Memórias póstumas de uma traidora.
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Olá, caro leitor. Você deve ter acompanhado até este momento, a minha história através da ótica de meu marido, sobre como por causa de uma traição, eu perdi a minha vida. Peço um pouco de sua atenção para narrar minha versão dos fatos. É claro que você deve estar PUTO, afinal, quem quer saber a versão da traidora? Como é possível? Que absurdo. (O fato de eu estar morta é mera formalidade. Encare isso como parte da ficção.) Apenas aceite. Eu estava errada, fiz coisas mais erradas ainda, e no fim das contas, era ele ou eu. Perdi em vida, mas arrisquei tudo, dei All-in no grande Poker da vida.
Vou voltar um pouco no tempo, para colocar em pratos limpos tudo que estava acontecendo. Conheci o Carlos através da minha prima, ele era o melhor amigo-irmão de seu namorado, o Elton. Quando a gente era mais nova, rolou algumas brincadeiras entre nós 3 e um amigo nosso, mas ficou muito estranho pra mim acordar e olhar pra cara da minha prima dentro de casa depois de ter passado a noite mamando a xoxota dela junto com o namorado. Bateu arrependimento? Bateu. Foi gostoso? Com TODA a certeza.
Nesta época, resolvi focar mais no trabalho, e enquanto eu dava plantões e cuidava dos meus pacientes da enfermaria do hospital universitário, eu ocupava minha cabeça com coisas úteis e deixava essa putaria constrangedora de lado. Foi neste período que conheci Diego, um dos médicos atendentes e professores lá do hospital. Muitas vezes nos cruzávamos pelos corredores enquanto eu cuidava de seus pacientes, e certa vez, ele puxou conversa comigo. Veio se gabar de como estava indo bem em uma pesquisa utilizando veneno de baiacu para aceleração no processo de cura pós quimioterapia (parei de prestar atenção no que ele dizia nessa hora, e passei a prestar atenção em quem dizia. Dr. Diego era moreno claro, tinha um bom porte físico não muito forte, porém definido, braços de quem certamente fazia academia. Um cabelo preto, ondulado entre despenteado e arrumado, e olhos pretos muito profundos, usava sempre uma barba por fazerEntão os resultados obtidos no ensaio clínico até agora são bem animadores! – concluiu ele.
- Ah sim, que legal – respondi, constrangida por não ter ouvido os últimos 2 minutos de falas.
A partir de então tornou-se comum tomarmos café juntos durante os intervalos, até que finalmente ele me chamou para um bar pós expediente, e começamos a ficar. Pra mim sempre foi só uma ficada, então não achei importante levar ele pra casa, nem apresentar pra Clara, que a este ponto já tinha voltado a ser só minha prima-amiga, ela e Elton continuavam naquela putaria doida deles, mas com outras pessoas. Deixei as coisas como estavam, as vezes me pegava com Diego pós plantão e isso foi muito bom pra matar a vontade de transar de vez em quando.
Ficamos assim por um bom tempo, até que Clara e Elton ao fim do curso resolveram que ele ia prestar concurso pra delegado lá onde Judas perdeu as botas (sua cidadezinha natal, cujo nome eu não fiz questão de aprender) e desde que botaram isso na cabeça, Elton começou a me falar sobre me apresentar seu “irmão” o Carlos. Era ele quem cuidava/era cuidado pela mãe de Elton desde que este foi pra BH estudar, e era uma das pessoas mais importantes para o novo de Maria Clara.
No começo, confesso não tive nenhum interesse, até porque estava ainda de rolinho com Diego. Mas de tanto que insistiram, acabei criando uma fantasia de me pegar com esse brucutu da roça, carpinteiro amigo de Eltinho.
Alguns meses depois, na comemoração da volta de Elton pra sua cidade, e com sua agora noiva fui com eles para a cidade, e não pude deixar de notar o famoso amigo. Violeiro de mão cheia, me derreteu rapidinho tocando uma música pra mim, e no mesmo dia dei um jeitinho de ir dormir em sua casa. Nesse dia transamos muito, e eu já tinha na cabeça que seria dele, e ele seria meu! Formaríamos uma família e seriamos felizes como nos contos de fadas.
Nunca havia sentido aquilo por ninguém antes, muito menos por Diego, apesar de, confesso senti saudades das nossas fodas nos quartinhos de descanso do hospital, coisa que parei de fazer assim que voltei pra BH como a namorada do Carlos. Apesar da insistência de Diego, eu não iria trair meu namorado com ele, de forma alguma. (Pelo menos naquela época, ainda pensava assim. Era melhor que eu continuasse pensando, talvez ambos estivéssemos vivos pra contar a história)
Certa vez, quando nosso namoro estava firme e muito bem, recebi a ligação da Clara pedindo pra ir correndo pra casa deles, pois o Carlos havia descoberto da nossa trepada porque o boca de caçapa do Rodolfo acabou falando demais sem saber que Carlos estava na casa deles pra ter nossa ligação, e iria acabar tudo comigo. Saí correndo pra lá, precisava explicar aquele mal-entendido, mas tudo saiu melhor do que esperado, pois ao pedir perdão por não contar a verdade eu levei a maior surra de pica que este homem já me deu na vida. Nunca levei outra igual antes ou depois, pelo menos não dele. Apanhei como uma cachorra, e tive orgasmos múltiplos ao ouvi-lo dizer que ia foder a mim, e a minha prima juntas... aquilo foi demais pra mim, porém nunca confessei isso na ninguém.
Estava tudo perfeito, mas a merda começou a feder, e acabou com nosso casamento quando inventamos de tentar ter filhos. Por infelicidade do destino descobrimos que meu marido era infértil e que não conseguiríamos aumentar nossa família. Ela sugeriu adoção, mas Deus me livre, eu queria um filho meu, saído do meu útero! Sangue do meu sangue, a eternização do meu amor por ele.
Aquilo parece que foi a morte do homem. Eu tentei, juro que tentei mas o pau não subia nem comigo andando quase nua pela casa. Antes disso a gente transava quase todos os dias, onde quer que fosse. Trabalhávamos em horários compatíveis para que a noite pudéssemos trepar como dois namoradinhos. Agora, o casamento estava uma verdadeira bosta, e uma reformulação no hospital, foi a desculpa perfeita para que eu pudesse voltar a trabalhar no horário noturno, que além de pagar mais, iria me evitar chateação, aborrecimento e constrangimento de olhar pra cara do sr Carlos Brocha. Deixei ele brincando com as madeiras dele de dia, eu vou cuidar em ganhar dinheiro.
Por uma ironia do destino, essa mudança do hospital, veio como uma bomba maior ainda sobre nosso já falido casamento. Dr Diego havia concluído sua pesquisa no hospital universitário, e era agora o novo chefe geral do hospital em que eu estava. Ele se reaproximou de mim como quem não quer nada, e carente como eu estava, não resisti. Tentei escapar uma, duas vezes, até que pensei “um beijinho não fará mal.”. Mas não foi um. Não foram 2. E quando eu percebi, já estava em sua sala, abaixada debaixo de sua mesa, chupando o pau dele, como eu não fazia com meu marido há tempos. Eu sentia um pouco de culpa, não minto, mas a culpa diminuía a cada dia.
Eu nunca quis ser uma mulher de ter um amante fixo, e era justamente isso que eu estava fazendo. Em um de nossos encontros mais intensos, inventei que tinha uma convenção de saúde em São Paulo, e viajamos juntos para a praia. Não me esqueço daquele dia, estávamos como um casal de namorados, e aproveitamos para conhecer um resort situado no litoral sul do Rio Grande do Norte. Neste fim de semana fizemos de tudo, e ele me comeu de todas as formas imagináveis e inimagináveis. Foi uma loucura, pedimos serviço de quarto para que eu pudesse atender só de toalha, fodemos gritando bem alto para que outros hóspedes pudessem ouvir...
De volta para nossa cidade, eu não estava me sentindo muito bem e acabei ficando preocupada ao notar que minha menstruação estava atrasada e só então notei. Corri para contar para o Diego, que gargalhava dizendo que o corno iria criar a prole, porém contei para ele toda a situação de infertilidade do Carlos, no que aí sim ele ficou preocupado. Pensamos muito juntos, e ele me sugeriu trocar o plantão no dia seguinte, para que pudesse terminar com Carlos, e aí poderíamos juntos criar nosso filho.
Eu Precisava realmente tomar uma atitude e terminar tudo de uma vez por todas. Eu estava para terminar com Carlos, e ficar com Diego, eu o estava amando mais do que amava meu próprio esposo. Porém, no dia combinado, aconteceu algo terrível. Carlos foi extremamente amável, fez um jantar romântico para nós, disse que me amava muito, e que apenas nós nos bastávamos. Fiquei sem chão não soube o que fazer, não queria mais estar ali, mas também não tinha coragem de contar a verdade para ele. Neste dia, transamos muito gostoso em cima da mesa, ele me deu uma das chupadas mais gostosas que ele, o Diego ou qualquer outra já deram na vida. No fim, ele me olhou com olhos muito apaixonados dizendo que me ama, e não consegui mais conter o choro que teimava em engasgar minhas palavras. Não era choro de arrependimento. Não era choro de amor, tampouco de remorso. Era medo do futuro, escorrendo de forma liquida dos meus olhos.
Eu não sabia o que fazer, só sabia que eu não poderia mais manter as coisas como estavam. Eu estava grávida de outro, a quem eu agora estava mais apegada e apaixonada. E mesmo que fosse amor passageiro não tinha volta. Eu até poderia tentar culpar o Carlos pelo afastamento, por ter me deixado só, mas eu o dilaceraria com a gravidez. Aconteça o que acontecer, eu tava fodida.
Ao contar pro Diego que não tinha conseguido me separar naquele dia, ele ficou furioso, mas disse que esperaríamos juntos, pelo melhor momento de agir.
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Esta é a primeira parte de minha história. Vou deixar vocês digerirem um pouco, e amanhã conto como se desenrolou tudo até eu vir parar aqui, no meio do nada com coisa nenhuma. Quer dizer, pode se que seja amanhã. Pode ser que seja depois. Ou pode ser que quando eu termine, você já esteja aqui também, e poderá ouvir de mim mesma tudo que aconteceu. Afinal, daqui a gente tem todo o tempo do mundo... divirtam-se hahaha