CAPÍTULO XIII
- Não, essa não, também não, hum, é, talvez, muito artístico - Luana suspirou. - Gente, precisa ser sensual, provocante.
Ela devolveu o celular ao Felipe e nós mostrou no seu perfil do Onlyfans, o seu grupo de seguidores cento e cinquenta no total os que pagavam, o restante era gratuito e serviam como divulgação. Eu olhei a foto no celular, virei para o rosto dela.
Luana chamava-se Larry Jackins no app, e os pagantes eram estrangeiros, a maior parte deles pelo menos.
Os cabelos, o batom e as sombras nos olhos, o comprimento do cabelo, a forma de encarar a câmera, até mesmo a tatuagem, diferiam e muito do seu perfil do Instagram, e da realidade.
- Você acha isso importante? - eu perguntei. - Digo se modificar tanto...
- Larga de ser medroso, - disse Felipe. - Quem vai aparecer sou eu mesmo.
Luana balançou a cabeça.
- Essa é a questão Felipe, não pode ser você, crie um personagem, - ela parou. - É sério não confunda isso aqui, com a vida real, não é, ninguém fica duro vinte e quatro horas por dia.
- Há controvérsias, - Felipe gargalhou.
Eu convivia com Felipe há mais ou menos o mesmo tempo que com Ian, ambos eram meus amigos mais próximos, e praticamente de infância, Ian, porém, ainda veio antes, quase do berço mesmo. O fato é que com o tempo esse jeito do Felipe encarar as coisas, para mim tornara-se natural.
Vê-lo diferente disso é que era assustador.
Luana não pensava assim, e o achava um crianção sem disciplina para levar qualquer ideia séria adiante, foi concisa e direta.
- Vocês precisam estar certos do que querem. Nem sempre vai render o que esperam, ainda mais se não fidelizarem um público pagante.
Lu, vivia em um apartamento nos cafundós da cidade, uma área reservada, onde mantinha uma espécie de estúdio. Nas publicações comuns, aproveitava-se dos números de seguidores do Instagram para realizar pequenas parcerias no comércio local.
Alguns dos "empresários" na realidade apenas donos de estabelecimentos, pagavam a ela por algo mais "camarote", "tipo premium", eu não dizia, mas pensava comigo mesmo que "os nomes mudam mas continuam sendo prostituição".
Afinal, tratavam-se de favores sexuais, em troca de valores e recompensas financeiras. Ela nos cedeu o espaço para tentar algumas fotos. Mas também precisava dele para os seus próprios conteúdos.
Felipe desceu os degraus a minha frente, enquanto Luana me detinha no batente do hall no corredor.
- Por que não conta ao Ian? - ela quis saber. - Vocês não se acertaram? Conta logo. Uma mentira é como um corpo morto, o fedor o denúncia.
- Vou fazer isso sim, - falei hesitante. - Obrigado por tudo Lu...
Ela me acompanhou até o primeiro lance de degraus depois retornou. O elevador estava em manutenção. Felipe passou o braço por cima dos meus ombros e caminhamos assim rua acima.
- Eu tenho o lugar perfeito, - Felipe disse. - Vamos precisar de um pouco de sorte, inteligência e cuidado...
- Por um momento achei que fossemos crianças de novo - falei sério. - Lipe, precisamos ser mais... assertivos, isso tem que funcionar cara. Aliás, onde é?
- Vai funcionar, - ele disse.
Já estávamos a espera do Uber no entrecruzamento de duas ruas. Felipe juntou os lábios, e assobiava para o alto como faria com a fumaça caso fumasse.
- Quanto mistério com esse lugar, - eu disse. - É a casa de algum amigo?
Ele não respondeu e sorriu divertindo-se com minha curiosidade.
Em casa reinava o silêncio, entrei, um pouco cansado, eu havia servido de fotografo do Felipe, e o fato de vê-lo nu, não era nenhum pouco constrangedor. Tirei o short, e vi na tela do celular uma mensagem de Ian "eu e sua mãe fomos ao cinema".
"Sair comigo ele não saia agora com minha mãe...", fui retirando a camisa, e a cueca, entrei debaixo do chuveiro e enquanto passava o sabonete, me imaginei posando para um nude. Começou assim, "se eu levantar um pouco a toalha sem mostrar".
Ainda com o corpo cheio de gotas de água, alcancei o celular.
Excluir, sem foco.
Excluir, mais quente.
Excluir, um pedaço da virilha talvez excite.
Eu apontei a câmera do celular para o espelho no banheiro de modo a esconder o azulejo do box, e mostrar-me de perfil sem o rosto. O traço do meu braço e do meu peito direito, permitia entrever minha virilha e a sombra do meu pênis.
"Dá trabalho parecer gostoso" pensei comigo mesmo desistindo por hora do ensaio. Eu conferia essas fotos na galeria do celular, cortando e recortando, deitei com a toalha na cintura. A casa escura, em silêncio, apenas a iluminação da tela.
O sono veio vindo aos poucos, o vento fresco por entre minhas pernas, arrepiava meus poros, ergui os braços atrás da cabeça. Foi irresistível não fechar os olhos, ressonando, relaxando o corpo inteiro sob a cama.
"Existe sensação mais libertadora do que sentir as nádegas no tecido da cama? E o pênis livre do arrocho da cueca?", eu desconheço.
As vezes antes de um cochilo a gente pensa uma coisa e os sonhos dão a impressão de responder aquilo que a gente pensou por último. Assim, os arrepios pelo meu corpo, o gosto de lábios na minha coxa.
A boca beijando-me a barriga e o peso de um corpo sobre o meu, pareceu parte do sonho, ao abrir os olhos aos poucos, senti meu pau duro entre as pernas, consegui interpretar tudo.
- E minha mãe Ian? - perguntei tentando me erguer.
Ele cortou os lábios com o indicador fazendo aquele barulho de chiado de tevê fora do ar.
- Estamos a sós, - disse.
Ian segurou meu pau e o apertou com a mão, ele apoiava-se no joelho ao lado da minha perna, enquanto friccionava a pele para cima e para baixo, senti sua língua, e a empurrei com a minha. Ele deitou-se na cama e eu com cuidado passei minhas pernas em volta do seu abdômen.
Nossos paus ficaram colados, o calor e a pulsação do dele em cima do meu. Seus lábios em volta do meu mamilo esquerdo. A mão dele que segurou os nossos paus, eu coloquei a minha mão em cima da dele, e nós dois as movemos.
O pau de Ian media pelo menos dois palmos a mais para cima mas em grossura éramos semelhantes, senti-lo assim, por inteiro, encheu minha boca de água.
Desci pelo seu queixo, o beijei no pescoço, lambi seu pomo de adão. Ele segurou a minha nuca enquanto eu passava a língua em círculos no seu mamilo.
Ian apoiou-se no cotovelo bom, e abriu mais as pernas.
- Seu gostoso do caralho, - falei.
Ele sorriu.
Sem tocá-lo, apenas com os lábios alcancei a cabeça do seu pau, reto, mais inchado no meio, pendente um pouco para a esquerda. Ele movia-se, contraindo o abdômen, o engoli, sorvendo o seu pré gozo com gosto de água morna, mas cheiro de pica.
Ian segurou a minha cabeça, ele mantinha a perna que não fora afetada pelo acidente encolhida em cima da cama. Eu passei para o lado e o chupava assim, sentindo ele percorrer minha coxa, e bunda.
- Vem mais par cá, - ele puxou a curva da minha perna.
- Quer chupar meu cu safado? - perguntei.
- Também! - ele sorriu.
Ian engoliu meu pau com desenvoltura, eu senti percorrer por meu peito uma sensação deliciosa, o aveludado molhadinho da boca dele, mas logo retornei a chupá-lo nessa posição estranha, que fazia eu perder um pouco o controle.
Mesmo com o gesso em uma das pernas Ian conseguiu mover o quadril e simular uma foda na minha boca. A língua dele no meu cu, fazia eu grunhir, e chupar com ainda mais vontade. Ian tentou me penetrar com o dedo, então eu parei.
- A eu queria te comer primeiro, - falei.
Ele puxou pela minha cintura e virei de frente para ele, Ian sorriu e passou a mão no meu peito, até segurar o me pau.
- Mas é uma coisa universalmente conhecida de que quem tem o pau maior, é o ativo - ele disse. - Além do mais tenho prioridade, e não abro mão.
Eu sorri, Ian falava enquanto friccionava a pele do meu pau para cima e para baixo. Eu repetia o mesmo gesto nele, até ficarmos em silêncio, e apenas grunhir, ele urrou, apertando mais o meu pau, gozei na mão de Ian caindo por cima, dele e o senti gozar.
- Meninos cheguei, - ouvimos mamãe.
Em silêncio continuamos deitados na cama, eu sentia meus dedos melecados com o sêmen de Ian, além do meu próprio pênis sujo.
- Há anos não fazíamos assim, - ele disse.
- Verdade, a gente tinha uns catorze quando fazia, - falei.
No meu guarda-roupa havia eu guardava um rolo de papel higiênico para essas coisas, limpei meus dedos e abdômen. Ajudei Ian a se limpar também, e entramos no banheiro. Mamãe ainda estava na porta, falando com alguém.
Eu e Ian jogamos água um no outro, e por um instante pensei que aquele seria o momento perfeito para contar tudo que estava acontecendo. Mas ele começou a falar umas coisas que me retraiu.
- Quando eu tirar esse gesso, e estiver cem por cento, vou arranjar um emprego por aqui mesmo, - disse olhando para a espuma entre as mãos.
- Você é quase um astro pornô, - brinquei com ele. - Tem uma carreira. E pelos dotes que eu reencontrei hoje, hum, esse garoto tem potencial.
Ian espalhou a espuma nas minhas costas. A gente colocava um banco embaixo do chuveiro e ele estendia a perna com o gesso pelo lado de fora do box. Eu estava sentado entre suas pernas, com as costas no banco.
Ian suspirou enquanto massageava meus ombros, e voltou a mover os dedos entre os meus cabelos.
- Vem cá, - ele puxou meu rosto. - Esse acidente, e os dias no hospital, as seções de fisio, tudo me fez repensar, acho que o Only foi um erro de juventude... Sei lá, eu gosto mais do que temos juntos.
Engoli em seco enquanto o encarava, Ian tinha sinceridade não só nas palavras, mas na forma como me encarou também, eu podia perceber nos olhos dele, a vontade de fazer aquilo dar certo.
- Meninos, - mamãe gritou. - Onde estão?! Temos visitas, se apressem aí...
A curiosidade e o frio na espinha pela situação toda com visitas na sala e minha mãe no corredor, curiosa como era deveria até está olhando pela abertura da fechadura. Nos erguemos, eu o ajudei a se secar, e com a toalha na cintura, voltei ao quarto, me vesti e trouxe cueca, short e camisa ao Ian no banheiro.
Ele mesmo preferia se vestir sozinho, ainda que levasse uns quinze minutos nisso. As vozes que vinham da sala, antes mesmo que eu chegasse até lá, pois a distância eram coisas de passos, me revelaram as identidades dos visitantes.
Felipe em uma camisa social com os botões fechados até o pescoço e uma calça social, e dona Janete ao lado com uma bíblia em cima dos joelhos, eu segurei o queixo para não rir.
- Viemos, - disse dona Janete. - Convidá-los ao culto dessa noite.
Eu encarei o Felipe que nem parecia a pessoa que eu havia fotografado todo ousado e exibido no estúdio de Luana durante o dia. Ian secava as orelhas e o cabelo com a tolha em cima dos ombros, quando apareceu sem se conter.
Janete ergueu-se no mesmo instante com a bíblia apertada contra o peito. Eu me coloquei entre os dois.
- Por favor dona Janete, - eu comecei.
- Ô eu pensei que depois de tudo, assim como o doce Felipe se converteu, vocês também pudessem...
- O Felipe o quê? - Ian bradou. - Depois do vídeo chupando rola?
O rosto de Janete pegou fogo no mesmo instante, a pele parecia arder com alguma alergia.
- Como sempre vulgar, - ela disse. - Não mudou nada. Vejo que faço bem em não permiti-lo na minha casa.
Ian apoiava-se na bengala para alcançar o sofá. Eu encarava o Felipe, que mais cínico do que a esposa de dezenove de um homem de noventa anos, olhava para nós como se apoiasse as loucuras de dona Janete. Eu o conhecia bem demais.
Fingimento dos pés a cabeça!
Quando eles saíram, o clima em casa descontraiu, mamãe entrou em uma crise de riso que espalhou-se por mim e para o Ian. Mandei um áudio ao Felipe perguntando se ele achava mesmo que aquela era uma boa ideia.
A pedido de mamãe lhe ofereci minha casa, mesmo com Ian, e não sendo muito grande.
Ele: "Fica tranquilo, como eles dizem, em paz, o lugar é perfeito para a gente criar os conteúdos, Ian tem quase um estúdio no quarto dele. Vai ver. A velha é mala mas aceitou me abrigar aqui se eu acompanhá-la aos cultos."
Eu li a mensagem e não entendi nada. Mas não a mostrei ao Ian, porque geraria perguntas, e a ideia de dizer logo o que estava rolando, passou. Na cama a gente ainda ria de toda a confusão envolvendo Felipe e dona Janete.
- Eles ficaram mais próximos desde a briga entre vocês, - falei.
Ele se ajeitou na cama e bateu a mão para que eu deitasse ao seu lado, as vezes eu preferia dormir no colchão no chão por causa do gesso, Ian mexia-se o tempo todo, reclamava da coceira.
- Você sabia então? - ele perguntou. - Que o Felipe foi se abrigar lá em casa?
Neguei, eu olhava para o Ian que correspondia com o queixo apoiado no meu ombro.
- Felipe está fingindo, com certeza...
- Mas porque logo lá em casa? - ele estranhou.
Eu o beijei nos lábios, e ele afoito, me puxou pela nuca colando nossas línguas, sua mão desceu por minhas costas até minha nádega. O peitoral de Ian continuava tão delicioso quanto antes, mesmo sem toda a tensão da academia constante.
Interrompemos os amassas com o gritos de mamãe, ela gritava e batia em alguma coisa, não demorou a vir.
- João Carlos, um rato aqui na cozinha - falou.
Mamãe conhecia muito bem a definição Aristotélica, ou é Platônica? "Apoio moral", ela se postara em cima de uma cadeira com a vassoura na mão, e me apontava onde o rato havia aparecido.
Ian adormeceu mesmo com a perna para cima de uns travesseiros e o braço em cima do peito. Eu recolhi o ratinho com uma pá, e antes de atirá-lo ao lixo, no quintal, mamãe me esperava no batente da porta do quintal.
- Mentira tem perna curta, - ela disse séria. - Que diacho de empréstimo foi esse João Carlos? Ian, disse que alguém fez um empréstimo no meu app...
Um fio gelado passou por minha coluna.
- Ele... Olhou seu celular?
- Sim, porque desconfiei de você, - ela se aproximou. - Espero que saiba o que está fazendo, já é grandinho, e eu não tenho dinheiro para cobrir aquilo.
Eu sentei nos degraus de acesso ao quintal sentindo a brisa do vento e pensando no melhor momento de inteirar o Ian de toda a situação, até porque ele era central nisso. Mamãe agachou-se ao meu lado e passando a mão nas minhas costas.
- Talvez, - sugeriu. - O dinheiro do seu pai.
Em toda aquele tempo ela dificilmente falava em papai, e eu também pouco pensava no assunto. Ele não era uma opção. Ficamos assim por uns minutos até entrarmos em casa.
Ian acordou quando me deitei no colchão ao lado dele com um risinho de canto.
- Matou o rato? - perguntou.
Eu sentei ao lado da cama e peguei na mão de Ian, apoiei meu queixo próximo a ele.
- O que você falou hoje no banheiro, tá valendo? - perguntei.
Ian acariciou minha cabeça e com a palma da mão no meu rosto, ajeitou-se para se aproximar mais.
- Claro, - disse. - Estou te sentindo estranho, quer falar alguma coisa?
- Meio que... é... - engoli saliva. - Ah, isso é bizarro... mas... Como é que se conta algo assim...
Uma ruga em cima da outra na testa de Ian surgiram, eu acendi a luz, e voltei para perto dele, respirei fundo.
- É sério assim? - ele se ajeitou na cama.
- Mais ou menos, como eu começo isso... Tá, lá vai, sabe o seu procedimento o último? A gente só conseguiu pagar primeiro como você sabe com o dinheiro que você ainda tinha do Only... E a outra parte... Minha mãe me contou que...
Os olhos de Ian abriram-se mais ele prendeu a respiração por alguns instantes, vi uma veia saltando em sua testa, ele penteou os cabelos para trás com a mão boa. Eu fechei os olhos por alguns instantes, com a boca do estomago ardendo.
- O empréstimo... Você fez? Para pagar a minha... João Carlos! Como pretende... Eu não acredito.
- Tem mais, - falei. - Eu e o Felipe, tivemos uma ideia.
- Coisa boa não pode ser, vindo dessa frase... - falo brusco. - Por que não contaram antes?
- É o que estou fazendo agora.
A gente ficou em silêncio por uns minutos. Eu sentei ao lado dele na cama.
- Sim, estou esperando...- disse.
- Felipe e eu... Na verdade... Eu tive a ideia de usar o Onlyfans para conseguir pagar o empréstimo, já que depois daquele tempo todo no hospital meu emprego...
- Espera, você, estou pedido, - disse Ian. - Você não estava no trabalho hoje durante o dia?
- Não, na casa da Lu, ela está ajudando a gente com a coisa do onlyfans...
Ian caiu para trás na cama se contorcendo em risadas. Ele ficou da cor que a mãe havia ficado mais cedo quando ouviu as barbaridades do filho.
- Que foi? - perguntei.
- Que foi que é de uma hipocrisia filha da puta isso! Você me encurralou por causa disso...
- É mas... - respirei fundo. - Não temos outra escolha agora.
- Era isso que tínhamos que ter conversado naquela porra de noite quando pedi para você agir feito adulto.
Ficamos mais uma vez em silêncio as minhas mãos transpiravam. Aquela conversa estava engasgada, uma hora teria mesmo que vir a tona, mas em plena madrugada, depois...
- Me perdoe Ian, eu estou te devendo esse pedido a tempos, me desculpe, eu, eu sei que... O acidente não teria acontecido se não fosse por...
- Larga de idiotice! Você não tem culpa nisso! O caminhão estava atravessado na estrada, eu que bati de cara, coloca isso na tua cabeça, você não tem culpa em nada!
O silêncio voltou a pesar sobre nós dois mais uma vez. Ele apertava o colchão da cama. Eu peguei o colchão que havia colocado no chão e o ergui. Ian precisava de tempo para maturar tudo aquilo.
- Vou dormir na sala, - falei. - Sei que está puto, e com razão...
Ele não respondeu nada nem precisava. Há anos convivendo com uma pessoa certas coisas a gente parece que pensa igual. Só de olhar para a pessoa. Eu deitei ao lado do sofá, e sinceramente consegui dormir. A luz no quarto estava apagada.
Ian estava ao meu lado sentando no sofá com o dia clareando a casa inteira.
- Chama o Lipe aqui, - disse. - Vamos conversar direito.
- E a raiva passou? - perguntei.
- Vai a merda Joca.
Eu o beijei mesmo com a boca de sono e ele fez cara de nojinho mas não estava puto como eu havia imaginado que ficaria. Eu tomava café com o pão na boca quando o Felipe entrou em casa, óculos escuros e um chapéu.
Ele olhou para o Ian, depois para mim.
- Fodeu? - disse para mim.
- Eu contei a ele, - respondi.
Felipe tirou os óculos e o chapéu.
- Melhor, e então Ianzão, pronto para voltar a ativa? - Felipe sorriu.
- Você são amadores demais, - Ian respondeu. - Já produziram alguma coisa?
Felipe tirou o celular do bolso e o entregou ao Ian que começou a passar as fotos como Luana havia feito antes. Ao invés de ir comentando as fotos ele movia os lábios e as sobrancelhas.
- Eu andei treinando, - Lipe disse orgulhoso.
- Eu ajudei, - falei.
- É a porra do clube do Bolinha isso? - Ian sorriu. - A seu filho da puta boqueteiro! Por isso se malocou na minha casa não foi?
Mamãe mastigava alguma coisa também com uma xícara na mão direita.
- Finjam que não estou aqui, - riu. - Nesses minutos aprendi tanto!
Felipe ergueu-se em um salto e abraçou minha mãe.
- Quando digo que tua mãe não é normal é sobre isso Joca, que mãe reagiria assim a um monte de gay na sala da casa dela falando essas coisas?