CAPÍTULO XIV
Ian ficou uns minutos olhando a foto que eu havia tirado no banheiro no dia anterior, antes de ele chegar, e olhava do celular para mim. Felipe e mamãe gargalhavam da cozinha. Eu apoiei-me no ombro de Ian, para conferir com ele as nossas tentativas.
- A essa hora... - ele disse. - Janete ainda está em casa.
Felipe limpava as mãos em um pano de prato, sentou-se ao outro lado de Ian.
- Eu pensei em fazer algumas ao ar livre, - Felipe disse. - Tipo na reserva...
Ian sorriu para Felipe confirmando. Eu ainda achava aquilo um pouco arriscado. Mas os dois se entusiasmaram.
- Vou perder a diversão, - Ian suspirou. - Tenho fisio...
Ian demonstrou com o celular desligado como devíamos posicionar a câmera e de que ângulo ficava melhor. Eu e Felipe, vestimos shorts tactel, eu emprestei um a ele, e tênis, bonés, e camisetas regatas. Fingiríamos cooper para achar um lugar.
A reserva fazia divisa com um Campus de Universidade Estadual, mas era tão grande que dificilmente quem entrasse pela zona norte, chegaria a esbarrar com algum aluno. Eu e Felipe conhecíamos bem essa parte, por que meu pai nos levava.
Ele foi o caminho todo animado. Mas não tirava os óculos e o boné. Felipe recuava com os lábios murchos quando percebia alguém o encarar como uma crítica. O rosto dele ficara evidente no vídeo o que não aconteceu com o de Hilda e do marido.
- Ele fazia a segurança do meu pai, - Felipe contou. - Há mais ou menos dois anos...
- Espera mas, você se envolveu com ele quando tinha? - perguntei.
- Supera Joca, eu era grande o suficiente para saber que queria sentar naquele gostoso, e sim, eu cheguei muito antes da Hilda, quando eles casaram, a gente apenas continuou.
Ele disse movendo os ombros de modo simples com um traço entre os lábios. A brisa fresca e os passarinhos barulhando nos alertou para a reserva. O descampado de abertura do local com uma lagoa, e três lixeiras coloridas apareceu no alto.
Eu tirei a camisa e a coloquei no cós do short como via o Ian fazer nas postagens dele do Instagram. Murchei a barriga para os gomos ficarem mais evidentes apesar de há semanas, meses, eu desconhecer a palavra treino.
Felipe ao contrário de mim, conservava um corpo mais enxuto, embora confessasse curtir ser o passivo, não investia muito no bumbum, e em comparação a natureza me fora bem mais generosa. Ele fez um reels a beira do lago.
Haviam pessoas fazendo cooper em grupos, alguns bem grandes de homens e mulheres mais centralizados.
Eu e Felipe desviamos em direção a mata mais fechada. Em uma área com alguns pedregulhos. Ele verificou se não havia chance de sermos vistos.
- Vamos gravar algo aqui, - sugeriu.
- Como assim?
Minha imaginação podia criar situações naquele lugar mas estar ali com o barulho dos bichos e as vozes de pessoas, ainda que distantes, gelou minha barriga. Felipe me puxou pela mão, apoiou o celular em uma pedra e com a camisa improvisou um apoio. Ele abaixou-se a minha frente, olhava para a câmera enquanto simulava.
Felipe segurou minhas coxas, entrei na brincadeira e passei as mãos em seus cabelos.
- Você simula que está forçando minha nuca contra a tua virilha, - ele disse e olhou para mim.
O resultado foi um vídeo de meio minutos com Felipe agachado entre minhas pernas e o short da minha roupa um pouco para cima, mas eu não havia nem mesmo ficado excitado, sorrimos daquilo. O sinal era fraco mas enviamos para Ian.
- Eu não consigo ficar excitado assim, - falei. - Aqui é muito exposto.
- A ideia é essa, - ele disse. - Eu fico duro até com contos do Kherr.
- Quem? - perguntei. - Contos desde quando você ler alguma coisa na vida?
Ele subiu em uma das pedras e com o celular na altura da testa apontando para cima em busca de uma melhor conexão com a rede, mostrou o site com conteúdos eróticos escritos. "Quem vai deixar o x-vídeos por isso?", pensei comigo.
Mas em poucos instantes lendo uma história do autor que Felipe havia acabado de dizer, comecei a me imaginar naquela situação, e as descrições de machões estilo vinkings do século vinte e um, começaram a fazer mais sentido.
Eu não conhecia o lado leitor puteiro de Felipe que começou a me passar dicas não apenas de contos eróticos como também de perfis no Twitter que exibiam putaria.
- É outro mundo, - ele sorriu. - Teve uma época que eu fiquei tão viciado em contos eróticos que já estava começando a gostar até de BDSM, é um caminho sem volta.
Eu confirmei com a cabeça sem encará-lo na verdade "que merda é BDSM?", teria que pesquisar no google depois. Ouvimos os passos de pessoas vindo na mesma direção em que estávamos e decidimos que por hora tínhamos alguma coisa.
Ian riu do vídeo.
- Eles vão sacar que é simulação, - disse. - A não ser que quem enviar gorjeta, vocês mandem um vídeo fazendo o oral...
Ele falava sério mas olhava para a televisão, assistia a um episódio de "Breaking Bad". Mas virou-se brusco após perceber o que havia acabado de dizer e corrigiu-se:
- Você não vai chupar o Felipe ou vise versa, oquei?
- Nossa, já estava com água na boca... - o provoquei.
Ele pausou a série. Olhei para a cozinha ele fez que não com a cabeça, sua boca estava com gosto de hortelã. Eu tinha chupado picolé de morango na rua e essa mistura gostosa, me empolgou ainda mais para sair apertando-o contra mim.
Ian resmungava um muxoxo de dor aqui e acolá, mas safado como era, curtia e aproveitava também, eu quis descer para chupá-lo, ele fez que não com a cabeça e me empurrou para o sofá, puxou o cós do meu short.
Quando pensei em chamá-lo para irmos para o quarto, ele:
- Ela vai demorar, - disse.
Ian sabia como utilizar os lábios de uma forma máscula e precisa, ele não me babava inteiro, como eu provavelmente, afoito como era, faria nele, mas sugava palmo a palmo do meu pau, e voltava a cabeça num gesto de vai e vem lento.
Em uma comparação esdruxula porém, enquanto eu tinha uma banana da prata, Ian possuía uma da terra que esticava todo o short. Mesmo com o braço e a perna ainda debilitadas por causa do gesso, Ian conseguia chupar deliciosamente.
Eu arfava segurando a sua cabeça. Olhá-lo entre as minhas pernas com tanto empenho e carinho me deixava mole dos pés a cabeça. Ele tirou o pau da boca, e eu senti um vento frio bater.
- Que foi? - perguntei.
- Não ouviu?
Eu me ergui rápido, Ian tentou também ajeitar-se. Na porta de casa, ouvia mamãe discutindo com alguém. As únicas pessoas a conseguir tirá-la do sério eram os meus parentes por parte de pai. Ajeitei o meu pau ainda duro para cima com o cós da cueca e do short perdendo, e abri a porta.
Minha vontade foi bater a porta novamente mas o homem viu-me antes disso. Eu o considerava um falecido e na maior parte da vida não sentia um pingo de vontade de interação.
- O que veio fazer aqui hein? - falei saindo pelo rol.
- Estou fazendo a mesma pergunta, - disse mamãe.
Ele vestia-se com camisa social, óculos de aros finos, uma calça jeans, e sapatos de verniz. Nós não nos parecíamos tanto quanto os vizinhos e familiares diziam, papai sempre teve traços mais brutos, e atitudes também.
- A situação da casa, - ele disse enfim. - Eu soube que estão abrigando alguém aí.
- Mas é muita ousadia, - mamãe respondeu. - João Carlos, pode entrar, eu resolvo isso aqui.
- Não tem o que resolver mãe, a casa é nossa - falei firme. - Isso já ficou decidido há muito tempo Samuel, caia fora daqui.
Ele cerrou os punhos olhou para dentro, Ian apoiava-se na bengala e se aproximou mais.
- Essa história não termina aqui, - ele disse e deu meia volta.
- Quem avisou a essa assombração? - mamãe perguntou.
- Aposto que sei quem, - Ian disse.
- E o que ela ganharia com isso? - perguntei.
Entramos para dentro de casa porque começava a desabar água pesada. Eu e minha mãe fomos praticamente abandonados por meu pai, mas a justiça havia nos dado a casa. Ele de vez em quando inventava de encher o saco. Ainda mais quando era provocado.
Ajudei o Ian a sair do banheiro e enquanto o ajudava a secar as costas.
- Mamãe age assim, - ele começou. - É típico dela, faz por maldade. Só para encher a paciência. Veio aqui no outro dia só pra confirmar. Se eu fosse Felipe saia de lá o quanto antes.
- Você acha que ela faria mal a ele?
- Não esse tipo de mal, físico não, mental mesmo, é vinte e quatro horas o mesmo assunto.
Eu apliquei uma massagem nos ombros dele que foi amolecendo com a cabeça um pouco para o lado os cabelos ainda molhados. Ele começou a ficar animadinho e entreabriu os lábios.
- Ah, quase me esqueço,- falei cortando o clima de proposito. - O banho, preciso de um banho...
Ian tentou me alcançar mas com um salto eu corri para o banheiro e fechei a porta, o rostinho dele quase me convenceu a voltar assim mesmo. Mas eu realmente precisava de uma ducha. E uma chuca.
Eu saí do banheiro com a cueca ainda molhada na mão para estender no varal, dei de cara com mamãe em um canto mordendo os lábios. Eu a abracei e beijei o alto da sua cabeça.
- Aquele maldito, - ela disse. - Miserável!
- Ô mãe não fica assim, - tentei consolá-la. - Faz tantos anos.
- Eu sei, eu sei, e não me perdoo, o desgraçado continua gostoso!
Eu a larguei na mesma hora sob aquele céu de estrelas minha mãe era a pessoa que mais me surpreendia na vida. Voltei para dentro e levei Ian às gargalhadas quando lhe contei a cena de antes.
Eu tranquei a porta e comecei a beijá-lo dos pés a até o alto do queixo. Nos nós beijamos a língua macia de Ian e a forma como ele inclinava um pouco a cabeça para aumentar a velocidade do beijo, me enrijeceu na mesma hora.
Ian segurou o meu pau.
- Você é tão fofinho Joca, - ele disse.
Eu sorri e senti minhas bochechas esquentarem.
- E você tem um bela pé de banana da terra aqui.
Ian quase engasgou de tanto rir, ele não se conteve, inclinou-se para a frente e disparou em risadas em sequência. Eu o puxei pelos ombros e passei a perna por cima de seu abdômen.
- Você não existe, - ele disse.
- Hum... Amo um banana da terra, e cosidinha... - provoquei.
Eu mexia meu quadril sobre o pênis dele, enquanto o sentia segurar meu pau entre as mãos e o mover de cima para baixo. Minha mãe começou a bater na porta com a palma da mão aberta ainda, dava tapas.
- Deixem pra fazer isso mais tarde! Venham comer! Banana cozida.
A gente não se aguentou ficou rindo igual a dois idiotas o tempo inteiro sem conseguir se controlar, mamãe as vezes sorria também mas sem entender logo parava a gente de minuto em minuto, lembrava e sorria ainda mais.
Meu abdômen doeu de tanto rir. Acabamos dormindo de barriga cheia mas sem sexo.
Felipe encheu meu zap com mensagens, haviam mais de oitenta envios pela noite a dentro. Eu ainda com o sono nos olhos levantei da cama, Ian não estava. Eu o encontrei na sala, e por sorte já havia escovado os dentes. Luana e ele conversavam em voz baixa.
- Bom dia, - falei. - Oi Lu, que surpresa boa, e tão cedo?
- Sim, verdade, deu saudade - ela sorriu. - Felipe quer muito te ver, disse que dona Janete fica fora hoje o dia quase todo, me pediu para te avisar isso.
Eu beijei Ian, e me sentei ao lado dele.
- Eu vi mesmo no meu celular... - saltei do sofá. - Só um momento.
Voltei para o quarto para pegar o celular, e já me adiantei e me vesti, Felipe realmente havia acabado de mandar mensagem pedindo para mim correr para lá. Antes de voltar até a sala entreouvi sem querer uma parte da conversa de Luana e Ian.
- O que me preocupa é que sou fiadora... - ela dizia.
- Espera ele sair...
Eu entrei na sala e os dois mudaram de assunto no mesmo minuto. Eles falavam do que estava rolando nesse mundo de redes sociais.
- Minha mãe já foi? - perguntei.
- Sim, ela tinha uma diárias - ele respondeu. - Você já vai?
Eu confirmei o beijei e cumprimentei a Luana antes de fechar a porta e bater o portão sem sair de vez, me encolhi perto da porta como se estivesse concertando o meu tênis.
A curiosidade é sempre inimiga da paz e das relações. Eu queria confiar cegamente no Ian, mas aquela ruga de dúvida voltara a acender um alerta, e então a voz de Luana soou ansiosa.
- O seguro do carro não vai cobrir, - ela disse. - Enquanto o Joca se preocupa com os gastos com a cirurgia, eu estou preocupada é com esse carro, Ian, custou uma fortuna.
- Eu sei, - ele respondeu. - Mas o que posso fazer? Enquanto eu estiver assim...
Uma raiva cresceu dentro de mim "mas quanto fricote!" eu mesmo me repreendi, ele não contou, e daí? "quanto drama!". Saí sem fazer barulho e quando já estava na rua, fiquei em pé e caminhei.
Mas tem coisas que a gente não controla não é? Só sente.