigação forense, Watson. O lado psicológico e a coleta de indícios comportamentais, fazendo a leitura de reações corporais dos envolvidos, foram decisivos para descobrirmos quem era o culpado.
- Estava para comentar com você, Holmes, sobre seu comportamento fora do padrão que conheço há tempos - Holmes riu, e tratou também de esclarecer aquele ponto.
- Durante o que pode ter parecido a vocês, meus amigos, uma dança tresloucada de minha parte, na verdade era um pouco de encenação para me permitir observar como cada um ali se portava ao avançarmos com nossas descobertas das eventuais pistas, que por sinal eram muito poucas. Tive minha quase certeza quando notei o ingênuo olhar de terror de Charlotte ao você erguer o copo que James usara, analisando-o contra a luz. O quebra-cabeça foi se completando com as arguições, deixando mais claro o caminho para desvendar como se deu o crime e sua motivação.
- Que nesse caso foi...
- Essencialmente uma vingança, contra uma situação de opressão e chantagem. Sabe, Watson, ao longo de toda essa minha carreira no mundo do crime, dificilmente me deparei com algum caso em que o motivador não tenha sido um ou mais de três fatores.
- E quais são eles, Holmes?
- Dinheiro, sexo e vingança, prezado Watson. O ser humano, mesmo na sua magnífica complexidade, parece não conseguir se desconectar dessas suas questões mais primitivas de sua existência, e que podem o levar a cometer atos insanos.
Cheguei a minha residência tarde da noite, após Holmes me deixar no caminho para sua casa. Mary dormia de forma angelical, e fiquei por alguns minutos olhando para ela perdido nos meus pensamentos, sentindo-me feliz pela vida simples que levávamos, bastando a mim o trabalho honesto, o prazer do conhecimento e ter a companhia daquela mulher linda e amorosa. Foi inevitável me juntar a ela na cama momentos depois, excitado que estava pelos acontecimentos da noite; e procurá-la para fazermos amor no meio da madrugada.
Durante as semanas seguintes, Lestrade encaminhou o processo de Lady Charlotte, ao qual fomos convocados para comparecer perante o júri. Apesar de arrasada emocionalmente, ela tinha um certo ar de alívio por ter finalmente acabado com seu drama; aceitando a pena que lhe fosse imposta como merecida. Foi auxiliada pelas circunstâncias e pelos testemunhos dos demais membros da família, terminando por ser condenada a uma pena menor, de apenas 10 anos de reclusão, dada todas as atenuantes avaliadas pelo júri, mas que não poderiam a inocentar completamente do assassinato do cunhado.
Lorde William, mesmo no avançado de sua idade, passou a tomar controle do império dos Harper, ao menos num período de transição em que pudessem se reorganizar e distribuir os negócios entre os diferentes familiares. Bobby Harper se afastou por um tempo, num retiro voluntário nos Estados Unidos, prometendo aguardar a saída da esposa da cadeia para retomarem suas vidas provavelmente já do outro lado do Atlântico. Seu quinhão na fortuna da família era significativo, e não teriam dificuldades de reiniciarem a vida após aquele período.
Segui com minha vida cotidiana, porém estranhando um certo distanciamento de Holmes. Apesar de não termos uma rotina definida, era comum que nos encontrássemos diversas vezes ao longo da semana, mesmo que fosse apenas para conversarmos sobre alguma pesquisa dele ou algo de interesse comum. Naquelas semanas seguintes ao ocorrido na mansão Harper, Holmes sumira do nosso convívio, dando respostas evasivas quando com ele cruzava pela rua ou em saída de seu escritório. Não conformado com essa mudança, resolvi interpelá-lo numa visita surpresa no início de uma manhã, chegando cedo ao seu endereço na certeza de o encontrar antes de sair de casa. Sem saída, ele terminou por me confidenciar.
- Watson, meu amigo, tenho, de fato, que lhe pedir desculpas por minhas ausências nesse mês que passou.
- Sim, Holmes. Eu e Mary estamos preocupados com você. Algum problema ou algo lhe acometeu em que possamos ajudar?
Esboçando um sorriso, Holmes respondeu para meu alívio:
- Não, Watson. Nada de ruim caiu sobre mim. Ao contrário, acredito que nunca estive tão bem e disposto na minha vida.
- E a que se deve isso, Holmes? Posso saber?
- Sim, pode. Mas digo-lhe apenas ante a promessa de segredo, sem fofocas ou comentários com conhecidos do nosso círculo de amigos.
- Ora, você bem me conhece, Holmes. Não sou homem de mexericos ou fuxicos.
- Está certo, Watson, eu confio em você. Confio a ponto de dividir com você que venho me encontrando com Lady Yvette, a viúva de James Harper. Tenho lhe feito a corte, e, confesso, ando enfeitiçado por aquela francesa.
A notícia que Holmes me dera não foi totalmente uma surpresa para mim. De alguma forma antevi uma sintonia entre ambos, duas personalidades fortes e complexas, mesmo nos momentos tensos daquela noite. Sobre Holmes, apesar de não ser um modelo tradicional de beleza, sua excentricidade e inteligência tinha um poder sedutor irresistível sobre certas mulheres; e ele não era indiferente a isso, sabendo discretamente levar a termo essas suas conquistas. As últimas semanas, ele me confidenciou, foram repletas de visitas suas à antiga mansão Harper, agora mansão Dubois, onde passou, segundo suas próprias palavras, "momentos muito agradáveis em companhia de Lady Yvette".
Semanas depois de nossa conversa, Holmes me procurou para nos convidar para um jantar mais reservado com eles e outros amigos. A ocasião, contudo, era de despedida, pois Yvette decidira retornar à França com sua filha Amelie, buscando reiniciar sua vida longe das lembranças do tempo conturbado vivido em Londres com o ex-marido. Questionei Holmes como ele recebera essa notícia, ao que me tranquilizou dizendo que seu relacionamento com Lady Yvette nunca fora algo definitivo, estando mais para uma amizade muito íntima entre dois opostos que se admiravam.
Mary ficou exultante e transbordando de alegria ao recebermos de Holmes o convite. Ela passou a semana toda não falando de outra coisa que não o jantar, preocupada e indecisa sobre que roupa usar para não fazer feio perante nossos anfitriões. Lorde William e o inspetor Lestrade também estariam lá naquela noite, devidamente acompanhados de suas esposas. Além de uma despedida, a ocasião era também uma espécie de agradecimento a todos pelo apoio durante e após o ocorrido.
Foi uma sensação estranha para mim, voltar àquela mesma mansão tempos depois, e em uma situação de celebração. Ainda estavam frescas em minha memória os detalhes da investigação, e, em particular, o longo tempo despendido na biblioteca com os testemunhos de todos. Entretanto, logo pude relaxar, aproveitando melhor o divino jantar que nos fora preparado e servido com requintes nobres no salão principal da mansão. Conversamos muito, em um clima leve de amizade e até mesmo certa intimidade. Mary, com seu carisma e candura, logo conquistou a atenção de Yvette, e não pararam de confidenciar e falar sobre toda sorte de assuntos, em particular os do mundo feminino. A elas logo se juntou Amelie, e as três já traçavam planos para uma futura visita nossa a Paris.
A proximidade do inverno, contudo, logo se fez mostrar, com nosso tradicional "fog" se intensificando rapidamente. Após o jantar, e depois de um tira-gosto final, Lorde William e a esposa foram os primeiros a nos deixarem, a que se seguiram Lestrade e sua mulher. Fui tomado de uma indecisão sobre partir junto com eles ou não, mas Holmes insistiu para tomarmos mais uma taça de vinho, com as mulheres se juntando a nós e pedindo para que passássemos a noite na mansão:
- John, por favor, aceite. Isso me faria tão feliz... - não houve como eu negar um pedido desses, ainda mesmo vendo os olhos de Mary brilhando de excitação ante a possibilidade de passar a noite naquele quase castelo real.
Acabei concordando, para a alegria delas, que rapidamente nos puxaram para um salão mais reservado, onde nos acomodamos em volta da lareira que já havia sido preparada pelos criados e aquecia confortavelmente o ambiente. Bebemos, rimos e conversamos muito, mãe e filha contando histórias do mundo parisiense que encantavam Mary, e se deslumbrando com alguns feitos que Holmes e eu modestamente expusemos sobre nossas vidas desvendando crimes em Londres. Apesar da nobreza e do requinte que nos cercava, o clima se tornara mais informal, com os criados dispensados e nós cinco conversando e aproveitando o melhor daquela relaxante noite.
O avançar das horas e dos drinques terminou por cobrar a conta a certa altura da noite, sendo o que nos levou a nos retirarmos para nossos respectivos aposentos. Amelie foi a primeira a partir, despedindo-se afetuosamente de todos e indo para seu quarto. Sem estranharmos o movimento, Holmes e Yvette subiram juntos e enlaçados as escadarias, indicando-nos antes onde seria nosso aposento, e que já havia sido preparado pelos criados a seu pedido.
Assim que entramos no suntuoso e belíssimo quarto de visitas, Mary reparou numa fina e insinuante camisola que havia sido deixada sobre nossa cama, certamente uma peça emprestada do enxoval de Amelie por saberem não termos vindo preparados para o pernoite em sua residência.
- Olhe, John, é francesa! Sinta como é macio o tecido, e como também está perfumada, meu amor.
- Estou sentindo, Mary. E, para falar a verdade, não vejo a hora de lhe ver vestida com ela para mim - e assim a tomei em meus braços, enlaçando minha esposa para um delicioso, demorado e romântico beijo.
Ajudei prontamente Mary a soltar os laços do corpete que usou durante o jantar, vendo-a seguir para o quarto de banho levando consigo a camisola em suas mãos. Enquanto isso, eu tratei de me despir, ficando apenas com minhas ceroulas à espera dela deitado na cama, antevendo excitado os momentos que com ela teria em instantes. Não sentiríamos o frio londrino daquela época pelo aquecimento mantido em toda a casa pelas fornalhas da mansão, e que nos proporcionava uma agradável sensação em nosso quarto. Relaxado com esse conforto, sem demora vi Mary retornando linda e vestindo a camisola transparente, acompanhada de sua roupa de baixo que era um modelo que guardava para uso em ocasiões especiais. Meu olhar se perdia entre seu rosto radiante, com os olhos azuis me mirando desejosos, e a visão dos seus pequenos seios durinhos, com os mamilos espetados no tecido daquela etérea camisola.
Seu caminhar lento até a cama apenas aguçou ainda mais meu desejo, com ela parando em pé à minha frente e sensualmente retirando a calça íntima que usava; jogando-a depois sobre o meu rosto, e trazendo-me, assim, seu aroma de mulher. Ela subiu faceira pela cama, e logo estava em meus braços, vestindo apenas a fina peça francesa, com a qual ficaria durante toda aquela noite, divertindo-se no cultivo daquele fetiche.
Depois de uma intensa troca de beijos, ela se posicionou sob mim, pedindo-me entre gemidos que eu sentisse seu gosto. Não demorei a me mover para ficar com meu rosto entre suas pernas entreabertas, esmerando-me em sentir e beijar seus lábios inferiores, com minha língua buscando sua fenda úmida e quente, e eu me esbaldando com o sabor e o delicioso cheiro da boceta de minha mulher. Meu membro já se exibia muito duro, e depois de arrancar alguns tremores e palavras desconexas de Mary, eu me coloquei sobre ela, que me recebeu de uma só vez dentro de si, abraçando-me com suas pernas envoltas ao redor do meu tronco; naquela posição a penetração era funda e completa, suas carnes se abrindo justas para abocanhar e receber minhas estocadas vigorosas. Eu escutava-a perder a elegância e se transformar na deliciosa e pervertida rameira que eu tanto desejava:
- Me fode John… assim, isso meu amor… ai que pau grosso e gostoso você tem… aiii… aiii… hummm…
A partir daí, nosso vocabulário chulo passou a se misturar, entre grunhidos e gemidos, à respiração funda e descompassada de ambos, numa corrida em busca do prazer final. Excitados que estávamos, ele não demorou a acontecer, comigo me acabando dentro dela logo após o tremor de seu corpo me mostrar ter ela também atingido seu clímax.
Ficamos, então, um bom tempo nos recuperando, abraçados no cansaço gostoso do sexo, enamorados e trocando ingênuos e amorosos beijinhos. Ainda seminus, mas já recobertos pelos lençóis da cama, esperávamos o sono nos embalar, quando, ao longe, sons desconexos e abafados nos despertaram novamente. Mary foi a primeira a perceber, e me alertou para prestar atenção:
- Está ouvindo isso, John?
- Sim, amor… que sons estranhos são esses?
- Parece uma luta, John. Vamos, venha! Vamos averiguar…
A curiosidade e o instinto de detetive, que Mary já havia anteriormente demonstrado para nós, tomou conta dela, fazendo-a saltar e num movimento rápido vestir novamente sua roupa de baixo. E, sem pestanejar, me puxar vestido apenas com minhas ceroulas para fora do quarto, os dois furtivamente se esgueirando pelos corredores daquele andar da mansão.
Apurando os ouvidos, notamos que eles vinham de algum lugar ao fundo da ala leste da casa, em posição oposta onde estava nosso quarto. Protegidos pelo tapete felpudo que abafava os sons de nossos passos em pés descalços, seguimos silenciosos naquela direção, com Mary sempre à minha frente. Pelo caminho, eu me preparei para alguma eventualidade, armando-me com uma pequena escultura de bronze, encontrada sobre um aparador, e que poderia fazer a diferença entre a vida e a morte em algum inesperado embate.
Assim que chegamos ao fundo do corredor, ficou claro que toda a ação ocorria dentro do quarto principal daquela ala, onde mais grunhidos e gritos sufocados nos deixaram em dúvida sobre o que realmente acontecia por detrás daquela porta. Com muito cuidado e destreza, Mary destravou, então, a maçaneta da porta, e a empurrou o mínimo e suficiente para termos uma boa visão do seu interior, sem sermos, todavia, notados. E o que vimos não era improvável, mas nos foi totalmente inesperado.
Tratava-se do quarto de Yvette, para onde Holmes e ela se dirigiram juntos para passarem a noite, ansiando terem também seus próprios momentos de prazer. E era isso o que se mostrava para nós diante de nossos olhos. Porém, com uma intensidade estranha e além do que a régua do nosso casamento estava acostumada a medir. Os gemidos e gritos abafados vinham de Yvette, que se debatia quase em transe sobre os lençóis da cama, pronunciando palavras em francês que dispensavam tradução, por serem claramente expressões universais de um prazer extremo que apenas poderia ser proporcionado pelo sexo.
Usando apenas um espartilho branco e com seus carnudos seios de fora, ela estava deitada de lado sobre a cama, com uma das pernas esticada e sobre a qual um Holmes nu se encontrava ajoelhado e apoiado. Sua outra perna estava estendida para o alto, e era abraçada por ele enquanto a penetrava com uma certa violência, seu membro entrando e saindo em ritmo forte de dentro da boceta da viúva. Holmes se aproveitava da posição para beijar e mordiscar os dedos e a sola do pé de Yvette, aos sons das batidas do choque de suas coxas contra os fundos das nádegas dela.
Ao presenciar o pouco daquela cena, conclui que tudo estava bem, e que o que imagináramos ser uma luta, na verdade, provinham da intensidade com que aqueles dois se entregavam um ao outro. Tentei, então, puxar Mary para de lá sairmos, voltando para nosso quarto e interrompendo nossa indiscrição. Entretanto, ela se recusou, e como uma menina arteira, fincou o pé para poder ver mais daqueles dois em ação, demonstrando estar também se excitando com tudo que presenciava. Não sem certa relutância, terminei por deixar de lado minha ética, valores e princípios, embarcando também naquela aventura com minha mulher. Decidi permanecer mais um tempo admirando a performance do meu amigo, e, para não dizer, também espionar a intimidade daquela deliciosa mulher, que se mantinha firme sendo vigorosamente possuída por ele.
Refletindo após o ocorrido, tive certeza de aquela ter sido minha melhor decisão, pois, após alguns instantes, fomos novamente surpreendidos ao vermos Amelie saindo de um ponto do quarto do qual não tínhamos visão. Ela vinha andando lenta e completamente nua, mostrando seu corpo perfeito, no qual se destacava os formosos quadris com as carnes duras e harmoniosamente moldadas. A jovem se mostrava tranquila, trazendo no rosto um sorriso de menina acompanhado de um olhar fatal e obsceno. Livrada de sua pretensa e falsa ingenuidade, ela carregava a plena consciência de seu poder de sedução como mulher.
Amelie se aproximou do casal na cama, e, ainda em pé, trocou um beijo demorado e molhado com Holmes, que a envolveu com seu braço sem deixar de parar a cópula com a mãe da garota. Apalpando-a pelas costas, desceu com a mão até sentir com os dedos seu vale traseiro, que a menina oferecia empinando-o ao esfregar seu corpo, e em particular a região entre suas coxas, contra o tronco de meu amigo.
Enquanto isso, Yvette gemia muito, se entregando a Holmes ao mesmo tempo em que se tocava com uma das mãos, os dedos crivados e beliscando os bicos durinhos dos mamilos róseos de seus lindos seios. A outra mão, por sua vez, descia entre suas próprias pernas, esfregando desesperadamente seu grelo inchado e exposto entre os densos pelos negros de sua boceta, enquanto essa era martelada pelo pau dele. Seu orgasmo veio em ondas crescentes, não escondidos pelos gritos e urros da francesa. Amelie, então, escorregando pelo corpo e pela mão de Holmes, foi em direção a Yvette, e, com um demorado beijo incestuoso, selou e nos comprovou o caso de alcova que havia entre mãe e filha.
Nesse momento pudemos ver com nitidez o membro de Holmes se desalojando daquela agora arreganhada fenda, de onde saiu latejante e coberto dos fluidos e do gozo abundante de Yvette. Holmes exibia um membro imenso, grande tanto na espessura como no comprimento, com veias grossas e saltadas, e compatível com um saco escrotal enorme e pesado. Um perfeito macho reprodutor, o membro em riste ainda em prontidão para continuar a dar o prazer ansiado pelas duas fêmeas que agora se voltavam juntas para o procurar com suas bocas.
Amelie se adiantou e o abocanhou ávida para sorver os líquidos expelidos por sua mãe. A menina, agora se mostrando uma verdadeira vadia, demonstrava uma experiência natural no trato do falo masculino, com a língua trabalhando incessantemente nos intervalos em que não o levava ao fundo de sua garganta. Yvette logo se postou ao seu lado, conseguindo dividir com sobras aquele mastro de carne em sua boca e nas mãos, entre beijos lascivos trocados com sua cria.
Confesso que, estranhamente para a natureza masculina, eu não invejei os atributos viris revelados de Holmes. Mas, ao contrário, me fiz uso da performance dele para instintivamente bolinar minha amada Mary, que, à minha frente e de olhos vidrados na cena, passou a esfregar e jogar seus quadris contra meu pau. Com minhas mãos dentro de suas calçolas, senti como seu sexo estava encharcado e quente, usando de meu dedo como um mensageiro para lhe preparar o caminho. Ternamente, insinuei baixar-lhe a parte de baixo de suas vestes para facilitar meus trabalhos, ao que ela reagiu com plena concordância, sem virar o rosto para mim e abaixando aquela peça até esta ficar enrolada na altura de seus joelhos, deixando claro para mim o que queria.
Tirei, então, meu membro rígido para fora de minhas ceroulas, indo ele se alojar entre as macias nádegas de Mary. Ela o procurou com sua delicada mãozinha, encontrando-o para começar a me bolinar e me ampliando as fortes sensações que já tinham se apoderado do meu corpo. Fazíamos isso um ao outro, nos excitando escondidos com o cuidado para não sermos pegos naquela espreita pelos três amantes que haviam acabado de se mover para um novo jogo de amor.
Naquele mesmo momento, Amelie se pôs de quatro, expondo seu traseiro delicioso para Holmes. Isso ao mesmo tempo em que se deliciava com os gostos de Yvette, essa deitada de costas e tendo a boca da filha lhe dando prazer no vão entre suas pernas. Meu nobre amigo molhava os próprios dedos e trabalhava o orifício proibido da donzela, preparando-o para recebê-lo sem assim ameaçar a virgindade oficial da menina. Víamos como o cuzinho de Amelie se mostrava receptivo aos toques dele, engolindo entre gemidos da jovem dois dedos que pouco representavam ante o desafio que seria ter o membro completo de Holmes a penetrar-lhe ali por trás. Mas a bela garota devia esconder segredos de outras aventuras, pois sem mais conter seu desejo, ordenou a seu amante:
- "Sodomise-moi! Je suis tout à toi” (me sodomize, sou toda sua)
Sem combinarmos, eu e Mary paramos e nos entreolhamos num instante de apreensão, voltando depois a atenção em tempo de ver Holmes apontando a cabeça pontuda de seu falo para o ânus exposto de Amelie, iniciando a desejada penetração com o mínimo de carinho que a operação exigia. Ela sentiu o golpe do gigante a lhe forçar a entrada não natural, erguendo e jogando a cabeça para trás num ato sincronizado ao de empinar mais ainda seu traseiro, enquanto soltava arfando o ar dos pulmões num grunhido de dor e prazer.
Ato contínuo e compartilhando secretamente aquele momento, meu pênis, ereto ao máximo de excitação, escorregou para dentro de Mary, preenchendo lhe a apertada bocetinha latejante enquanto minha loirinha mordia o pulso revirando os lindos olhinhos azuis. Fodemos, então, os cinco juntos por um tempo, eu possuindo minha esposa por trás e assistindo Holmes enrabando vigorosamente a jovem Amelie, com Yvette orbitando ao redor de ambos já recuperada do próprio gozo recente. Bocas, línguas e beijos sendo trocados em todas as combinações possíveis, ao mesmo tempo em que mãos e dedos davam um toque a mais ao buscarem as intimidades expostas e ao alcance um do outro.
Mesmo não sendo um puritano de formação, nunca havia pensado poder testemunhar, e muito menos participar de uma situação como aquela. Algo diferente, e que mexia com minha mente e meus instintos de homem, causando-me uma confusão quanto a trocas que não estranharia estar também minha esposa vivenciando. Por um lado, minha pobre Mary, sendo por mim usada enquanto eu me imaginava me aproveitando do delicioso cuzinho da, para mim inalcançável, jovem Amelie. Por outro, minha Mary devassa, rebolando e jogando sua bundinha contra mim, imaginando-se sendo enrabada por nosso amigo Holmes, com aquele surpreendente e enorme falo a empalando e forçando ao máximo a abertura de suas delicadas florzinhas.
A intensidade de tudo isso, com nossos cinco sentidos aflorados ao mesmo tempo, logo levou Mary a se vir comigo, puxando minha mão para tapar lhe a boca e seus gemido ao gozar abundantemente ainda com o olhar vidrado no trio pelo vão da porta. Senti quando ela se escorreu toda, o mel do seu prazer descendo-lhe pelas coxas finas e ali entreabertas dentro do possível, indo se acumular um pouco no tecido das calçolas, e com mais um tanto pingando no caro tapete do corredor.
Holmes não resistiu muito mais aos encantos juvenis de Amelie, e gozou fartamente em seu reto. Retirou seu membro com cuidado de dentro dela, trazendo consigo as evidências do gozo no pau que também carregava discretas marcas do sexo anal. De onde estávamos, tínhamos uma visão parcial do quanto o buraquinho da menina tivera que se expandir para poder recebê-lo por inteiro; seu anelzinho perdendo o diminutivo e plenamente arreganhado, piscando enquanto relaxava para, aos poucos, voltar a se fechar em seu tamanho original.
Quando os três caíram deitados, rindo e ainda se provocando, achamos por bem sair do local, encostando a porta com o devido cuidado sem sermos vistos. Mary colocou de volta sua calça íntima, enquanto eu guardava meu membro ainda ereto, vindo ela se apoiar em mim, depois de seu orgasmo inesperado. Saímos os dois dali com a certeza de que a noite do trio incestuoso ainda iria muito longe naquele quarto, não conseguindo antever quantas tantas combinações não viriam a praticar dentro e fora daquela cama. Mary e eu seguimos para nossos aposentos, trocando beijos apaixonados e cientes da travessura gostosa que havíamos cometido.
Assim que lá chegamos, voltamos a nos beijar e nos agarrar com volúpia, agora longe do risco de sermos flagrados, mas ainda sob os efeitos dessa aventura. Pouco demorou para livrarmo-nos de nossas roupas, apenas com Mary mantendo ainda a camisola emprestada, e sentindo em sua mão como eu ainda estava com meu membro ereto.
- Oh John, você ainda não gozou meu amor.... - ela sorriu, sussurrando essas palavras no meu ouvido, e me causando mais um pulsar sentido por seus carinhosos dedos que se encarregavam de me masturbar.
Minha esposa, então, se adiantou e subiu na confortável cama, dando-me o prazer de admirar suas formas nuas, suas pernas e o bumbum empinado que ela me expunha. Ela logo assumiu a posição de quatro, para depois abaixar seu tronco para me olhar para trás provocante e me chamar:
- Também quero, John… igual a ela...
- Ah, Mary, minha putinha safada!
- Rsrsrs… Você sabe que sou, e apenas com você! Agora vem meu homem, me come como eu sei que você sempre quis… aqui... olhe... - e com dois dedinhos ela tratou, pela primeira vez, de me mostrar seu cuzinho aberto, o pequeno e rosadinho buraquinho traseiro, levemente rodeado por seus pelinhos acastanhados.
Não consegui esconder um sorriso de satisfação, ao ver minha mulher se entregando a mim daquela forma, em cumplicidade total e sem mais barreiras. Livre de quaisquer égides e baluartes preconizados pela falsa e frígida moral vitoriana de nossa sociedade. O amor e sexo plenos, unidos numa relação natural de homem e mulher, sem preconceitos e apenas regrada por ambos se sentirem bem em busca de dar e receber prazer.
Focado nesse desejo, posicionei-me agachado atrás de suas pequenas nádegas entreabertas, para poder me deliciar com seu prazer mais escondido, sorvendo seu sabor levemente azedo com minha boca, e a preparando para o que viria. Escutava Mary gemendo e rindo, se aproveitando das sensações de minha língua e dedos tocando-lhe todo o sexo e principalmente em seu cuzinho apertado, enquanto meu bigode fazia-lhe cócegas gostosas entre as coxas. Esfreguei descontrolado meu rosto e minha boca por todo o seu vale, percorrendo com particular atenção e carinho os melados lábios vaginais de onde recolhi os sucos para ir depositá-los em seu quente e apertado anelzinho.
Até aquele momento eu confessaria que a camisola de Amelie ainda exercia um efeito a mais sobre mim, parte de minha ereção sendo explicada pela vívida lembrança dela nua e sendo possuída por Holmes. Contudo, quando minha Mary se ofereceu daquela forma para mim, tudo mais desapareceu de minha cabeça, e a única razão de minha existência passou a ser possuí-la daquele mesmo jeito, nossa união chegando ao extremo do privadamente permitido entre um homem e uma mulher.
Coloquei-me, então, ajoelhado atrás de minha mulher, segurando meu membro que brilhava ainda dos seus líquidos, e que tratei de lubrificar um tanto mais com minha própria saliva, em doses adicionais para lhe aliviar a inevitável dor da penetração. Mary, no entanto, e apesar de um pouco apreensiva, se mostrava desejosa e me incentivava a possuí-la sem mais demoras.
Foi uma pequena luta para vencer a resistência natural das preguinhas delicadas e virgens do orifício dela; que tentava ajudar ao relaxar e forçando-se a se abrir o quanto podia para mim. Eu sentia as contrações e expansões do seu cuzinho, ora convidando ora temendo sofrer com meu pau duro que o alargava. E foi assim até que ela se cobriu de coragem e jogou de vez a bundinha para trás num inesperado tranco, acabando com aquela angústia gostosa ao fazer meu membro entrar por inteiro em seu rabinho.
A sensação para mim foi deliciosa, e que só pude comparar à de seu defloramento. Eu vi Mary se esforçando para relaxar seu anelzinho e receber meu membro em pequenas e firmes estocadas; até eu estar finalmente todo agasalhado dentro de si, sua bundinha roçando colada em meu ventre, e passando a receber minhas penetrações vigorosas, com meu pênis num estado de ereção nunca antes sentido por mim.
A partir daquele momento, talvez nossos anfitriões é que passariam a ter motivos para vir averiguar o que ocorria em nosso quarto, pois os gemidos e gritinhos de Mary ecoaram alto pelo aposento, misturados aos meus grunhidos e aos sons de nossos corpos se chocando incessantemente. Ela se ajudava tocando sua fendinha molhada com os dedos, enquanto eu a segurava firme pela cinturinha e admirava como seu ânus conseguia alojar meu pau duro, sentindo suas rugosas paredes internas friccionando minha glande e meu tronco até o limite que pude suportar.
Meu gozo veio forte, acumulado por tantas sensações vividas nas últimas horas, me levando a depositar vários jatos de esperma dentro da bundinha de Mary. Minhas pernas, então, fraquejaram, e eu desabei na cama trazendo-a, contudo, junto de mim, e sem meu membro se desalojar dela. Minha mulher ainda se tocava, e não tardou a chegar a mais um orgasmo enquanto meu pau encolhia e era finalmente expulso de seu ânus, fazendo escorrer um tanto de meu leite por suas coxas.
Depois desse momento, tive apenas breves lapsos de lembrança de como adormecemos naquela posição, eu a envolvendo em um caloroso abraço sentindo seu pequeno corpo junto ao meu, com mais nenhuma palavra precisando ser dita além da reafirmação de nosso amor:
- Eu te amo, John!
- Eu também te amo, Mary!
Acordamos não muito cedo no dia seguinte, tratando de logo providenciar um banho que nos limpasse dos vestígios decorrentes dos feitos da noite naquele quarto. Juntamo-nos a Holmes, Yvette e Amelie para um café da manhã servido no jardim de inverno da residência. Não houve, aparentemente, qualquer constrangimento de nenhuma das partes, o que me levou a crer que nossa espionagem não houvera sido descoberta pelo trio. Apesar que, conhecendo Holmes como eu conhecia, nunca fiquei totalmente livre dessa desconfiança, que meu nobre colega de alguma forma pudesse nos ter visto os bisbilhotando.
Alguns dias mais se transcorreram, até que chegou a data da partida das duas mulheres em retorno para a França. Holmes e eu as acompanhamos até a estação ferroviária, de onde seguiriam de trem até Dover, para pegarem o vapor até Calais. Foi uma despedida informal, denotando laços de amizade que haviam de permanecer vivos por muito tempo. No entanto, o sentimento da distância que se formava, dificultando essa convivência, era algo que permeava o momento. Holmes teve um momento carinhoso junto a Yvette, e depois trocou algumas palavras em separado com Amelie, enquanto eu me despedia de sua formosa mãe.
Acenamos para as duas glamurosas mulheres que embarcavam no trem, mãe e filha que escondiam um saboroso segredo de suas intimidades, tendo Holmes como cúmplice, e, após aquela noite, também eu e Mary como testemunhas.
- Diga Adeus a elas, meu caro amigo Watson. Provavelmente não veremos tão bela criminosa pelo resto de nossas vidas.
Fiquei perplexo pelo que escutava, e demorei alguns instantes para reagir àquela afirmação.
- Mas o que você está dizendo, Holmes? Que desatino é esse?
- Sim, Watson. É exatamente o que estou afirmando, sem arriscar estar cometendo um erro.
- Por favor, explique melhor, que agora minha cabeça está completamente confusa. A que crime se refere? Ao assassinato de James Harper? Não foi esclarecido ter sido Charlotte a executora?
Enquanto nos virávamos em direção à saída da plataforma, com o trem partindo às nossas costas, Holmes foi explicando sua colocação. Sim, Charlotte foi quem envenenou James e está merecidamente cumprindo sua pena. Contudo, o que nossa confusa vilã não sabia é que, misturado com álcool, o Kalakriti tem seu efeito atenuado, e assim James não teria uma parada respiratória fulminante. Ele poderia ter sido salvo, talvez até mesmo pelo Doutor Mathew em chegando naquele momento na biblioteca. Algo nesse meio tempo, contudo, antecipou a morte do cafajeste. E isso ocorreu pelas mãos de Amelie, que vendo o padrasto desmaiado o sufocou com uma das almofadas que estavam sobre o divã.
- Eu notei isso quando você analisava o copo com o conhaque, Watson. Havia fibras de tecido nos lábios de James, provenientes de um veludo de cor vinho que correspondia exatamente ao das almofadas lá presentes. Podemos dizer que Amelie acelerou o processo, o sufocando e depois arrumando as almofadas de uma forma a parecer que tinham sido usadas por James. Inclusive, ela também se deitou sobre elas, marcando o formato da cabeça como James o teria deixado antes de rolar para o chão sufocado pelo veneno. Contudo, com isso também um fio de seus longos cabelos encaracolados acabou ficando preso ao tecido, juntando-se às provas que conseguir coletar.
- Mas, Holmes, então se você sabia que ela provocou a morte dele, como a deixou escapar livre? É elementar que ela deveria ser presa, não acha?
Holmes então parou por um instante, e me encarou olhando fundo nos meus olhos, antes de me responder:
- Elementar não, meu caro Watson. O que fiz foi o justo e o correto a ser feito. Sou um investigador e não um juiz. Minha lei é minha consciência, e sei que irei continuar dormindo tranquilo com ela. Yvette e Amelie sofreram muito com aquele calhorda; que já estava com seu destino traçado pela ação merecida que a cunhada lhe impusera. Amelie apenas garantiu que o resultado fosse o mesmo.
- E elas chegaram a saber de sua descoberta?
- Somente Amelie, Watson. E eu o revelei apenas agora, pouco antes de sua partida. Ela me garantiu que Yvette nada sabia, e que o fez para proteger a mãe, a quem muito ama.
- Então na sua conversou com ela...
- Estava também a tranquilizando sobre o segredo dela estar seguro comigo. Dizendo que ela deveria seguir em frente e simplesmente buscar ser feliz em sua vida e junto da mãe.
- Ah, Holmes. Se há coisas que não faltam em nossas vidas são emoção e surpresa. E saiba que eu o admiro muito, principalmente por atitudes como essa, caro amigo!
- Sei bem disso, Watson. É elementar que sim! - e saímos juntos rindo, rumo a um pub para brindarmos à vida.
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Meus amigos leitores, esse conto foi originalmente escrito para o desafio 6, "Sherlock Holmes", do site Casa dos Contos Eróticos. Contudo, mais do que isso, também foi uma forma diferente de prestar uma homenagem ao grande Arthur Conan Doyle, que com seus contos tanto me divertiu na juventude, quando tentava desvendar os mistérios de suas histórias.
Um grande abraço a todos!