[Cris]
(Anny): Não abri por favor!
Olhar dela era de desespero, os olhos arregalados e a pele pálida, ela tentava me segurar.
(Cris): Calma meu bem! Eu não vou abrir! Vamos lá para o quarto.
Levantamos e fomos, nem sei se era na casa dela ou no vizinho, mas pararam de bater. Levei ela para tomar um banho, para tentar acalmá-la, nos vestimos e ela deitou, fiquei ao seu lado até dormir, levantei e fui fazer um chá para ela, estava de folga, depois da alta da Anny estávamos precisando. Liguei para o meu filho, falamos um pouco desligamos pois ele teria que estudar. Deus havia me dado um menino, cheio de vida, não só um filho como um amigo. Passei um tempo vendo televisão até ela acordar.
(Anny): Amor?
(Cris): Oi! Vem pra cá!
Ela aninhou-se no meu colo e ficamos ali, com o cobertor nos esquentando, vendo TV.
(Anny): Cris!
(Cris): Diga!
(Anny): Tô com fome!
(Cris): E quando você não tá né? – gargalhei.- Vamos sair pra comer? Você prefere pedir?
(Anny): Pedi, mas liga para o senhor Antônio, pra não deixar subir! Aliás, deixa que eu ligo, que eu vou pedir pra não subir ninguém sem avisar, menos você, afinal você tem a chave!
(Cris): Calma amor!
(Anny): Aquela vagabunda quase mata você, quase tira a vida da única pessoa que se importa comigo, nem minha mãe quer saber como eu estou! Ela sabia de tudo!
(Cris): A gente não sabia que ela seria capaz de tudo isso, que ela faria isso tudo, agora ela está presa, não pode nos fazer nada! Vamos fazer assim, procuramos um lugar pra gente e saímos daqui! Quando isso passar e você quiser voltamos! Iai?
(Anny): Um lugar pra gente?
(Cris): É, aí enquanto isso pode ir pra minha casa!
(Anny): Não, Deus me livre! Prefiro ficar aqui!
(Cris): Nossa.
(Anny): Não vou mais ficar com vontades, se quero gemer, tenho que gemer baixinho, se quero trancar pela casa, também não posso, antes era sua mãe, agora tenho que tomar cuidado com o José!
(Cris): Vai por mim, não mete o José nessa!
(Anny): Teu filho tem quase 9 anos, por mais que seja esperto, não é certo tá vendo certas coisas!
(Cris): Claro, quer que eu transe na frente do meu menino? Anny eu amo muito você, entendo que você não tá bem, mas não mete meu filho em nada, eu entendo você querer satisfazer seus desejos, mas não exagera, outra coisa, se quer ter uma vida comigo saiba que se cabe eu cabe ele ou não cabe nenhum, teremos nossos momentos, meu filho sempre soube o que é respeito e limite, sempre conversamos e sim já aconteceu dele ver eu e Cintia nos beijando, conversei e hoje ele tem um entendimento diferente, mas ele é quase um pré-adolescente, ficarei perto dele com ou sem você!
(Anny): Não tô pedindo para se afastar dele, eu só quero que entenda, conheci você e sempre foi o amor da minha vida, sonhei em ter uma família com você, agora você veio com o pacote completo, eu tenho um menino e não tenho, Cris eu fui sequestrada...
(Cris): Eu tomei um tiro!
(Anny): Para! Quer saber vai embora, eu tô confusa demais! Ainda tem a Luciana!
(Cris): Ainda tem o que?
(Anny): A Luciana, eu sei o que ela fez, mas não precisa de prisão e sim de tratamento!
(Cris): Remédio pra doido é doido e meio!
(Anny): Ela só tinha a mim, e a Penélope, falando nisso eu nem sei como tá a tartaruga!
(Cris): Amor, calma! Vem cá!
Voltei a abraçar, chorou, chorou e antes de dormir...
(Anny): Você me abandonou, você estava lá eu vi você na saída do meu casamento! Você me deixou, eu fiquei sozinha, ainda teve nosso filho com outra!
(Cris): Sim eu estava, de lá fui para os Estados Unidos, mas nenhum dia deixei de lembrar daquela lástima! Você não contou pipoca para ficar com aquela mulher! Eu sempre te falava que não era flor que se cheire, mas você falava mundos e fundos! Fui embora pra gente não se matar! Do mesmo jeito que você tem suas mágoas eu tive as minhas, encontrei a Cintia que me ajudou a ser quem sou hoje, e com o amor do José só somou, voltei no momento certo!
(Anny): Então... mas... desculpa eu apenas vomitei tudo que estava engasgado!
(Cris): Olha, nós mudamos em muita coisa, mas até hoje você é a única que sempre me tira do sério! Você me deixa doida, em todos os sentidos!
O silêncio tomou conta do espaço, os olhos vidrados um no outro, de repente uma corrente magnética percorre o corpo de ambas e como um imã, os corpos colaram, as bocas entregues à um prazer que nunca foi explicado, era urgente, ardente, porém cheio de carinho e ternura. Os braços faziam com que o contato fosse mais forte, até que...
