— Bem-vindo ao Atlético de Passos, garoto. Trabalhe duro que você vai estourar... Darlan, se Deus quiser, aqui começa mais um grande negócio para todos nós.
— Obrigado, Presidente. Agradeço o esforço do clube e a oportunidade.
— Tenho certeza que sim, Seu Mário! O garoto tem bola no corpo, ainda vai jogar nos grandes da Europa.
“Tomara que sim” pensei enquanto ria junto ao meu empresário e o presidente do primeiro grande clube com quem eu assinava. Ok, era a série B, mas a B do Campeonato Brasileiro e não de um estadual que ninguém liga. Agora era tudo comigo. Esse é o meu trampolim. Se eu fizesse uma boa temporada, poderia terminar o ano em um time da série A.
Eu me chamo Lucas Santos. Tenho 20 anos e sou do interior de Goiás, onde nasci, cresci e fiz escolinha de futebol desde menino.
Em termos de aparência física, sou relativamente alto, com cerca de 1,84. Tenho cabelos curtos e castanhos, sobrancelhas firmes, marcantes e negras que emolduram meus olhos também castanhos e algumas sardinhas espalhadas no nariz e bochechas. Minha boca é ligeiramente carnuda e gosto de deixar a barba por fazer. Já meu físico é bem definido, refletindo a minha dedicação à rotina de treinamentos intensa e dieta balanceada.
— Lucas, Darlan, vou ter que entrar agora em uma reunião. Muito bom fazer negócio e história com vocês. Pimenta, você leva o garoto no marketing para fazer as fotos?
— Claro! Vamos? - respondeu prontamente Pimenta, executivo de futebol do meu novo clube. Me despedi de Darlan, meu empresário, e acompanhei o outro homem.
— Já está hospedado e ambientado? - ele perguntou puxando assunto.
— Por enquanto estou em um hotel, mas próxima semana quero alugar um lugar pra mim.
— Alguns jogadores costumam dividir apê, quem sabe você não racha com algum deles?
— Quem sabe…
O marketing era menor e menos descolado do que eu imaginava. Uma sala com cara de departamento de repartição pública. De um lado, uma mesa com um computador. Do outro, um mini estúdio de fotografia e uma porta branca no canto, que deduzi ser o banheiro, e de onde saiu um homem jovem, magro e bem vestido de um jeito que mais parecia um daqueles executivos que circulam pela Avenida Paulista.
— Bom dia, Pimenta!
— Bom dia, Alezinho. Vim deixar esse moço aqui pra fotografar Esse é o Lucas, a nova joia do clube!
— Bom dia - falei meio tímido.
— Tenho que ir agora. Você está em boas mãos, Lucas. Alezinho, faz um tour com ele e apresenta as instalações?
— Claro! Mas, primeiro, as fotos! Aqui, acho que esse serve - disse ele me entregando um uniforme do clube.
— Onde eu me troco?
— Aqui? Como todo jogador? Mas pode usar o banheiro. Só não inventa de fazer isso no vestiário, ou os caras vão tirar sarro de você.
Senti minhas bochechas corarem pela pergunta estúpida e comecei a me trocar ali mesmo.
— Hoje, depois que eu postar sobre a sua contração, vai pipocar de maria chuteira no seu direct. - ele falou em tom de sacanagem.
— Errh... obrigado, eu acho. - respondi novamente sem jeito.
— Mas isso aconteceria mesmo que você fosse feio. Essa é a vantagem de ser jogador de futebol: não importa se você é galã ou não, sempre vai pegar mulherão!
— Esse não é meu foco. – respondi determinado.
— Não gosta da fruta? - ele falou sem dar muita importância, como quem pergunta as horas.
— Claro que gosto! Só estou dedicado à minha carreira nesse momento! – esbravejei na defensiva.
— Sem problemas, só estou avisando. Mesmo sendo um time interiorano e que joga a B, tem sua torcida e importância. Você vai perceber e sentir o assédio. Todos eles.
— Como assim?
— Você vai descobrir com o tempo. Mas tenho certeza de que vai se sair bem. É só questão de adaptação. E se precisar de qualquer coisa, conte comigo para ajudar.
— Hmm... Ok. Obrigado. Alezinho, né?
— Hahahahaha pode chamar de Alessandro mesmo. Só o Pimenta ainda me chama assim. Apelido de infância... ele é muito amigo do meu pai, então me viu crescer. Mas, vamos as fotos!
Após alguns cliques, Alessandro tirou umas duas horas para me apresentar a estrutura do clube e seus profissionais. Apesar da primeira impressão, ele estava sendo legal e atencioso.
Comparado ao meu ex-time de formação, o Atlético era um SPA de luxo. Equipe de saúde completa; academia novinha; refeitório; e um armário só meu no vestiário.
— Agora tenho que voltar aos trabalhos. Ainda tenho aquele seu post para soltar.
— Opa! Brigadão, viu, Alessandro.
— A gente se vê por aí!
***
Como Alessandro havia comentado, aquela noite meu direct foi inundado por mensagens. Não só de mulheres, mas também de homens. Mas o que eu realmente não imaginava era receber aquela quantidade de conteúdo pornô livremente, sem nem um “oi” antes ou algum sinal da minha parte.
Bem, como eu estava só e entediado em um quarto de hotel, aproveitei para fazer um carinho no meu garotão, enquanto apreciava fotos e vídeos dos mais variados: lindos e fartos pares de seios; um delicioso boquete feito em consolo azul – a cor do clube – veiudo de uns 20 cm; algumas siriricas com takes quase intrauterinos; duas gatas dividindo o mesmo consolo – também azul – cada uma com uma ponta socada nas suas respectivas bocetas que se ralavam numa esfregação sem fim e até um rabão lisinho com marquinha e um cuzinho rosa que seria dos mais lindos se não fosse de um macho.
Dei umas duas jatadas, tomei um banho e na cama refleti: “não imaginava que a vida mudaria tanto e tão rapidamente assim... imagina jogando em um dos grandes... é por isso que tenho que manter o foco e concentração! Não posso me desviar.
***
Minha primeira semana foi um misto de sensações e emoções. O grupo era bem fechado, e como vim para disputar posição, senti uma certa rejeição por parte de alguns cascudos que, notei terem ótima relação com o técnico.
Fiquei um pouco mais próximo do Gustavinho e Vandrei, um carioca e um paraense que também haviam chegado naquela janela e estavam dividindo apartamento. Além do Alessandro, que apesar de eu não ter longos contatos, sempre tirava uma onda durante os treinos que ele costumava fotografar e filmar para usar nas redes sociais.
E por falar em treinos, eram bem mais pesados e intensos do que eu estava acostumado. Não bastasse, o Professor estava me testando como segundo volante, quando toda vida atuei como
primeiro. Por isso, comecei a ficar no clube depois das atividades para treinar mais em separado.
Já passava das 17h daquele dia e eu estava no vestiário pelado e recém-saído do banho, quando Alessandro entrou. Em um pulo rápido puxei a toalha e enrolei na cintura:
— Quer me matar de susto, sô! Tá fazendo o que aqui a essa hora? – falei espantado.
— Eu poderia perguntar a mesma coisa – respondeu rindo – minha academia teve um problema de infiltração e não vai abrir pelas próximas semanas, então vou ficar usando a do clube – concluiu levantando a mão e mostrando uma pequena mala preta.
— Eu sempre estou ficando para dar um gás a mais no meu treinamento...
— Hmmm... E tá tudo bem? Como você tem se saído?
— Confesso que achei que iria disputar vaga como primeiro volante, mas o Professor insiste em me testar como segundo... Acha que eu posso render mais pelas minhas características...
— O Gazão costuma ter bom olho pra essas coisas mesmo. Lembra do Fábio que foi lateral esquerdo no São Paulo e hoje joga no Lyon?
— Sei sim.
— Foi aluno dele lá atrás, no sub-15 do Sportivo. Chegou como meio-campista e o Gazão brigou até com o Presidente de lá insistindo que ele tinha pinta de lateral esquerdo. O resto é história...
— Eu confio no trabalho do Professor. Mas preciso fazer mais se quiser me fixar numa posição que não sou acostumado a jogar.
— Sem sombra de dúvidas. De toda forma, se precisar de algo, eu posso te ajudar, tá?
— Como assim “me ajudar”?
— Como você precisar, uai – respondeu rindo ao mesmo tempo que começou a desabotoar sua camisa.
— Owww, quê isso! – exclamei apontando com as mãos para a cena.
— Você não espera que eu malhe de jeans e camisa de botão, né?
— Ah, sim! Certo, claro... verdade. Obrigado, Alessandro. Agora já vou indo.
— E vai assim? – agora foi ele que apontou para mim ainda apenas enrolado na toalha com deboche.
Dei de ombros e comecei a me vestir, enquanto ele se despia:
— Falou, Alessandro.
— Valeu, Luquinhas. E ó, falando sério: conte comigo pro que precisar.
— Tá... Você também... Tchau.
***
Aquela noite fiquei pensativo. O que o Alessandro quis dizer com aquilo de ajudar? Será mesmo que o carinha do marketing teria tanta moral assim? Além do mais, eu tinha quase certeza de que ele era frango. Apesar de não dar tanta pinta, era um cara claramente sofisticado para aquele meio e sempre vinha com uns papos aviadados. “Mas quer saber? Foda-se! Sei que sou bom jogador, dedicado... É tudo questão de tempo", repeti para mim mesmo em minha cabeça.
***
Na semana seguinte, a melhor coisa que o aconteceu foi a mudança para dividir apartamento com Gustavinho e Vandré, seus companheiros de time. Ter amigos para conviver, desabafar e resenhar era um salto de qualidade de vida, mesmo as coisas não indo tão bem em capo. Ele estava tendo dificuldades de jogar na nova posição e desse jeito nem para reserva imediato a dita-cuja joia serviria.
Os encontros com Alessandro na academia no fim do ficaram frequentes e também eram um alívio, de forma que se faziam companhia e se ajudavam nos treinos. O colega inclusive há muito insistia para que ele falasse para o técnico sobre não estar confortável jogando naquela posição, mas Lucas não queria “demonstrar fraqueza”, segundo ele mesmo.
***
À medida que o tempo passava, as chances de conquistar a titularidade se distanciavam mais: ele agora era a terceira opção para a posição que detestava jogar.
— Que cara de cu é essa? - indagou Alessandro naquele dia, ao chegar na academia.
— Porra, tá foda, se eu não jogar na minha posição, vou acabar me queimando e perdendo a oportunidade da minha vida!
— Cara, quantas vezes eu já te disse: se precisar de ajuda, me fala, me pede, mas você prefere ficar puto e se matando.
— Tá, e o que você pode fazer? Me fala! Vai convencer o Professor a fazer isso?
— Talvez... se você pedir. – Alessandro falou em tom provocador.
Lucas não sabia exatamente o que estava acontecendo ali, apesar de desconfiar. Mas, o que não entrava ne mente dele é como Alessandro poderia influenciar nisso. Ah, quer saber, ele iria pagar para descobrir. Se o amigo pudesse mesmo mexer os pauzinhos, que mal teria?
— Ok... Eu queria que o Professor começasse a me testar em minha posição de origem...
— Ok. Considere feito. Bora treinar?
***
Não sei o que ele fez ou com quem falou, mas fato é que na semana seguinte, finalmente, o Professor passou a me escalar em minha posição de origem nos treinos e eu logo tratei de mostrar porque merecia o lugar como titular. O problema era a concorrência. Além da posição já ter dono, Anderlan era um jogado que vinha de boas temporadas, tinha moral com a torcida e, principalmente, com o Professor. Mas, enfim, um passo por vez. Seja lá como, Alessandro parecia mesmo ter mais influência do que eu imaginava e eu não via a hora de saber como ele tinha conseguido aquilo.
Finalmente o meu terceiro turno havia começado quando Alessandro entrou já na maior resenha na academia:
— De nada! - falou o em tom triunfal enquanto entrava.
— Então foi você mesmo? Como fez isso?
— A ordem dos fatos não altera o resultado. Está feito.
— Tá, mas, como você conseguiu? Tipo, com todo respeito, mas você é só o cara do marketing.
— Pelo jeito o cara do marketing falou mais alto do que o seu futebol de promessa... – bradou com deboche que feriu meu ego.
— Olha aqui... – falei com raiva apontando o dedo pra ele que me interrompeu.
— Quem começou a descer o nível foi você. Você, que joga muito, mas que não pense que isso basta. O Anderlan também é bom e tem a preferência. As coisas aqui vão além de só ter bola no pé, garoto. E só para esclarecer, se quiser mais favores do “cara do marketing”, eles não vão mais sair de graça.
— Como assim “não vão sair de graça”? Está me cobrando dinheiro? E aquele papinho de “me ajudar”? – respondi tremendo de raiva e me sentindo patético.
— Eu te ajudei, não cobrei absolutamente nada por isso e você vem me diminuir ao invés de agradecer? Além do mais, quem falou de dinheiro? Acha que isso é problema para mim?
— Ok, talvez eu tenha me expressado mal, mas não quis ofender. Eu sou do mato, sô, cê sabe. Só queria entender como conseguiu algo assim...
— Você é um jagunço roceiro mesmo... – ele disse batendo em meu peitoral dando uma leve beliscada em meu mamilo que ficou duro.
— Mas frango eu não sou! – respondi com um solavanco para trás, como que ativado pelo seu toque.
— Tenho certeza que não. E quer saber? Receber uma punheta também não tornaria você menos homem... Por outro lado, poderia te abrir muitas portas.
— Alessandro... eu não sei nem o que dizer – respondi consternado com aquela conversa. Por mais que eu desconfiasse da sua sexualidade, nunca tinha o visto como esse predador. Achava que éramos amigos.
— Não precisa falar nada. Presente dado não é cobrado. Você recebeu a oportunidade que queria. Pode contar só com as suas habilidades e a sorte ou ter uma mãozinha minha. Literalmente. Mas se não, tudo bem também. A amizade continua, nada muda.
— Acho que já mudou. – respondi seco e sai sem rumo. Eu já tinha ouvido histórias assim, mas estar no centro de uma era diferente. Eu estava sentindo muitas coisas e precisava de um tempo para tranquilizar minha mente e coração.
***
Esse é o primeiro episódio dessa série que ainda não sei quantos capítulos terá. Deixe suas estrelas e comente o que achou para eu saber se devo continuar.
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