CAPÍTULO XVII
*** EDUARDO ***
João Pedro e eu fizemos sexo alucinante. Mais um restaurante luxuoso. Já desisti de tentar classificá-los em uma lista, porque acho que eles sempre estarão se superando. Esse é um barco. João disse que tinha uma surpresa para a nossa última noite no Rio. E embora eu fosse ficar feliz até mesmo se jantássemos no chão da varanda do apartamento, vesti a melhor roupa que trouxe na mala, e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo baixo, que o menino do tutorial fez em quinze minutos, mas eu levei mais de quarenta.
Para chegarmos até o restaurante foi preciso vir de lancha e, agora, estamos jantando a bordo de um barco enorme, cheio de lustres de cristais pendurados, com mesas de toalhas brancas e esvoaçantes e um conjunto de cordas tocando ao fundo, onde, se não fossem pelas enormes janelas pelas quais podemos ver a imensidão azul que nos cerca, jamais seria possível saber se estar em alto mar.
− Que foi? -Sorri, quando não consegue mais lidar com meu olhar deslumbrado.
− Eu nunca vou conseguir me acostumar com todo esse luxo...-digo, honestamente: − Quer dizer, pouco tempo atrás, eu mal tinha o que comer...
Ele balança a cabeça, afirmando.
− Isso nunca mais vai acontecer,
Edu...
− Eu sei... Ainda assim, parece tudo inacreditável, como se, a qualquer momento, eu fosse acordar na minha quitinete, na minha cama dura de paletes e descobrir que, na verdade, foi tudo um longo sonho enquanto eu dormia pra evitar a fome.
− Porra, Eduardo! -Sua expressão se torna, imediatamente, mais grave, irritada: − Naquele dia, em que te procurei depois da entrevista, não era a primeira vez que você fazia isso, era? - questiona, e eu balanço a cabeça, negando. Ele expira com força e fecha os olhos por alguns segundos: − Eu sinto muito, Edu! Eu sinto muito! -diz, quando volta a abri-los.
− Eu não sinto... -E é verdade, ele franze o cenho, sem entender. Hoje pensei muito sobre isso, depois de passarmos a tarde e a noite de ontem nos devorando na cama de uma maneira completamente diferente das anteriores, hoje, durante o dia, enquanto João Pedro estava fora, trabalhando, passei o dia pensando em como chegamos a isso... Faz pouco tempo, mas parece que uma vida inteira se passou desde que enviei aquele e-mail. Foi lá que tudo começou, e a verdade é que se eu não estivesse passando fome, não estaria aqui agora. E eu estou feliz por estar exatamente onde estou. – Foi aquilo que me trouxe até aqui, João. Eu posso não ter gostado do caminho, mas estou realmente feliz com o destino.
Ele pega minha mão sobre a mesa e a leva à boca, beijando-a.
− Eu também. -Sorri, segundos antes de uma expressão apreensiva tomar conta do seu rosto.
− O que foi?
− Quero conversar uma coisa com você...
− Hum... -O encorajo a continuar.
− Essa semana fará um mês que você assinou o contrato.
− Pensei que tivéssemos concordado que ele não importa mais. -Franzo o cenho, sentindo meu coração acelerar.
− E não importa! Não importa mesmo! -responde, apressado, como se sentisse o medo que começou a escalar minha espinha.
− Mas? -Sei que vem um por aí.
− Mas eu gostaria de te pagar esse primeiro mês. -Minha boca abre em surpresa. A mágoa toma conta de mim antes de qualquer outro sentimento: − Eduardo, calma! Me escuta, ok?
− Escutar o quê? Que você diz que o contrato não importa, mas quer continuar fazendo o que o torna válido? Me pagar? -acuso.
− Não! Não é assim, Eduardo... -Ele fecha os olhos brevemente e expira com força: − É só por esse primeiro mês, é justo quando todo o seu tempo esteve à minha disposição. Mas é mais do que isso... Eduardo, você se recusa a gastar o meu dinheiro, eu quero que você tenha o seu.
− Vai continuar sendo seu, João Pedro!
− Não! Não vai! Você o conquistou, seguiu o contrato que estabelecemos, ele é seu. Se você fizer tanta questão, podemos calcular o valor proporcional e excluir os dias que se passaram a partir de ontem, que foi quando decidimos abrir mão dele. Mas eu quero que você aceite o pagamento do primeiro mês... -Termina de falar e o silêncio se instala entre nós, como um imenso elefante branco na sala. Ao perceber que não direi nada, decide fazer uma nova proposta: − Vamos fazer um acordo! -Estreito meus olhos.
− Que acordo, João Pedro?
− Você pode, por favor, parar de me chamar assim?
− Não! Porque você está me irritando! E se você pode decidir como vão ser nossas brigas, eu posso decidir como vou chamá-lo quando estou irritado! -Deixo que as palavras explodam para fora de mim e ele ri. O maldito ri!
− Você é uma coisinha afrontosa! Né?! -Reviro meus olhos.
− Faça sua proposta absurda pra eu poder dizer não de uma vez e a gente continuar nosso jantar como se nada tivesse acontecido?
− Você aceita o pagamento do mês e eu não superfaturo seu salário de secretário na Govêa.
− Como é que é? -pergunto, chocado com a sua cara de pau! João Pedro não entende o significado da palavra limites.
− É exatamente isso. Se você não aceitar os vinte cinco mil que são seus por direito, eu vou superfaturar seu salário no novo emprego e pagá-los parcelado. E, você vai saber que eu estou fazendo isso, mas não vai poder me impedir...
− É claro que eu posso! Eu não vou aceitar receber nenhum centavo a mais do que os outros secretários. -Seu sorriso cresce.
− E como, exatamente, você pretende descobrir quanto as outros secretários recebem?
− Perguntando, oras!
− E o que te faz acreditar que eles vão te contar, meu bem? Você se lembra que eu sou o chefe deles, certo?
− João Pedro! Você não seria capaz...
− Ah, eu seria! Eu certamente seria, então eu sugiro que você não me teste... Aceite o acordo, é justo.
− É absurdo! E falso! É uma falsa sensação de escolha quando, na verdade, você ganha o que você quer de qualquer maneira.
− É o melhor que eu posso te oferecer. Eu te disse que tinha defeitos, e também te disse que eles te irritariam... -Fuzilo o infeliz com os olhos. Maldito! Estou prestes a rebater sua afirmação, quando uma voz
conhecida, porém, muito mais melosa do que eu me lembrava, nos alcança.
− João Pedro! – O cara absolutamente lindo exclama assim que para ao seu lado e coloca a mão em seu ombro: − Nossa! Que coincidência nos encontrarmos aqui, em casa mal nos vemos, e nos esbarramos no Rio?! Talvez seja um sinal do universo de que precisamos mudar isso! -Vejo a cena se desenrolar diante dos meus olhos sem acreditar que realmente esteja acontecendo. Manoel, o arquiteto, está, deliberadamente, me ignorando, porque é impossível que ele não tenha me visto aqui. É a porra de uma mesa para duas pessoas e eu sou a segunda pessoa sentada nela.
Semanas atrás, achei que a melhor forma de lidar com o ódio gratuito desse ser era mantendo-o longe de mim, eu estava tão assustado, tão magoado com os acontecimentos recentes que, só queria ser deixado em paz. Mas, apesar do pouco tempo passado, como conclui hoje mesmo, uma vida inteira aconteceu e eu aprendi tanto sobre mim, sobre as coisas que quero, que não quero. Sobre para onde quero ir e para onde jamais quero voltar, eu mudei, e, principalmente, quero continuar mudando. A prova disso é que, agora, tão cristalino quanto a água, percebo que seu ódio por mim nada tem de gratuito. Ele tem nome e sobrenome, João Pedro Govêa.
A constatação faz com que eu me lembre da situação no avião. Mas o que há de errado com esses homens?! Deus! Não é como se o homem fosse o prêmio em algum tipo de competição! É gostoso? Sim! Uma delícia, mas vale todo esse desgaste? E onde fica a porra da união gay? Fecho e aperto os olhos por alguns segundos, irritado com a cara de pau de João Pedro, com sua proposta ridícula, e muito chateado com a falta de respeito escancarada de Manoel. Mas ele já me diminuiu uma vez, e eu não reagi. Hoje, definitivamente, deixá-lo fazer o que quiser para me manter longe já não está mais nos meus planos.
Tomo uma inspiração profunda e sonora, ainda assim, ele continua recusando-se a reconhecer minha presença e focando toda a sua atenção no homem à minha frente. É justamente ele quem acaba com a palhaçada. João se levanta e o cumprimenta com um abraço, o que me irrita ainda mais, porque ele se aproveita para beijar seu rosto e, mesmo sabendo que foi apenas isso, um beijo no rosto, o bichinho do ciúme crava seus dentes em mim. Deus! Eu sou muito ciumento, como pude passar toda a minha vida sem saber disso?
− Manoel! Sim! Uma imensa coincidência. Mas não vejo que mensagem o universo poderia estar querendo nos mandar. -João o dispensa em tom de brincadeira quando se afastam do abraço, e minha aflição é sutilmente acalmada ao perceber que ele não está dando nenhum tipo de estímulo aos seus avanços. Ainda assim, ele insiste.
− Ah, João Pedro! Eu posso pensar em algumas! -diz, também em tom de brincadeira, mas ninguém que veja sua forma de praticamente se jogar em cima dele seria incapaz de notar o quão sério ele está falando.
− Você se lembra do Eduardo? -Fico esperando o adjetivo, Eduardo quem, João Pedro? Porque para o Bruno eu sou seu homem, e agora? Quem sou eu? Mas o adjetivo não vem e, obrigado e me cumprimentar, Manoel me dirige um olhar e, felizmente, não dá nem mesmo um passo na minha direção. É melhor assim, porque estou descobrindo que posso ser muito rancoroso. Toda a raiva que não senti naquela noite em meu quarto, parece estar espiralando pela minha coluna, subindo e rodando, implorando para ser libertada em um único surto.
− Boa noite, Manoel. -digo sério, sem fazer a menor questão de soar mais educado do que o necessário e ele faz uma expressão falsamente surpresa, como se só agora se desse conta de que era eu ali, o tempo todo.
− Oh! Boa noite. Eduardo, não é? Sugere ter sido lembrado do meu nome por João, algo que eu realmente não acredito ser verdade.
− Me desculpe, eu não enviei seu projeto não é mesmo? Que cabeça a minha! Por alguma razão, achei que ele não seria mais necessário! Meu Deus, que confusão! – Franzo minhas sobrancelhas, só agora me dando conta de que, realmente, nunca ouvi falar de um projeto ter sido recebido. Os dias que se seguiram àquilo foram tão conturbados que a última coisa em minha cabeça era um projeto de decoração que eu nem queria, para início de conversa. Mas, agora, diante dos fatos, eu não posso realmente acreditar que tenha sido um acidente.
− Desculpe, o que você disse? -Ele levanta os olhos, como se fosse revirá-los, mas se lembrasse de que não pode.
− Eu acabei ficando atolado com alguns trabalhos e, quando pude dar atenção ao seu projeto, tive certeza de que não era mais necessário, tive a impressão de que João Pedro havia me dito que, a essa altura, você já teria ido embora... -responde tão despretensiosamente quanto se tivesse dito que o céu é azul. É automático, procuro João com meu olhar e o encontro com o cenho franzido.
− Definitivamente, foi uma confusão, Manoel, porque eu nunca disse nada nem mesmo remotamente parecido com isso! -Declara com firmeza e o homem tem a decência de parecer sem graça, mas, depois de tanta encenação mal feita, tenho sérias dificuldades para enxergar honestidade em sua expressão.
− Eu sinto muito! No mais tardar, até o fim da próxima semana, o projeto já estará nas mãos de vocês. Será minha prioridade assim que eu retornar à São Paulo. -Uno minhas sobrancelhas e apenas aceno positivamente com a cabeça. O clima pesado criado por seu comentário não se desfaz e, depois de alguns segundos em que todos ficamos em silêncio, ele finalmente se despede de João sem perder uma chance sequer de tocá-lo e, de mim, com a mesma distância que me saudou ao se aproximar de nossa mesa. Suas pernas longas e torneadas fazem seu caminho para longe de nós, mas não consigo desviar meus olhos da figura alta e tão finamente vestida.
− Com licença. -peço, já me levantando da cadeira sem dar a chance de João dizer nada. Seu olhar me acompanha enquanto passo ao seu lado e caminho até os fundos do salão. Entro no banheiro e, imediatamente, o vejo, diante do espelho. Não sei bem o que quero aqui, para falar a verdade, mas realmente me cansei da forma como estou sendo tratado por ele, isso precisa acabar, respeito é bom e eu gosto muito. Puxo o ar com força, buscando em minha própria mente formas de deixar isso claro e me aproximo da bancada.
Enquanto me olho no espelho, observo discretamente para ter certeza de que estamos sozinhos e para alegria da parte ansioso por uma briga que há em mim, estamos. Calma, Eduardo! Você é um homem civilizado... Se você quer brigar com alguém, brigue com João Pedro! As brigas de vocês sempre acabam de um jeito que os dois gostam... Invente um motivo e desconte nele...Quer dizer, você nem precisa inventar! Ele acabou de te dar um excelente, a porcaria do dinheiro! O olhar de Manoel me encontra pelo espelho, me canso de buscar desculpas e decido simplesmente perguntar.
− Você realmente teve problemas e atrasou o envio do meu projeto? Ou, isso de ter pensado que não seria mais necessário? Isso é verdade? -Ele sorri um sorriso que pinga sarcasmo.
− Não... e sim. Não tive problemas, simplesmente não fiz, porque achei que um homem como João Pedro, a essa altura, já teria recuperado o juízo e se livrado de alguém como você.
Pisco. Honestidade. Era exatamente o que eu buscava, mas, definitivamente, não esperava encontrá-la tão fácil e brutalmente.
− Alguém como eu? -Me vejo perguntando e ele repete o que fez semanas atrás. Olha-me de cima a baixo antes de me responder.
− Roupas caras não escondem quem você é, na verdade, acho um pecado desperdiçá-las em você...
− Uau! -Arfo, simplesmente impressionado que ele diga palavras tão venenosas como se estivesse anunciando que o jantar está servido, Deus do céu!
− E o que eu sou? -Minhas sobrancelhas estão unidas e eu realmente estou curioso pela resposta dessa pergunta.
− Na melhor das hipóteses, um caso de caridade, na pior delas, um caso que, provavelmente, está custando muito mais caro do que vale, com certeza!
Lambo meus lábios e balanço a cabeça, confirmando que entendi as palavras que foram ditas enquanto ele passava as mãos pelos cabelos e ajeitava-os sobre os ombros e, ao focar os olhos em mim pelo reflexo diante de nós, seu desprezo fica tão evidente, que deveria ser chocante, incômodo. Certamente, essa é sua intenção, fazer com que eu me sinta pequeno, minúsculo, errado e sujo. Mas não funciona, não mais. Porque, diferente de semanas atrás, eu sei exatamente senão quem sou, quem quero ser.
Passei pela porta ansioso por uma briga, mas, percebo agora, que não quero isso com ele. Ele pode pegar seus pensamentos preconceituosos e enfiar onde achar melhor, desde que os mantenha longe de mim. Sorrio: − Entendo... -Volto a olhar o espelho e passo a mão pelos cabelos, ouço sua voz.
− O que é tão engraçado? -Inclino a cabeça, viro o corpo em sua direção e, pela primeira vez, olho realmente para ele, não para o espelho diante de nós.
− Você. Você é engraçado... Sabe? No dia em que nos conhecemos, eu chorei quando você foi embora. Eu estava vivendo um momento tão complicado, me sentia tão... frágil... E aí, você foi lá, pegou o vaso remendado que era a minha autoestima, que, aliás, ainda tinha pedaços faltando, porque eu ainda não tinha sido capaz de encontrar todos, e jogou no chão. Sem dó, nem piedade, simplesmente, espatifou-o. Eu não soube o porquê, não importa quantas vezes me fiz a pergunta, sozinho, sentado, encolhido no chão do closet em que você não entrou, não fui capaz de entender, Manoel. Mas, depois de derramar todas as lágrimas que eu tinha, fiz a única coisa que poderia, recolhi cada um dos pedaços e os colei outra vez, mas, agora, com uma cola muito mais resistente do que a obrigação... Usei amor-próprio, autoaceitação, um pouco de cuidado, e muito, muito respeito. Respeito esse que me foi dado pelo homem que você está dizendo que me vê como caso de caridade, ou pior, apesar das meias palavras, você sugeriu que ele me veja como um prostituto, e um que não vale o dinheiro que está recebendo... -Eu sorrio outra vez, porque Deus! Isso é bom! Isso é muito bom! Saber que, cada palavra sendo dita por mim, não é “apenas verdade”. É muito, muito bom saber que eu acredito nelas.
− Ele não vê, Manoel, e eu sei disso. Eu sinto isso cada vez que ele me beija como se o mundo fosse acabar, a cada vez que ele me toca como se nada mais importasse, a cada vez que ele me diz, com todas as letras, que eu sou importante, que eu sou seu homem. - Durante a maior parte do tempo em que falo, Manoel mantém no rosto uma expressão de cansaço, como se ter que ficar ali, me ouvindo, o deixasse de saco cheio, mesmo que tenha sido ele a perguntar. No entanto, ao ouvir minha última frase, sua expressão assume uma seriedade até então, não demonstrada.
− O que você disse? -Me interrompe, ansioso, e eu balanço a cabeça, confirmando minhas próprias suspeitas.
− Eu não entendo por que você tem essa necessidade, sabe? Você é tão bonito, não tenho dúvidas de que é inteligente e, com certeza, é competente em seu trabalho, ou o João nunca o teria contratado, então, eu realmente não entendo, e lamento por você, de verdade! Eu lamento. Mas, independentemente disso... Você é engraçado, Manoel, porque, desde a primeira vez que me viu, se achou no direito de despejar sobre mim um ódio e desprezo gratuitos, formar opiniões sem fundamento algum e me obrigar a aceitá-los. Bem, você é engraçado, porque eles não importam. Nenhum deles... nem o ódio, nem o desprezo, nem as opiniões, ou, o que quer que você ache que sabe sobre mim, porque eu tenho certeza de quem eu sou, o João tem certeza de quem eu sou e, até onde eu sei, nesse caso, nós somos as únicas pessoas que interessam.
− Você é tão baixo! -Me acusa, finalmente virando o rosto na direção do meu e minhas sobrancelhas se erguem, deixando explícita no meu rosto a surpresa genuína que sinto. Dou um passo em sua direção.
− Por dizer a verdade?
− Verdade? Que verdade? Você realmente espera que eu acredite que João Pedro assumiu um relacionamento com alguém como você? -Meus lábios se entreabrem, entendendo onde ele quer chegar, de novo, tentando me fazer sentir mal comigo mesma.
− Eu não espero nada de você. Absolutamente nada... E eu não sou baixo... eu poderia, poderia, assim como você fez comigo, tentar te diminuir, poderia também, descrever em detalhes pra você, como, há algumas semanas atrás, João Pedro e eu transamos em um banheiro de restaurante muito parecido com esse... -Digo, olhando ao redor e rindo sozinho do quão irritado aquilo me deixou, e de tudo o que desencadeou. Volto a fixar meus olhos no homem a minha frente que, agora, tem os olhos arregalados e a boca levemente aberta.
− Mas eu não vou fazer nada disso, porque, embora eu esteja começando a achar que a baixa possa ser a única linguagem que você entende, simplesmente não sou eu... E, como eu já te disse, você não tem poder sobre mim, não mais. -Ele pisca algumas vezes, aparentemente, surpreso pela minha “audácia” em enfrentá-lo de igual para igual. Me afasto e caminho na direção da saída, mas, assim que coloco a mão na maçaneta da porta, me viro para encará-lo, ainda estático, no mesmo lugar que deixei:
−Ah! E você está demitido. Eu posso não me importar com o que você pensa ou diz, mas eu não sou obrigado a continuar lidando com você. Além disso, mesmo que pelos motivos errados, você estava certo, seus serviços não são mais necessários... Eu me mudei, e até quero redecorar nosso quarto, mas, com certeza, não quero você nele... Boa noite. -Finalmente, ele reage.
− Isso não vai ficar assim! Eu vou falar com o João Pedro, foi ele que me contratou! -Sorrio.
− Boa sorte tentando ser atendido... - Saio pela porta e o sorriso no meu rosto poderia iluminar a cidade inteira. Leve, eu me sinto tão leve... Pareço ter tirado um caminhão de cima das costas. Quando chego à mesa, João me olha com as sobrancelhas unidas.
− Você vai me dizer o que aconteceu?
− Nada...
− Nada? Você saiu daqui irritado. Dez segundos depois de Manoel ter entrado no banheiro, você entrou também, e, agora, volta assim?
Sorridente?
− Oh, isso? Bem, como posso colocar em palavras? Eu fiz xixi em você... e o demiti. -Declaro e me surpreendo com o fato de que toda a vontade que eu tinha de brigar sumiu, aparentemente, mesmo sem gritos, tapas e xingamentos, a conversa com Manoel a satisfez.
− Você o quê? -Exclama.
− O demiti!
− Foda-se que você o demitiu! Podemos contratar outro arquiteto se você quiser redecorar meu quarto... -Me pega de surpresa com a sugestão, porque, embora tenha sido exatamente o que eu disse para o homem, não era verdade, naquele momento, eu só queria provocá-lo: − Você disse que fez o que em mim?
− Espera... Redecorar seu quarto? Me vejo perguntando.
− Não é lá que você dorme agora? Seu tom é o mesmo de quem explica a uma criança que um mais um são dois.
− Sim, mas ainda é o seu quarto, por que eu redecoraria?
− Porque, a partir de amanhã, vai ser o nosso quarto! Podemos falar sobre o que importa, Eduardo? Você disse que fez o que em mim? -João Pedro tem os braços sobre a mesa e uma expressão ansiosa e confusa no rosto. Seu cenho está franzido, seus lábios, entreabertos, e seu olhos piscam várias vezes, fazendo seus cílios longos e escuros quase tocarem suas pálpebras.
Eu olho para ele como se João fosse uma criatura de outro mundo. Como assim, nosso quarto? E, como assim, isso não é uma coisa importante? Mas sua ansiedade deixa claro que ele já deu esse assunto como resolvido, como algo que não era, nem mesmo, digno de discussão. Isso é tão a cara dele...
− Edu! -exclama. Chamando minha atenção para sua espera por uma resposta que eu ainda não dei. A cena que acabou de acontecer no banheiro se passa diante dos meus olhos como se fosse um filme, e eu sorrio, porque estou muito orgulhosa de mim!
− Ah, sim! Xixi! Eu fiz xixi em você! Exatamente como você fez comigo naquela noite fatídica. Claro que tudo isso teria sido evitado se você tivesse colocado um adjetivo depois do meu nome quando falou, “Ei, você lembra do Eduardo?” Quer dizer, quase tudo! A demissão dele não. Isso seria inevitável... -Meu tom soa provocador e despreocupado, mas, a verdade, é que eu espero por sua reação exatamente como crianças esperam pela manhã de natal.
Um, dois, três segundos. João explode em uma gargalhada tão alta e descontrolada que as pessoas ao nosso redor olham, e nem isso o para. Ele continua rindo tanto, que me faz rir também.
− Porra, Eduardo! -Consegue dizer, depois de bons minutos acalmando a própria respiração: − Você não pode simplesmente dizer uma coisa dessas!
− E por que não? Foi exatamente o que você fez e, foi exatamente o que eu fiz hoje. A diferença é que hoje eu tinha o direito de fazer isso e eu não expus você de nenhuma maneira... -Paro, pensando sobre as palavras que disse: − Quer dizer, talvez isso não seja totalmente verdade...
Ele estreita os olhos para mim:
- O que exatamente você disse a ele? -Agora, passado o momento, não me sinto tão confortável assim em ter mencionado a transa no banheiro, e nem foi exatamente sexo... Mesmo assim, suspeito de que essa será a parte favorita de João Pedro da conversa. Aproximo meu corpo da mesa, inclino a cabeça para o mais perto dele que consigo e faço um sinal com o dedo indicador para que se aproxime, e João obedece.
− Eu disse que ele era engraçado por se achar no direito de expressar opiniões ao meu respeito, que independente delas, ou de como ele se acha no direito de me chamar, só importa como você me chama: de seu homem. Eu disse que você me beija como seu o mundo fosse acabar, e que me toca como se nada mais importasse. Os olhos de João Pedro se arregalam e sua boca se abre em absoluta surpresa, eu continuo: − E aí ele me disse que eu era “TÃO” baixo... por querer fazer com que ele acreditasse que você tinha assumido um relacionamento com
alguém como eu. E eu respondi que não, eu não sou. Porque, embora eu estivesse começando a acreditar que baixa é única linguagem que ele é capaz de entender, eu não descreveria, por exemplo, como foi que, há algumas semanas, nós dois transamos em um banheiro de restaurante muito parecido com aquele em que nós dois estávamos, porque sou melhor do que isso.
Ele passa alguns longos segundos em silêncio, pisca os olhos e sua expressão transita entre o divertido e o incrédulo.
− Você realmente disse tudo isso? questiona e pega minhas mãos sobre a mesa.
− Cada palavra!
− Então foi uma bela mijada...
− E gostosa também! -sussurro com o rosto ainda muito próximo do seu e ele leva minhas mãos aos lábios, beijandoas.
− Cuidado, Eduardo, porque, desse jeito, eu não vou ter outra saída, a não ser amar você... -Meu coração para de bater, juro que para.
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*** JOÃO PEDRO ***
PRA LÁ E PRA CÁ, pra lá e pra cá, entra e sai, rebola a porra da bunda, curva o caralho do corpo pequeno, se empina, fica de pé, balança mais o rabo gostoso, me desconcentra, me tira do sério, não me deixa fazer a porra do meu trabalho. Parece o inferno, mas é só a primeira manhã de Eduardo na empresa. Aparentemente, Norma tem uma metodologia, digamos..., ativa, de ensino.
Ao invés de colaborar com a minha sanidade deixando-o sentado na mesa do lado de fora, a velha terrível está fazendo Eduardo andar por toda a empresa e, onde quer que eu vá, ele parece estar.
E eu já perdi as contas de quantas malditas vezes aquela coisinha afrontosa já entrou no meu escritório hoje para levar documentos, buscar assinaturas, entregar cópias, abastecer o frigobar... Porra! Ele parece ter entrado mais aqui hoje, do que Norma o fez nos último sete meses!
E sempre, sempre com um sorriso tão feliz no rosto, que, puta que pariu! Eu não sei por mais quanto tempo vou aguentar não o tocar, roubei beijos das primeiras vezes, mas ele ficou bravo, disse que eu o estava atrapalhando e amassando sua roupa. Dá para acreditar numa coisa dessas? Não posso tocá-lo..., mas sou obrigado a lidar com a visão constante dele ao meu redor. Mas que porra! Tomo uma decisão drástica. Tiro o telefone do gancho e teclo o nove.
− Sim, senhor Govêa? -A voz doce me atende e ouvi-lo me chamando de senhor... Caralho! Esse nem é o meu tipo de fantasia, mas sou obrigado a reconhecer, soou fodidamente gostoso. Pigarreio, me dando tempo para encontrar minhas próprias palavras.
− Senhor Porto. -Soo muito mais rouco do que seria adequado, e o suspiro controlado que ouço do outro lado da linha me diz que Eduardo está tão afetado quanto eu, isso é culpa dele, não precisaríamos estar passando por algo assim se ele não estivesse tão determinado em foder minha mente não me deixando foder sua bunda só porque estamos em horário de trabalho. Minha vontade é torturá-lo, fazer com que venha até a minha sala de novo e de novo, só para, em todas as vezes, devorá-lo com os olhos, deixar meu pau duro a mostra, e dizer, sem usar nenhuma palavra sequer, o que é que ele está perdendo.
Infelizmente, essa porra seria uma faca de dois gumes, e, nesse caso, eu realmente não tenho culhões para ser rasgado, ou vou mandar tudo pro inferno e comer Eduardo contra a porta no segundo em que ele tentar correr de mim: − Eu gostaria de não ser mais incomodado até o horário do almoço. -falo, quando, na verdade, o que eu queria dizer era “eu gostaria que você mantivesse essa porra de corpo gostoso longe dos meus olhos para que eu consiga trabalhar, caralho!”
− Tudo bem, não se preocupe, será feito. -Sua voz é controlada demais, falsa demais...
− E, Senhor Porto...
− Sim?
− Traga meu almoço ao meio-dia em ponto, por favor.
− Tem alguma preferência para o cardápio, Senhor Govêa?
Expiro com força e passo a mão pelos cabelos. “Você, porra!” é a resposta que quero dar, mas tenho certeza de que ele está no viva voz. Controlo minha vontade, sem poder fazer o mesmo pelo meu pau, que já está duro como uma rocha, alimentado pela imagem de Eduardo derramado sobre minha mesa, completamente arreganhado enquanto me farto dele.
− Não, Eduardo...- Tenho dificuldades em controlar minha própria respiração e paro de falar por alguns segundos: − Vou confiar na sua escolha...
− Unhum... -Quase geme, e tenho certeza absoluta de que seu rosto está vermelho agora, de que seus olhos se fecharam brevemente, e de que se eu enfiar o dedo em seu cuzinho cuzinho, vou encontrá-lo completamente apertado. Ah, caralho!
− Obrigado. -Digo e, sem esperar por resposta, desligo a chamada e olho para baixo, encarando minha ereção monstruosa e dolorida. Mas que porra! Eu não vou conseguir trabalhar desse jeito, simplesmente, não vou. Caralho, Eduardo!
Olho para a porta do banheiro sem poder acreditar no que estou prestes a fazer. Mordo o lábio, me levanto e caminho até lá. Fecho a porta, balançando a cabeça em negação. Na porra de um adolescente! Foi nisso que me transformei! É isso o que o maldito faz comigo. Me enlouquece. Não é uma punheta para diversão, é para o alívio do caralho de agonia em que o bruxo me colocou. As imagens de Edu sendo fodido por cada canto do meu escritório alimentam minha ação e eu gozo rápido e forte. Sentindo o suor em minha testa e meu peito ofegar.
É como se eu nunca tivesse tocado uma. Olho para o relógio, acompanhando o andar do ponteiro, onze e cinquenta e oito e eu estou duro, ansioso, esperando que ele passe pela porta. Expiro com força, e a mesa diante mim, já vazia, pronta para a minha próxima refeição, levantaria as sobrancelhas em uma piada sugestiva, se as tivesse. Impaciente demais para continuar sentado, caminho até o bar, precisando de um Whisky. O primeiro gole desce rasgando, o segundo, gostoso, o terceiro, implorando por um quarto, apesar de deixar o copo vazio. A porta é aberta e eu sorrio.
− Onde posso deixar seu almoço? -Sua voz soa baixa, gostosa, fodidamente gostosa e minha ereção lateja dentro da calça.
− Na minha mesa. -Ainda de costas para ele, sirvo uma segunda dose. Giro o líquido âmbar no copo, antes de inspirar o cheiro, e beber de uma única vez, dando o tempo necessário para ele fazer o que pedi, mas quando me viro, Eduardo está caminhando para fora da sala.
− Aonde você pensa que vai? - Com o lábio entre os dentes, as bochechas coradas e os olhos, a porra dos olhos pegando fogo de tesão, ele me encara como se não estivesse entendendo o que quero dizer com a pergunta que fiz.
− Eu vou... Eu vou... Almoçar... Se sua aparência ansiosa e a fala gaguejada não fossem indícios suficientes, seu peito arfante seria. Ele sobe e desce rápido, como se Eduardo tivesse acabado de fazer um exercício físico muito intenso, quando, na verdade, só está prestes a começar...
− Eu acho que você não me entendeu, Eduardo. Eu disse pra colocar meu almoço na minha mesa. -Respondo e, com as mãos nos bolsos, dou passos controlados até ele, cercando-o, como um felino à sua presa.
− Sim, oh! Me... me desculpe! Era a mesa redonda, certo? -Questiona, já refazendo seu caminho, pronto para corrigir seu erro e eu sorrio, seguindo seu andar rebolado com os olhos.
− Deite-se, Eduardo. -Ordeno assim que ele finalmente alcança a mesa, imediatamente, sua cabeça é levantada, seus olhos azuis piscam e seus lábios são lambidos.
− O quê?
− A única coisa que eu pretendo comer é você... Então deita na porra da mesa, porque eu já esperei tempo demais pra isso! -Minha voz soa calma, controlada, o extremo oposto das palavras que escolhi e Eduardo arfa, seus lábios se entreabrem e permanecem assim enquanto ele me olha dividido entre ceder ao que eu sei que ele quer e ao que acha certo. Caminho largamente e em segundos estou diante dele. Retiro a bandeja que segura das suas mãos e coloco-a na mesinha de centro. Eduardo continua parado, como se minhas palavras a tivessem congelado no lugar.
Paro atrás dele, liberando seu pescoço, passeio meu nariz ali e Eduardo estremece diante de mim.
− João... Por... Por favor... Sussurra, acabando com meus planos de ir devagar. Agarro sua cintura e colo o corpo ao seu, esfregando minha ereção acima da sua bunda e ele geme e o putinho empina e rebola a bunda gostosa, procurando meu pau.
− Por favor o que, Eduardo? Por favor me fode gostoso? Por favor me chupa como só você faz? Por favor o quê? -Mordo sua orelha e lambo a região sensível atrás dela. Ele geme, perdendo, miseravelmente, sua batalha interna pelo autocontrole: − Ah, meu putinho!...-sibilo em seu pescoço: − Você se lembra do que disse da primeira vez que fui à sua casa? -Impulsiono meus quadris para frente, beijo a parte baixa de seu pescoço, e ao invés de uma resposta, a única coisa que deixa seus lábios é um gemido arrastado: − Você disse que sonhou que transávamos na minha mesa..., -uma lambida em sua pele: − no sofá..., -uma mordida em seu ombro: − nas janelas..., -outro beijo em seu pescoço: − no chão... -uma carícia em sua coxa: − Por todo esse escritório... Hoje, Eduardo, é o dia em que eu vou realizar seus sonhos! -são minhas últimas palavras antes de virá-lo para mim e atacar sua boca com toda a fome que estou sentindo, agarro sua nuca e bunda, puxando seu corpo e impulsionando o meu, desejando, precisando senti-lo inteiro.
Eduardo geme em minha boca sem nenhum pudor, completamente esquecido de que o que estamos fazendo vai contra seu código de trabalho, e totalmente entregue às minhas carícias e beijos, geme e se esfrega em mim como o puto gostoso que é. Tiro sua camisa e encontro os mamilos de Eduardo completamente nus, ansiosos pela minha língua.
− Porra, Edu..., caralho! -Mergulho a boca em um dos seus mamilos rosados e duros, gostosos para uma porra e ele joga a cabeça para trás, tão sensível... fodidamente sensível e gostoso. A pele leitosa ao redor do biquinho fica avermelhada, provocada pelos meus lábios e barba. O cheiro da sua pele inunda meu nariz e seus gemidos, que ele falha miseravelmente, na tentativa de controlar, tomam conta dos meus ouvidos, deixando-me completamente invadido por ele. Tiro sua calça.
Ando, fazendo com que ele dê passos para trás até encostar na mesa atrás de si. Agarro seus quadris e o levanto, coloco-o sentado sobre o tampo de vidro, ele dá um gritinho ao sentir o choque do material gelado e eu me distancio apenas o suficiente para deixar que meus olhos vaguem pelo seu corpo gostoso. Os olhos de Eduardo estão completamente preenchidos por tesão e eu posso sentir o cheiro de seu pau duro. Balanço a cabeça de um lado para o outro, sem poder acreditar na visão da porra! Puta que pariu!
− Ah, Edu... Onde é que você esteve todo esse tempo, em? -Murmuro para mim mesmo e toco sua pele com a ponta dos dedos, começando em seu ombro, descendo pela lateral de seu corpo, até alcançar o elástico da cueca vermelha, só para subir de novo e segurar um biquinho duro entre meu polegar e indicador. Ele fecha os olhos, inclina a cabeça e abre a boca. Me aproximo, me encaixando entre as suas pernas e espalmando a mão entre seu peito para que ele se deite.
O contato total com o vidro parece fazê-lo derreter e eu desço a mão por sua barriga até alcançar sua pélvis, ao sentir meu toque ali, Eduardo se remexe, manhoso, gostosa. Aliso-o por cima da cueca e seu peito sobe e desce cada vez mais rápido à medida que sua respiração se torna mais e mais descontrolada. Deslizo o dedo médio por entre suas nádegas, seu gemido em resposta me enlouquece, deixando-me impossivelmente duro, dolorido.
Continuo as carícias lentas, torturando-o, bebendo a visão que supera a minha imaginação em uma escala incalculável, até que ele não aguenta mais e pede.
− João, por favor... por favor...
− Por favor, o que, meu putinho?
− Me fode, João! Por favor! Me
fode!
− O desejo do meu puto é uma ordem! -digo, já desfazendo meu cinto e abrindo o botão da calça. Minha ereção salta dura, orgulhosa, com a cabeça brilhante pelo pré-gozo. Eduardo lambe os lábios ao ver a cabeça inchada e veiúda.
− Você quer mamar, Eduardo? Quer mamar gostoso, puto? -Morde os lábios antes de lambê-los com os olhos totalmente consumidos pela necessidade.
− Que-quero... -Sorrio, ele é a porra do homem perfeito! A porra do homem perfeito!
− Vem aqui, eu quero ver você de joelhos pra mim!
Ele se levanta da mesa rápido, ansioso pra me engolir inteiro. Como o putinho gostoso que é, se joelha a minha frente e espalma as mãos sobre minhas coxas. A imagem é do caralho. A pele branca e leitosa exposta, sendo tocada pela claridade que invade a sala pelas enormes janelas do chão ao teto, os cabelos escuros bagunçados, espalhados pelos ombros, os lábios deliciosos inchados pelos beijos, eu nunca tive chances... Tive? Não, nunca tive!
− Chupa, putinho! -Ordeno, e ele faz. Engole meu pau com a mesma fome que devorou minha boca, lambendo e chupando cada centímetro que a língua alcança enquanto as mãos pequenas massageiam minhas bolas, eu o observo por alguns instantes, mas a imagem destrói meu autocontrole e eu deito a cabeça no encosto da cadeira e fecho os olhos. Aproveito cada lambida, cada mamada gostosa, os sons de sua saliva deslizando pela minha pele e a sensação de seus lábios ao meu redor, puta que pariu! Eduardo sobe e desce, passa a língua pela cabeça, fricciona os lábios no freno, arrancando grunhidos da minha garganta.
A grossura e o tamanho parecem alimentar sua gula, ele abocanha tudo o que pode e volta para mais e mais, chupando-me inteiro, quase desesperado pelo momento em que minha porra vai inundar sua boca. Espalhando sua língua sobre a minha pele, sua saliva pelas veias saltadas do meu pau, chupa, deixando as bochechas presas à minha pica e adora, adora cada caralho de segundo que passa comigo na boca.
Enfio as mãos por seus cabelos, agarrando as raízes, seguro sua cabeça no lugar e fodo sua boca, porra! Que boca gostosa... Sua língua me cobre como veludo quente, macio e molhado e eu estoco nele até me sentir prestes a gozar, paro e puxo Eduardo pelos ombros, colocando-o de pé diante de mim, para, logo depois, voltar a encostá-lo na mesa e sentá-lo. Edu se deixa ser movimentado como um boneco, completamente perdido na névoa de tesão que nos rodeia. Inclino seu corpo, novamente, fazendo-o deitar e arrasto a cadeira de rodinhas até que ela esteja encaixada embaixo da mesa.
Dobro os joelhos de Edu, apoio seus pés no limite do vidro e abro suas coxas, arreganhando-o completamente para mim. O cheiro do seu pau excitado invade meu nariz e eu mergulho o rosto entre suas pernas, inspirando profundamente o cheiro delicioso, sentindo a umidade da sua cueca na minha pele e seu gosto antes mesmo da minha língua tê-lo tocado. Ele se remexe, impaciente, desesperado, tiro a cueca e levanto sua perna, enfio um dedo e o penetro com ele, só para senti-lo espremendo-o enquanto deslizo para dentro dele com uma facilidade deliciosa. Ele geme, gostoso, gostoso para um caralho quando mexo o dedo dentro do seu cuzinho, alcançando aquele ponto doce que o tira do chão.
Lambo seu pau duro e inchado com gosto, uma, duas, três vezes, ao mesmo tempo em que o fodo, agora com três dedos de uma só vez e Eduardo se descontrola sob mim, chupo suas bolas, passo minha língua pela cabeça vasculhando cada centímetro do seu pau pulsante, excitado, delicioso, e ele grita, se sacode, levanta os quadris, esfrega o pau melado em meu rosto, me dando mais do que eu quero e tomando mais do que quer.
Chupá-lo me dá tanto prazer que me sinto prestes a explodir sem nem mesmo estar sendo tocado, chupo seu pau sem parar de fodê-lo, e ele goza, tremendo e derretendo-se completamente sobre a mesa. Com o coração batendo forte no peito, levanto e encaixo a cabeça do meu pau em sua entrada, que agora está escorrendo com minha saliva. Eduardo ainda está ofegante, com os olhos fechados e a mente longe daqui. Eu o invado com força, sem delicadeza alguma e seu cuzinho me aperta, ainda pulsando pelo orgasmo recente, forçando-me a diminuir o ritmo se não quiser gozar como a porra de um moleque.
Saio de dentro dele devagar e entro de novo, mantenho o ritmo lento até que os olhos de Eduardo, embriagados, se abram novamente e se fixem em mim. Deslizo as mãos por suas pernas, tirando seus pés da mesa e colocando-os ao redor da minha cintura, Eduardo cruza-os nas minhas costas e eu agarro suas coxas, com o olhar fixo no dele, meto forte, e ele grita. Repito, uma, outra e outra vez, sem jamais desviar os olhos dos dele, o êxtase estende as garras sobre o meu corpo, arranhando-o inteiro e produzindo faíscas que circulam na minha corrente sanguínea, mas eu não paro, meto sem parar no cu quente e apertado de um Eduardo nu e completamente alucinado, esparramado sobre a mesa do meu escritório.
Seus cabelos, pendurados do outro lado, a pele do colo, das bochechas e do pescoço está avermelhada e seus gemidos se tornam cada vez mais arrastados, esgotados pelo prazer contínuo, até que eu o sinto explodir outra vez ao meu redor, empurrando-me ainda mais para dentro de si ao apertar os pés em minha bunda, e seu cuzinho me ordenha, roubando de mim o último fio de controle que me mantinha pendurado sobre o orgasmo.
Gozo forte e sinto os jatos invadirem Eduardo inteiro, não paro, metendo cada vez mais fundo e mais forte enquanto minha alma parece abandonar meu corpo, deixando-o completamente entregue ao ápice. Desabo sobre o corpo dele e seus braços circulam meu pescoço enquanto eu respiro pesadamente em sua pele. Sinto minha camisa grudar em mim, completamente molhada de suor e sorrio, porque, caralho! Foi melhor! Muito melhor do que eu imaginei que seria, e hoje é só o primeiro dia.
**************
− Caralho! Quem é o gostoso sentado na mesa da Norma? -São as primeiras palavras de Marcos ao entrar em minha sala algumas semanas depois de Eduardo ter começado seu treinamento. Suas palavras fazem com que eu desvie meu olhar do computador imediatamente e o olhe com os olhos estreitados. Foi exatamente por isso que eu não contei nada a ele antes, porque para Marcos, Edu é um tipo de animal exótico, e, definitivamente, exibi-lo não está nos meus planos. Mas, agora, escondê-lo também não é mais uma opção.
− Cuidado! -Alerto e as sobrancelhas dele se levantam.
− O quê?! Abriu mão da regra estúpida de não comer funcionários?! Já não era sem tempo, irmão! Porra! Bate aqui! -Se aproxima da mesa com o braço estendido para um high five: − Mas você nunca foi possessivo, quando você acabar, eu quero! Ou, melhor! Porra! Um ménage! Do caralho! Agiliza essa porra, João! -Diz, verdadeiramente animado com a ideia e eu me levanto da cadeira quase derrubando-a, puto como o inferno com o simples pensamento de outro homem tocando o que é meu, vendo aquela pele macia, lisa e sardenta nua, porra...
− Eu já falei pra ter cuidado, caralho! -O alerta sai um rosnado e, se Marcos não me conhecesse há anos, provavelmente teria dificuldades em entender o que estou dizendo. Seu cenho se franze e ele inclina a cabeça em uma posição estranha, deixando o pescoço enrugado.
− Que porra é essa, João Pedro? Vai me bater por causa de um cu? - questiona com ironia, e eu jogo o corpo de volta na cadeira e espalmo as mãos no rosto antes de arrastá-la pelos cabelos.
− Eu não estou comendo o secretário, Marcos! O homem que eu estou comendo virou meu secretário!
− E que diferença isso faz João Pedro? Já ouviu falar que a ordem dos fatores não altera o produto? Ensinaram essa porra na escola... -diz, ainda confuso, julgando não ter recebido uma resposta compreensível, e se joga na cadeira diante de mim. Eu bufo.
− Eduardo, Marcos! Aquele é o Eduardo! Porra! -Ele pisca os olhos, abre a boca, mas não diz nada. Vira o corpo na direção da porta como se tivesse visão de raio-x e pudesse ver através das paredes. Depois, volta a me encarar com uma expressão meio confusa e meio surpresa em seu rosto.
− O quê?
− Você entendeu e eu não vou repetir...
− O Eduardo? Aquele Eduardo? O do email? O do contrato? -Faz todas as perguntas seguidas, como se quisesse confirmar que está entendendo certo.
− Esse esse mesmo!
− Puta que pariu! É claro que ele te deu uma chave de cu, porque se por fora é gostoso pra caralho, esse cuzinho deve ser um mel! Até eu quero um contrato agora!
− Porra, Marcos! Cala a porra da boca! -Ele sorri.
− Ah, meu amigo! Você foi emcucetado! -declara e gargalha. Reviro meus olhos e balanço a cabeça em negação. O filho da puta é inacreditável!
− Vai tomar no cu, Marcos! -Isso não o para. Sua gargalhada continua soando alta no escritório, e eu volto minha atenção para o computador, decidido a ignorá-lo, mas ele tem outros planos.
− Agora eu entendi porque nas últimas semanas você nunca tá no escritório até tarde, e tem sido visto, frequentemente, em restaurantes com um homem estonteante...
− Como é que é?
− Ah, meu amigo! Seus amigos! Tudo um bando de Maria fofoqueira. Uns três já vieram me dizer que te viram em um restaurante com um homão... Eu só não imaginei que fosse o tal Eduardo... Franzo as sobrancelhas, me lembrando que, realmente, Eduardo e eu encontramos uns três ou quatro amigos meus quando saímos para jantar nas últimas semanas e, até mesmo, um no teatro, onde fiz questão de levá-lo também depois que voltamos do Rio, já que ele ficou completamente encantado com o de lá.
− Mas que filhos da puta! Um bando de fofoqueiros que não tem o que fazer... resmungo.
− Pois é, mas veja lá... Tudo bem! Eu entendi... Sem ménage então! Mas e quando você acabar? Será que eu posso usar o mesmo contrato que fiz pra você? Ou será que ele vai aumentar o preço?
− Você realmente tá tentando levar umas porradas, não tá?
− Passivos adoram um olho roxo, meu amigo! Um olho machucado, uma história triste e uma cara de coitado? Mesmo nível de cachorros e bebês, meu amigo! Mesmo nível!
− Você é doente! -Acuso.
− Você costumava ser exatamente como eu! -devolve, fazendo-me inclinar a cabeça e pensar rapidamente sobre suas palavras. É verdade, eu costumava. E não sinto falta disso nem por um segundo. Achei que sentia, mas desde que encontrei Edu percebi que eu não sentia saudades do que já tinha sido, mas vontade de algo que nunca vivi antes, exatamente o que temos hoje. É o rosto sério de Marcos que me arranca das minhas divagações silenciosas. Ergo uma sobrancelha, sem entender sua abrupta mudança de atitude.
− Puta que pariu! Não foi só um chá de cuzinho, foi? Você tá apaixonado, porra!
− Talvez... -reconheço, porque embora eu não tenha dedicado muito tempo a ele, o pensamento já atravessou minha mente algumas vezes e, depois do choque inicial, percebi que não sou mais nenhum moleque, não há motivos para fugir disso: − Ainda não tenho certeza... Mas não é impossível...
− Não tem certeza? Tomar no cu, João Pedro! Se olha no espelho, caralho! Sua cara de babaca está aí pra quem quiser ver!
− Cara de babaca?
− Um babaca encoleirado! Puta que pariu! E por um puto, João?! Porra! Você é mais esperto que isso, Caralho! - Levanto da mesa com tanta raiva e velocidade, que, dessa vez, a cadeira cai, estendo os braços sobre a mesa, deixando o corpo inclinado sobre eles e olho para Marcos com todo ódio que suas últimas palavras despertaram em mim.
− Repete essa porra! -sibilo, e ele me olha, parecendo chocado. Desvia o olhar, movendo a cabeça, passa a mão pela nuca e seus olhos voltam a encontrar os meus, segundos antes de ele levantar as mãos, em sinal de rendição.
− Ele não é um prostituto, e nunca mais quero ouvir algo nem remotamente parecido! -Ele concorda com a cabeça, mas seu rosto está claramente contrariado, parecendo ter acabado de engolir algo muito amargo, o silêncio de estende entre nós por alguns instantes, antes de Marcos se deixar ser vencido pelo inconformismo.
− Os vinte e cinco mil mensais que
ele está ganhando podem ter algo a dizer sobre isso...-Fecho a cara, ele prende a respiração e depois a solta, inclina a cabeça e fecha os olhos, preparando-se para continuar a falar: − Eu sei que você não o vê desse jeito, João... Mas já passou pela sua cabeça que esse homem pode estar se aproveitando de você? Que tudo isso, desde aquele e-mail estranho, possa ser um golpe que foi milimetricamente calculado?
Rio. Gargalho. E, se as sobrancelhas franzidas de Marcos não fossem o suficiente para me falar de seu desgosto, a expressão em seu rosto seria.
− Só alguém que não conhece Eduardo poderia sugerir algo assim, Marcos! Porra! O cara não seria capaz de agredir um animal indefeso! Ele jamais armaria algo assim! E, na situação em que vivia, seria impossível pensar em tudo isso! Eu te disse, Marcos... Ele mal tinha o que comer!
− E talvez esse fosse o plano o tempo inteiro... Fazer você acreditar nisso, se encantar pelo pobre carinha indefeso, querer ser o príncipe encantado que o salva da miséria.
− Você deveria saber melhor do que isso, Marcos. Eu não sou a porra de um príncipe encantado, e, se tem uma coisa que estou aprendendo, é que Eduardo nem quer um, ele não é do tipo que quer ser salvo... -A lembrança da forma como ele lidou com Manoel faz meu rosto ser inundado por um sorriso: − Ele é porra do cara que salva a si mesmo!
− E você é a porra do babaca apaixonado que não consegue ver as coisas objetivamente! -bufa.
− Babaca? Com certeza! Apaixonado? Talvez... Mas não conseguir ver as coisas objetivamente? Definitivamente, não! Eu o investiguei Marcos, você sabe disso! Como ele poderia ter fingido as informações no relatório do meu próprio investigador?
− Do mesmo jeito que te cegou, com o cu.
− Quem está sendo babaca agora, Marcos?
− Foda-se João! Eu acho que você deveria ter mais cuidado! Coisas assim não acontecem, nós não estamos no caralho de um livro mela cuecas! Você está pagando esse homem, ele não está apaixonado por você, está apaixonado pelo seu dinheiro!
− Você está errado. Errado em supor as duas coisas, porque não, eu não estou pagando Eduardo. Rasgamos o contrato há duas semanas, uma semana depois que decidimos transformar isso em algo além de uma trepada certa, e dois, Eduardo nunca me disse que está apaixonado, eu imagino que esteja, seus olhos me dizem que ele está, mas ele nunca me disse as palavras...
− Os olhos dele dizem? -me interrompe, antes de negar com a cabeça: − Porra! É pior do que eu pensava! Você tá até se achando poeta! E o Joãozinho tá triste por isso, é? Queria ouvir da boca do farsante que ele tá apaixonado? -Pergunta, dobrando o lábio inferior em um bico de deboche.
− Marcos, essa conversa acabou! Claramente, você não está disposto a ouvir, então vamos trabalhar e esquecer minha vida pessoal! Vai ser melhor pra nós dois, e, principalmente, pro seu rosto! – Volto meu olhar para as pastas deixadas sobre a minha mesa por Eduardo há algumas horas atrás, os contratos sobre os quais Marcos veio discutir. Ele tem se saído cada vez melhor no trabalho, assumido um número cada vez maior de funções e dado conta de todas elas.
Não é meu lugar, mas porra! Eu me sinto fodidamente orgulhoso toda vez que o vejo em uma reunião, concentrado, trabalhando, anotando tudo o que acha importante, e quando leio seus relatórios, o orgulho só de multiplica! Ele é tão absurdamente inteligente... É difícil acreditar que o encontrei na situação em que estava. Se eu não conhecesse seu bom coração, isso até seria motivo para considerar o que Marcos está falando, mas é exatamente isso, só alguém que não conhece o coração de Edu poderia sugerir tal coisa. Ele balança a cabeça, sem poder acreditar que eu realmente não vou lhe dar ouvidos.
− Eu só estou tentando te alertar, porra! É claro que o cara desistiu da bolada mensal! Ele achou um cofrinho muito mais gordo! Um babaca apaixonado. -Expiro profundamente, irritado e cansado do assunto. Passo a língua sobre os lábios e cruzo as mãos sobre o vidro da mesa diante de mim.
− Eu disse que essa conversa acabou. Agora, você tem duas opções: levantar, ir embora, e voltar, quando estiver disposto a falar de trabalho, ou, ficar aqui, entender que eu não vou mais falar sobre isso e começar a fazer o que você veio fazer pra começo de conversa, trabalhar. E aí? Qual vai ser? -Ele me encara sério e bufa, antes de balançar a cabeça lentamente em concordância.
− Vamos trabalhar, então.
− Ótimo!
− Mas, depois, não diga que eu não avisei...
− Vai se foder, Marcos!