CAPÍTULO V
*** EDUARDO* ***
SINTO AS BATIDAS do meu
coração mudarem de ritmo. Mas ao contrário do que eu esperava, João não fala, ele me beija, mais intensamente do que das vezes anteriores. Sua boca desce sobre a minha com fome e eu me permito ser devorado. É tão gostoso, nossas línguas se envolvem, circulam, chupam e lambem enquanto nossos lábios se encaixam e desencaixam. O beijo acende todo o meu corpo já sensível, e eu sinto o pulsar constante e a dureza entre as minhas pernas. Céus! Isso é bom! Muito bom!
João desliza as mãos pela minha pele, toca meus braços, minha cintura, agarra meus quadris, depois, minha bunda, ao mesmo tempo em que me puxa de encontro ao próprio corpo, esmagando-me nele, eu sinto como se uma rede elétrica estivesse sendo estendida sob a minha pele, eletrificando-a, e apoio minhas mãos em seus ombros fortes, precisando de algum lugar em que me segurar. O movimento faz meu peito se esfregarem em seu tórax, e me provoca descargas de prazer quando minhas pernas abertas roçam em seu pau duro e eu gemo baixinho. Suas mãos se esgueiram por baixo da minha camiseta, o toque de pele com pele me arrepia, me tira o juízo. Minha respiração acelera, meu coração palpita, enfio minhas mãos por seus cabelos, puxando-o para mim, aprofundando o beijo, pedindo, implorando por mais.
− Eu preciso saber se tudo o que estava no e-mail era brincadeira. - sussurra, ainda na minha boca, entre um beijo e outro, e, apesar de eu estar, literalmente, agarrado ao seu corpo, a pergunta implícita me deixa vermelho, e eu sinto minhas bochechas esquentarem. Quando não respondo, João abre os olhos, e ri, ao se deparar com a minha vermelhidão.
− Sério? Você está sentado no meu colo, se esfregando no meu pau, mas é uma pergunta que te deixa vermelho? - questiona, e eu me remexo em seu colo, constrangido, mas acabo fazendo-o gemer e mordendo meu próprio lábio, quando pressiono o meio de minhas coxas em sua ereção sem querer: − Eu preciso saber, Eduardo. Não quero te machucar por acidente... - declara, e essa ideia me deixa nervoso, porque se ele está preocupado em me machucar, então... João parece ler a preocupação em meus olhos, porque uma de suas sobrancelhas se levantada e ele diz: − Você está com medo…?
Respiro fundo, e, lutando contra o constrangimento em falar sobre isso, respondo: − Não, é que... Bem... Eu, obviamente, não ganhei aqueles títulos...
Mas... A última parte... É verdade... Meio gaguejo, meio balbucio, me atrapalhando com as palavras e sentindo meu rosto pegar fogo.
− A parte que dizia que seu cuzinho virgem está pronto pra uma mudança de status? -Questiona com um sorriso de canto de boca e eu sinto meu rosto, pescoço e colo esquentarem ainda mais.
− Essa? - insiste em receber uma resposta e eu balanço a cabeça, afirmativamente. Ele sorri escancarado e murmura que, por enquanto, isso está bom, antes de voltar a me beijar de um jeito absurdamente gostoso, fazendo-me sentir meu corpo esquentar completamente diferente do constrangimento de segundos atrás.
Sinto minha blusa ser levantada. Interrompemos o beijo apenas para que a blusa passe pela minha cabeça, no segundo seguinte, sua boca está na minha e suas mãos agarram meu peito com a perícia de alguém que conhece meu corpo há muito tempo. Eu sinto a frequência das ondas de prazer espalhadas sob a minha pele aumentar, caminhando, todas juntas, como um exército, em marcha para um ponto muito específico entre as minhas pernas.
Perco o controle e, desesperado por um alívio daquelas sensações enlouquecedoras, rebolo em seu colo. O gemido que escapa dos meus lábios é alto e despudorado quando seu pau, firme e enorme, pressiona contra meu short jeans no ponto exato do meu desespero. João interrompe nosso beijo e baixa os olhos.
− Lindo! Você é fodidamente lindo! - Sussurra com os lábios sobre os meus e seu hálito morno, aliado às palavras ditas em um tom tão íntimo e sensual, funciona como uma afrodisíaco, me deixando ainda mais perdido de desejo.
Levo meu nariz até seu pescoço, cheirando-o ali e deslizando a ponta levemente pela pele, João morde o lóbulo da minha orelha, brinca com os meus mamilos entre os dedos, disparando tremores pelo meu corpo, fazendo-me rebolar mais sobre seu colo. Meus dedos alcançam sua gravata, e eu afasto meu rosto para prestar atenção no que estou fazendo, não quero arruinar nenhuma outra peça de roupa cara. Passo a gravata por seu pescoço e começo a desfazer os botões de sua camisa, durante todo o tempo, ele me observa com uma intensidade ímpar.
Meus dedos finalmente tocam sua pele nua, me derreto com a sensação de seu peitoral quente e duro sob as minhas palmas, mordo o lábio ao observar o abdômen musculoso e cheio de gominhos e, quando ele abaixa a cabeça, levando os lábios até um dos meus mamilos, eu jogo a cabeça para trás, gemendo alto e rebolando em seu colo mais rápido, mas ele agarra meus quadris, me parando.
− Sem chances de eu deixar você gozar assim... - Envolvido na névoa de prazer que seus lábios e língua alternando entre meus mamilos duros, me lançam, eu não entendo, até sentir suas mãos contornarem minha cintura e alcançarem o fecho do meu short. Eu deveria pará-lo, mas não vou, porque tudo o que quero é senti-lo, desesperado e ansiosamente. Mãos deslizam
levemente pela minha pele exposta, me provocando, fazendo-me quase implorar, mas tenho dificuldades para pensar, quem dirá para falar.
São tantas sensações, seus dedos em minha pele acesa, sua boca em meus mamilos sensíveis, seu pau na minha bunda. Sinto a dureza em minhas pernas crescendo a cada segundo, deixando me quente, pulsante, e dolorosamente desejoso.
− Você vai ter que me pedir ... - sussurra enquanto sua língua faz um caminho enlouquecedor de baixo para cima em meu corpo, passando pelos meu peito, externo, clavículas, pescoço, queixo, até alcançar a minha boca. Onde ele repete as palavras já ditas e usa novas para me provocar.
− Se você quiser gozar, vai ter que me pedir. - João leva a boca à minha orelha e a morde.
− Pede, Eduardo! - O hálito esquenta minha pele, faz meu corpo inteiro vibrar: − Pede pra eu fazer sua pau gozar na minha mão! - As palavras são como chicotes, açoitando meu desejo e o aumentando em mil vezes. O cheiro de João, misturado ao tesão transbordante e às palavras ditas me embriaga, deixa-me completamente alucinado de tesão.
− Pede... - sussurra, novamente, e eu me rendo.
− Me faz gozar, João! Faz meu pau gozar na sua mão, por favor. - Imploro, e minha voz sai manhosa, gemida e arrastada. Puxo João pelos cabelos e levo sua boca até a minha, faminto por seus beijos. Nossas línguas se reencontram e se consomem como se estivessem há uma vida inteira sem contato. Sinto o suor brotando em minha pele quando meu peito escorregam, levemente molhados, pelo tórax contra o qual estão sendo espremidos.
As mãos de João voltam a explorar o cós dos meus shorts, infiltrando-se por dentro dele, uma, desliza e acaricia minha bunda, a outra, brinca com o elástico da minha cueca na parte da frente e eu tenho vontade de pedir pelo amor de Deus para que ele pare, mas ele não para. Ele desce, e quando sinto seu toque leve como uma pluma sobre o meu pau, impulsiono meu quadril contra a sua mão, completamente entregue.
− Sua cueca está tão melada, meu bem! Porra, delicioso! Você é delicioso! - fala baixo em minha boca, interrompendo nosso beijo segundos antes de passear seus dedos meu pau, ainda por cima da cueca e me fazer ofegar. Abro os olhos e me deparo com mares, tempestuosos, absolutamente revoltos, e descontrolados, me encarando, e quando acho que não dá para ficar mais gostoso, João passa a mão para dentro da minha cueca e me toca pele contra pele. É imediato, sua mão se fecha ao redor do meu pau e eu gemo gostosamente, enlouquecido com a sensação. Ele lambe minha boca e passa a enfiar a língua dentro dela lentamente, a combinação dos movimentos me tira de órbita, fazendo-me gemer alto, rebolar na sua mão, fechar os olhos e me perder em um mundo em que só existe prazer e nada mais.
− Todo meladinho, porra! -rosna, fazendo movimentos de vai e vem. O som que sai de minha boca é meio gemido, meio grito, e ele faz de novo, e de novo, e de novo, até que eu tenho o que pedi, explodo em um orgasmo glorioso em seus dedos, enquanto minha boca está aberta, grudada à sua, e meu peito está prensado contra o seu tórax, deslizando com o suor de nossas peles.
Minha cabeça cai para trás enquanto tremores intensos atravessam meu corpo, me consumindo e me reduzindo a uma massa molenga sobre o colo de João. Me agarro a sensação por todo o tempo que ela dura, mantendo os olhos fechados, aproveitando cada segundo, sinto beijos e lambidas em minha garganta e sorrio, aliviado, saciado, leve, Céus! Eu nunca cheguei nem perto disso sozinho, nem miseramente perto.
Quando meu corpo finalmente se recupera do gozo avassalador, abaixo minha cabeça e João me recebe com sua boca pronta para devorar a minha. Nos beijamos longa e deliciosamente enquanto suas mãos deslizam pelas minhas costas, até ficarmos sem ar. Ele leva a mão que tirou de mim até o nariz e aspira profundamente, inspirando meu cheiro e sinto meu rosto ficar vermelho imediatamente. Depois, ainda olhando para mim, leva os dedos à boca, e os chupa, deixando-me, ao mesmo tempo, chocado, novamente excitado e, levemente curioso, para saber qual o meu próprio gosto.
Outra vez, ele parece ler meus desejos em meus olhos, porque tira os dedos da boca, e coloca-os sobre os meus lábios.
− Foi gostoso? - Pergunta, mesmo sabendo a resposta.
− Muito! - Sussurro: − Muito gostoso!
− Chupa. - Ordena e eu coloco minha língua para fora timidamente. Sinto mais o cheiro do que o gosto, mas ainda assim, envolvo os dois dedos em minha língua e João geme, antes de tirá-los de mim.
− Você me perguntou como eu queria você, e é exatamente assim... Gostoso, pelado, suado, gemendo e gozando pra mim, só pra mim.
− A gente vai...
− Transar? - Me interrompe com ar de diversão.
− É...
− Não, hoje não, por dois motivos. O primeiro, é que você é virgem, e isso tem que ser feito com calma pra ser bom pra você. - pondera enquanto suas mãos acariciam meus cabelos e meu pescoço: − E o segundo, é que não existe a menor possibilidade de eu te foder em um lugar que não tenha uma cama pra eu me banquetear em você a noite toda.
Mais uma vez, suas palavras tem um efeito imediato em meu sexo, que palpita só de ouvi-las sendo ditas por sua voz grave e aveludada.
− Mas e você? Quer dizer, você não...
− Gozei? - Novamente, me poupa do constrangimento de dizer em voz alta.
− É...
− Hoje eu só queria ver você gozar, mas, quando eu chegar em casa, vou me masturbar pensando em você, e vou gozar imaginando estar fodendo esse seu cuzinho apertado e gostoso. Vou gozar enquanto teu gosto ainda tá na minha boca, Eduardo!
Pai amado! Esse homem vai destruir minha capacidade de manter minha pele branca e vou viver em um estado permanentemente vermelho. Mas, inegavelmente, suas palavras me afetam, fazendo me sentir os efeitos em meu pau, duro, sensível e palpitante. Mordo o lábio, querendo me desfazer da sensação, mas ela se recusa a ir embora.
− Isso te excita, Eduardo? -sussurra com
a boca tão perto meu rosto que seu hálito se espalha pela minha pele: − Saber que eu vou me masturbar pensando em você? Saber que eu vou gozar imaginando qual é a sensação de sentir teu pau gozar na minha boca? - Balanço a cabeça lentamente, confirmando.
− Ótimo! - Deixa beijos suaves pelo meu rosto: − Eu vou te ensinar muitas coisas, meu bem... Começando pelo fato de que palavras podem ser tão excitantes quanto toques...
− Mas você disse que não queria me namorar... - respondo, confuso.
− E não quero, Eduardo. Eu não faço isso, não sou homem de namorar. - A declaração me frustra e me irrita ao mesmo tempo.
− E de que exatamente você é homem, João?!
− De foder gostoso, de te fazer gozar várias vezes, uma atrás da outra, de abrir suas pernas, chupar e lamber teu cuzinho até você gozar de novo e de novo, de te deixar exausto e bem fodido, de te comer uma noite inteira e no dia seguinte você não conseguir levantar da cama... - As imagens evocadas pelas palavras me fazem gemer baixo e ele ri da minha reação. Levo vários segundos para conseguir parar de imaginar sua boca entre as minha bunda e o quão delicioso isso não deve ser, só então sou capaz de falar novamente.
− Mas não quer me namorar...
− Não.
− Então o que você quer?! Sexo casual? - Arrisco a pergunta com uma sobrancelha levantada e sinto, imediatamente, minha pele esquentar. Maldição! João ri abertamente, depois, beija a ponta do meu nariz, e, suavemente, meus lábios.
− Não, Eduardo. Eu quero te contratar.
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*** JOÃO PEDRO ***
EDUARDO ME ENCARA como se eu
tivesse estapeado seu rosto. Eu esperava por isso. Desde o momento em que decidi o que faria, tinha certeza de qual seria a sua reação. Por isso, quis tocá-lo primeiro, deixar que soubesse onde essa química e magnetismo absurdo que temos pode nos levar, e eu não estava errado, nem um pouco. Foi fodidamente delicioso, e eu apenas o toquei, só de me imaginar dentro dele, minhas bolas doem, porra...
Se ele não fosse virgem, eu já estaria enterrado no fundo de seu cu, escorado em qualquer parede desse cubículo que ele chama de casa. Eduardo franze as sobrancelhas e meneia a cabeça:
− O que você disse?
Cheiro sua pele e beijo seu rosto, acaricio sua cintura, planto beijos em seu colo e pescoço, ele reage, gemendo manhoso, se derretendo sob meus toques e carícias.
− Eu disse que quero contratar você... - A repetição das palavras o desperta, tirando-o da névoa de excitação em que estava e ele arregala os olhos para mim, balança a cabeça em negativa e começa a se movimentar, tentando sair do meu colo, mas eu não deixo. Prendo-o com meus braços firmemente ao seu redor.
− Me solta! - ordena, com o cenho franzido, o rosto sério e as narinas se alargando a cada expiração.
− Não, porque nós vamos brigar agora. E eu já te expliquei como nossas brigas vão funcionar. - respondo com simplicidade, e seus olhos brilham em uma mistura de apreciação e desgosto.
− Você disse que tinha entendido que eu não sou um prostituto, e nem me tornaria um.
− Eu entendi. E não é isso que estou pedindo... - Volto às carícias lentas em seu corpo, aos beijos suaves e aos toques provocantes. Eduardo se retorce em meu colo, sua pele arrepia-se, seus olhos se fecham brevemente, depois voltam a se abrir.
− Então você não quer transar comigo? - Seu olhar sustenta o meu com firmeza, e o que vejo, quase me faz rir.
− Ah, eu quero Eduardo! Até te deixar dolorido e exausto, só pra depois, começar tudo de novo. -sussurro em seu ouvido e ele estremece.
− E você quer me pagar?
− Quero também.
− Essa é a definição de prostituição, João! - afirma, segurando minhas mãos em sua cintura para que elas parem de se mover, em uma tentativa óbvia de parar as sensações que estou causando, propositalmente, para desconcentrá-lo. Suas sobrancelhas estão arqueadas, e sua expressão séria deixa claro o seu descontentamento.
− Não, não é... - Eduardo bufa, continuo: − A definição de prostituição é pagar por sexo, pelo corpo de alguém. E eu não quero pagar pelo seu corpo, esse você vai ceder pra mim porque você quer, e mesmo que tentasse resistir, não conseguiria. A prova disso é que, se eu quisesse, poderia ter te fodido aqui, hoje, nessa pilha de gravetos que você chama de cama, e você teria dito sim. A qualquer momento, você teria dito sim, Eduardo. Eu quero pagar pelo seu tempo, porque eu vou ocupar todo ele. Quero você a minha disposição vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Eu não tenho tempo pra encontros, então, pra fazermos isso, você vai estar comigo o tempo todo...
Ele abre e fecha a boca algumas vezes, buscando, em vão, argumentos para me contradizer, porque não vai encontrar.
− Eu não vou ser seu puto, João! - A escolha de palavras me faz sorrir e a expressão de Eduardo se torna ainda mais grave, ofendido e raivoso. Eu pressiono meus dedos ao redor de sua cintura, puxo-o para mim, posicionando suas pernas abertas exatamente sobre a minha ereção. Em um momento de fraqueza, ele fecha os olhos brevemente, logo voltando a abri-los.
− Você sente isso? - Pergunto e impulsiono meus quadris para cima, esfregando meu pau duro contra suas pernas abertas ao meu redor, ele ofega, mas, bravamente, mantém os olhos abertos: − É pra você, Eduardo! Foi você quem me deixou duro feito a porra de uma barra de ferro, então não se engane, você já é meu putinho! E não porque eu vou te pagar, mas porque você quer ser... E eu trato muito bem os meus putos, você acabou de experimentar exatamente isso.
Minhas palavras despertam-no de seu delírio de prazer e ele começa a se debater em meu colo, buscando uma maneira de me fazer soltá-lo. Seu quadril se remexe sobre o meu, provocando meu pau ansioso por satisfação, e ele força meus braços a se desvencilharem de sua cintura com as mãos, enquanto se movimenta, buscando uma saída como pode, antes de conseguir uma, finalmente diz o que provocou a reação exagerada.
− Seus putos? - Sua voz sai falha, e eu sorrio largamente, porque é exatamente o questionamento que eu esperava. Eu digo que ele é meu putinho porque quer, mas o que o incomoda é o fato de eu ter usado o plural.
− Sim, Eduardo! Meus putos...
− Vai pro inferno! -Praticamente rosna, e começa a se debater com força, obrigando-me a soltá-lo, para que ele não se machuque. Cruzo os braços na frente do peito e continuo sentado, com as pernas esticadas na torre de farpas em que ele dorme. Eduardo desce da cama e coloca a camisa enquanto coloca quatro passos entre nós, como se isso realmente pudesse me deter caso eu decidisse alcançá-lo. Meneio a cabeça para o lado, encarando-o e ele retribui com um olhar raivoso, completamente diferente do embevecido de prazer que me dedicava minutos atrás. Porra de homem volátil! O pensamento me faz sorrir e ele explode:
− Vai pro inferno! Sai da minha casa!
Meu Deus, eu sou um idiota! Um idiota, porra!
− Então você fala palavrão? -Levanto uma sobrancelha para ele.
− Só quando eu estou muito irritado, e se você quer saber, você me fez ultrapassar todos os limites da irritação! Eu quero você fora da minha casa!
FORA DA MINHA CASA, FORA DA MINHA VIDA! - grita e eu me mantenho no mesmo lugar. A percepção de que eu não tenho a menor intenção de me levantar a deixa ainda mais possessa.
− João, se você não levantar eu vou chamar a polícia. - A ameaça me faz gargalhar.
− Vai chamar a polícia, e dizer o quê?! Que abriu a porta pra um homem que você só viu uma vez, deixou ele entrar na sua casa, implorou pra ele fazer você gozar na mão dele e agora ele não quer ir embora? - Pergunto e, o pouco de pele exposta que ele tem e ainda não estava vermelho, começa a ruborizar: − Eu já te disse isso algumas vezes, Eduardo, mas eu vou repetir, porque você parece ainda não ter entendido. - Me levanto da cama como um felino que espreita sua caça, lenta e calmamente. Dou um pequeno passo em sua direção, ao que ele reage dando um passo largo para trás, fugindo de mim: − Eu não vou a lugar algum... - Ando mais dois pequenos passos para frente e ele dá dois largos para trás, batendo as costas na parede e arregalando os olhos ao se dar conta disso.
Sorrio, e ele olha para o lado, com a intenção de fugir de mim, mas em um único passo já o alcancei e coloco minhas mãos espalmadas na parede atrás dele, prendendo sua cabeça entre meus braços.
− Eu não quero! - Afirma com a voz trêmula.
− Jura? Então por que seu corpo tá tremendo, sua pele tá arrepiada e você tá me encarando com essa porra de olhar que me implora pra te foder?
− Meu olhar não tá implorando nada!
− Você jura? Então, quer dizer que, se
eu enfiar minha mão na sua cueca, não vou te encontrar pingando de tesão de novo? -Aproximo meu rosto do seu, deixando nossas bocas tão próximas uma da outra, que quando ele mexe a cabeça, seus lábios raspam suavemente os meus. Ele ofega e vira o rosto, desviando o olhar, mas não nega.
− Eu não vou ser um dos seus putos! - Diz com raiva.
− Não, não vai! Você já é o meu puto. - sussurro, agora, com a boca muito perto do seu ouvido, enfatizando o o, e nem preciso olhar para saber que ele está mordendo o lábio. Roço meu nariz pela lateral do seu rosto, deixo um beijinho na pontinha de sua orelha e seguro seu queixo entre meu polegar e indicador antes de voltar a encarar seus olhos:
− Alguma outra coisa te incomoda além de eu ter dito que houve outros além de você? -questiono olhando em seus olhos.
− Eu não vou ser pago pra transar com você! - afirma de uma única vez.
− Não, não vai! Eu já disse, e repito. Isso você vai fazer de graça. Eu não vou pagar pelo sexo. Vou pagar pelo seu tempo. Sou um homem ocupado e vou precisar da sua total disponibilidade. Não posso depender dos seus horários de trabalho, quando você tiver um...
Ele me observa por longos minutos, considerando o que eu disse. Por fim, balança a cabeça negativamente e expira com força.
− Não. Eu não quero! Isso não vai dar certo, eu não quero isso! -Agora, tem o olhar fixo no meu nariz, ao invés de nos meus olhos.
− Mentiroso! -Sorrio e ele volta a enfrentar meu olhar.
− Eu não estou mentindo! Mas isso é conversa fiada! Eu não vou ser seu prostituto! Não vou! O que você quer, eu não posso te dar!
Sorrio, respondendo suas afirmações sem usar palavras. Ele entende exatamente o que eu quero dizer, porque me empurra, fazendo força para se ver livre da prisão que meu corpo se tornou para o seu.
− Sai daqui João, e tira esse sorrisinho da cara, porque eu já cansei dele! Cansei de você achar divertido que eu queira discordar de você, e sabe do que mais? Eu tô exausto da pessoa que eu me transformo quando estou com você, e isso só aconteceu duas vezes! Duas vezes! Eu nem posso imaginar como vai ser isso vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana! Eu não gosto dessa montanha russa de emoções, eu não quero ser seu puto, e eu, definitivamente, não vou ser seu garoto de programa! Eu não vou deixar você fazer eu me sentir mal comigo mesmo de novo! Outra vez não! Chega! Tudo isso foi um erro e não vai se repetir, nunca mais! - Afirma com palavras atropeladas e movendo o corpo inteiro, como se precisasse de recursos que as confirmassem. O observo enquanto ele deixa que as falas explodam para fora de sua boca, e não preciso ser um grande perito em comportamento para perceber que Eduardo não acredita nem em metade delas. Ele adora a montanha russa que é estarmos juntos, quer ser meu puto, adorou tudo o que aconteceu, e, se tem alguma ressalva, é quanto ao dinheiro, mas isso não é negociável. Aproximo meu rosto do seu e ele retrai o corpo, amedrontada de que eu a toque.
− Mentiroso. -É tudo o que digo e me afasto. Começo a recolher minhas poucas peças de roupas que ficaram espalhadas pelo seu projeto de moradia e quando estou com tudo em mãos, me viro para ele, que me observa desconfiado, como se não acreditasse que eu realmente estou cedendo aos seus pedidos e ordens.
Colocando a mão no bolso da calça, retiro de lá sua identidade e minha carteira, estendo para ele, junto com seu documento, um cartão com meu telefone. Ele encara minha mão por vários segundos antes de estender a sua e pegar o que eu ofereço.
− Me liga quando você estiver pronto pra aceitar o que realmente quer. Pode ser a cobrar... - digo e me viro, começando a caminhar na direção da porta sem nem mesmo esperar por uma resposta. Ao abri-la, olho para trás ao me lembrar:
− E coma, porra! Isso não é negociável! - Fecho a porta e deixo um Eduardo com a boca aberta, pronto para uma réplica para trás.