Contratados: O Prazer - Capítulo XII

Um conto erótico de KaMander
Categoria: Gay
Contém 8641 palavras
Data: 25/04/2023 01:15:21
Última revisão: 27/04/2023 23:28:51

CAPÍTULO XII

*** EDUARDO ***

A ROUPA É DIFERENTE de qualquer coisa que eu já tenha usado antes. O tecido preto se ajusta ao meu corpo, não de forma justa, mas abraçando. O corpo, que eu sempre achei magro demais, agora, parece sensual.

Meus cabelos estão semipresos com uma trança, deixando meu rosto bem exposto.

Sapatos social, pretos, e a mesma sensação que experimentei há dias atrás, quando me encarei no espelho depois que voltei do Spa, me assombra agora. Tão bonito, tão não eu... Mas, hoje, há algo a mais em minha mente. Eu posso não me parecer com quem eu sempre fui, mas eu, certamente, gostaria de me tornar quem eu me pareço agora. É um avanço, não é?

Respiro fundo e pisco meus olhos para o meu próprio reflexo no espelho. Levo um pouco de gloss até os lábios, espalhando-o com cuidado, para ressaltar meus lábios rosa, morrendo de medo de tremer as mãos e fazer uma lambança.

Mas em meu atual estado de nervos, é impossível não temer me borrar, já que minhas mãos estão muito longe de estarem firmes. É a primeira vez que João e eu sairemos em público. Um jantar. Um jantar de negócios em que meu papel será simples, em suas palavras, eu devo interpretar seu assistente pessoal para que tudo se torne menos entediante...

Mesmo com o ar condicionado em 16º, sinto o suor brotando em minha nuca e testa, e andar com esses sapatos de bico apertado, algo que já seria naturalmente difícil por eu estar desacostumado, se tornou um verdadeiro desafio. Eu seria capaz de implorar para não precisar ir a esse jantar, mas João deixou claro que essa não é uma possibilidade.

Nos últimos dias, encontramos uma rotina. Ele não tem um horário fixo para chegar em casa, nem mesmo durante o fim de semana, quando, ou ele trabalha de casa, ou vai ao escritório. Mas se há algo certo em seus dias, são suas visitas ao meu quarto quando se libera do trabalho, nunca estivemos juntos no seu. Na verdade, eu sequer sei como é lá. Já pensei em entrar enquanto ele está trabalhando, só para matar minha curiosidade, mas algo sempre me impede, eu só não sei o que é, covardia, talvez. Todas as noites desde a minha segunda nesta casa, ele vem.

Esses momentos são, ao mesmo tempo, o que eu desejava que fossem, e muito mais do que eu poderia imaginar ter. João é dedicado, carinhoso, cada toque em meu corpo me diz coisas que eu jamais imaginei que ouviria. Seus beijos me dizem o quanto me deseja, seus dedos me dizem o quanto me adoram, seu corpo faz eu me sentir venerado quando está sobre ou sob o meu. Todas as noites, sem exceção, ele passa horas comigo, e quando eu estou exausto, e ele satisfeito, João se despede, indo dormir em sua própria cama.

Sentir-me assim era exatamente o que eu esperava quando decidi que dizer sim para ele era o que eu queria e, portanto, o que eu faria. Mas, ao mesmo tempo, eu nunca teria imaginado tanta intensidade. Não precisei de muito tempo para perceber que estava sendo tolo em minhas afirmações de que era apenas sexo, algumas noites foram mais do que o suficiente. Porque não é. É mais. É me sentir quase cultuado enquanto sua boca beija cada centímetro da minha pele, seus olhos me devoram e seu membro me preenche. Eu jamais seria capaz de entender isso, não antes de experimentar.

No momento em que o vi, eu soube que queimaria. No instante em que senti seus lábios nos meus pela primeira vez, eu tive certeza que esse fogo me dominaria, mas, é só agora, sabendo como é me sentir sua, que uma certeza cada vez maior toma conta de mim, a de que ele vai me consumir.

Mas o sol sempre vem. E, junto com ele, a sensação de abandono e solidão.

Porque eu podia estar errado em classificar o que quer que esteja acontecendo entre nós dois como apenas sexo, mas não estava em me lembrar de que, não importava quanto tempo ele passasse comigo, eu continuaria sozinho, e a forma como João age não deixa nenhum tipo de dúvida sobre isso.

É quase como se ele fosse duas pessoas diferentes. Uma, durante a noite, quando está na cama comigo, grunhindo que sou seu, e me deixando sentir que é meu. Outra, quando o dia amanhece e eu passo a ser apenas alguém a quem ele dá ordens que gosta de ver sendo cumpridas. Sejam elas uma ida ao spa, o uso de ums sunga, ou estar presente em um jantar ao qual eu não tenho absolutamente nada a acrescentar.

Pronto, saio do banheiro e caminho até a varanda do meu quarto. Me debruço sobre o guarda corpo e observo a lua, hoje, cheia, bonita e amarelada. Expiro com força, expulsando o ar dos pulmões só para enchê-los novamente com o ar gelado da noite. Passo algum tempo assim até ouvir as batidas suaves na porta que me fazem sorrir.

Dona Laura... ela é sempre tão gentil.

E eu, honestamente, não consigo entender seu horário de trabalho. Às vezes acho que ele se parece muito com o meu, porque tenho a sensação de que ela está por aqui o tempo todo, mesmo sabendo que não está, ela nem mora aqui.

− Seu Eduardo, Luiz está te aguardando lá embaixo. -diz, assim que abro a porta, e reviro os olhos para sua insistência em me tratar por senhor. Ainda não consegui convencê-la a me chamar apenas de Eduardo, e eu nunca me lembro de perguntar a João o que foi que disse a meu respeito para ela, estamos sempre muito..., ocupados...

− Obrigado, Dona Laura. -respondo, dando ênfase à palavra dona e ouço sua risada antes que ela vire as costas e ande na direção do andar de baixo enquanto sacode a cabeça em negação.

****************

Preciso de todo o meu autocontrole para que meu queixo não vá ao chão assim que coloco meus pés no restaurante. Uma única palavra define o lugar: dourado. O restaurante tem luzes amarelas que saem de vãos nas paredes e deixam tudo amarelado, como ouro. É incrível e o luxo está em todos os lugares. Nas mesas, cadeiras, nas louças, e antes mesmo que eu abra a boca, a recepcionista já disse meu nome e está andando à minha frente, esperando que eu a siga até a mesa em que João Pedro está.

Eu o vejo muito antes de o alcançarmos. Lindo. Como um homem consegue ser tão obscenamente lindo? Não o vi sair pela manhã, como sempre, eu estava dormindo, exausto, e quando acordei, ele já havia ido trabalhar havia um bom tempo. Mas eu nunca vou me cansar de vê-lo dentro de um dos seus ternos quando ele está perfeitamente arrumado.

Hoje ele veste um azul marinho com riscas xadrez impressionante. É, ao mesmo tempo, formal, e completamente diferente do que estou acostumado a ver outras pessoas vestirem, mesmo na internet, na televisão ou nas revistas. A barba, perfeitamente desenhada em seu rosto, dá a ele uma expressão séria que faz a zona baixa do meu corpo se contrair. Seus cabelos estão penteados para trás e levemente bagunçados, porque ele tem o péssimo hábito de passar as mãos por ele quando está irritado, cansado, nervoso, bem, a quem eu estou querendo enganar? Ele passa as mãos pelos cabelos por absolutamente qualquer razão... O pensamento me faz sorrir, e é assim que seus olhos me encontram quando ainda estou uns bons metros distante da mesa.

Ele fixa seu olhar em mim, acompanhando cada passo que dou e, se antes, senti-me contrair apenas olhando para ele, tê-lo olhando para mim faz eu sentir minha cueca melar e minha respiração descompassar. De repente, andar se tornou muito difícil e eu preciso realmente me concentrar para não me estabacar no chão. Tão intenso, depois de dias em sua cama, eu consigo ler perfeitamente o desejo em seus olhos. Aqui, agora. João me quer.

Finalmente alcanço a mesa redonda preenchida por 5 homens além daquele que me queima com os olhos, ele se levanta e, seguindo-o, os outros fazem o mesmo. Então, me dou conta de que não é apenas a primeira vez que estarei em público com João, mas é também a primeira vez que o verei interagir com outras pessoas além de mim e seus funcionários. Mas, por alguma razão, o fato de todos ao seu redor o seguirem não me surpreende, afinal, é exatamente o que eu faço, não é?

− Boa noite. -cumprimento a todos os presentes com um sorriso amigável no rosto e sou igualmente saudado.

− Senhores, este é Eduardo Porto, meu assistente. Como eu disse, ele se juntará a nós para o jantar. -João anuncia, e o próximo a falar é um homem loiro de meia idade muito bonito, porém, a forma como ele me olha não me agrada.

− Essa mesa estava mesmo precisando de algo bonito e interessante. - declara em tom divertido, no entanto, seus olhos deixam claro que não se trata de uma piada. O garçom puxa a cadeira ao lado de João Pedro para que eu me sente, e, junto comigo, todos fazem a mesma coisa.

− Você acha que os contratos que estamos discutindo são desinteressantes, Heloi? Porque se for o caso, eu posso encontrar outro fornecedor e nós encerramos essa reunião imediatamente, assim, você pode fazer qualquer coisa que te interesse mais do que fechar um negócio de um milhão de reais. -É a resposta seca e direta dada por João ao homem loiro, e eu faço um esforço descomunal para não arregalar meus olhos, ou engasgar com a minha própria saliva.

Dou graças a Deus por já existir um copo de água diante de mim, e o levo à boca para disfarçar meu choque com as palavras duras de João dirigidas a um homem que trabalha com ele, e, na mesma medida, pelo valor de um contrato que está sendo discutido durante um jantar em que estou presente.

O homem ri, forçadamente, antes de responder.

− Não seja ranzinza, João Pedro. Foi só um elogio.

− Aconselho que, de agora em diante, guarde seus elogios para você, Heloi.

Sem fazer ideia de como me portar diante da situação que se desenrola à minha frente, me agarro ao copo de água como se ele fosse um bote salva vidas.

Tomo goles lentos e longos, como se o líquido insípido, incolor e inodoro fosse um verdadeiro néctar dos deuses, e com o canto dos olhos, percebo um segundo homem sentado à mesa, quase de frente para mim, que diferente dos demais, não está atento ao embate que se desenrola entre João e o tal Heloi. Não, o alvo de sua atenção sou eu. Ele é bonito, não como João. Afinal, ninguém é como ele.

Mas o homem tem uma beleza espetacular.

Seu terno, cor de chumbo, é o único dentre os que estão sentados à mesa que possui três peças. Sua pele é morena, bronzeada, deixando claro que ele pega muito sol. Seus cabelos não estão penteados para trás ou arrumados. São ondas curtas, soltas e revoltas que dão a ele um charme diferente, a impressão que me causa é de que ele é um homem travestido de menino. E seus olhos, Deus! O que há de tão certo com os olhos desses homens ricos? Os dele são de um castanho chocolate enlouquecedor, afinal, que mulher, em sã consciência, não é louca por chocolate? Quando se dá conta de que ganhou minha atenção, ele sorri de canto e pisca um olho para mim.

Meu rosto esquenta, pisco os olhos várias vezes, como se, de repente, uma tempestade de areia os tivesse atingido e desvio o olhar imediatamente, percebendo que durante meus devaneios, seja lá como, o embate entre João Pedro e o homem loiro se resolveu. A conversa na mesa é retomada e eu tento acompanhá-la, mas é inútil. Por mais que eu realmente queira, entendo muito pouco do que é dito, quase nada. E, só por isso, a vontade de entender cresce cada vez mais em meu subconsciente. Não gosto desse papel de ignorante. Eu não teria me importado algumas semanas atrás, mas naqueles dias eu jamais veria no espelho o reflexo que vi hoje.

Eu não quero voltar a ser quem eu era, e percebo que isso está muito além da aparência.

− Certo, Eduardo? -É só quando ouço meu nome que me dou conta de que se dirigiam a mim. Olho para o moreno de barba rala ao meu lado e sorrio gentilmente, tentando, com desespero, me lembrar do que estavam falando antes de eu me perder em minha própria cabeça. Mas o homem com jeito de menino vem em meu socorro.

− Pode confessar, a gente promete te proteger! Trabalhar para o João Pedro é terrível, não é? -Pergunta, me dizendo, sem que ninguém perceba, qual é, afinal, a pergunta que se espera que eu responda.

Mas, antes mesmo que eu tenha a chance de abrir a boca, ele mesmo volta a falar.

− Se você decidir que está cansado de trabalhar pra ele, a qualquer hora, a qualquer dia, eu tenho um emprego pra você! -Sorri e pisca um olho, me livrando de responder à pergunta, e, ao mesmo tempo, me constrangendo em níveis estratosféricos, porque ele não faz ideia do que acabou de sugerir.

Engulo em seco e levo meus olhos até João, o que vejo exige de mim todo o jogo de cintura que tenho para não desabar diante do olhar gelado que ele me dirige. Colo o melhor e mais adequado sorriso que consigo no rosto antes de falar.

− Ele não é tão ruim quanto parece e, na maioria das vezes, é melhor do que deveria. -Todos ao redor riem, exceto João e o maldito homem sentado de frente para mim, que insiste em me olhar como se compartilhássemos um segredo: − Eu agradeço sua oferta, mas estou bem onde estou. -Digo para ele e meneio a cabeça, encerrando o assunto, mas João Pedro parece pensar diferente.

− Parece que não vai ser dessa vez, Bruno... -comenta e, ao olhar para ele, noto um sorriso irônico em seu rosto, um que eu nunca tinha visto antes.

− Ainda não... Mas a minha proposta continua de pé, Eduardo. Quando você quiser...

− Quando é que você vai aprender a perder, Bruno? -João pergunta, recostando-se em sua cadeira em uma postura, aparentemente, relaxada. Mas eu já estive nu nos braços desse homem vezes o suficiente para saber que essa não é sua postura relaxada.

− No mesmo dia que você. - responde, imediatamente e, de repente, a tensão que toma conta da mesa é tão grande, que pode ser sentida por absolutamente todos ao seu redor. João Pedro ri. Um riso seco, falso, que diz muito mais do que qualquer palavra que ele pudesse usar. Sugere que ele não sabe perder, porque nunca perde. Enquanto o outro, Bruno, já deveria ter se acostumado a esta altura do campeonato.

Felizmente para os homens, o garçom chega com os pratos, quebrando o clima tenso ao distribuir o jantar de cada um, mas eu não tenho a mesma sorte, porque é como se o corpo ao meu lado me lançasse as adagas que os olhos de João não podem, por precisarem prestar atenção em outras coisas além de mim. Não escolhi o que comeria, quando cheguei, os pedidos já haviam sido feitos. João escolheu uma massa, graças a Deus! Tudo o que eu não precisava era algo que me faria passar vergonha.

Durante a refeição, o grupo de homens volta a conversar sobre negócios e eu me mantenho atento, fixando em minha mente algumas palavras sobre as quais gostaria de pesquisar depois, e fazendo notas mentais de coisas que quero perguntar a João, mesmo sem saber como, exatamente, ele vai me tratar depois desse jantar. Porque se há algo claro para mim, é que não vai ser como sempre. Eu sinto sua irritação me atingir em ondas sem que ele nem mesmo esteja olhando para mim, ou falando comigo. Como isso é possível?

Ao terminar meu prato, decido ir ao banheiro antes da sobremesa, se é que haverá uma. Se as outras pessoas na mesa estiverem tão incomodadas com o clima que se instalou quanto eu, provavelmente, vão sair correndo daqui na primeira oportunidade. Mas, para ser sincero, eu não tenho ideia se todos os assuntos pautados já foram discutidos, o que só faz com que eu precise me afastar ainda mais da sensação sufocante que emana de João até mim, nem que seja por apenas alguns minutos.

Depois de pedir licença, caminho até o banheiro nos fundos do restaurante, distante o suficiente de nossa mesa para que eu possa respirar fundo e me distrair com a beleza do lugar enquanto caminho até ele. As mesas de diferentes formatos são cobertas por toalhas brancas e rodeadas por cadeiras que mais parecem poltronas. A luz amarelada, que escorre das paredes e pende dos lustres de cristais suspensos no teto, reflete os painéis de madeira escura, dando ao local uma áurea aconchegante e luxuosa.

Definitivamente, eu nunca vi nada igual, nem mesmo na televisão, e, ao entrar no banheiro, eu rio, porque é claro que o banheiro seria uma declaração de luxo e riqueza à parte. A pia é, na verdade, uma mesa de madeira patinada, e a cuba não é de louça, mas de um material reluzente que se assemelha à aço.

As paredes são claras e as portas das enormes cabines individuais são de madeira escura, assim como o chão. No banheiro vazio, me encaro no enorme espelho de moldura rica e dourada, constatando o batom intacto. Dobro meus lábios em admiração antes de apoiar os braços esticados sobre a pia, inclinando o corpo e fechando meus olhos, tentando aliviar a tensão que se apossou dele desde o momento em que o olhar frio de João Pedro me alcançou.

Expulso o ar dos pulmões com força, antes de sugar uma nova remessa tão profunda quanto a anterior. O que ele queria que eu fizesse? Ou dissesse? Tudo bem, eu estava admirando a beleza do tal Bruno, mas ele não tem como saber disso, afinal, não lê mentes! Mas lê meus olhos... Minha consciência escolhe este momento para dar pitaco, deixando-me nervoso com a possibilidade de que tenha sido isso a causar o mau humor e frieza repentinos de João Pedro, já que ele fez questão de deixar claro que, enquanto nosso contrato durasse, eu não poderia sequer cogitar me relacionar com qualquer outra pessoa. Mas eu só estava olhando, droga! O homem é bonito e eu não sou de ferro!

O som da porta do banheiro se abrindo me traz de volta à realidade de que eu estou preso no banheiro do restaurante e de que qualquer pessoa pode entrar aqui a qualquer momento. Não é hora para tentar desvendar o mistério João Pedro, se é que essa hora existe ou existirá, sinceramente, não acho que seja possível desvendá-lo. Levanto a cabeça e, ao abrir os olhos, o que encontro refletido no espelho faz meu corpo inteiro se arrepiar.

João Pedro está escorado na porta do banheiro com as mãos enfiadas nos bolsos da calça e o olhar fixo em mim pelo espelho. Pisco e meus lábios se entreabrem quando minha respiração sai em um único sopro.

− O que você está fazendo aqui?... -falo baixo, sem nem saber o porquê, já que tenho certeza de que somos os únicos presentes. Ele começa a se movimentar lentamente em minha direção. Seus olhos nunca deixam os meus pelo reflexo enquanto ele dá passos calculadamente lentos.

Ele para atrás de mim, com o corpo a milímetros do meu, tão perto que sua respiração quente sopra minha bochecha. Seu rosto tem uma expressão dura como eu nunca vi, nem mesmo no dia da entrevista, quando o via como um completo desconhecido e, depois, como alguém muito irritado e disposto a me tirar do sério.

João tira uma das mãos do bolso e desliza um único dedo pelo meu braço. O toque é leve como uma pluma, mas é mais do que o suficiente para me fazer ofegar e precisar abrir a boca. Meus olhos se fecham quase imediatamente ao senti-lo tão perto, seu cheiro se infiltra em meu nariz, ameaçando fazer o que sempre faz, dominar-me.

− Você está gostando, Eduardo? -Sua voz é falsamente calma, perigosamente contida, e eu abro os olhos para encontrar os seus, azuis e, agora, tempestuosos como o mar. Eles parecem conter uma tempestade inteira e eu me apavoro, porque sei que é sobre mim que ela está prestes a desabar.

− De quê? -respondo com outra pergunta, temerosa por suas próximas palavras.

− De ser o centro das atenções... De ter o Bruno te comendo com a porra dos olhos o jantar inteiro... De sorrir pra ele...-Sua voz finalmente faz jus aos seus sentimentos, soando grave, irritada, possessa. Mas seu dedo não, ele continua subindo descendo pela minha pele com uma leveza incoerente com seu tom e vontades. Minhas pupilas se dilatam e eu engulo em seco, sem ter ideia do que responder, ele não pode estar falando sério.

− João, eu...

− Eu o quê?! Porra! -rosna em meu ouvido, abandonando o toque suave e enfiando os dedos por meus cabelos, ao mesmo tempo em que circula meu corpo com o outro braço, colando minhas costas ao seu peito. É mais forte do que eu, estremeço e suspiro. O contato queima minha pele, treme minhas pernas e abre a torneira entre elas.

− Eu só fui educado... -digo com o máximo de firmeza que consigo reunir, que é muito pouca. Muito, muito pouca.

− Educado? -Ri, seco e desgostoso: − Você não está aqui pra ser educado, caralho! -Puxa meus cabelos com força, empinando minha cabeça para cima, apertando minha cintura e um gemido baixo escapa dos meus lábios sem que eu consiga segurá-lo. Ele empurra sua pélvis contra a minha bunda e eu sinto sua ereção se esfregar em mim. O segundo gemido é muito menos baixo que o primeiro. João desliza a ponta de seu nariz por meu pescoço.

− Eu acho, Eduardo, que você se esqueceu de quem você é o putinho... - sussurra em meu ouvido, e meu corpo inteiro amolece, a sensação de ser dominado por ele começa a se espalhar por mim como óleo quente e eu rebolo, esfregando minha bunda em seu pau duro, sem conseguir me controlar, querendo mais do que aquilo que ele está me dando. Pele com pele, roça, pressiona e acaricia, fazendo-me arquear, apertando-o mais em sua mão, desejando mais do toque e ele ri.

Ri.

Ri, secamente, em meu ouvido.

− Isso, meu puto! É em mim que você vai se esfregar, pra mim que você vai gemer, e com meu pau que você vai gozar... -A voz soa lascivamente rouca e sussurrada. Eu sei que deveria odiar essas palavras, eu sei que elas deveriam fazer eu me afastar. Eu sei que elas deveriam me fazer odiá-lo. Mas não é o que acontece. Ouvi-las me excita, me incendeia, me enlouquece, me faz querer mais do toque e das obscenidades, Deus! Estou perdido! Completa e totalmente perdido.

A mão de João desce, abandonando meu peito e deixando-me necessitada de mais enquanto seus dentes arranham meu pescoço, mordem minha orelha e, logo depois, a língua acalma esses mesmos lugares. Só então sua outra mão abandona meus cabelos e segura meu queixo, mantendo meu rosto exatamente na mesma posição em que ele quer, uma em que eu posso ver absolutamente tudo pelo espelho a nossa frente.

Vejo seu corpo grande se agigantando sobre mim, nossas roupas caras sendo amassadas e roçadas enquanto suas mãos deslizam pelo meu corpo e fazem com ele o que querem enquanto minha bunda sarra em seu pau. Vejo seu rosto, se escondendo em meu pescoço e seus lábios, dentes, língua e barba atacando minha pele. Simplesmente não consigo desviar os olhos ou fechá-los. O reflexo de nós dois me mantém hipnotizado.

Seus dedos resvalam em minha virilha, fazendo-me abrir as pernas involuntariamente e impulsionar meus quadris para trás, pressionando-me ainda mais nele. Lentamente, eles descem e sobem, me provocando sem qualquer tipo de remorso e tudo o que eu quero é que eles toquem lá, onde eu preciso, onde pulso, onde dói. Mas João Pedro está me torturando, ele alterna entre os lados das minhas coxas, fazendo com que eu me contorça cada vez mais, enlouqueça, arrancando gemidos da minha boca. Sons desejosos, desesperados. É quando eu acho que não vou aguentar mais de tanta expectativa, que o sinto.

Ele se enfia dentro da minha cueca e chicoteia meu pau com a mão. Me obrigo a morder meu lábio para conter o grito que sai de mim, o que é inútil, é a mão de João que segura minha reação desesperada ao tampar minha boca e abafar o som. Mas nenhum de nós dois pode fazer nada pelo tremor que atravessa meu corpo. Ele desliza dois dedos por toda o meu cuzinho, finalmente, me obrigando a quebrar o contato visual com tudo o que estava acontecendo. Fecho os olhos, completamente perdido no prazer de seus toques.

− Todl babando... -sussura, e seus dedos me penetram com força. Dessa vez, não me mordo, deixo que o grito saia livre e desimpedido, João inclina minha cabeça na sua direção e assalta minha boca, engolindo meus gemidos e gritos enquanto me masturba e fode com os dedos. Seus dedos invadem meu cu completamente apertado sem trégua. O prazer reverbera por mim, me atravessa e estilhaça uma e outra vez por minutos a fio, porque quando estou prestes a gozar, ele para os movimentos e desliza um dedo muito suavemente pelo meu cuzinho, só para, depois, começar a tortura agonizante da foda descontrolada outra vez.

− João... -Imploro, desesperado pelo alívio, pelo orgasmo.

− Pede! -ordena em minha boca.

−Me deixa gozar, João! Por favor! Me deixa gozar! -As palavras me deixam sem qualquer pudor ou necessidade de raciocínio.

Simplesmente saem, tamanho é o meu desespero por ele.

− Por que, Eduardo? Por quê?

− Porque eu sou seu puto! Porque eu sou seu putinho! Só seu! -Admito o que ele quer sem vergonha nenhuma, precisando, necessitando gozar enquanto minha respiração descompassada me deixa frenético, meu coração bate acelerado no peito e meu corpo inteiro anseia pela liberação.

− Isso, meu putinho! Goza! Movimenta a mão em concha, e os dedos dentro de mim, ao mesmo tempo que bate meu pau com uma pressão perfeita, só preciso de dois segundos, e explodo em um orgasmo alucinante no banheiro de um restaurante. Eu convulsiono inteira, tomado por espasmos de prazer que me arremessam no céu e, depois, deixam-me em queda livre. É como cair, é como voar. É incomparável.

Meu corpo desaba sobre o de João e ele me segura pela cintura. De olhos fechados, sinto seus braços me rodeando e seu nariz se enterrando em meu pescoço.

− Tira a cueca. -Sussurra em minha pele, fazendo-me abrir os olhos ainda entorpecidos pelo prazer.

− O quê? -Minha voz sai baixa, sussurrada por meus lábios secos e eu passo a língua sobre eles.

− Tira a cueca, Eduardo. -Recupero o controle sobre meu próprio peso e me desvencilho de seus braços, pronto para me virar, mas ele me segura no lugar e me encara pelo espelho: − Eu não vou pedir de novo... -Sua voz rouca eletriza meu corpo inteiro, mesmo que eu não queira fazer o que ele está pedindo, ou melhor, ordenando

Pisco algumas vezes, tentando trazer a clareza de volta à minha mente, mas apesar dela, o pedido continua soando absurdo, e João continua esperando ser obedecido. Mordo o lábio e o encaro. Ele devolve meu olhar, impassível, deixando claro que não há qualquer opção para mim. Expiro com força e tiro a calça, movimento que os olhos de João acompanham atentamente, mesmo depois de seus braços terem me soltado. A cueca pequena preta da Calvin é revelada e João não a perde de vista nem por um segundo.

Inclino meu corpo, empinando minha bunda e esfregando-a, por acaso, na ereção que queima minha pele. Com os dedos nas laterais da cueca, eu a deslizo pelas minhas pernas e saio de dentro dela com cuidado para que ela não toque o chão. O tecido está melecado e pesado. Me viro para João e ele estende a mão com um olhar sério. Meus olhos se arregalam, não! Não, não, não!

− Nós não temos a noite toda, Eduardo.

− João... -Engulo em seco e ele simplesmente arqueia as sobrancelhas. Abro a boca, mas a expressão em seu rosto é cristalina, ele não vai mudar de ideia. Entrego a cueca a ele e, imediatamente, João a leva ao nariz, inspirando meu cheiro profundamente. A visão tem impacto imediato em meu pau, eu me sinto babar, e, dessa vez, não há absolutamente nenhuma barreira entre minha excitação e o mundo.

− Isso vai fazer você se lembrar o puto de quem você é... -afirma, e eu pisco meus olhos completamente chocado, enquanto o observo dobrar a cueca e guardá-la no bolso interno do paletó, sem poder acreditar que ele realmente espere que eu saia do banheiro completamente nu por baixo da roupa, sente em uma mesa repleta de homens, e fique lá, Deus! Não! Ele não pode esperar isso de mim!

− Vamos esperar você pra pedir a sobremesa. -Muda de assunto, como se nada demais tivesse acontecido naquele banheiro e caminha na direção da porta sem nem mesmo lavar as mãos, deixando-me aqui, paralisado, mudo, e com a certeza de que ele está levando não apenas minha roupa íntima, mas também meu cheiro em seus dedos. Observo seus passos, sua mão destrancar a porta, da qual só agora me dou conta estar trancada, ou seja, todo esse tempo, eu simplesmente me abandonei em seus braços sem nem mesmo considerar que qualquer pessoa poderia ter entrado aqui...

Ele passa pela porta e a fecha. Senhor, o que está acontecendo comigo? Como eu posso tê-lo deixado me tocar desse jeito no banheiro de um restaurante e nem mesmo ter me perguntado sobre a porcaria da porta estar aberta? Me questiono, mesmo sabendo a resposta. João me atordoa, desestabiliza. Quando ele me olha, tudo ao redor perde a importância, quando ele me toca, nada mais existe, só ele, e quando ele me beija, eu me perco e a única parte de mim que persiste é a minha boca, dominada pela sua.

******************

*** JOÃO PEDRO ***

O SORRISO QUE SE ESPALHA

em meu rosto enquanto caminho de volta à mesa com a cueca de Eduardo em meu bolso e o cheiro de seu pau e cuzinho gostoso em minhas mãos é a porra de um troféu. Abotoo o paletó, escondendo a ereção dolorida que ostento, porque apesar dela, estou satisfeito para caralho. Quando disse ao Eduardo que o queria no jantar para tornar tudo menos entediante, definitivamente não era nada disso que eu tinha em mente.

Reconheço que assim que ele parou diante de nós com seu olhar ansioso e postura altiva, não apreciar sua beleza seria impossível. Eu mesmo fui pego desprevenido no momento em que meus olhos o encontraram. A roupa preta agarrando seu corpo.

Foi impossível desviar o olhar ou impedir meu pau de ganhar vida apenas olhando para ele. Ainda assim, perceber que eu não fui único, me deixou puto para caralho. Cada homem

desacompanhado na porra do salão acompanhou sua passagem com os olhos, e mesmo algum dos que estavam acompanhados fizeram a mesma coisa. Naquele momento, desejei ter sua beleza apenas para os meus olhos, e me frustrei, porque não posso trancá-lo em um calabouço, infelizmente as leis não permitem, e, convenhamos, Eduardo me mataria com as próprias mãos antes de isso acontecer.

Eu teria que viver com isso então. Com olhares de apreciação sendo dirigidos a ele, com o conhecimento de que cada pessoa no restaurante desejou ter sua boca para si e poder tocar sua pele clara e macia, e isso já era enlouquecedor o suficiente. Eu não aturaria os olhares insistentes e indiscretos de Bruno na direção dele a noite inteira. Era mais, muito mais do que eu estava disposto a suportar.

E porra da proposta de emprego? Foi um verdadeiro teste de paciência para santos, e eu não sou um, então falhei, miseravelmente. O infeliz sempre quis o que é meu, desde a infância. Crescemos juntos, nossos pais são amigos, trabalharam juntos a vida inteira e esperavam que repetíssemos suas trajetórias, mas limitamos às repetições aos vínculos de trabalho e, isso, porque nossos pais fazem questão. Nunca nos demos bem, nem quando ainda andávamos pelados pela casa conseguimos essa façanha, e, depois dessa noite, tenho certeza de que nunca a conseguiremos.

E só de lembrar seus olhares lascivos, porra! O jeito como ele devorou Eduardo com os olhos no instante em que ele chegou à mesa, como ele sorria de forma nada despretensiosa, esperando por sua atenção. Não! Definitivamente eu não engoliria esses sapos.

− Desculpe, senhores. A ligação se estendeu mais do que o esperado. - Justifico minha ausência assim que retorno à mesa, olhando o filho da puta nos olhos, porque eu estou pouco me fodendo para o que os outros vão pensar que eu estive fazendo, mas eu quero que ele saiba. Sua sobrancelha arqueada me diz que ele desconfia, mas ainda não é o suficiente, como o bom filho da puta que sou, discretamente, levo meus dedos ao nariz e aspiro o cheiro de Eduardo, ainda com os olhos fixos em Bruno, que faz uma cara de desgosto e desvia o olhar. Tornando isso ainda mais prazeroso para mim.

− Sem problemas, João Pedro.

Amanhã você receberá os contratos assinados e atualizados.

− Perfeito. -A conversa continua. Gira em torno dos assuntos pautados para a reunião e, alguns minutos depois, Eduardo se junta a nós e eu interrompo o que estava dizendo para olhar para ele. A pele, apesar de mais calma, ainda está rosada. Um sorriso de canto se forma em minha boca, ele está tentando esconder a marca que deixei, e isso já diz muita coisa a quem precisava receber a mensagem.

− Ficou tudo bem com os documentos? -Questiono, assim que ele se senta e ele demonstra confusão apenas por alguns segundos antes de entender o que eu estou fazendo.

− Sim! Consegui entrar em contato com a Norma, apesar da hora. Os documentos serão reescritos e reenviados amanhã no primeiro horário. -Me responde e eu preciso me controlar para não erguer uma sobrancelha em surpresa. Não esperava uma resposta tão elaborada, apenas um sim ou não, mas até mesmo do nome de Norma ele se lembrou. Interessante...

Entre a sobremesa, o café e o encerramento de todos os assuntos pendentes, passamos mais uma hora e meia no restaurante, e quando entramos no carro já passa das onze da noite, Eduardo passou o restante da noite calado e sério, sem que seus olhos se fixassem em lugar algum além do próprio prato ou xícara de café por mais de dois segundos. Ele parece... envergonhado... Mas isso não faz sentido, por que ele estaria envergonhado do que aconteceu no banheiro a essa altura do nosso “relacionamento”?!

Ele se senta na ponta do banco, encosta a cabeça na janela e deixa que seu olhar vague pela noite assim que o carro começa a andar. Olho para ele com o cenho franzido, mas Eduardo não se dá conta da minha atenção, ou, simplesmente, a ignora, não sei. Porém, eu não estou disposto a ser ignorado. Com o vidro entre nós e a parte dianteira do carro já erguido, digo as primeiras palavras.

− Você quer dizer o que houve? - questiono, e Eduardo nem se quer me dirige o olhar.

− Nada.

− Eduardo! -reforço com a voz grave, e seus olhos se viram para mim, lançando-me adagas. Minhas sobrancelhas se erguem imediatamente. Mas que porra?!

− Você não sabe o que houve? -Seu rosto tem uma expressão magoada que eu realmente não entendo.

− Não! -explico o óbvio.

− Houve que você me tratou como o que você disse que eu não seria! Você me tratou como a porra de um prostituto! E só se passaram quatro dias, João! Como é que eu vou ser tratado daqui a um mês? - O palavrão deixa claro seu nível de irritação e eu estendo a mão para ele, mas Eduardo se recusa a ceder.

− Eduardo, se você quer brigar, sabe como funciona. É assim, ou não é de jeito nenhum, o que você prefere? - Ele arranha a garganta, sarcástico. Puta que pariu: − Eduardo! -digo firme, já perdendo a paciência. Sua sobrancelha se levanta e uma expressão de desafio toma conta de seu rosto. Aí está, parece que essa noite a coisinha atrevida quer sair para brincar, estava demorando. Quanto tempo ele disse que faz? Quatro dias... É, até que demorou...

Arrasto meu corpo pelo banco, até me aproximar do dele e, me virando de lado, posiciono meu corpo de frente para o seu e agarro sua cintura, Eduardo reluta, me tirando do sério.

− Porra, Eduardo! Será que dá pra você colaborar?

− Colaborar ou fazer o que você quer? Porque é sempre assim com você não, é? Ou é do jeito que você quer, ou não é de jeito nenhum! -Seu tom de voz é alto, irritado.

− Você quer fazer o favor de me dizer

de que porra nós estamos falando, Eduardo?

− Eu já disse! De você me tratando como um prostituto!

− Isso é sobre eu fazer você admitir que é meu putinho? Porque se for, eu achei que isso já tivesse sido resolvido... E você não estava reclamando na hora... -comento, irônico.

− Não, caralho! -Explode, surpreendendo-me: − É sobre você fazer eu me sentar, sem cueca, em uma mesa em que eu estava rodeado de homens! É sobre você ter marcado meu pescoço, mesmo sabendo que eu teria que voltar para uma mesa, em que, todos sabiam que minutos antes eu não tinha uma mancha vermelha na pele! -Grita, e eu finalmente entendo o que aconteceu. Eu não esperava por isso, confesso. Levo alguns segundos processando a informação. Os olhos azuis de Eduardo estão arregalados e suas bochechas estão vermelhas. Ele olha fixamente para mim, me desafiando a negar, e eu não posso, porque realmente fiz isso.

− E por que isso é um problema?

− Por que isso é um problema? -Seu rosto deixa claro que ele não pode acreditar que eu realmente tenha feito essa pergunta: − Por que isso é um problema? -repete a pergunta, e sua voz sai aguda e falha, enraivecida, enquanto ele balança a cabeça de um lado para o outro: − É um problema porque você me tratou como um qualquer! Um qualquer que você pode expor como um animal de circo, do jeito que você bem entender, onde você bem entender!

− É isso que você acha que aconteceu? -Inclino a cabeça, olhando para ele.

− Foi isso o que aconteceu!

− Não, não foi. E se você fizer o que eu estou..., pedindo...Eu explico pra você.

Eduardo ri sarcástico.

− Você é inacreditável! -Acusa.

− Talvez eu seja, mas, nesse caso, eu tenho certeza da minha inocência.

− Inocência? -Levanta uma sobrancelha.

− Inocência. E então? Você quer vir aqui?

− Eu não vou me sentar no seu colo, caso você tenha se esquecido, eu estou sem cueca! -Sibila para mim, e eu tenho vontade de sorrir, porque, porra! Ele é delicioso quando está irritado. Agarro sua bunda e a puxo em minha direção. Eduardo se debate, mas o espaço pequeno trabalha a meu favor e ele termina exatamente como eu quero, sentado com as pernas abertas ao meu redor, encaixando-me entre elas.

A expressão de seu rosto não é nada amigável, mas não foi isso que fez eu perder a cabeça sobre ele para começo de conversa?

− Eduardo, eu não quis expor você para aqueles babacas. Eu quis sim mandar uma mensagem, mas não era essa e nem era pra todos eles. -Ele não diz nada, apenas me encara com sua expressão indignada.

− O filho da puta do Bruno estava te comendo com os olhos a noite toda, porra! -É a minha vez de sibilar: − A PORRA DA NOITE TODA!

− E o que a minha cueca tem a ver com isso? . Ele não se deixa convencer, sua expressão permanece exatamente a mesma, afrontoso.

− Ele precisava entender que o seu cu, Eduardo, tem um dono! E que esse dono sou eu. E você, voltando do banheiro com a rosto vermelho, os cabelos bagunçados e o pescoço escondido, logo depois de eu retornar à mesa, disse exatamente isso pra ele.

Ele pisca, incrédulo, abre a boca, apenas para fechá-la alguns segundos depois, respira fundo, como quisesse controlar a si mesmo, só então fala.

− Você também poderia ter feito xixi em mim... O quê? Não pensou nisso antes? Graças a Deus! Minha dignidade foi abalada, mas pelo menos eu não estou fedendo a mijo, né?! -responde tão exaltado, tão fodidamente lindo, que porra! Não consigo me impedir de sorrir e ele fica ainda mais irritado, começa a se remexer em meu colo, querendo sair, mas eu enlaço sua cintura, prendendo-o a mim.

− Você é a porra do homem mais lindo que eu já vi! A porra do homem mais lindo! -digo com o rosto tão próximo do seu quanto ele permite, encarando seu olhar assassino. Seu peito sobe e desce em uma respiração descompassada, seu colo e rosto estão tomados pela vermelhidão e suas narinas de expandem a cada respiração.

− O homem ou a cadela? -pergunta, irritado, e não é minha culpa se ele continua dizendo as coisas certas para me fazer sorrir.

− Achei que já tivéssemos chegado a um acordo sobre isso, Eduardo. O homem, e meu puto. Meu putinho delicioso... - Sussurro em sua boca e seu olhar poderia atravessar facas em meu rosto. Ele abre a boca e inclina a cabeça, ultrajado pela minha resposta.

− Você nem vai pedir desculpas, vai?

− Não, eu não vou. Eu não te desrespeitaria desse jeito. Não me arrependo, e não vou enganar você dizendo que sim só pra que você se sinta menos chateado. Eu faria tudo de novo. E nem posso dizer que não farei, na verdade, mesmo sabendo que isso vai te deixar putinho.

Ele arregala e estreita os olhos, move a cabeça em negação, franze as sobrancelhas, e, por fim, desiste de falar. Apenas volta a encarar a janela, ignorando-me, apesar de sua bunda estar sobre meu pau, já duro e excitado com toda a sua malcriação.

− Eduardo... -Chamo, enfiando os dedos entre seus cabelos, liberando seu pescoço deles e deixando a marca de que fiz exposta. A sensação é primitiva, deliciosa. Saber que a marquei só não vai ser tão bom quanto o momento em que eu finalmente puder ver minha porra escorrendo entre sua bunda.

Aproximo o rosto de seu peito e brinco com o nariz ali, finalmente ganhando sua atenção.

− Eu não entendo. Está tudo bem me desrespeitar fazendo o que você fez, mas você diz que se desculpar não está bem...

− Eu não te desrespeitei, Eduardo. Você concordou com isso quando assinou o contrato. Você é meu para eu fazer o que quiser. E hoje, o que eu quis, foi demonstrar que você é meu. Não me arrependo e não vou me desculpar por isso. É quem eu sou.

− Seu pra você me degradar?

− É isso que ser meu significa pra você? -Pergunto, franzindo as sobrancelhas.

− É isso que atitudes como as que você teve fazem eu sentir.

− Não foi minha intenção. Por isso, eu peço desculpas, por você ter se sentido menos do que é. Eu não sei de quantas outras maneiras eu posso te dizer isso, Eduardo. Mas você não é um prostituto, e, mais do que isso, você não é alguém que possa ser menosprezado. E, enquanto eu estiver por perto, jamais deixarei isso acontecer, e você precisa confiar em mim que, se eu não vou deixar que os outros façam, também não farei. Não importa o que eu diga ou como eu aja, nunca será pra te diminuir, mas eu vou sim fazer coisas que você pode não gostar ou não entender, mas isso não significa que elas estejam erradas, e eu não vou me desculpar por elas.

Eduardo balança a cabeça, concordando, sua expressão deixa claro que ele não está satisfeito, mas a irritação, que agora eu sei, vinha da sensação de eu tê-lo menosprezado e tratado como um prostituto, já não está mais lá.

− Agora vem a melhor parte, meu bem... -Ele franze as sobrancelhas para mim, perguntando, silenciosamente, do que eu estou falando.

− Depois que brigamos, precisamos fazer as pazes. -Sorrio e ele estala a língua.

− Isso não vai acontecer, João.

− É um desafio? -Sua expressão passa de determinada à preocupada.

− Não, não é! -responde, sério, e eu me desencosto do banco, aproximando meu corpo do seu. Deslizo meu polegar por sua bochecha e os olhos magoados de Eduardo me espreitam. Algo em mim se aperta por saber que fui eu a deixá-lo assim. Mas eu não vou pedir desculpas por cuidar do que é meu, mesmo que ele não entenda.

− Eu não quis magoar você...

− Não querer não é o suficiente.

− É tudo o que eu posso te oferecer. - Ele acena em concordância e expira com força, absorvendo minhas palavras. Depois, inclina a cabeça para o lado, como se estivesse refletindo sobre elas, antes de voltar a concordar.

Aproximo meu rosto do seu e nossos olhares ficam impossivelmente próximos. Seu cheiro gostoso se infiltra em meu nariz. Eu adoro a porra do seu cheiro, foi a única coisa que não deixei Carol comprar, um perfume, porque o natural dele é o melhor que existe.

− Deixa eu te recompensar... -Peço, deixando beijos suaves em seu rosto e sua expressão se torna dividida: − Deixa eu fazer você se sentir bem... -Sussurro em seu ouvido, antes de passar a língua sobre sua orelha e morder seu lóbulo. Eduardo se contorce com a carícia, como um gatinho manhoso. E eu adoro. Assim como adoro vê-lo irritado, adoro vê-lo se perdendo em mim, para mim, comigo. Completamente entregue.

Minha mão agarra sua cintura com força, enquanto a outra segura seu pescoço e desliza um púnico polegar pela pele branca e fina.

− Deixa eu te mostrar que eu te adoro do jeito que eu sei... -Arrasto os dentes pelo seu maxilar até minha boca alcançar a sua, seus olhos transparentes investigam os meus, procurando algo, antes de, por alguns segundos, parecerem tristes, mas como se um vento os sacudisse, repentinamente, o sentimento some deles e ele me beija. Seus lábios tocam os meus como uma permissão e eu aproveito. Beijo-a, poderosamente, pressionando minha boca contra a sua, empurrando sua cabeça na direção da minha, tornando nossa troca tão intensa que ele estremece em meus braços.

Meus dedos se espalham em suas costas, sentindo o calor dele e adorando cada centímetro. Minha ereção cresce, tornando minha calça cada vez mais apertada. Puxo seu lábio entre meus dentes, ele ofega, seus braços, soltos ao lado de seu corpo, finalmente passam a envolver meu pescoço e ele empurra o corpo na direção do meu, se entregando de vez ao contato.

Vibro, deliciado. A sensação de seu corpo quente em meus braços é tão gostosa que um gemido me escapa, e não tem absolutamente nada de sexual nele. Ele solta a boca da minha e morde meu queixo, seus dentes puxam alguns fios da minha barba antes que ele chegue ao meu pescoço e lamba ali. Seus dedos pequenos agarram meus cabelos.

Eduardo me desnorteia. Seu cheiro, seu gosto, a sensação de sua pele na minha, seus toques, mais ousados a cada dia, e sempre tão entregues, fazem sumir da minha cabeça qualquer coisa que não seja ele. Os momentos com Eduardo em meus braços tem se tornado, cada vez mais, aqueles em que me sinto livre de todas as coisas, livre pra tomá-lo inteiro, mas também, livre para ser inteiro. Pelo tempo em que estamos juntos tudo o que eu sou é dela.

Ouço sua inspiração profunda quando ele enterra o nariz em meu pescoço e aspira meu cheiro.

− Seu cheiro é tão gostoso... murmura com uma voz sensual como inferno, e seus dedos descem pelo meu pescoço, contornam minha nuca, até alcançarem a frente de minha gravata. Suas mãos delicadas desfazem o nó como um especialista, e eu me pergunto, rapidamente, se ele anda treinando isso.

− Não mais que a sua boca. -Lambo seus lábios rosados e cheios, e, agora, inchados pela intensidade dos nossos beijos, ele sorri e passa a gravata já frouxa pelo meu pescoço, para logo depois abrir os primeiros botões da minha camisa e enfiar as mãos dentro dela, tocando meu tórax, antes de abaixar a cabeça, e lambê-lo sem nenhum pudor. A língua molhada e quente deslizando pela minha pele me causa desespero e minha ereção começa a se tornar insuportavelmente dolorosa. Aperto as bandas de sua bunda, antes de esfregar em mim mesmo. O contato me faz grunhir e ele geme, rebolando gostoso em meu colo.

− O que você acha de fazer isso com meu pau enterrado até o fundo em você? -sussurro, rouco, provocativo, mas sofrendo tanto quanto ele o efeito das minhas próprias palavras, e seus olhos encontram os meus. A percepção do seu envolvimento me atinge como um raio, porque saber que realmente fui capaz de fazê-lo esquecer tudo o que a estava chateando apenas com meus toques, me tira do sério, como homem nenhum nunca tirou.

Ele se coloca de joelhos, me dando espaço de manobra. Desafivelo meu cinto, desabotoo minhas calças e quando estou prestes a puxar o pau para fora, as mãos de Eduardo me impedem e ele mesmo o segura, arrepiando meu corpo inteiro e tirando-o de dentro da cueca enquanto o massageia suavemente. Levanto os quadris para pegar a carteira no bolso, mas o movimento faz com que ele me arregasse mais profundamente e eu ranjo os dentes.

Alcanço a camisinha mais rápido do que já fiz qualquer outra coisa na vida e observo enquanto Eduardo me envolve com ela, já não se atrapalhando mais, como das primeiras vezes. Tira a calça. Ele se posiciona sobre mim, encaixando-o em sua entrada, e espalmo meus dedos em sua bunda.

− Desce, Eduardo.Eduarde faz, escorrega para baixo, me engolindo devagar, gemendo gostoso a cada centímetro que o invade e eu não sei dizer que porra é mais gostosa, se a sensação do seu cu quente e apertado fazendo meu pau sumir dentro dele, me apertando como um punho fechado, ou seu olhar bêbado de prazer enquanto faz isso. Encosto meu peito no dele e enfio o nariz em seu pescoço, cheirando-o. Os gemidos de Eduardo se tornam mais arrastados quando ele chega ao final e sobe outra vez, antes de descer de novo, dessa vez, rebolando. Deixo minha língua deslizar por todo seu pescoço, maxilar, queixo, enquanto ele tem a cabeça jogada para trás, aproveitando, ensandecidamente, cada sentada que dá.

− Mas que porra de cuzinho gostoso, caralho! -Rujo, quando ele aumenta a velocidade e começa a quicar em meu colo, criando estocadas rápidas, curtas e perfeitas. Ataco sua boca, enfio a língua dentro dela e roubo seus gemidos, sua saliva, bebo seu tesão e prazer enquanto ela quica e rebola sem parar, revirando os olhos. Sinto sua bunda se esfregar em minha pélvis quando ele rebola comigo completamente enterrado dentro dele e estoco fundo e curto, fazendo-o gritar e se contorcer sobre mim.

− Goza pra mim, gostoso! Goza com meu pau dentro! -Rosno em sua pele e ele obedece se tocando, como se o comando fosse tudo o que seu corpo desesperado por alívio precisava. Ele goza e estremece em meu colo, enquanto eu continuo a estocar rápido dentro do cu quente, me perdendo no meu próprio prazer, no calor, na umidade, na sensação de estrangulamento, até explodir dentro dele com um grunhido seco e meu corpo estremecendo.

Eduardo apoia a testa em meu ombro e, ainda dentro dele, eu enlaço sua cintura com meus braços. Perdido na sensação que é tê-lo assim. Completamente meu.

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Comentários

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Perfeito belíssimo, sensacional a cada dia mais apaixonado pela história.

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