Depois de toda agitação da noite, o que Romero mais queria era tomar um comprimido pra dor de cabeça e dormir tranquilamente, para enfrentar as chateações que com certeza viriam com o amanhecer.
Aquele jantar beneficente tinha sido um verdadeiro desastre, uma noite que estava planejada para ser glamourosa, tinha terminado num verdadeiro pandemônio.
Romero era um homem forte, muito bonito, moreno com fortes traços latinos, herdados de sua família mexicana. Estava com 35 anos e praticava atividades físicas com regularidade, o que o deixava com um corpo robusto e invejável. Era sempre visto como um belo objeto sexual por algumas damas da alta sociedade Londrina, que não se furtavam a lhe lançarem cantadas e convites indecorosos, sempre que seus maridos velhos e ricos estavam ausentes.
Tinha 1,90 de altura, braços fortes, que quase estouravam as mangas das camisas sociais que usava nas situações mais formais, lábios carnudos e olhos amendoados. Todo esse belo conjunto foi o responsável pelo seu relativo sucesso nos palcos mexicanos, onde se apresentou na juventude, numa frustrada carreira musical que acabou assim que ele tentou lançar voos mais altos, nos palcos americanos.
Com o fim da tentativa de ter uma carreira artística, acabou sendo contratado pelo milionário e filantropo Robert Grenier, um rico herdeiro de uma família de banqueiros, que gastava sua fortuna com apoio às artes e a causas sociais, nos EUA e na Inglaterra, onde era muito querido por toda alta sociedade e até a realeza.
Romero foi adotado por Robert desde que tinha 25 anos e sua carreira fracassou em solo americano. Se transformou numa espécie de secretário particular, embora nas altas rodas todos falassem que o relacionamento ia muito além disso.
Robert era 10 anos mais velhos que ele, e mesmo com essa diferença de idade, era um homem muito vistoso e bastante cortejado, alto, corpulento e elegante, muito cortejado por todos, que não entendiam como aquele homem, jovem, bonito e rico se mantinha solteiro, mesmo já passando dos 40 anos.
Desde que os dois se mudaram para Londres há mais de 7 anos, Romero via de perto o assédio e o respeito com que Robert era tratado, não só pela fama de sua fortuna, vinda da família que tinha vários negócios no ramo financeiro, mas também por suas atividades ligadas as artes e a filantropia.
Muitas vezes ajudou o benfeitor e patrão, vamos chamar assim, a se vestir elegantemente para que o mesmo fosse recebido nas festas da realeza.
Naquela madrugada, porém, estava tudo muito confuso, o jantar tinha acabado em desastre e depois de horas de depoimentos e tentativas frustradas de solucionar o ocorrido, tudo que ele queria era apagar as luzes da bela casa e se deitar, na tentativa de relaxar e dormir um pouco.
Ao passar pelo corredor que levava ao seu quarto, ouviu um barulho vindo do quarto onde Robert dormia e resolveu dar uma última olhada, para ver se estava tudo em ordem. Ao se aproximar viu a porta entreaberta e foi entrando quando se deparou com a cena que o deixou, ao mesmo tempo, confuso e excitado. Robert estava nu, de quatro em cima da cama, com aquela bunda firme e carnuda virada para a porta, como que propositalmente, pois sabia que ele passaria por ali em direção ao seu quarto. Era claramente uma provocação e, apesar de estar cansado com tudo que ocorreu, sentiu seu enorme pau dar sinais de vida dentro das calças, ficando rapidamente duro e um calor tomar conta de seu corpo, ignorando o estado físico em que se encontrava.
Nunca rejeitava uma boa foda, e aquela maneira inusitada de ver Robert o deixou muito excitado. Silenciosamente ficou observando e chegou à conclusão de que seu parceiro queria um sexo selvagem para, talvez, relaxar e dormir depois de todo o ocorrido. Pôs o pau pra fora da calça, assustado com a maneira em que se encontrava, duro feito uma estaca de madeira, firme, grosso, brilhando com o pré-gozo, que já começava a brotar da cabeça grande e roliça.
Sem falar nada, arrancou sua gravata e entrou no quarto rapidamente, segurando Roberto pela cintura, e passando a gravata em sua boca para que ele não gritasse, simulando um cabresto. Puxou forte para trás, imobilizando o outro. Se ele queria provocar um sexo selvagem, era isso que ele teria. Sentiu as mãos do outro indo para trás, como que tentando segurá-lo e um gemido como se quisesse falar alguma coisa, mas não deu atenção, já conhecia os apetites sexuais do parceiro.
Deu um tapa forte nas nádegas dele e logo estava pincelando aquele buraco quente e macio, com a cabeça do caralho. O outro tentou novamente se mexer, mas ele deu um tranco forte e o pau grosso deslizou pra dentro, abrindo e alargando as pregas anais do parceiro.
Como um animal, montou no rabo do outro e começou a meter sem dó, indo fundo naquele rabo. Robert se debatia e tentava falar algo, mas a gravata em sua boca o impedia. Romero meteu sem dó e rapidamente. Queria dar e ter um prazer rápido e relaxante, tanto para ele como para o parceiro. Sentia seu pau entrar e sair daquele buraco quente, que estava acostumado a foder desde que se viram pela primeira vez, numa festa em Nova York.
Depois de uns 20 minutos nessa batalha de estocadas fortes e vigorosas, sentiu o corpo do parceiro cair sem forças em cima da cama e ficou sem saber como agir, era difícil o parceiro gozar tão rápido assim. Era um amante fogoso que pedia sempre mais.
- Já gozou querido? Vai me deixar assim sem finalizar meu gozo? Só mais um pouquinho querido! Prometo que gozo logo. – Ele falou e não obteve resposta. Olhou atentamente as costas nuas e a bunda carnuda do parceiro, virou-o para olhar o seu rosto.
O parceiro estava com uma expressão aterrorizada no rosto, uma cor arroxeada, os olhos bem abertos e um fio de baba escorria de sua boca.
Robert estava morto e Romero foi tomado por uma sensação de desespero.
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Era oito horas da manhã e Sherlock andava de um lado para outro em sua sala, tinha dormido pouco e muito mal. Os acontecimentos da noite anterior martelavam sua cabeça. Apesar da pouca hora, já tinha feito alguns contatos e aguardava algumas respostas. Estava olhando a paisagem cinza de Londres pela janela, enquanto saboreava um chá quente, na tentativa de se recompor e se aquecer.
Da janela viu seu grande amigo e parceiro Watson subindo os degraus que levam à sua varanda e se apressou em abrir a porta.
- Meu amigo, que prazer enorme lhe receber! Tenho a impressão de que o dia hoje promete grandes surpresas desagradáveis. – Disse conduzindo o amigo até o seu escritório, onde lhe ofereceu uma xícara de chá quente.
- Já estou sabendo que o leilão beneficente de ontem acabou de forma inusitada. Como sei que você era um dos nobres convidados, vim aqui para colher detalhes do ocorrido. – Disse Watson, mal escondendo um frenesi e sua cara de curiosidade.
- Lhe contarei meu amigo. Pode ter certeza que você se surpreenderá com os fatos ocorridos. Estou ainda aguardando duas informações que solicitei junto a amigos influentes, para poder tentar elucidar os fatos.
Muito bem meu caro, você já está familiarizado com as festas beneficentes oferecidas pelo querido e nobre Robert, sempre pensando no bem alheio e no desenvolvimento das artes. O Leilão de ontem não foi diferente, no requinte, nos convidados, nas fofocas sociais, nos fatos pitorescos. O grande diferencial foi o desfecho policial e misterioso que este teve.
Estávamos todos ansiosos para ver a exibição da escultura, ou se pode chamar de joia, que seria exibida e em seguida leiloada, a fim de se conseguir fundos vultosos para obras beneficentes e alguns incentivos a algumas companhias de balé.
- Vultosos? Fiquei curioso agora. – Falou Watson se mexendo na cadeira, com certa inquietação de curiosidade.
- Vultosa meu amigo! A obra a ser exibida era um pequeno objeto de cristal translúcido, de mais ou menos 18 cm de altura, com um grande diamante incrustado. Aliás um diamante famoso, pertencente à família de Robert há anos, segundo fiquei sabendo. – Continuou Sherlock.
- Depois de muito champanhe e comida deliciosa, chegou o momento de a obra ser apresentada. Nos dirigimos, todos, ao centro do salão, onde tinha um pedestal ricamente adornado com um pano preto e dourado, com uma cúpula de vidro em cima, também coberta por um pano preto. Todos se aproximaram e aguardamos o grande momento de a obra ser revelada. Robert e seu fiel secretário Romero se aproximaram e puxaram o pano preto de maneira teatral, revelando a tão esperada obra.
Nesse momento ouvimos vários suspiros e murmúrios de espanto por todo o salão. A pequena peça de cristal era um colosso de lapidação perfeita. Pequeno, nada mais do que 18cm, com o diamante incrustado ao pé, uma joia belíssima que irradiava raios perfeitos e inebriantes. O inusitado era o formato da peça. De qualquer ângulo que se olhasse, via-se um falo perfeitamente esculpido em cristal. Era possível ver o olhar de espanto de algumas senhoras, e um certo constrangimento de alguns cavalheiros, mas como fiquei sabendo, o grande interesse mesmo, além do caráter beneficente, era no diamante que, segundo ouvi pelo salão, tinha um valor muitíssimo elevado. Em alguns cantos ouvia-se também sorrisinhos de deboche, devido ao formato da peça, chamada pelo seu dono de Obelisco Luminoso, mas que na verdade se assemelhava muito mais a um falo masculino em estado de ereção.
- Caro Sherlock, eu adoraria estar neste ambiente e ver a expressão dos convidados. – Interrompeu Watson com um sorriso maldoso nos lábios.
- Foi uma cena bastante interessante meu caro. – Comentou Sherlock também sorrindo. – Você acredita que a esposa do embaixador Italiano, aquela latina exuberante e debochada, me puxou de canto e soltou o seguinte comentário: “Meu caro amigo Sherlock, ele pode chamar isso aí de Obelisco, mas de onde eu venho isso nada mais é do que uma pica de cristal. Uma bela pica!” – Ela disse isso entre risinhos debochados, incentivados pelo champanhe a mais que ela já tinha bebido. Me foi impossível conter o riso.
- Conte mais meu caro. Essa história está muito interessante. – Disse Watson.
- Depois que todos olharam a tal escultura, Robert disse que queria mostrar o milagre da lapidação, segundo ele, no escuro e com um facho de luz direcionado o Obelisco emitia raios coloridos e inebriantes. Foi então que o secretário Romero se afastou e apagou a luz, deixando o salão inteiro às escuras. Ouvimos a voz Robert pedindo para todos olharem na direção do objeto que seria iluminado apenas por um feixe de luz, para produzir o tal efeito.
Todos olhamos e o tal feixe foi direcionado para a obra e ouviu-se um suspiro geral e sincronizado se espalhar pelo salão. Robert Grenier soltou um gemido forte e abriu os olhos em espanto. A escultura, a tal pica de cristal, como disse a jovem esposa do embaixador, tinha sumido. Foi apenas um minuto no máximo e a joia desapareceu. Alguns convidados até acharam que fosse uma brincadeira para animar o leilão, mas o estado de aflição de Robert era tão desesperador que começou um burburinho e uma inquietação generalizada no salão. O inspetor Gerald, encarregado da guarda da família real, que estava presente no local logo me chamou de lado e pediu minha ajuda para tentarmos elucidar o ocorrido e também tentar manter tudo sob controle e sigilo, pois tinha alguns membros da família real presentes no leilão.
- Meu caro, estou com palpitação com esse fato. Continue pelo amor de Deus! – Falou Watson, mostrando um estado de ansiedade.
- Fizemos de tudo meu caro Watson. Revistamos pessoas, interrogamos outras, procuramos por toda parte e nenhuma pista do sumiço da joia. O tal Obelisco evaporou no ar. O pobre Robert Grenier ficou tão mal que teve de ser amparado por alguns convidados. Saí de lá na madrugada, sem nenhuma pista e com muitas interrogações sobre o ocorrido. Praticamente não dormi e, logo cedo, antes da sua chegada, fiz alguns contatos e estou aguardando respostas.
- Meu caro Sherlock estou estarrecido! Será esse o primeiro caso a não ser resolvido pelo grande detetive? – Watson provocou.
- Não sei meu caro, tenho algumas impressões, mas devo ser sincero, é um caso extremamente complicado.
Os dois continuaram a conversar sobre os fatos ocorridos, quando ouviram alguém se aproximando da porta principal. Sherlock se antecipou, abriu a porta e recebeu das mãos de um jovem mensageiro um envelope marrom.
- Que envelope é esse meu caro? Quem lhe enviou? – Perguntou Watson deixando de lado a discrição e, com olhos curiosos, aguardou a resposta.
- São papeis que eu solicitei a um amigo na embaixada americana, eu espero, com isso, ter algumas informações importantes que me indiquem um caminho.
- Está aí, nesse envelope, a solução para o mistério do sumiço da pica de cristal? Desculpe-me, para o sumiço do obelisco? - Corrigiu rapidamente Watson, julgando ter se excedido.
- Talvez meu caro. Talvez! – Sherlock sentou-se atrás de sua escrivaninha e começou a examinar os papeis recebidos. Estava no final da leitura dos documentos, quando o telefone tocou. Atendeu-o rapidamente.
- Meu caro amigo. Que prazer falar com você! Espero que tenha uma resposta para minha indagação. – Falou ao telefone com e ficou em silêncio ouvindo. Em sua cadeira Watson se roía de curiosidade.
- Pode deixar meu caro! Essa conversa nunca aconteceu. Pode contar com minha discrição. Ninguém na sociedade londrina saberá desse nosso assunto. – Concluiu Sherlock desligando o telefone.
- Então meu amigo? Pistas importantes para a solução do caso? – Perguntou Watson.
- Uma boa ajuda meu caro. Mas ainda preciso de mais informações e tenho muitas dúvidas. – Respondeu Sherlock com uma expressão facial interrogativa e um tanto quanto pensativo.
Mal se acomodou na poltrona e o telefone tocou novamente. Sherlock atendeu e logo seu rosto foi tomado por uma expressão assustada, ele engoliu em seco e encerrou a conversa rapidamente.
- Estou a caminho inspetor. – Sherlock disse isso, pegou seu sobretudo e seu cachecol, olhou para Watson e se dirigiu à porta.
- Era o inspetor Gerald, ele solicitou minha presença urgente, Robert Grenier está morto. Parece que foi acometido por um mal súbito. – Watson abriu a boca num suspiro incrédulo, sem entender o que estava acontecendo e sem saber o que dizer.
- Me aguarde aqui meu caro. Não saia de perto do telefone eu posso precisar de sua ajuda. – Disse Sherlock saindo apressadamente.
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- Meu caro Sherlock Holmes, que bom que veio rápido. Preciso falar com você a sós. – Disse o inspetor Gerald, levando-o a uma sala reservada. Tinha algumas pessoas na casa e Sherlock ficou curioso para saber o que estava acontecendo.
- Meu caro amigo, eu tenho muita confiança em você e quero que você nos ajude a elucidar o sumiço da joia que levou à morte do nosso querido Robert. Tenho ordem expressa da casa real para que tudo ocorra na maior discrição. A própria rainha tem muito apresso por Robert, devido a suas ações em favor dos menos favorecidos e também por seu apoio às artes. Tenho ordens para resolver tudo com discrição, sem manchar a memória dele.
- Claro meu amigo. Mas o que me diz sobre a morte de Robert? - Questionou Sherlock.
- Você viu como ele ficou ontem após o sumiço da tal joia. Com certeza foi ataque cardíaco. O médico está no quarto examinando o corpo. O secretário dele, Romero, nos chamou e está inconsolável com o ocorrido. O responsável pela seguradora também está aí na sala. Fiquei sabendo que a joia estava coberta por um seguro milionário contra roubo, o que para mim foi uma surpresa. – Sherlock ouvia tudo atentamente e logo os dois foram interrompidos pela entrada do médico.
- E aí doutor? Alguma novidade sobre a causa da morte do nosso Robert? – Perguntou o inspetor.
- Tudo indica que foi um ataque cardíaco meu caro inspetor. O corpo está rígido, sem marcas de violência e o rosto arroxeado, com características muito comuns a um ataque. Mas precisaria levar o corpo a um hospital para um exame mais detalhado e ter uma resposta mais concreta.
- Meu caro doutor desculpe-me interromper, mas eu posso dar uma olhada no corpo e no quarto, e falar com o secretário em particular? – Disse Sherlock, interrompendo a conversa.
O inspetor apressou-se a responder, olhando Sherlock com uma expressão de confiança.
- Fique à vontade meu caro amigo. Pode ir ao quarto e falar com o secretário que está no quarto ao lado, aguardando o desenrolar dos fatos. – Disse o inspetor.
Sherlock se dirigiu ao quarto, deu uma olhada na cena toda, levantou o lençol que cobria o corpo e viu que ele estava nu. Chamou em seguida o secretário Romero, que entrou no quarto com uma expressão devastada no rosto.
- Meu caro, eu vou lhe fazer algumas perguntas e quero lhe avisar que você terá que ser o mais sincero possível em suas respostas. Fique sabendo que não haverá nenhum julgamento de minha parte, mas preciso de sua total sinceridade.
- Claro senhor Sherlock! Serei o mais sincero possível. Pode fazer as perguntas. – Falou Romero com uma voz embargada.
- Em primeiro lugar gostaria de ver a roupa que Robert usou ontem durante o malfadado leilão. Você pode me mostrar? – Romero abriu o armário e pegou o terno preto que Robert havia usado na noite anterior e entregou-o a Sherlock, que o examinou detalhadamente.
- Meu caro era comum Robert usar uma calça neste estado? Ou isso foi um incidente? – Perguntou Sherlock.
- Eu não vi isso senhor Sherlock. Robert era um homem muito vaidoso e exigente com sua própria aparência. Deve ter sido um acidente ao tirar a calça. Eu creio. – Disse Romero sem muita convicção.
Depois de meia hora de conversas a sós, Sherlock saiu do quarto e foi ter com o inspetor e o médico, que o esperavam no escritório.
- Doutor me diga uma coisa: o senhor notou alguma alteração no corpo de Robert após seu exame? – Perguntou Sherlock.
- Senti uma certa elevação na altura de seu estômago, bem próximo ao peito, mas isso é comum em ataques cardíacos, pode ser sinais do esforço brutal para respirar, que a pessoa faz durante a agonia do ataque. Mas seria preciso um exame mais cuidadoso, como eu falei anteriormente.
- Doutor o senhor pode me dar um minuto a sós com o inspetor? Tenho um assunto muito pessoal para tratar com ele. – Disse Sherlock olhando incisivamente para o inspetor Gerald, que pareceu entender um sinal.
Depois de meia hora de uma conversa a portas fechadas, o inspetor Gerald chamou o doutor e o convenceu a atestar a morte de Robert Grenier como um ataque cardíaco fulminante, o que não precisou de muito esforço, já que o médico parecia convencido disso.
Conversou também com o encarregado da seguradora e, usando de sua autoridade e prestígio, o convenceu a cancelar a apólice de seguro milionária, assim não precisaria de mais investigações.
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O enterro do grande e adorado Robert Grenier se deu na tarde do dia seguinte. Foi um acontecimento social muito concorrido, com convidados da mais alta sociedade londrina e até alguns membros da realeza.
Ao chegarem em casa, Sherlock e Watson se sentaram no escritório e começaram uma conversa séria, acompanhada de um bom conhaque para relaxar.
- Meu querido amigo Sherlock, eu fico muito entristecido por esse caso ter terminado sem uma solução e com a morte trágica de um homem tão valioso como Robert Grenier. – Falou Watson em tom sério.
- Mas meu caro amigo, quem lhe disse que o caso não foi solucionado? - Falou Sherlock com uma expressão quase divertida no rosto.
- Como assim meu amigo? Você me escondeu algo? Fale logo homem! – Disse Watson sem entender o que estava acontecendo.
- Elementar meu caro Watson! O caso foi resolvido sim. Apenas não tive tempo de lhe contar, devido à correria das últimas horas. Mas lhe relatarei agora.
Ontem, você se lembra muito bem, eu recebi aquele envelope e um telefonema antes de saber da morte de Robert. No envelope havia uma carta do meu amigo na embaixada americana, me dizendo que a família Grenier está à beira da falência já há alguns meses, tentando salvar, a todo custo, os negócios e que, por causa disso, deixaram de mandar os dividendos ao seu membro ilustre, Robert, que estava ficando sem dinheiro, visto que nunca trabalhou na vida e vivia do dinheiro que recebia dos negócios do pai.
No telefonema eu fiquei sabendo, pelo dono da joalheria real, que o diamante famoso que estaria na base da tal joia, há muito já havia sido vendido, em segredo, pelo próprio Robert a fim de levantar fundos para sua subsistência. Por isso que eu jurei, ao velho joalheiro, manter segredo, visto que neste ramo a confiança é a alma do negócio. Você não imagina meu caro Watson, como tem gente na alta sociedade que vive apenas de aparências.
Ao chegar na casa de Robert e saber da apólice milionária que ele havia feito para proteger o tal obelisco de um eventual roubo, as coisas começaram a fazer sentido para mim. Ele precisava de dinheiro e a única solução seria receber os milhões da seguradora, devido ao roubo da escultura. Obviamente ninguém poderia saber que aquele diamante incrustado no tal obelisco era uma réplica perfeita, feita pelo próprio joalheiro que me deu as informações. – Watson ouvia tudo atentamente com os olhos arregalados e tomando grandes goles do conhaque.
Faltava-me apenas saber onde estava a escultura e como ela havia sido roubado do pedestal. Isso eu descobri ao examinar a calça que Robert havia usado na noite anterior na qual eu, ao examinar, descobri uma fenda na costura traseira. Sendo Robert um homem tão cuidadoso com a própria aparência, aquele rasgo na parte traseira da calça não fazia o menor sentido. Logicamente ninguém na festa percebeu a fenda na costura da calça, porque o paletó, comprido, cobria todo o seu traseiro.
Quando o secretário me relatou a seção selvagem de sexo que tivera com o patrão amante, pouco antes dele morrer, as coisas se elucidaram para mim. – Sherlock respirou, tomou um gole de conhaque, olhou para a cara aflita de Watson e continuou a narrativa.
Quando as luzes se apagaram para a demonstração da joia, como eu já havia lhe relatado, o querido Robert rapidamente pegou a escultura que, como bem disse a mulher do embaixador italiano, nada mais era do que uma pica de cristal e empurrou-a no próprio anus, local onde, com certeza, ninguém procuraria. Quando os convidados foram embora depois de todo o agito, o pobre homem tirou a roupa e percebeu que o obelisco havia subido e se alojado profundamente em seu reto. Estava pelado de quatro na cama, numa tentativa de expelir o objeto, quando o seu amante latino e avantajado achou que era um convite para um sexo selvagem e, assim, montou no pobre Robert, que tentou desesperadamente avisar, mas estava com a boca impedida pela gravata do amante, que lhe estocava o anus com sua ferramenta gigante, agravando ainda mais a situação. As estocadas fortes no ânus do pobre Robert fizeram com que ele fosse, literalmente, empalado pelo objeto que acabou causando-lhe a morte por sufocamento.
É claro que o pobre Romero, na ânsia de satisfazer seu amante com um sexo selvagem, sem querer causou a sua morte, era esse o volume que o médico constatou na altura do peito do pobre Robert.
Romero não sabe do ocorrido, para ele a versão é a mesma que foi dada para toda sociedade. Morte por ataque cardíaco fulminante. Apenas eu, o inspetor e agora você, sabemos da verdadeira história. Achamos melhor manter a imagem do querido Robert imaculada, já que ele, com seu deslize, não prejudicou ninguém e, nos tempos áureos, ajudou a tantos.
- Essa história é inacreditável! – Exclamou Watson.
- A vida, muitas vezes, também é inacreditável meu caro Watson. – Finalizou Sherlock, tomando um grande gole do seu conhaque.
Conto escrito especialmente para o desafio 6- Sherlock Holmes do CDC.
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