A verdade é que eu já tinha esperado muito por aquele dia. Foram quase dois anos pensando e planejando, lutando contra mim mesma e contra tudo o que sempre considerei ser o correto. Perdi as contas de quantas vezes senti vontade de chorar ao olhar para o rosto de Carlos, meu marido.
Após combinar tudo com Henrique, viajei para Alegrete durante uma semana em que Carlos viajou a trabalho para a Bahia. Ao chegar à cidade, me certifiquei de comprar tudo o que precisava em um posto de combustível qualquer, logo em seguida me dirigi ao hotel que reservei algumas semanas antes. Fiz o check-in e subi para o quarto. Ao abrir a porta, fiquei encantada: paredes brancas com ornamentos em dourado, mobília de madeira negra maciça, um grande tapete vermelho no centro da suíte. Havia muito mais coisa do que sou capaz de descrever, mas posso dizer que era um quarto muito bonito, muito mais do que eu poderia imaginar ao fazer a reserva.
Olhei para o relógio: quase nove horas. Calculei imediatamente: me sobraram uma hora e trinta e oito minutos.
Fui para o banheiro, me despi e tomei uma longa ducha. Em seguida, retornei ao quarto e abri minha mala. Por precaução, levei um pouco de tudo, e por conta disso me senti indecisa; de que jeito ele gostaria que eu me vestisse? Do mesmo jeito que da última vez? Eu não sabia dizer. Sabendo disso, fiz o melhor que pude.
Escovei bem meu cabelo para deixá-lo o mais liso possível. Coloquei um shorts jeans curto e bem apertado, um dos que eu usava para trabalhar e que eu sabia que Henrique adorava, e vesti uma camiseta branca meio solta, bem decotada; ajeitei meus seios o melhor que pude para fazê-los ficarem saltados. Naquele momento, percebi o quanto eu havia engordado, pois senti meus shorts apertando minhas cochas e minha bunda. Fiz por ele, é claro, pois tinha me confessado que adorava mulheres gordinhas; me lembro de ele dizendo: “quanto mais gorda, mais peso em cima do tamanco”. Além disso, pintei minhas unhas de amarelo e passei um batom preto. E, é claro, calcei meus tamancos amarelos. Eles estavam bem gastos, acabados. Usei eles o máximo que pude durante aqueles dois anos, pois eu sabia que quanto mais os usasse, maior seria o tesão do Henrique por eles. Estavam bem desgastados, riscados nas laterais, o solado marcado bem fundo com as manchas pretas dos meus dedos.
Exatamente às onze e meia, Henrique entrou no quarto. Seus olhos se fixaram em mim num segundo. Então, assim como ele me disse que faria, permaneceu calado, fechou a porta e se sentou em uma das poltronas do quarto. Com isso, eu soube que tinha chegado a hora.
De dentro da minha bolsa, retirei um maço de Marlboro vermelho. O abri e levei um deles à minha boca. Encarando-o, o acendi devagar, traguei bem fundo e soltei a fumaça contra ele.
Henrique estremeceu.
Me afundei na poltrona, cruzei as pernas e comecei a balançar o tamanco.
— Sabe, Henrique, fumei tudo o que pude nos últimos dois anos. Eu tinha abandonado esse vício, mas decidi voltar por você. Pensei, “tudo bem, vou voltar a fumar, mas só para ele. Tudo o que tenho que fazer é fumar na frente dele e depois eu paro de novo”. Mas não foi assim... Quando coloquei o cigarro na boca e acendi, senti uma ansiedade enorme, e quando traguei... Bem, eu soube que estava acabada. Senti meu vício voltar com força total. Senti a fumaça entrando e queimando meus pulmões... Tive que tossir, mas quando me dei conta já estava fumando de novo, e de novo e de novo. — Puxei com força e soltei a fumaça na cara dele. — Bem, são três carteiras por dia agora.
Eu sabia que estava deixando ele louco, e não pararia aquilo por nada. Segurei o cigarro entre os dedos e deslizei minhas mãos pelos meus pés.
— E esses pés... Meu Deus, se você soubesse o quanto eles sofreram por você. Desde o dia em que você foi embora, jurei que usaria esses tamancos todos os dias pelo máximo de tempo possível. E foi o que fiz. Joguei fora todos os meus chinelos e rasteirinhas e coloquei esse tamanco no lugar deles. Criei o hábito de todo dia ao acordar, me sentar na cama e calçar os tamancos, e dali em diante usá-los sempre que possível até a hora de voltar para a cama à noite. Cheguei ao absurdo de dormir de tamanco quando Carlos estava fora de casa. — Nesse momento descalcei os tamancos e deixei meus pés totalmente à mostra. — Olhe... Olhe o que isso me custou: eles estão totalmente destruídos. As veias estão mais saltadas do que nunca, e o uso contínuo dos saltos fez com que os ossos ficassem deformados. E, você sabe, fiz isso tudo por você — falei enquanto os calçava novamente.
De repente, Henrique se levantou. Assim, eu soube que tinha conseguido. O imaginei tirando a roupa, mas logo percebi que ele faria diferente. Ainda em silêncio, se aproximou de mim, me pegou no colo e me colocou na cama.
— O que você vai fazer?
Ele não me respondeu. Com cuidado, abriu o zíper e retirou meu shorts, de algum jeito sem retirar meus tamancos. O vi engolir em seco ao perceber que eu não estava usando calcinha. Então, ele começou a me masturbar. Seus dedos se moveram bem devagar, a princípio, mas logo começaram a se movimentar rapidamente. Eu sorria e fumava enquanto sentia aquele prazer maravilhoso percorrer todo o meu corpo. Até que ele parou. Quando olhei, percebi que tinha tirado seu pênis para fora e estava se masturbando. Sorri, provavelmente com uma cara de vadia, e toquei a coxa dele com meu tamanco: ele tremeu por inteiro. Levantei a outra perna e juntei meus pés ao redor do pinto dele. Assim, comecei a bater uma para ele com os pés e tamancos. Não levou muito tempo para ele começar a gemer, mas com muito esforço me impediu de fazê-lo gozar.
— Você é ligeira.
Ele se levantou, apanhou meu maço e o isqueiro e os atirou para mim, pois percebeu que meu cigarro estava no fim. Acendi outro imediatamente, enquanto que ele voltava para a cama e se ajoelhava na minha frente. Enquanto fumava com força, o senti retirar um dos tamancos. Fascinado, ele cheirou o solado, lambeu e sorriu. Então, desceu o braço e colocou o tamanco na frente da minha vagina. Por um instante, tive medo. Porém, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele começou a me penetrar com o tamanco. Tremendo, gemi sentindo a ponta entrando dentro de mim, a alça raspando nos lábios da minha vagina; no instante seguinte, parou por ali. Com força, agarrei o lençol enquanto sentia ele tentar enfiar aquele tamanco enorme dentro de mim, mas sem sucesso. Me movimentei como pude para fazer ele entrar, mas não teve jeito.
Nós dois sabíamos que aquilo não iria funcionar, era grande demais para entrar, um tamanco Anabela de plataforma, então ele teve outra ideia. Sorrindo, calçou novamente o tamanco no meu pé; senti o solado melado entre meus dedos, e com isso fiquei ainda mais molhada. Ele se levantou da cama e abriu minha mala. Por alguns instantes fuçou nas minhas coisas até que encontrou o que queria. Satisfeito, voltou para a cama.
Nas mãos dele havia outro calçado, um tamanco vermelho da Sis Shoes, do tipo de salto fino não muito alto. Ri com a cena.
— Vai me fazer gozar com isso?
Ele não me respondeu. Apertando minha coxa, começou a enfiar o tamanco dentro de mim. Senti a parte da frente entrando junto com a alça, deslizando para dentro, enquanto eu arranhava a cama.
— Vai... Enfia tudo... Coloca ele todo dentro de mim... Faz isso enquanto eu uso os tamancos amarelos que você ama.
Isso deixou ele maluco. Com um movimento rápido, enfiou o tamanco até a metade dentro de mim. Gritei alto, meu corpo inteiro tremendo.
— Ainda não é nada... Eu quero ele todo. Vai, enfia enquanto eu fumo... Enfia enquanto eu destruo meus pulmões.
Quando me dei conta, meu tamanco vermelho começou a sair e a entrar em mim, completamente melado. Sentindo meus peitos balançando por baixo da blusa, levantei e apoiei minhas pernas nos ombros dele. E isso foi demais para ele. Enquanto continuava me masturbando com uma mão, usou a outra para tirar descalçar meu tamanco e voltou a cheirar o solado.
— Isso, seu garoto safado, cheira tudo...! — Agarrei o canto da cama e gemi alto. Tentei levar o cigarro até minha boca, mas as estocadas estavam muito fortes, por maior que fosse meu esforço o cigarro continuava longe em meio ao vai e volta — Cheira, eu sei que você gosta! Cheira esse tamanco que destruiu meus pés! Cheira! Um dia eu vou ter que amputar eles por isso..., mas eu nunca vou parar de usar esses tamancos!
Eu estava acabada. Gozei no meu tamanco vermelho, enquanto Henrique se esforçava para não se masturbar também, pois sabia que nossa noite estava apenas começando. Com cuidado, ele retirou o tamanco de dentro de mim e o depositou sobre minha barriga. Traguei com força, soltei a fumaça na cara dele de novo e usei o tamanco como cinzeiro, deixando as cinzas caírem na parte da frente do solado.
Nesse momento, ele começou a tirar toda a roupa.