Uma porta secreta se abriu , um pouco à direita da metade do muro. Alethea, a estranha freira que eu havia encontrado ( ver episódio anterior) retirou o colar, as pulseiras e tornozeleiras de ouro. Agora estava mesmo completamente nua. Pegou suas roupas e as jóias, e as jogou através daquela porta. O interior era escuro, não era possível ver o que havia além daquela abertura.
A bela mulher se virou em minha direção e me olhou, como que convidando para segui-la. Em seguida, entrou e desapareceu pela porta.
Fiquei estático por um momento, depois fui rapidamente atrás dela, porém fui impedido, havia algum tipo de barreira invisível que não me deixava avançar. Fiquei preocupado, mais ainda quando vi que a porta começou a se fechar.
Fiz força para ultrapassar aquela barreira, mas parecia inútil. Então percebi o óbvio: Alethea havia tirado todas as suas roupas para entrar pela porta. Eu devia ter feito o mesmo. Rapidamente, tirei a camisa, a calça , os sapatos, meias e a cueca. Fiquei pelado. Consegui fazer meu braço passar pela barreira, mas a abertura da porta já não me permitia entrar. Fiquei com raiva de mim mesmo. A porta fechou e desapareceu, ficando apenas o muro.
Procurei lembrar quais os tijolos que ela havia pressionado. Mas deveria haver uma sequência, será que ela havia pressionado um de cada vez ou primeiro um depois dois? Tentei algumas vezes e nada aconteceu.
Foi então que olhei para trás e vi que havia movimento na rua que cruzava a viela. Não demoraria para alguém ver um homem nu apalpando um muro nervosamente. Vesti minhas roupas o mais depressa que pude, e fiquei olhando para aqueles tijolos por um bom tempo. Aquela oportunidade havia se esvaído devido à minha falta de percepção.
Eu deveria ter feito o mesmo que Alethea: tirado as roupas logo em seguida e entrado junto com ela. Mas agora não podia fazer nada. No entanto, filmei e fotografei o beco, toda a extensão daquela viela, e as placas das ruas próximas, para que eu pudesse retornar em outro momento.
E foi o que fiz: voltei àquele lugar mais uma vez, no dia seguinte e novamente tentei fazer com que a porta secreta se abrisse, sem sucesso.
Deveria haver alguma coisa a mais, algo que deixei passar despercebido. E eu não conseguia imaginar o que seria.
Meu trabalho não me deixava muito tempo livre, mas nos breves intervalos que tinha eu ficava lembrando daquela belíssima moça, uma verdadeira Deusa nua, perguntando se eu ainda queria ir com ela.
Fui à noite naquela viela. Era curioso que estivesse sempre deserta, como se houvesse algo que afastasse as pessoas. Era de se esperar que algum morador de rua fosse passar a noite ali, mas isso não aconteceu.
Comecei então a imaginar a possibilidade de que aquele lugar fosse um tipo de passagem para um outro universo, ou outra realidade. Passei fazer pesquisas na Internet a respeito da existência de portais ocultos. E havia muita coisa, a maioria dos relatos deixei de lado por serem fantasiosos demais.
Decidi especificar o local, sem muitos detalhes porque sei que esses mecanismos de busca também coletam nossos dados. Qual não foi a minha surpresa quando li que , bem no centro antigo de minha cidade, havia uma rede de passagens subterrâneas construídas na época da Segunda Guerra, que levavam de um prédio a outro e mesmo a locais mais distantes. Também havia abrigos antiaéreos. Um caso conhecido era de um túnel oculto entre um Hospital e uma Igreja, bem em uma das praças centrais.
Por acaso, eu conhecia um médico idoso que havia sido Diretor Geral daquele Hospital, tínhamos uma amizade antiga. Resolvi ligar para ele após meu expediente, e comentei sobre esse túnel. Ele demonstrou surpresa ante minha pergunta, e como teve sua curiosidade despertada, convidou-me para encontrá-lo no Hospital no final de semana, quando ambos teríamos tempo livre. Cheguei lá no sábado pela manhã, ele estava na entrada da Casa de Saúde. Havia pouca gente, apenas os funcionários e médicos de plantão.
- Sabe, amigo, eu não ouvia alguém comentar sobre a existência daquele túnel desde meados dos anos setenta. Como soube a respeito? E qual o motivo de tanta curiosidade?
- Doutor Arthur, se eu contasse o senhor não acreditaria.
- Meu caro, já vi coisas inacreditáveis em minhas sete décadas de vida. Pode me contar.
Resolvi relatar apenas parte da história. Eu não queria comprometer Alethea, embora ela não houvesse me pedido para guardar segredo em momento algum. Falei que havia visto uma pessoa abrir uma porta secreta em um muro, entrar por ela e em seguida essa porta se fechar sem deixar nenhum vestígio. E que, de acordo com um mapa muito antigo que eu havia encontrado na Web, a tal rede de túneis passava pelo lugar, que não era longe da praça onde ficavam o Hospital e a Igreja.
- Muito interessante! Já tive uma experiência parecida há algumas décadas.
Entramos pelo saguão. Era uma construção muito antiga, de mais de cem anos. Subimos por uma escadaria, passamos por um corredor que estava em reforma, e chegamos a uma capela. O Hospital era mantido por uma congregação Católica, então havia estátuas de santos e santas em vários lugares.
Nessa capela, notei uma estátua , deveria ser de alguma santa que eu não conhecia, mas curiosamente as vestes dela eram da mesma cor do manto de Alethea. Isso me fez parar de súbito, para observar melhor aquela figura.
- O que foi?
- Essa vestimenta... há alguns dias, vi uma freira com uma veste e um véu exatamente dessa cor.
- Impossível. Essa estátua já está na Capela há mais de cem anos. Não sabemos o nome da Santa, e nem a qual congregação ela pertencia. Quando comecei a trabalhar neste Hospital, perguntei, no entanto nenhum dos religiosos soube me dizer quem era, ou a qual Ordem ela pertencia. Mas como já estava aqui, ninguém ousou retirá-la. E estou certo ao que não deve existir atualmente nenhuma freira com um traje igual.
- Tenho certeza que vi, Doutor. Essa cor é inconfundível.
O Doutor Arthur me olhou com uma expressão diferente, ao perceber minha convicção. Talvez ele soubesse algo mais e não queria – ou podia – me contar.
O médico me levou até o fundo da Capela. Havia um ícone de forma arredondada, que lembrava os da Igreja Ortodoxa. Mas isso não era importante, e sim o que foi feito em seguida. Ele o segurou com as duas mãos e girou no sentido anti-horário. Ouvi um ruído como que de correntes se movendo, e lentamente uma porta secreta foi se abrindo na lateral da Capela.
- Veja como era a engenhosidade das pessoas naquele tempo! Uma pessoa doente ou ferida poderia pedir abrigo na Igreja e depois ser trazida até aqui para ser tratada, sem que inimigos infiltrados soubessem. A existência destas passagens era muito bem escondida, e poucas pessoas sabiam como abri-las.
Passamos pela porta e entramos em um corredor extenso, de paredes de pedra. Como era bem escuro, o Doutor havia trazido duas lanternas, uma das quais ficou comigo. Caminhamos por um bom tempo, e chegamos enfim a uma porta de madeira.
Esta porta possuía uma trava escondida na parede, em um nicho que ficava atrás de um pequeno quadro com a imagem de um santo. A porta se abriu, e subimos por uma longa e sinuosa escadaria, que dava para um dos corredores laterais da Igreja. Era lógico, pois se fosse na ala principal, a porta seria facilmente vista quando se abrisse.
- Fantástico! Mas, Doutor, o senhor já percorreu os outros corredores subterrâneos?
- Meu caro, antes de responder sua pergunta, vou ser franco: acho que não me contou bem sua história. Eu atendo pacientes há décadas, e penso que essa “freira” que você descreveu tem muito a ver com a pessoa que você viu abrir a porta no tal muro. Se eu me lembro bem, esse muro fica em um beco, no final de uma rua bem estreita, a umas seis quadras daqui.
Ele estava certo. E certamente conhecia muito bem os túneis que passavam embaixo das ruas daquela parte da cidade.
- Podemos ir até lá, então?
- Podemos... mas devo avisá-lo que, devido a construções irregulares, como estacionamentos subterrâneos, algumas dessas passagens foram obstruídas, e mesmo rios que foram canalizados . Isso provoca enchentes em épocas de chuva forte, e eventualmente pode haver o alagamento de túneis como estes.
- Mas então a Prefeitura sabe destas passagens e portas secretas.
- Apenas uns poucos funcionários mais antigos. É um segredo que vem se mantendo ao longo dos anos.
- Mas por qual motivo?
- Isso eu não devo comentar. Sei que é uma pessoa boa, e sua curiosidade é saudável. Eu não teria lhe mostrado isto se não sentisse que algo importante aconteceu com você. Afinal, o que essa moça disse – ou fez - que lhe afetou tanto?
- Não foi tanto o que ela falou, mas o jeito dela, seu olhar, aquilo que senti quando ela encostou em meu braço.
- Então, pelo que entendi, você encontrou com uma moça vestida como se fosse uma freira, tiveram contato físico, depois ela desapareceu por uma dessas passagens secretas.
- Preciso esclarecer que foi um breve contato, apenas a mão dela no meu braço, depois segurei sua mão. E tive uma sensação como se fosse uma descarga elétrica.
- Eletricidade estática. O tecido das vestes dela podem ter gerado essa carga e dado essa sensação.
- Eu já estava imaginando uma história de ficção científica... uma moça linda, que some por algum tipo de passagem interdimensional.
- Ah. Era uma moça linda. Entendi seu interesse.
- Não foi só isso. Ela possuía alguma coisa diferente, não era como nenhuma mulher que eu já houvesse visto em minha vida. E eu realmente preciso saber o que aconteceu.
Doutor Arthur ficou quieto. Parecia estar olhando para além de mim, como que lembrando de algo, ou alguém. Notei que seus olhos ficaram úmidos, uma lágrima pareceu rolar por sua face. Lembrei que ele nunca havia se casado. Havia tido algumas namoradas, mas nunca houve um relacionamento longo. Nos últimos anos, vivia quase recluso.
- Doutor, o que houve? Está passando bem?
- Eu... sei como você está se sentindo. Por acaso ela lhe disse seu nome?
- Alethea.
O nome dela saiu sem querer. Agora ele sabia. A expressão em seu rosto era cada vez mais estranha.
- Esse é o nome dela? Inacreditável. Meu amigo... acho que precisamos ter uma conversa mais longa. Mas não aqui. Vamos marcar um outro dia, em minha casa.
- Com toda a certeza.
Saí da Igreja e fui me sentar em um banco, na praça que ficava logo à frente. Quem olhasse para o Hospital nunca imaginaria que houvesse uma rede de túneis secretos por baixo das avenidas e ruas.
Fiquei olhando para todos aqueles prédios, os postes cheios de fios entrelaçados, os veículos circulando, pessoas agitadas como formigas, movendo-se para lá e para cá. Qual o sentido disso tudo? E por que eu pensava sobre isso naquele momento?
A “estranha freira” havia realmente mexido com algo bem dentro de mim. E a imagem dela, totalmente nua à minha frente, ficava cada vez mais vívida. Tanto que , quando fui dormir à noite, sonhei com ela.
Eu estava deitado, nu, em minha cama, meu cacete duro como pedra apontando para cima. Então, Alethea entrou pela porta. Sem dizer uma palavra, foi se aproximando e se deitou ao meu lado, o rosto quase colado ao meu, como quando nos encontramos. Em seguida, roçou seus lábios nos meus, suavemente, a ponta de seu belo nariz encostando em minha face.
Suas mãos passaram a percorrer meu corpo, como se quisessem mapear cada centímetro dele. Ela ficou um longo tempo me acariciando. A seguir, virou-se, ficando sobre mim. Senti seus seios perfeitos e durinhos pressionando meu tórax, seu ventre roçando no meu cacete, que pulsava forte.
Alethea, então, segurou meu membro com as duas mãos, acariciando minhas bolas e alisando a cabeça dele. Aproximou seus lábios, abriu-os e começou a beijar e lamber.
CONTINUA