Eram 8 horas da noite e meu marido não estava em casa. Tocou o meu celular e era uma ligação restrita. Senti um frio na espinha, e a presença do fantasma do meu amante Rogério, que faleceu há uns meses. Mas o “vivo” que estava do outro lado poderia ser um tarado. Atendi para uma voz meio rouca, mas não totalmente desfigurada:
− Mulher, você é minha! Vem pro papai!
Pobre coitado! Merecia que eu o deixasse falando sozinho, mas não se tratava de um trote comum, já que disse:
− Te pego aí, na rua Flor de Lotus, quadra 15, lote 22 da cidade de Londrina.
Essa descrição aparece no meu talão de água. Vejam só, bastaria ligar os pontos: o tarado era meu marido, restando saber o motivo da brincadeira. Comecei desenvolver a investigação:
− Que tipo de tarado gosta de uma cantora desafinada como eu?
− Tu é cantora? Então canta, que essa alma necessita de ilusão!
− Preciso que acabe comigo hoje, para que não sobre nada para meu marido.
− Será que ele merece, que eu te pegue de todas as formas?
− Claro! E parece que você e ele têm algo em comum. – Pensei e não falei: gostar de putas adúlteras.
− E o que é?
− Não me chamar pelo nome.
− Desculpe, Samantha! Não resisti.
− A sua voz, meu psicopata, parece a do meu marido com faringite. Quer que eu use a lingerie de tigresa?
− Não vai ser possível, já que ela está aqui para abafar o som.
− Me quer totalmente pelada, como há 8 anos?
− Foi há 7 anos e dez meses.
− É que eu pensei que tu fosses anterior a ele.
− Isso depende da pegada de hoje. Pode ser que acabo de surgir na tua vida.
− Então, abre essa porta de uma vez, homem!
Meu marido entrou pela porta da sala. Calcinha na mão esquerda e celular na direita. Me envolveu pelos braços, como há muito não fazia. Eu, incorporando a tigresa, o empurrei para o sofá. Coloquei o pé no peito dele e não deixei levantar. Depois, rasguei a sua camisa e risquei as suas costas, soltando de vez a felina.
Não precisava quebrar tudo, mas algumas coisas foram para o chão, abajur e bibelô, para dar dois exemplos. Ele correspondeu à fúria e me pegou de jeito, me envolvendo com as mãos, alisando-me todas as partes. Estou vivendo um luto de meu suposto amante. Suposto para meu marido, ainda vivo na minha mente. Meu marido perguntou:
− Você vai me ser fiel de hoje em diante?
− Vou continuar como antes. Gosto da tua medida, que me dá prazer!
Ele carcou o pau, na minha perseguida super lubrificada. Mas, a medida que eu citei, claro é do seu cartão de crédito: 9 x 5 cm. De qualquer forma, ele deve saber e, sabe como proceder. Chifre mal dado é infortúnio superado.
Depois da foda alucinante, metida para marcar terreno, demonstração de autoridade, perguntou:
− Vai continuar com as apresentações, Samantha?
− Se o senhor fizer questão, sim.
− Saiba que faço! – concluiu assim.