Andréia, a Pé de Coelho

Um conto erótico de Marcela Arujo Alencar
Categoria: Heterossexual
Contém 2708 palavras
Data: 03/03/2023 02:05:23

Andréia, a Pé de Coelho

Um conto de Marcela Arujo Alencar

Meu nome é Andréia, tenho vinte e nove anos e sou casada e divorciada de Antonio Carlos. Da nossa união nasceu Marcinha, uma linda, meiga e inteligente garotinha, que não se incomoda de ficar mais tempo com a avó, pois sou aeromoça, isso desde os meus dezenove anos, mesmo antes de me casar. Aliás, foi esse o motivo do nosso divórcio, pois ele insistia que eu deixasse de voar e fosse apenas sua esposinha. Lógico que não aceitei, pois desde namorados e noivos, ele sabia, pois cansei de o alertar que nunca abandonaria minha profissão, pois era meu sonho desde novinha. Mesmo assim, ele não aceitou minha opção e mandou eu escolher, ele ou a minha profissão. Eu escolhi e, o mandei passear e ele foi, para bem longe, levando com ele uma loirinha de apenas dezoito anos. Foi aí que descobri que a tal escolha imposta por ele, que sabia ser inviável para mim, foi apenas um pretexto para justificar seu caso com a loira novinha e boa de bunda, sua aluna do cursinho onde ele era professor.

*****

Dos meus dez anos voando por este mundo afora, tenho orgulho de nunca ter sofrido nenhum acidente, nem mesmo uma única aterrisagem de emergência, somente umas sacudidelas por mal tempo. Daí o meu apelido entre os pilotos, “Pé de Coelho”, mas isso, infelizmente estava na eminência de mudar. Estávamos voando num Airbus 380, vindo de Londres para Jacarta, a capital da Indonésia, que fica na ilha de Java. Três pilotos na cabine de comando, o capitão Robert e os segundos, Albert e Hudson. Oito aeromoças, sendo eu a chefe de equipe para atendermos 210 passageiros a bordo. Apesar do longo voo, até aqui tudo bem.

Fui chamada à cabine de comando e os rapazes avisaram que teriam de fazer um desvio, para fugirem da cinza de um vulcão, conforme alerta de Jacarta e que eu avisasse as outras meninas. Pois o tempo de chegada em Jacarta, estimado em 40 minutos, provavelmente seria bem mais longo.

Nuvens de cinza de vulcão são perigosas para os aviões e sempre são avisados para se desviarem delas. Robert comentou, rindo, com os colegas: Com a Pé de Coelho a bordo, aposto que as cinzas do vulcão vão logo se dissipar.

Eu avisei as sete colegas, que este último trecho até Jacarta deveria ser bem mais demorado, para nos desviar das cinza do vulcão que começou a vomitar e expelir a mais de dez quilômetros de altura tudo que dele saía. Dez minutos depois sentimos um brusco desvio, que até nos desequilibrou, pois eu Helen e Anne estávamos atendendo os chamados de alguns passageiros.

O aviso de “apertem os cintos” acendeu e o aviso sonoro do capitão: “aeromoças, em seus lugares”, sinal que não estava nada bem, pois este comando seco do comandante, indicava isso. Diana sentada ao meu lado, comentou:

- Acho que a cinza do vulcão nos pegou e eles estão tentando fugir dela.

- Mas como? Se fomos avisados com antecedência e o comandante disse que iria a contornar!

Nós não sabíamos o que tinha acontecido de errado, mas fortes ventos empurraram as nuvens de cinza para cima da gente e daí a manobra brusca de Robert, para fugir da densa coluna de cinzas vulcânicas e gases quentes que nos pegou em cheio.

Acho que desta vez a Pé de Coelho não funcionou, pois era evidente que os pilotos não estavam conseguindo tirar o Airbus A380 do meio das nuvens de cinza vulcânicas, pois eles estavam em descida acelerada e o pânico já estava se fazendo sentir entre alguns dos passageiros. Mesmo com o aviso para continuar presas em nossos acentos, tive de me soltar e ir procurar os acalmar, pois sei que basta poucos em pânico, para todo os outros os seguirem. As outras colegas seguirem o meu exemplo e conseguimos os acalmar.

Olhando pelas vigias, apesar de toda minha experiencia, fiquei um pouco assustada, estávamos a pouco metros do oceano. Robert fez isso, pois nesta altura ele deixou as cinzas lá em cima. Então, mesmo sem ser chamada fui até a cabine, saber como deveria agir nestas circunstâncias.

O que vi entre os pilotos me deixou aflita. Eles trabalhavam com evidente esforço nos comandos, que percebi não estavam obedecendo suas diretrizes.

- Pé de Coelho, não estamos nada bem. Os comandos foram prejudicados e não sei que conseguiremos chegar em Java. Volte para o salão e alerte as outras.

- Pois não, comandante!

obedeci imediatamente e avisei as outras, graças que todas eram aeromoças experientes e receberam relativamente bem o que lhes disse.

Foi aí que a merda fedeu, com o aviso do comandante:

“Tripulação, preparar passageiros para possível amerissagem”

Éramos em oito, mas no momento acho que agimos como se fossemos vinte, alertando a todos os 210 passageiros como deviam agir, vestindo os coletes salva-vidas sob os bancos. Em pouco tempo todos estavam vestidos com os coletes e nós os alertando como deviam se comportar.

Falei ao microfone: Não se afobem, o comandante falou em possível, talvez isso não aconteça.

Pelas vigias dava para ver que ainda estávamos uns 200 metros do nível do oceano Índico. Entretanto a aeronave deu uma sacudidela e desceu um pouco mais e agora a superfície estava bem mais perto, então pedimos que todos se inclinassem nas poltronas. A amerissagem aconteceria em instantes.

Foi aí que tudo aconteceu, um passageiro em total pânico se levantou e correu para a porta traseira e a destravou, lógico que sabia como fazer isso. Notei quando ele se ergueu e quase que adivinhei o que ele faria. Fui rápida, gritando que voltasse para sua poltrona. Entretanto quando o alcancei a porta já era, o puxei com força para que não se atirasse e vi as outras vindo me ajudar, mas ele lutou comigo e caiu no piso, mas eu também caí, mas para fora do avião. Graças que não bati na fuselagem e mergulhei na água fria na escuridão da noite. Puxei o cordão e o colete salva-vidas se inflou e me vi boiando no oceano Índico. Vendo as luzes do meu avião sumir no horizonte.

É, o Pé de Coelho, ainda funcionava, tardio, mas funcionava.

*****

Graça ao colete fiquei flutuando, com o horror me dominando por inteiro. Tinha ciência que seria questão de horas e eu seria apenas um ponto minúsculo sem vida na escuridão do imenso oceano. Minha aeronave, que desembarquei de maneira tão insólita, em sua emergência, não teria como avisar que eu não fazia mais parte da equipe de bordo.

Horas depois, subindo e descendo ao sabor das ondas, das aguas quentes do Índico percebi uma coisa enorme vindo em minha direção. O que primeiro me veio a mente é que seria uma baleia. Bobagem pois elas não flutuam como esta coisa. Foi então que com a proximidade, notei que era um barco e ele passou há uns dez metros de mim, sem ao menos notar o pontinho laranja à bombordo.

Sem forças para nada, senti que estava sendo envolvida e arrastada e custei a perceber que era uma espécie de rede. Sim era isso mesmo, uma rede de arrasto que seguia as luzes do barco pesqueiro e fui eu, A Pé de Coelho que eles pescaram.

Consegui me manter na superfície, puxada pelo colete salva-vidas. Já com o Sol saindo das águas, o barco pesqueiro parou e foram recolher a rede. Foi com enorme espanto que os pescadores viram enredado na rede de arrasto, um estranho “peixe”.... uma sereia, foi o que primeiro imaginaram. Descida no convés, no meio de um montão de peixes, logo viram que a sereia era uma mulher, vestindo um colete laranja.

Eu os olhei e sorri e consegui murmurar: “Sou eu... a Pé de Coelho e apaguei.

*****

Acordei e me vi sob um grosso cobertor e um dos homens ao meu redor falou com os outros, apontando em minha direção. Não entendi o que falava, apesar de ser fluente em seis idiomas. My name is Andréia - Meu nome é Andreia - Mi nombre es Andreia - Mein Name ist Andreia - Je m'appelle Andreia. mas nada consegui e desisti de me comunicar com eles.

Pela pele morena e cabelos lisos os classifiquei como pescadores nativos das muitas ilhas do Índico. Eles falavam em um dialeto dos muitos existentes nas centenas de ilhas. Um pescador entrou no recinto trazendo uma caneca de metal e se inclinou e fez sinal de que deveria beber o conteúdo da caneca, que de tão quente saía fumaça.

Quando procurei me levantar para aceitar o que achei ser um chá, o cobertor escorregou e só então percebi que estava nua. Eles me despiram das roupas molhadas, foi o que achei. Segurei a caneca com uma mão e com a outra puxei o cobertor para encobrir os meus seios. O chá é amargo, mas reconfortante para o meu corpo castigado pelas água por tanto tempo. Em cima de um banco, vi minhas roupas e o colete laranja. Aquecida e chorando, procurei agradecer aos pescadores, que calculei em seis, ao menos era os que estavam em volta de mim, mas que depois soube que eram 12.

Voltei a dormir e muito depois, me senti bem melhor e então me levantei e vesti minha roupa, o belo uniforme de aeromoça de minha empresa, que no momento não estava nada belo e para me proteger um pouco vesti o colete laranja, o meu salvador. Nas rústica cabine do mestre, não havia nenhum comunicador então eu estava incomunicável e acho que todos me imaginavam morta.

Queria que eles aportassem em algum lugar para avisar que viessem me buscar, mas se sem nos entendermos, fica impossível pedir que fizessem isso, nem por mímica, Acho que só com os porões cheio de pescados é que iriam para a ilha deles. Desiludida voltei para cabine e comecei a chorar, pois é só o que podia fazer esperar que lotassem logo o porão de peixe.

Durante a noite, me sentindo incomodada, despertei. Com horror percebi que estava nua e que um dos pescadores estava pelado tentando entrar em mim. Mesmo esperneando e gritando ele conseguiu me penetrar. Ele fedia a peixe, deitado por cima de mim, gemia de prazer enquanto entrava e saía da minha boceta. Esporrou uma grande quantidade de semen e logo se levantou e saiu. Mas logo outro entrou e começou a se despir, então em pânico, percebi que seria estuprada por todos os pescadores e eles eram em doze. Deixei de lutar depois deste segundo e permaneci passiva. Foi uma coisa terrível, um a um eles vieram e me fuderam.

Coisa interessante que observei, nenhum fez sexo anal ou oral, nem me beijou ou mordeu. Não me batiam e apenas vinham, gozavam em mim e iam embora. Acomodada com isso e sem opção, me acostumei a ter sempre um dentro de mim, seja a qualquer hora, do dia ou da noite e ao fedor de peixe que deixavam em mim. Juro que não sei o que aconteceu, pois passei a sentir prazer e não raro tinha orgasmos e gemia me agarrando a quantos me tinham. Coisa estranha e incompreensível, mas foi o que ocorria, pois era homens rudes e nem um pouco bonitos, alguns velhotes, barrigudos e até desdentados e Há anos sem tomar banhos.

Mas acho que a fêmea saudável e que sempre gostou de sexo, falou mais alto que minha consciência e mesmo com todos os pros contra, passei a ser participante ativa do sexo com os doze pescadores e apesar de não aceitarem muito bem, os instrui em lamberem minha boceta e eu os chupava com gula. Acho que depois disso, introduzi no meio destes toscos nativos, a prática do 69.

Falei em sexo durante todo o tempo em que permaneci a bordo e foi isso mesmo, pois como eram em doze e eles se revezavam em mim e, desta forma, eu quase que não tinha uma hora livre para me lavar e no terceiro dia, eu fedia mais que eles. Entretanto desta vez a Pé de Coelho, não falhou e me vi acolhida e salva por estes rudes homens e eu retribuí lhes oferecendo o meu corpo.... na realidade, eles não me deram opção.

Foi no terceiro dia que tudo mudou novamente. Já era noitinha quando o “nosso” barco se viu em meio uma forte tempestade, com chuva, raios e trovões e principalmente ondas enormes que faziam o pesqueiro rolar no sabor das cristas das ondas. O gordo “Pau de minhoca” (apelido que lhe dei, por motivos óbvios),saiu de mim e correu para o passadiço.

Eu que nunca enfrentei tempo tão ruim voando, agora, aqui em baixo, me mijava de tanto medo. Mas algo dentro de mim, me fez lembrar que além da Fêmea no cio, havia também a Pé de Coelho, a aeromoça chefe e, que tinha de tomar decisões e não ficar se cagando covarde numa cabine que nesta altura estava alagada. Num impulso pulei do beliche e fui me vestir, desde a calcinha, sutiã e a saia e blusa, meu “uniforme” de aeromoça e coloquei o meu querido colete laranja e corri para o passadiço onde os pescadores lutavam para manter integro o pesqueiro.

Foi numa dessas subidas e decida nas cristas das ondas que me vi voando para longe do barco e mais uma vez estava eu, a Pé de Coelho, um pontinho laranja flutuando no imenso Índico, três dias depois de ser “expulsa” do meu avião. Entretanto desta vez a sorte foi madrasta comigo, pois ao voar para longe do pesqueiro, me choquei contra o mastro da rede de rastro e minha cabeça foi par um lado e meu corpo para o outro. Só ao bater contra as ondas é que as minhas duas metades se juntaram novamente.

Dai e não sei o que aconteceu, e só vim tomar conhecimento dos fatos quando acordei, dois meses depois, na cama de uma clínica em Melbourne na Austrália, cercada de muito cuidado e carinho por toda equipe médica e foi assim que fiquei sabendo, pelo relato das enfermeiras e pela mídia:

“Um pontinho laranja flutuando nas águas, do agora sossegado Índico, foi avistado a estibordo do enorme iate de bandeira australiana “Gull of the Seas”. De imediato quase uma centena de olhos e binóculos convergiram para o inusitado achado. Uma náufraga, mais estranho ainda, quando o escaler trouxe a bordo, a mulher que vestia um surrado uniforme e o colete laranja tinha as sigla de uma conhecida empresa de aviação com sede nos Estados Unidos. A mulher com idade estimada em 30 anos apresentava um ferimento no crâneo e os médicos de bordo informaram que ela, provavelmente não poderia prestar nenhuma informação tão cedo. Como não era conhecido nenhum acidentes de avião no Índico nestes dias, de onde vinha esta mulher? Transmitida esta informação, para Melbourne e Londres, a cia, aérea, custou a acreditar, achando quase impossível, mas para os fatos não pode haver contestação. Há 4 dias, uma de suas aeronaves, milagrosamente conseguiu fazer amerissagem nas proximidades de uma praia da Indonésia, tão rasa ficou o avião, que todos os passageiros e tripulantes foram salvos. Entretanto num incidente a bordo, a aeromoça chefe foi “cuspida” da aeronave. Seu nome Andréia di Leirem, conhecida como “Pé de Coelho”. Totalmente impossível que uma pessoa sobreviva tanto tempo no oceano com apenas um colete salva-vidas, e ainda com ferimento tão grave na cabeça”

*****

Quando uma equipe de investigação do NTSB – National Transportation Safety Board, em conjunto com o FAA – Agência Federal da Aviação, órgãos encarregados de investigar todos os acidentes de aeronaves civis dos EUA, veio entrevistar a Andréia di Leirem, ficaram frustrados, pois a Pé de Coelho, como ficou atestado, não tinha nenhuma lembrança do incidente de que fora vitimada, acometida por amnésia retrógrada: Perda de memória para os eventos antes do evento que causou a amnésia.

Quando, uma aeronave hospital a levou de Melbourne para Londres, onde reside, no Aeroporto Internacional de Heathrow de Londres, centenas de colegas seus, de pilotos, aeromoças e pessoal de apoio, estava lá para a receber a agora famosa mundialmente Pé de Coelho.

Até hoje, ninguém foi capaz de decifrar como foi possível Andréia sobreviver quase quatro dias flutuando nas águas do oceano Índico.

(Mas nós sabemos, caros leitores)

FIM

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