Por dinheiro e por amor, aceitei ser corno (3ª parte)

Um conto erótico de Lael
Categoria: Heterossexual
Contém 3715 palavras
Data: 25/03/2023 15:59:58
Última revisão: 25/03/2023 16:28:45

Quando Vasquez foi embora, nos deixando a sós, fiquei mais constrangido do que quando cheguei. Isadora, sem ser mal-educada, mas longe de ser gentil, afirmou:

-Se não se importar, prefiro não sair, nem preciso dizer que não há clima nenhum, mas concordo que devemos conversar e começar a ensaiar muitas coisas, temos que ter as mesmas respostas para todos, porque se dermos versões diferentes, a ideia maluca do meu pai não vingará e nós dois nos ferraremos. Temos que combinar desde o começo.

-Concordo e acho que aqui será até melhor, já que num ambiente calmo podemos assimilar melhor as ideias. Pensei em aproveitar a pequena história que temos juntos e a partir daí criarmos um roteiro fictício.

Isadora me olhou espantada e indagou:

-Que história?

-Nós nos vimos algumas poucas vezes, lá na empresa quando você ia falar com seu pai e apenas nos cumprimentávamos e em umas duas ou três festas, a última há alguns meses, que foi a única ocasião em que conversamos por um tempo.

-Ah sim! Lembro-me que até dançamos.

Um parênteses aqui, nesse encontro em que dançamos, pode ter sido o meu ego inflado, mas foi a única vez em que por um momento, achei que Isadora me deu uma olhada diferente, eu tinha sido promovido, estava andando mais bem vestido e ela foi muito gentil comigo, inclusive partiu dela a ideia de dançarmos, mas pouco depois, surgiu o tal modelo arrogante e não desgrudou mais do pé dela.

-Então, que tal contarmos a todos que foi nessa festa, que bateu uma atração diferente entre a gente e começamos a nos encontrar, porém de maneira discreta. –Sugeri.

-Interessante. Muitas amigas minhas estavam lá, mas será difícil vender essa história para as mais próximas, já que eu estava com o Jonas.

-Você pode alegar que teve vergonha de dizer que estava apaixonada por um funcionário bem menos atrativo que esse modelo aí, mas que depois não deu mais.

Respondi, jogando meu amor próprio para os ares.

-Não se deprecie assim, mas posso dizer que no começo achei que seria só um casinho por fora, mesmo estando com o Jonas, mas depois gamei em você, será mais convincente.

-Sem dúvida. Já temos a explicação principal. Resta agora combinarmos como agiremos em público a partir de agora.

-Se quisermos fazer com que os outros acreditem, temos que ser bem realistas, por isso, não tenha receio de me abraçar, pegar na minha mão, dar uns selinhos, nem faça cara de surpreso quando eu fizer o mesmo com você.

-O problema é o limite de até onde posso ir.

-É só não rolar mão boba, encoxadas ou roçadas, até porque mesmo que fôssemos um casal de verdade, isso seria bem desagradável na frente de outros, fora isso, me veja como a sua noiva, me olhe de maneira apaixonada e eu farei o mesmo, se bancarmos os esquisitos, todo mundo notará.

Seguimos conversando por umas duas horas, o foco eram nossas primeiras aparições juntos, sendo que já na segunda, estrearíamos e no meu trabalho. Depois, Isadora insistiu para que eu esperasse para comermos uma pizza. Aceitei e aproveitamos para saber um da vida do outro. Quando me despedi, já na porta, ela foi direta:

-Só espero que você não pense que essa história irá acabar como muitos filmes clichês de comédia romântica, onde o relacionamento começa de mentirinha, mas depois os dois se apaixonam.

Eu ri e disse:

-Estilo aquele filme “Namorada de Aluguel” que fez tanto sucesso nos anos 80 e vive passando na Sessão da Tarde? Pode ficar tranquilo, estou nessa pelo dinheiro, me apaixonar é uma coisa que não será mais prioridade na minha vida.

Ela riu sobre o filme e disse:

-Nossa! Eu amo esse filme, comprei até a fita há alguns anos.

Apesar de achar Isadora um tesão, realmente, não tinha expectativas, além disso, para um cara de apenas 25 anos, a vida já tinha me sacaneado bastante e desde a infância, era hora de focar na grana, com ela, outras mulheres maravilhosas viriam, além de uma boa vida. Amor? Relacionamento? Estava pouco me fodendo para isso.

Na segunda-feira, estava um dia frio, não sabia o horário que Isadora apareceria, mas às 11h50, como um furacão inesperado, ela chegou ao andar em que eu trabalhava. Estava usando os cabelos soltos, num tom castanho mais claro, jaqueta de couro marrom, uma blusinha preta, calça jeans bem apertada, destacando suas curvas e seu bumbum, e botas marrons, os homens disfarçavam, mas era impossível não olhar. O espanto de todos, foi quando, ela adentrou à minha sala, deixou a porta aberta, me cumprimentou com um selinho demorado, nos abraçamos, nos sentamos no sofá de canto e ficamos de mãos dadas por um tempo conversando como apaixonados e depois saímos, ela agarrada em meu braço, ainda tive o cuidado de avisar à minha secretária que iria almoçar e não tinha hora para voltar. Ela e os que presenciaram a cena ficaram literalmente de boca aberta.

Fomos no carro dela, almoçamos em um bom restaurante e aproveitamos para ensaiar mais algumas coisas. Isadora me contou que no dia anterior, tinha dado alguns telefonemas para amigas mais próximas e contado que estava apaixonada por uma “carinha” que era diretor na empresa do pai. Segundo ela, as amigas espalhariam ao vento a notícia.

Quando voltei ao escritório, a fofoca estava rodando e até quem não era do mesmo andar, arrumou um jeito de estar por lá, todos queriam saber alguma coisa sobre o “casal”. Por sorte, eu só tinha um amigo mais próximo no trabalho, Pedro, que sabia detalhes do meu noivado, mas expliquei-lhe que há tempos Isadora e eu estávamos tendo um caso, nos apaixonamos e decidimos assumir. Já os demais começaram a criar versões alternativas sobre o romance e não demorou para que dissessem que eu só tinha me tornado diretor porque a filha do patrão pediu para o papai.

Naquele dia, vi que hipocrisia do ser humano não tem limites, gente da mesma faixa etária que a minha, outros na casa dos 30 e poucos ou 40 e poucos, mudaram radicalmente a maneira de falar comigo. Passei a ser tratado quase como que se fosse um chefe, o único que não conseguia esconder a raiva era Edson, que cada vez mais me lembrava um cover do Zezé di Camargo, o que me irritava duplamente, primeiro pelo modo de merda dele agir e segundo por parecer com um pseudocantor sertanejo chato para caralho.

Na quarta-feira, Vasquez veio para São Paulo e com mais uma ideia mirabolante, queria que eu trabalhasse apenas meio período nas semanas seguinte para focar nos aprontos para o casamento e para a casa nova. Queria Isadora e eu juntos. Naquele mesmo dia, e nos levou a Alphaville e nos mostrou uma casa de extremo luxo, dizendo que seria nossa, caso gostássemos. Eu achei suntuosa demais, enorme, tinha dois andares, uma arquitetura moderna, seis quartos, todos com suíte, piscina, uma sala que praticamente caberia meu apartamento, uma cozinha também grande, um quintal amplo com muito verde.

Deixei que Isadora decidisse, acostumada com luxo desde que nasceu, ela disse sem muita empolgação:

-É...é bonita e o bom é que fica pertinho de São Paulo, Deus me livre voltar para o mato, mas os móveis e toda parte de decoração da casa, isso eu quero fazer, pai, porque se deixar por sua conta, vai ter berrante pendurado, sofá com estampa de onça ou pele de cobra.

Vasquez entrou no assunto da lua de mel e eu retruquei:

-Acho que nessas circunstâncias não precisa de lua de mel, doutor Vasquez.

-Claro que precisa! Tudo tem que parecer real, agora lá, vocês façam o que quiser.

Nos dias e semanas seguintes, Isadora e eu ficávamos indo em lojas e resolvendo assuntos diversos. Ela comprou uma penca de coisas, tudo do mais caro. Passamos a ter uma conversa cada vez mais fluída e até a rirmos de fatos que tinham acontecido com ela ou comigo, eram três, quatro horas por dia juntos, mas nada além de cordialidades. Entretanto, ver aquela sósia da Jennifer Lopez quando era mais jovem, todo dia, e sempre com looks que iam desde os vestidos e saias curtos, porém não vulgares, que deixavam suas pernas e partes das coxas grossas à mostra até calças apertadas que marcavam perfeitamente seu corpo, além de seu rosto lindo e a pele morena que não tinha uma manchinha, mexiam com o meu tesão, tanto que em duas ocasiões, acabei tendo que me masturbar no banho, imaginando-a nua e eu a fodendo-a selvagemente de quatro, não sem antes chupar muito bem aquela boceta morena que devia ser grande.

Jantamos com alguns familiares dela e nossa encenação foi tão boa que houve quem dissesse a velha frase “Formam um casal perfeito”. Numa das noites desses jantares, na fazenda de Vasquez, num dado momento, para simular uma intimidade maior, Isadora encostou em mim de costas e fez que eu a abraçasse pro trás enquanto fingíamos prestar atenção aos casos que seu pai contava para os presentes. Ela estava novamente com uma calça jeans colada e não consegui resistir, após ela se mexer umas três vezes, tive uma ereção e para não aborrecê-la, com delicadeza a larguei e disfarcei indo pegar mais um pouco de vinho. Creio que ela percebeu e acho até que esboçou um sorriso, olhando para baixo.

Uma semana antes do casamento, recebo um telefonema, quando atendo era Elisa com uma voz furiosa e chorando.

-Filho da puta! Moralista metódico de merda, estava comendo a filha do patrão e já estão até de casamento marcado, vai ver que foi por isso que terminou comigo tão tranquilamente, já devia estar cansado de saber que eu dava para o Celso até na nossa cama, mas você deve ter preferido que não via, cornooooo mansooooooooo, aceitou tudo porque estava se aprontando para dar o golpe do baú, mas sabe o que vou fazer? Descobrir onde será o casamento e fazer uma baita cena.

Aquela ameaça me pegou de jeito, como a vagabunda tinha descoberto? Talvez quem contou pudesse passar o endereço da igreja também, tive que agir rápido.

-Olha, Elisa, eu descobri a sua safadeza com o Celso e não contei a ninguém, ele é teu primo e casado, agora pensa na merda que vai dar se chegar aos ouvidos da mulher dele, ou melhor, aos olhos dela, as fotos de vocês se beijando e você fazendo um delicioso boquete. Acha que ela não vai contar para a sua família toda e talvez até encher a tuca de bolacha? E mesmo se não contar, eu mesmo vou até seus pais, irmãos e mostro tudo.

-Seu corno de merdaaaaaaaaaa!!!

-Baixa tua bola e vamos nos acertar. Não se meta no meu casamento e as fotos suas com o Celso nunca serão de conhecimento da sua família. Não acha um acordo justo?

Elisa ficou calada por um tempo, depois chorou e disse:

-Você nunca será feliz, seu corno! Enfia essas fotos no cu, não vou perder tempo indo no casamento de um fracassado. Mas se depois de se casar, você mandar essas fotos para alguém, vai me pagar caro, louco metódico.

Apesar de ter ficado claro que Elisa estava cagando de medo das fotos serem expostas para a sua família, decidi avisar Vasquez que respondeu:

-Vou botar um cara na cola dela a partir de já e se ela pegar a estrada para Ribeirão, pode estar certo que será brecada e terá que tomar sopa de canudinho por muito tempo.

-Por favor, doutor Vasquez, violência não!

-Fique tranquilo! Foque no seu casamento, aliás quero você quarta-feira já em Ribeirão, poderia te hospedar na minha fazenda, mas tá uma correria danada lá, é melhor ficar num hotel de luxo que arrumei e sexta-feira teremos uma despedida de solteiro daquelas.

Na quarta, fui para Ribeirão. Vasquez veio me falar novamente da tal despedida de solteiro, dizendo que viriam várias modelos da região e de São Paulo para uma farra gigante num local discreto.

-Olha, doutor Vasquez, não quero ser estraga-prazer, mas é melhor eu não ir a essa festa. Já soube de cada merda que rolou, gente presa, coma alcoólico e muito mais.

-Deixa de ser boboca! Acha que não sei organizar uma festinha? Só vão os mais próximos amigos meus de longa data e o pessoal do trabalho. Aliás, estranho, você só convidou um tio, não tem mais parentes nem amigos?

-Não, eu me fiz meio que sozinho, esse tio foi o único que me deu uma força, morei por vários anos com ele e a esposa que infelizmente faleceu e uma prima que mora na Austrália atualmente.

-Mas você não pode faltar à própria despedida de solteiro. Ainda temos dois dias, vou mudar sua cabeça, ah se vou!

A cada hora que passava, a tensão aumentava. Na quinta à noite, estava tomando meu terceiro cuba-libre, quando batem na porta do meu quarto. Era Isadora, com um lindo vestido azul-marinho casual e um decote ousado, trazia um semblante desesperado, ela já foi entrando e dizendo:

-Puta que pariu! Tô tendo uma baita crise de ansiedade e não posso desabafar com ninguém sobre esse casamento de fachada. Nós vamos nos dar muito mal, Felipe.

-Eu também estou tenso, olha aqui (mostrei o copo), só não te ofereço uma dose por causa da gravidez, mas temos que levar isso em frente por causa do dinheiro.

-Sei que é um casamento de mentira, mas promete que não vai bancar o escroto daqui um tempo? Vamos viver sob o mesmo teto, nesse último mês, você tem sido um amigo que nunca tive, mas fico pensando se não é teatro e depois mudará.

Procurei acalmá-la, explicando que minha índole era boa e ainda que eu estivesse mentindo, o pai dela sempre estaria por perto e não permitiria que eu a tratasse mal. Após muito tempo conversando e bem mais calma, Isadora propôs, um pacto: ela me contaria algo que nunca revelou a ninguém e eu faria o mesmo, mas tinha que ser algo realmente sério. Ela começou:

-Tirando o meu pai que está envolvido nessa história, nunca contei isso a outra pessoa. Quando eu estava no começo da adolescência, havia um fazendeiro do Mato Grosso muito importante hospedado na nossa fazenda, ele fazia grandes negócios com meu pai, mas começou a ter um comportamento estranho comigo, querendo me beijar no rosto toda hora, abraçar, senti um nojo enorme, ele era mais velho que o meu pai, devia ter uns 60 ou quase, até que uma hora, ele segurou meus braços por trás e quis me fazer sentar no colo dele, cheguei a sentir seu bafo quente dizendo baixinho “Senta no meu colinho, senta, você vai gostar, um monte de menininhas já sentaram e gostaram”, me debati e consegui escapar, mas notei que ele estava de pau duro. Contei ao meu pai que para minha surpresa disse: “Não fala isso nem para a sua mãe, eu resolverei com ele, estamos fazendo negócios”. Fiquei com um ódio tão grande do meu pai, era nova, mas sabia bem o que o velho nojento tentou fazer. Dois dias depois, o velho foi embora todo sorridente, mas após alguns dias, começaram a noticiar que ele tinha sido sequestrado e estavam exigindo resgate. Uma semana depois, encontraram o carro e o corpo dele carbonizados a uns 100km da nossa fazenda. Eu estava vendo a notícia na TV, quando meu pai chegou, colocou uma mão em meu ombro e disse sério: “Jamais desconfie do amor e do poder de proteção do teu pai”, em seguida, ele abaixou o som da TV, fez uma ligação, me olhou sérios nos olhos e quando atenderam, mudou o semblante e passou a conversar com a viúva do velho nojento, fingindo estar triste e emocionado e dizendo que estava providenciando tudo para liberarem o corpo.

-Caralho, essa foi foda! Mas mentiria se dissesse que fiquei chateado com o destino do fazendeiro amigo do teu pai.

-Agora é sua vez, quero o maior dos segredos.

Respirei fundo e o assunto mais grave que me veio à mente era um só, mas que me deixaria bem exposto, pois nem minha ex-noiva ou colegas sabiam disso. Entretanto, decidi falar:

-Bem, vamos lá. Como milhões de brasileiros, cresci em uma família disfuncional, meu pai caiu no mundo quando eu era garoto e minha irmã também pequena. Um ano e pouco depois, minha mãe enfiou um traste dentro de casa e fazia tudo o que ele queria, até me bater, o filho da puta batia. Certa vez, Lembro-me bem, que era o ano da Copa de 82, a primeira que eu acompanharia entendo, já que na outra era bem pequeno é só ligava para desenhos. Estava uma febre na escola da garotada colecionar as figurinhas dos jogadores que vinham nos chicletes Ping Pong. Todo dia, pedia uns trocados para minha mãe e ela dava uma merreca reclamando. Porém, houve um dia, que estranhamente, ela me deu uma boa quantia e antes de eu sair, ela passou a mão em minha cabeça e me deu um abraço, o que não era nada comum. Naquele dia, fiquei numa alegria imensa porque pude comprar vários chicletes e adquirir figurinhas novas, mas quando voltei para casa, estranhei ao ver tudo fechado e na porta estava uma das vizinhas com uma cara séria. Antes que eu perguntasse, ela disse sem conseguir me olhar no rosto: “Felipe, sua mãe, sua irmã e seu padrasto se mudaram, veio um caminhão e levou tudo. Sua mãe pediu para te avisar que não deu para te levar, e é para você ficar em casa hoje, amanhã vou te levar para morar com o seu tio”. Foi um choque que me deixou paralisado por alguns instantes, mas na inocência de menino, achei que se corresse, alcançaria o caminhão e iriam me levar, corri desesperadamente pelas ruas do bairro em direção à avenida principal, meu material escolar, álbum e figurinhas foram caindo pelo caminho, perdi até um pé de sapato, corri como nunca, por muito tempo até me dar conta de que não os alcançaria. Eles planejaram tudo sem eu saber, meu padrasto tinha arrumado emprego em outro lugar e disse à minha mãe que se ela quisesse, tinha que vir sozinha ou no máximo, levar a minha irmã, porque ele não gostava de mim, isso eu descobri depois. Aí, dá para imaginar o que ocorreu depois, fiquei chorando desnorteado por semanas, nem comia direito, apesar de ser bem recebido por tio, tia e uma prima, minha cabeça ficou ruim por meses, achava que não tinha ido porque não era um bom filho, ou seja, que a culpa era minha pelo que aconteceu.

Nesse momento, Isadora já enxugava as lágrimas que escorriam fartamente.

-Acho melhor parar, né? Você não está legal, quer uma água, suco, refri?

-Não, continue, quero ouvir o final dessa crueldade.

-Fiquei sete meses sem obter uma única notícia da minha mãe. Até que um dia, chegou uma carta dela dizendo que estavam morando em Uberaba e que ela viria me buscar quando começassem as férias. Fiquei numa alegria imensa, contando os dias e quando minha mãe apareceu na porta da casa do meu tio. Na minha pureza, nem passou pela minha cabeça de manda-la para a puta que pariu e dizer mais um monte de desaforos, mas não, corri desesperadamente para abraça-la, ela ficou um tanto se graça, mal conseguia encarar o irmão e a cunhada. Acabei indo para Uberaba, a casa era bem modesta, mas gostei da cidade e já comecei a fazer algumas amizades, porém exatamente duas semanas depois, estou dormindo, quando escuto meu padrasto dizer antes de sair para o trabalho. “Avisa ele assim que acordar, para não ter choradeira mais tarde”. Levantei para tomar o café e sem cerimônias, minha mãe disse: “Olha, Felipe, as coisas tão difíceis aqui e você sabe que o Geraldo não gosta muito do seu jeito, você vai ter que voltar a morar com o tio Fabio, tem um caminhoneiro que vai hoje à noite para São Paulo e vai te deixar na porta do teu tio”. Chorei, chorei, implorei para minha mãe me deixar ficar, ela negou e sequer derrubou uma lágrima. Entre o macho e o filho, a vagabunda escolheu o macho sem pestanejar. Voltei para São Paulo e o resto foi que passei a estudar muito, foquei muito em conseguir uma vaga na universidade pública, depois arrumei um estágio na empresa do teu pai, subi um, dois postos, virei diretor e agora vou me casar com você.

-Você nunca mais falou com essa mulher monstruosa?

-Sim, uma única vez. Ela mandou umas duas cartas no começo, mas não respondi, aí quando eu já era estagiário, recebi um telefonema e era ela, meu tio tinha dado meu número. Após um ridículo “Quanto tempo, né, Quantos anos você está agora, 21, 22. Eu estava com 19, ou seja, ela sequer se lembrava da idade do próprio filho!”, logo depois disse que ficou sabendo que eu estava fazendo faculdade e trabalhando e sem hesitar, perguntou se eu estava ganhando bem e disse que estava com dificuldades, bati o telefone sem dizer nada, depois pedi ao meu tio que caso ela tentasse contato para que dissesse que eu não queria falar ou vê-la novamente.

Durante esse duro relato, fiquei a voz embargada durante uma ou duas vezes, mas quando acabei Isadora teve uma crise de choro colocando as duas mãos sobre o nariz e a boca como se estivesse rezando. Assustei-me com aquilo e abracei-a.

-Desculpa, não pensei que a história fosse te abalar tanto.

Ficamos abraçados um tempo, depois ela lavou o rosto e procurei mudar de assunto visando acalmá-la. Conversamos sobre diversos assuntos e o clima de tristeza foi mudando para o de risos, pois comecei a contar os vários micos que já tinha pagado na empresa. Depois fizemos um brinde ao nosso casamento de araque, eu com cuba-libre e ela com Coca e limão. Quando nos demos conta, já passava da 1h da manhã e Isadora decidiu que era hora de ir.

Acompanhei-a até a porta, ela me deu um forte abraço, deitou a cabeça em meu ombro, achei que era uma coisa de amiga mesma, porém quando Isadora levantou a cabeça, me olhou nos olhos com uma expressão séria, fiquei estático sem entender se era o que eu estava pensando.

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Foto de perfil de Lael Lael Contos: 250Seguidores: 750Seguindo: 11Mensagem Devido a correria, não tenho conseguido escrever na mesma frequência. Peço desculpas aos que acompanham meus contos.

Comentários

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Coisa de Mestre! 😢😢 Parabéns LAEL, conseguiu me emocionar...e muito!

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Adorei amigo essa parte foi demais pelo jeito eles vão se apaixonar com certeza kkkkk e o que vem depois és a questão parceiro nota mil parabéns.

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Procurando o elogio certo!

Acho que o Puuulllta Que Pariiiiiiiúúú cabe melhor. Parabéns

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Tu és do caralho véi kkkkkkkkkk tomara que terminem juntos...rs 👁

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Lael, seu FDP, me fez chorar! O abandono de criança é deveras cruel! Contudo, é um capítulo mais lindo e criativo que li nesse site. Sendo sincero, cara, foi demais! Teve pitada de tudo. Que delícia de erótico o cara sentir tesão involuntária sarrando a grávida. Lael, tu és o dono dos caminhos, mas já na torcida pelo casal. 10!

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Grande suspense, mas eu acho que foi um grande beijo

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como sempre maravilhoso trama perfeita

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Acho que essa dispendida de solteiro vai da BO!!! TOP!!!

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Meu amigo, mais um conto muito bom. Parabéns pela construção dos personagens, pela profundidade que dá e nos conecta ainda mais com o desenrolar. Abraço!!!

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Na realidade esse casamento de mentira vai virar um casamento real só que um casamento liberal

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