Esse é um site de contos eróticos, e como tal, espera-se sexo em todos as partes. Peço que tenham paciência, pois ele virá e será da melhor qualidade. Sexo sem contexto, feito apenas para estar ali, sem conexão com a história ou repetitivo, sem novidade, acaba estragando o texto ou parecendo forçado, incoerente. Prefiro usar o erotismo em algumas partes específicas do texto e seguir o roteiro que planejei, esperando a compreensão de todos. Obrigado e boa leitura.
Revisão e consultoria (vulgo pitaco): Id@
No dia seguinte eu colocaria meu plano em ação, mas para agitar ainda mais as coisas, ouvi batidas na porta da minha casa:
– Toni? Já dormir? Poder entrar? Não querer ficar sozinha.
Olhei as horas no celular e vi que havia chegado uma mensagem da Mila, contando como foi seu dia, dizendo que trabalhou demais e pedindo para fazer uma chamada de vídeo comigo. Respondi pedindo que esperasse alguns minutos e menti dizendo que estava terminando o banho. Ela já tinha mandado mensagens antes, mas nenhuma que valha a pena destacar, apenas o básico, dizendo que chegaram bem, que as reuniões estavam sendo cansativas, coisas desse tipo.
Levantei e abri a porta para Yelena:
– Desculpa! Me sentir só, querer conversar.
Senti a barriga roncar, havia passado o dia quase todo sem comer e tive uma ideia:
– Já jantou? Estou com fome, quer me acompanhar?
Ela respondeu:
– Meu barriga não muito bem. Bárbara fez sopa, comer pouquinho.
Falei da mensagem de Mila e pedi que ela me esperasse na casa, que assim que terminasse de falar com ela, iria ao seu encontro. Muito contrariada, Yelena aceitou e me mostrou seu telefone com chamadas recusadas tanto do meu pai, como de Mila.
Precisei intervir:
– Se você agir assim, e eles estiverem mesmo nos enganando, eles irão desconfiar, se afastar e nós continuaremos sendo feitos de bobo. Precisamos ser espertos, deixar que eles pensem que não desconfiamos de nada. Você precisa tratá-los normalmente.
Se virando em seus calcanhares e saindo pisando duro, ela disse:
– Vou tentar. Conseguir, nau sei. – E resmungou em russo. – Говорить легко, кажется, что тебе все равно.¹
Eu ainda tentei:
– Você precisa, ou nunca iremos saber a verdade …
Ela fez um sinal de "eu entendi" com as mãos e entrou na casa grande. Eu corri ao banheiro, molhei a cabeça, sequei com a toalha de rosto mesmo e me deitei na cama, fazendo a chamada de vídeo para Mila. Ela me atendeu no segundo toque:
– Oi, meu amor! Tudo bem? Como foi seu dia.
Dei meu sorriso mais caprichado, tentando demonstrar que estava com saudades:
– O de sempre, muito trabalho e nenhuma novidade. E vocês, estão conseguindo fechar a parceria com a empresa?
Mila estava se arrumando, com um belo e novo vestido de noite, de um tom azul anil, ajustado ao corpo, prendendo um lindo brinco de brilhantes na orelha. Olhei o relógio e estava próximo das 21:00hs. Não resisti:
– Nossa, que produção! Vai sair?
Com a maior naturalidade, Mila respondeu:
– Sim! Um dos diretores da empresa nos convidou. Seremos eu, seu pai, ele e a esposa.
Eu a elogiei, incentivando e tentando saber mais:
– Lindo vestido. Comprou aí? Combina com os brincos.
Ela aceitou bem meu elogio, revelando:
– Obrigada! Seu pai comprou para mim, não podemos fazer feio com esse pessoal.
Ouvi a voz do meu pai:
– Está pronta? Podemos ir?
Quase coloquei tudo a perder:
– Vocês estão no mesmo quarto?
Ela se assustou, mas foi rápida:
– Seu pai veio trazer os brincos, estava me esperando colocar. Nada demais.
Forcei novamente o sorriso, tentando terminar aquela ligação sem que ela desconfiasse de nada:
– Então vai lá, amor! Eu preciso de uma boa noite de sono.
Antes de desligar, ela perguntou:
– Não consigo falar com a Lena. – Só Mila chama Yelena dessa forma. – Ela está bem?
Inventei uma desculpa na hora:
– Eu cheguei por volta das 18:30hs e de acordo com a Bá, ela estava dormindo. Disse que chegou da clínica com dor de cabeça.
Mila pediu:
– Dá uma olhada nela, amor. Deve estar solitária. Depois me avisa. Beijo, te amo.
Mila desligou e eu fiquei pensando em tudo o que presenciei. Como o fuso horário de Bueno Aires e São Paulo é o mesmo, vinte e uma horas é um horário até adequado para um jantar de negócios, mas eu fiquei muito cismado com aquela produção toda e o fato do meu pai estar em seu quarto.
Quanto mais eu pensava, mais certeza eu tinha de que precisava ir em frente com meu plano. Precisava também, ter uma conversa mais séria com Yelena e colocá-la a par de tudo. Se ela não estivesse dentro, nada faria sentido. Expor a suposta traição passou a ser uma obsessão para mim.
Peguei meu celular, liguei para o meu segundo em comando na empresa e pedi que no dia seguinte ele tomasse conta de tudo e que eu tiraria um ou dois dias para resolver problemas pessoais. Coloquei uma camiseta e fui ao encontro de Yelena. Passei pela sala, pelo corredor e fui direto à cozinha. Gritei:
– Já estou aqui.
Peguei algumas fatias de pão de forma, queijo, presunto, requeijão, alface, tomate e preparei dois sanduíches. Ela logo apareceu:
– Acabar de falar com sua pai, ele e Mila sair pra jantar com diretor. Queria xingar, brigar, mas lembrei do que você dizer. - Ela resmungou em russo novamente. - сукин сын.
Aquelas palavras finais em russo eu conhecia bem, ela havia me ensinado e para os nossos ouvidos é algo como "sukin syn" e significa "filho da puta." Não pude deixar de rir e acabei recebendo um lindo sorriso dela.
Eu ofereci um dos sanduíches, mas ela recusou, passando a mão na barriga e fazendo cara feia. Contei a ela a desculpa que dei para Mila, a mentira no caso, mas ela estava impaciente e já foi perguntando:
– O que fazer você? Como ... – Ela procurava a palavra em português, olhando para o alto, e tentou falar pausadamente. – Pretender fazer para descobrir o verdade?
Enquanto comia, contei sobre minhas pesquisas, o que descobri sobre traição, sobre como os traidores pensam, sobre os conselhos do detetive … ela ouvia com atenção, sem interromper. Eu disse:
– Preciso que você seja a melhor atriz que puder com os dois e volte ao trabalho. Uma alteração brusca na rotina pode destruir nossos planos. Você está dentro, né?
Yelena me encarou um pouco menos triste, sorriu e disse:
– Sim! Estar dentro. – Mas também, foi direta: – Se a verdade descobrir, a gente dar troco, certo? Eu não aceitar isso tipo de coisa.
Eu não tinha essa intenção de vingança, mas se discordasse, Yelena poderia se sentir frustrada e colocar tudo a perder. Prometi:
– Sim! Se eles estiverem fazendo isso com a gente, eu prometo que vou pensar em algo para dar o troco …
Ela me interrompeu:
– Nós pensar juntos. Eles pagar caro, promete?
– Prometo! - Ela sorriu feliz.
Terminei de comer, lavei as coisas que sujei e quando ia me despedindo, já em direção ao quintal, ela pediu:
– Ficar comigo? Não querer estar sozinha. Dorme junto.
Eu me assustei:
– Ficar com você? Sabe o que isso significa aqui no Brasil? Dormir juntos é mais do que o sentido literal…
Ela, com seu jeito fofo, também se assustou:
– Não pensar bobagens, só querer companhia. Meu cabeça muito confusa. Par favor, só ficar próximo, eu precisar de calor humano, saber que tem pessoa perto.
Eu me sentia da mesma forma e acabei concordando, mas com uma exigência:
– Ok, mas não no seu quarto …
Ela me interrompeu:
– Pode ser na seu…
Eu também já cortei logo:
– Não! Vou jogar um colchão no chão da sala de televisão. Assistimos um filme, podemos conversar e qualquer coisa, eu te levo pra sua cama quando você pegar no sono. Pode ser assim?
Ela não gostou muito da ideia, mas concordou:
– Poder ser. Melhor que ficar sozinha.
Peguei o colchão do quarto de hóspedes, mais fácil de carregar e joguei no chão da sala de televisão. Yelena colocou o lençol e trouxe travesseiros. Liguei a televisão, abri o aplicativo do streaming e deixei que ela escolhesse o filme. Após vários minutos escolhendo, enquanto aproveitei para ir ao banheiro, ela disse:
– Assistir em russo, você ler português, tuda bem?
Era um bom filme de suspense, meio terror até, e eu concordei. Peguei o travesseiro e me deitei no sofá. Ela protestou:
– Não! – E apontando para o colchão, pediu: – Deitar comigo. Colchão grande, não vai atacar você.
Enquanto ela ria, peguei o travesseiro e me ajeitei no colchão. Antes de me deitar, e para o meu completo desespero, ela tirou o robe que vestia. Era impossível não olhar para tamanha perfeição: o baby-doll branco de renda, colado ao corpo, era minúsculo. O shortinho, modelando perfeitamente a xoxota, e a parte de cima, pouco maior do que um sutiã, mais fino, marcando os biquinhos dos seios.
PUTA QUE PARIU! Tentei disfarçar a ereção, me cobrindo com a coberta fininha, dobrando as pernas, tentando me concentrar no filme. Ao se deitar, ela fez questão de deixar a bunda a centímetros do meu rosto, de quatro, esticando o lençol do seu lado. Eu podia ver nitidamente o shortinho sendo engolido por sua raba, a racha da xoxota perfeitamente desenhada … Que tortura! Suei frio.
Ela se deitou e depois de alguns minutos consegui me concentrar no filme, acalmando minha ereção. Mas, a cada susto, cada cena mais pesada, ela se agarrava em mim, escondendo o rosto em meu peito, gritando assustada, pedindo proteção. Seu perfume me fazia viajar, seus seios apertados contra mim, suas coxas e barriga roçando na lateral do meu corpo. A tortura só aumentava. Ainda bem que ela acabou pegando no sono antes de mim.
Eu estava cansado pelo trabalho e pelo esgotamento psicológico causado pelas desconfianças. Yelena e sua formosura também contribuíam para o meu estresse.
Não sei por quanto tempo dormi, mas acabei sendo acordado durante a madrugada, de conchinha com minha madrasta, enquanto ela, inconscientemente, esfregava aquela bunda maravilhosa no meu pau duro. Não me surpreendia o fato de estar assim com ela, pois tinha o costume de fazer o mesmo com Mila enquanto dormia. Descobri que Yelena falava dormindo. Peguei o celular, abri o tradutor e comecei a gravar:
– Как вкусно, дорогая! Я скучал по тебе, сегодня проснулся непослушным. Очень хороший.
Li a tradução: “Que delícia, amor! eu estava com saudades, acordou safado hoje. Muito bom”.
Ela não parava de falar e esfregar aquela bunda em mim. Gravei mais um trecho:
– Не делай этого больше, ты мне нужен. Я люблю тебя, мне всегда нужно заниматься с тобой любовью. Я твоя жена.
Parei de gravar e olhei a tradução: “Não faça isso de novo, eu preciso de você. Eu te amo, preciso sempre fazer amor com você. Eu sou sua esposa”.
Ela estava carente e sonhando, seu subconsciente enxergava meu pai ali no meu lugar. Como ela dormia profundamente, de forma bem delicada, peguei ela no colo e a levei para sua cama. Enquanto a acomodava, não conseguia parar de admirar suas curvas perfeitas, sua beleza nórdica clássica. Voltei para a minha casa, mas não consegui dormir mais durante aquela noite, pensando em tudo o que precisava fazer durante o dia.
Troquei de roupa e fui dar uma corrida pelo condomínio. Sempre gostei de correr, mas não praticava desde que me formei. Me exercitar sempre clareava meus pensamentos. Eu fazia notas mentais do que precisava lembrar, mas me pegava sempre pensando em Yelena.
"Será que isso aconteceu com Mila e meu pai? O fato de estarem sempre juntos acabou aproximando os dois? Será que isso está acontecendo comigo também? Meu pai é um grande safado, um sedutor. Talvez tenha se cansado de Yelena, da falta de variedade que está acostumado e viu em Mila uma oportunidade de sair da rotina”.
Pensei, mas senti que aquilo era uma desculpa. "Não era mais fácil terminar comigo e com Yelena e dizer que se apaixonaram, que queriam estar juntos? Seria um escândalo, lógico, mas pelo menos, seria a coisa certa a se fazer". Meus pensamentos não me deram trégua.
Só voltei para casa quando o dia clareava. Encontrei com a Bá no caminho e voltamos juntos. Ela, como sempre, sabia que eu estava com a cabeça cheia, mas me deu espaço, pois já tínhamos conversado no dia anterior. Tomei uma ducha caprichada, bem demorada, enquanto a Bá preparava o meu café. Me vendo pensativo, ela veio até mim e me abraçou:
– Tudo vai se resolver. Tenho certeza de que inteligente como você é, irá achar a melhor solução.
Ouvimos a voz doce de Yelena:
– Bau dia!
Bá e eu respondemos juntos. Bá foi buscar uma xícara e ela aproveitou para me perguntar baixinho:
– Parquê você me deixar sozinha?
Eu, também baixinho, respondi:
– Não deixei! Eu apenas acordei antes e não quis te deixar largada na sala.
Ela sorriu, achando que eu falava a verdade, e disse:
– Vou para o clínica, da jeito que você pediu.
Bá voltou, servindo a ela um café e eu respondi:
– É a melhor coisa. Mantenha a mente ocupada, vai te fazer bem.
Eu me levantei para sair, mas Yelena pediu:
– Almoça juntos, vamos?
Não tinha nada demais naquele pedido e, com certeza, ela queria companhia. Perguntei:
– Aqui ou na rua?
Ela pensou um pouco e disse:
– Vai no clínica pegar eu. Quero a restaurante de frutos do mar. Podemos?
Eu sorri para ela:
– Tudo bem. Meio-dia?
Yelena balançou a cabeça positivamente e sorriu para mim. Bá, sempre atenta, registrava tudo.
Como ainda era muito cedo, pouco mais de sete horas da manhã, voltei ao meu quarto na intenção de pesquisar mais na internet sobre os conselhos do detetive, mas senti meu celular vibrando. Era uma chamada de vídeo da Mila. Atendi:
– Bom dia, amor!
Foi difícil disfarçar a raiva ao vê-la com um semblante cansado, com olheiras, parecendo que dormiu pouco ou nem dormiu: "A filha da puta está fazendo isso para me humilhar, jogar na minha cara que sua noite foi longa?". Pensei, mas mantive o teatro, respondendo:
– Bom dia! Que cara é essa? Dormiu mal?
A resposta veio rápida:
– Após o jantar, os diretores nos levaram a uma casa noturna, bebi um pouco, seu pai também … não podíamos recusar, é um negócio importante.
"Os diretores? Não eram apenas um e sua esposa?" Pensei, mas antes que eu pudesse responder, ela voltou a falar:
– Vou dormir mais, só queria falar com você antes que saísse para o trabalho. Já estou com saudade, queria desejar um bom dia.
Com alguém pode ser tão cara-de-pau? Minhas suspeitas ficavam cada vez mais evidentes, mas mantive a compostura:
– Que bom, amor! Me sinto feliz com isso. Mesmo longe, você não esquece de mim.
Foi difícil segurar o riso, pois falei como um deboche. Ainda bem que ela não entendeu:
– Tenha um ótimo dia, amor! Ligo de novo à noite. Ah, seu pai conseguiu falar com a Lena ontem. Sabe se ela já acordou?
Respondi:
– Já sim. Acabamos de tomar o café juntos. Ela deve estar se arrumando para o trabalho. Bom, obrigado e boa sorte aí pra vocês. Te amo.
Mila me mandou vários beijinhos e antes de desligar, disse:
– Vou tentar falar com ela, então. Tchau, amor! Amo você também.
Ao desligar, a raiva tomou conta de mim. Minha vontade era jogar o telefone longe. Cada vez que eu falava com Mila, mais cabreiro eu ficava e mais certeza eu tinha da traição.
Liguei o notebook e vi que o chat do detetive já estava atendendo. Mandei uma mensagem. Em poucos segundos fui atendido e ao invés de fazer perguntas, tentei marcar um horário o mais breve possível. Para a minha alegria, eu poderia ser atendido naquela manhã mesmo. Eles tinham espaço na agenda. Marquei a consulta, continuei minhas pesquisas até dar o horário e, então, fui até a agência.
O local era bem diferente do que a gente vê em filmes, parecendo mais um consultório médico. Me apresentei e logo fui encaminhado para uma das salas laterais. A atendente, muito simpática, me ofereceu um café, que eu acabei aceitando. Enquanto eu degustava o café, de ótima qualidade, o detetive entrou na sala e se apresentou:
– Bom dia, Sr. Antônio. Eu sou o detetive Fagundes. Celso Fagundes. Nós conversamos ontem pelo chat. Antes de começarmos, eu queria explicar, de forma bem detalhada, o que é permitido por lei fazer e o que é crime. Tudo bem?
Entendi que era uma parte importante do serviço dele e concordei. Ele explicou:
– Podemos fazer uso de meios e recursos tecnológicos no dia a dia para coletar dados e informações para a investigação. Podemos também, atuar em casos policiais, desde que sejamos convidados pela autoridade responsável e que nossa participação seja importante para a solução de um crime ou até, colaborar com a investigação policial, desde que nós tenhamos a autorização do contratante e do delegado. E por último, todas as informações que estiverem na internet de forma pública podem ser usadas pelo detetive particular como evidência. As redes sociais podem ser utilizadas como informação.
Ele me olhou de forma cortês e perguntou:
– Entendeu essa parte?
Eu fiz um sinal de positivo e ele me olhou mais sério:
– Agora, o mais importante, o que não podemos de forma nenhuma fazer. Nós, detetives, não podemos conduzir uma investigação que não seja da alçada de uma delegacia. Dar voz de prisão a nenhum suspeito que investigamos. E mais, uma coisa que poucos sabem e a maioria nos pede para fazer: o acesso ao celular e computador da pessoa investigada não é permitido ao detetive particular, isso se configura como invasão de privacidade. Câmeras e gravadores de áudio só podem ser usados na propriedade do contratante. Entendeu essa parte?
Eu estava confuso. Ele era conhecido por ser um perito em tecnologia. Como poderia me ajudar se seu limite de atuação era tão restrito? Ele entendeu minha contrariedade e com respostas precisas as minhas dúvidas, foi mostrando sua competência. Eu expliquei sobre as minhas suspeitas e ele começou a anotar o que eu falava em um arquivo no computador. Ele ouviu tudo que eu tinha a dizer e me fez uma confissão, parecendo ainda mais simpático a minha causa:
– Eu virei detetive porque fui traído pela minha noiva. Eu era um perito em tecnologia da polícia, mas a traição destruiu a minha vida, acabou com a minha família e com a minha sanidade. Passei dois anos em depressão e perdi o emprego. Quando me recuperei, decidi ajudar as pessoas que têm a vida destruída como eu tive. Essa é a minha missão de vida.
Eu, ainda incrédulo, perguntei:
– Mas no meu caso, as traições, se acontecem, são dentro de casa. Às vezes, na rua, num período específico do dia.
Ele me acalmou:
– Se o senhor mora na residência, pode vigiá-la. A lei é ambígua nessa parte. Eu posso ensinar e você mesmo instala a tecnologia ou posso indicar um técnico de confiança. Já que suspeita do seu pai, é mais fácil dobrar a lei aos seus propósitos. Como residente, você é membro da família, portanto, um dos responsáveis pela casa.
Ele começou o questionário:
– O Senhor tem bens imóveis ou duráveis em seu nome? São valiosos?
Eu pensei um pouco:
– Apenas dois carros. Minha BMW e um Chevrolet Opala reformado. Um é bem caro, cerca de duzentos e cinquenta mil reais, mas o outro é mais sentimental, um mimo que eu me dei. Imóveis não.
Ele era meticuloso:
– E dinheiro? Tem patrimônio financeiro que pode ser exigido em caso de separação ou briga judicial, seguro de vida e afins?
Eu tinha uma boa quantia guardada em investimentos e também um seguro de vida. Respondi:
– Tenho cerca de uns quatrocentos mil reais em investimentos diversos e poupança e um seguro de vida de um milhão e meio de reais.
Ele me surpreendeu:
– Tem alguém confiável que possa guardar o dinheiro e ser o beneficiário do seguro?
Eu não esperava aquelas perguntas:
– O seguro já está no nome da pessoa que mais confio, mas por que o dinheiro?
– Pelo que você me explicou, é seu pai que tem o patrimônio, e ele também é o suspeito de ser o amante da sua namorada, correto? – Eu apenas concordei. – Não seria difícil para ele questionar a origem do dinheiro na justiça e colocá-lo em uma posição desfavorável, até mesmo acusá-lo de desvio. O dinheiro muda as pessoas, e os traidores, se arrependem por terem sido pegos, não por terem traído.
Realmente, eu não tinha a mínima ideia de metade das coisas que ele me explicou. Ele, então, passou a me orientar sobre os passos seguintes:
– Transfira seu patrimônio para essa pessoa de confiança, inclusive, os carros e demais posses. Vou lhe passar o nome de um técnico confiável e ele ajudará a fazer a rede de vigilância na residência. Quando, e se, tivermos a certeza da traição, eu entrarei em cena e nós produziremos as provas necessárias para o devido processo legal.
Ele fez a ligação para o técnico e marcamos a instalação da tecnologia necessária para o dia seguinte. Ele ainda disse:
– Se tem empregados em casa, dê folga a todos, não deixe ninguém saber o que está sendo feito. Invente uma desculpa, contrate uma dedetizadora, o que achar melhor. No nosso ramo, o clichê é verdadeiro: o segredo é a alma do negócio.
Nos despedimos e ele só me cobrou pela consulta inicial, dizendo que um contrato de prestação de serviço só seria necessário se ele precisasse mesmo entrar em ação. A hora passou rápido naquela manhã e eu fui me encontrar com Yelena. Cheguei à clínica rapidamente e entrei, perguntando por ela na recepção. Algumas mulheres me olhavam.
Eu nunca fui um paquerador, um cafajeste, daqueles que olham para as mulheres como se quisesse devorá-las. Até tive alguns rolinhos na adolescência, mas Mila foi a primeira em tudo: primeiro beijo, sexo, a primeira e única namorada … me apaixonei por ela à primeira vista, na segunda semana da faculdade. Eu sabia que não era um homem feio, mas diferente de meu pai, eu me contentava e era realizado por estar com Mila. Pelo jeito, era, né?
Ouvi a voz de Helena:
– Toni? Poder ir.
Aquela mulher conseguia ficar bonita com qualquer roupa. Até naqueles trajes brancos tão comuns. Antes de sair, ela avisou à recepcionista:
– Vai almoçar com minha enteado, voltar em uma ou dois horas, na máximo.
A simpática atendente respondeu:
– A senhora não tem clientes marcados agora à tarde, fique tranquila. Se alguém agendar, ligo avisando.
Yelena ainda disse:
– Depois de dois e meia só. Precisar almoço tranquilo.
Lembrei de um detalhe importante:
– Eu não fiz reserva. O restaurante está sendo muito procurado. Será que a gente consegue?
Yelena sorriu para mim:
– Eu fazer há dois meses. Era pra ir com sua pai …
Senti que ela ficou triste e tentei animá-la:
– Sorte minha.
Ela sorriu mais uma vez. Abri a porta do carro para ela e mais um sorriso me foi oferecido. Dei a volta e entrei também. Ela disse:
– Sua pai nunca fazer isso. Obrigada, me sentir cuidada.
Fomos conversando amenidades durante os vinte minutos do trajeto. Aos poucos, ela voltava a sorrir e brincar, sempre me elogiando. Entreguei as chaves do carro ao manobrista, que abriu a porta para Yelena e dei meu braço para ela segurar. Entramos juntos no restaurante, sendo recebidos pelo maitre. Ela disse:
– Yelena Torres.
Ele olhou sua lista e nos pediu para acompanhá-lo. Puxou a cadeira e acomodou Yelena, nos entregando a carta de vinhos e fazendo sinal para um dos garçons, um profissional educado e muito bem treinado. Assim que nos entregou os cardápios e se afastou, eu perguntei para ela:
– Torres, é?
Ela me encarou:
– Lógica! Tradiçau de Brasil esposa receber nome da marido.
Yelena era uma mulher simples, sem frescuras. Além de linda, era gentil, educada e uma ótima companhia. Descartamos o vinho e pedimos suco de frutas. Laranja para mim, abacaxi com hortelã para ela. Eu pedi uma moqueca capixaba e ela Paella negra, com tinta de lula.
Sem que eu esperasse e me deixando sem saber o que dizer, ela foi direta:
– Se traição ser real, querer que você pague comigo no mesma moeda.
Eu não entendi bem:
– Oi? O que você disse?
Ela repetiu:
– Isso mesma, querer pagar no mesma moeda. Eu e você. É meu única condição. Se aceitar, eu aceita fazer da seu jeito. O que dizer?
Continua …
Tradução do russo:
¹ É fácil falar, parece que você não liga.