Caio Venusto é um homem luxurioso: vive em festas e em churrascos quando não está trabalhando, e sempre consegue uma noitada de sexo com uma mulher diferente. Alto, ele cuida muito bem do corpo para aguentar a vida que leva, além de ir quinzenalmente ao barbeiro para deixar o cabelo e a barba na moda do degradê. Assim vai todo o seu salário de reformador de sofás e estofados.
Quando Caio está entre seus parças, seu principal vangloriamento é comparar o tamanho do seu pau grande com os dos outros. A tora dele é mais grande e grossa do que qualquer outro já visto, embora tenha excesso de prepúcio e bolas pequenas. Ainda assim, seu recorde nunca foi batido, e em todas as festas de piscina fazia questão de ficar só de sunga.
No entanto, ao visitar um cliente num prédio situado na zona Sul de Terra Quente, o seu mundo mudou: quem o recebeu foi um homem mais alto do que ele, trajado com roupa de ciclista bem colada ao corpo, o que denunciava o varão colossal que ele tinha. Caio não conseguia se concentrar no trabalho, pois tamanho era o seu espanto. Saiu do apartamento atônito. Passou a noite sem dormir pensando se finalmente havia sido superado.
No dia seguinte, Caio permanecia inquieto. Estava lento no trabalho. Após o almoço, sentou num sofá da firma com a mente alvoroçada. Após um tempo, resolveu abrupto voltar ao apartamento do homenzarrão e tirar a prova; afinal, ainda estava no horário do almoço. Pegou sua moto e foi.
Quando chegou no prédio do suposto titã, percebeu que o tempo havia mudado drasticamente: ficou escuro e precipitava uma forte chuva. Subiu. Ao chegar no apartamento do dito cujo, notou que a porta estava entreaberta. De qualquer modo, apertou a campainha. Ninguém veio. Raios e trovões toravam do lado de fora. Determinado, entrou e perguntou por alguém em casa. O lugar estava todo bagunçado, parecia que havia explodido uma bomba. Perguntou novamente entrando de fininho. Ouviu um barulho; um grunhido, em verdade. Parou. Começou a escutar passos pesados. E o homem apareceu: nu, pálido e de pau duraço. Caio gelou com a imagem. Quando lembrou de sua missão, ficou frustrado ao comprovar os seus receios: a manjuba rochosa do homem era muito maior do que a dele.
Então, Caio se desculpou por ter entrado no apartamento do homenzarrão sem ser convidado. O homem soltou um som estranho e começou a se aproximar com dificuldade em direção a Caio, que estava paralisado de medo. Ao ficarem frente a frente, o pau do homem encostou na barriga de Caio. O homem soltou um som longo e abafado, colocou as mãos nos ombros de Caio e começou a cheirar e a beijar o seu cangote. Eram macios e gelados os seus toques. Caio logo se excitou e começou a ficar de pau duro, embora suasse frio. Quando ficou totalmente ereto, o homem abaixou a calça de Caio e os paus começaram a roçar. A briga de espadas era ofegante para Caio que estava entre o medo e o tesão.
De repente, o homem virou Caio de costa para si. Caio sentiu a sucuri descendo pela sua costa em direção a sua bunda. Quando se tocou do que ia acontecer, criou coragem para se livrar da paralisia e tentou correr, mas tropeçou na calça arriada e caiu. O gigante vinha em sua direção. Então, ele se levantou e saiu correndo com a piroca semidura para fora.
Ao sair do apartamento, Caio tentou utilizar o elevador, mas parecia não funcionar. Olhou para esquerda, foi em direção à porta que dava acesso à escadaria, e desceu desceu desceu. Quando cansou, parou e nem sabia quantos andares faltavam para chegar ao térreo. Ouviu o grunhido do homem. Vinha inacreditavelmente do andar de baixo e estava subindo. Tentou sair pela porta direita da escadaria, mas estava trancada. Percebeu que tinha também uma porta do lado oposto e foi até ela; estava aberta. Viu um elevador e tentou utilizá-lo. Funcionou. Estava subindo até o andar em que Caio estava. Quando finalmente chegou... O homem saiu violentamente de de dentro avançando em Caio. Ele conseguiu se desvencilhar e voltou para escadaria. Ouviu novamente os ruídos subindo e uma sombra que parecia com a do homem. Então, subiu subiu subiu.
Caio chegou no terraço. Cansado, tentou recuperar o ar. Entretanto, ouviu novamente o grunhido do homem que vinha da porta que tinha acabado de passar. O homenzarrão apareceu e ia na direção de Caio que não tinha mais para onde correr. Chegou no limite do terraço, olhou para baixo e não havia notado que o prédio era tão alto. Ele não tinha outra opção: pulou.
Enquanto caía, pensou em tudo que perderia na vida; em todos os sonhos não realizados. Depois, ficou tranquilo; aceitou a morte. Num dado momento, reparou que suas pernas travaram numa posição de como se ele tivesse de cócoras. Seu corpo também se posicionou misticamente em 90°, como se estivesse sentado. Tentando entender a situação inusitada, olhou para baixo e viu algo familiar: era o homem deitado no chão, com uma mão atrás da cabeça e a outra segurando o pauzão para ficar também em 90°. Entendendo a tragédia anunciada, Caio tentou mudar sua direção no ar, e nada. Tentou rotacionar o seu corpo, mas ele girava girava girava no próprio eixo, e sempre voltava para posição inicial.
Caio caía mais rápido. O homem, cada vez mais perto. Grito desesperado. Lágrimas escorrendo. E... Quando o cu de Caio se chocou com a pirocona do homem... Ele acordou num pulo. Era um sonho. Caio ainda estava sentado no sofá da firma. Agoniado, tentou voltar a si. Foi ao banheiro lavar o rosto. Olhou-se no espelho. Suspirou. Sorriu de nervoso. E voltou ao trabalho.
Passado mais um dia, logo pela manhã, Caio tinha que voltar ao apartamento do homenzarrão para trocar a capa do sofá. Estava tão receoso que pediu para que um colega de trabalho o acompanhasse. Ao chegar na porta do apartamento, engolia seco enquanto esperava após tocar a campainha. Quando a porta se abriu quem atendeu foi um outro rapaz que se apresentou como esposo do homem pauzudo, e justificou a ausência dele por conta de uma competição de ciclismo fora da cidade.
O serviço foi feito. Antes de ir embora, Caio chamou o esposo do homenzarrão em particular e disse:
— Não sei como perguntar isso... Mas... — balbuciou Caio.
— Sim, é grandão: 19 cm mole e 36 cm duro. Muita gente já me perguntou sobre isso — se adiantou o esposo do homem pauzudo.
— Nossa... E cê aguenta a... — tentou perguntar Caio, uma vez mais.
— Lindamente, meu amor. Mais alguma pergunta? — perguntou retoricamente o esposo do homem para finalizar a conversa fiada.
— Não, não... Brigado... Bom dia pá ocê — falou Caio, indo embora em seguida.
Caio ficou com aqueles números na cabeça. Quando chegou em casa, foi medir o pau. Conclusão: seu pau era vergonhosamente menor. Ele ficou traumatizado com essa história toda. Tanto que, toda vez que elogiavam o tamanho do seu pau, ele mentalizava do homem pauzudo vestido com roupa de ciclista e perdia todo o brio. Então, dizia que seu era mediano. Coisas da vida.