Ela - MENSAGEM DE ÁUDIO - “Mark… Amor… Não, não… Morrrrrr! Mor, desculpa essa cabeça de vento. Eu erro, mas eu te amo. Não fiz nada de tão errado assim não. Você vai entender. Eu te amo, eu te amo, eu te amo muito, muito, muito, muito… Ara! Acho que bebi demais. Mas já, já, já vou pra casa… Pro hotel! Vou pro hotel… Depois eu vou voando pra casa. kkkkkkkkk! Vou voando foi boa, né? Porque eu vou de avião… kkkkkkk! Ai, ai… Beijo, meu amor! Já vou aí dançar, Aline! Porra, tô beijando meu marido. Arruma um pra você beijar também. Espera, caramba…”
Sinceramente, eu não sabia se aquele áudio melhorava alguma coisa, mas pelo menos acompanhado da foto, serviu para me mostrar que ela aparentemente não estava fazendo nada de errado.
[...]
(CONTINUANDO)
Durante o café da manhã com as meninas, logo após lhes mostrar o último cartãozinho recebido do Rick, muito elogiados pela romântica da Aline, comecei a pensar em tudo o que eu já havia vivido, mas não com ele e sim com o meu marido. Passei então a refletir se eu não estaria sendo injusta ou exagerada na forma como o vinha tratando, praticamente o ignorando nos últimos dias.
Eu ainda estava ardendo de ódio contra ele, mas não podia deixar de considerar que, por mais perfeito que eu esperasse que ele fosse, ele era apenas um homem e homens erram, eu que o diga. Além do mais, em nossa vida juntos, ele havia feito muito, mas muito mais acertos do que erros. Na verdade, erros sérios como aquele, que eu me lembrasse naquele momento, fora o único. Comecei a me sentir mal comigo mesma e decidi lhe enviar algumas mensagens, tentando melhorar um clima que eu sabia que devia estar péssimo. Por fim, passei os dados do meu voo de retorno e prometi explicar tudo quando o encontrasse.
Após isso, subi para meu quarto, me arrumei e enquanto esperava dar a hora da chegada da nossa van, peguei-me pensando naquele último cartãozinho do Rick e de como havia acertado em cheio no meu tendão de Aquiles. Eu nunca consegui dar um menininho para o Mark e, por mais que ele dissesse não sentir falta, eu às vezes o via seguindo com olhos cobiçosos os filhinhos de nossos amigos e parentes. Era uma falta que eu nunca consegui suprir e ele nunca se dispôs a arriscar novamente, pois vivia dizendo que no meu matinho não tinha coelhinho, pois quando ele chacoalhava só saía lebre.
Decidi naquele momento que teria uma última e definitiva conversa com o Rick e assim mandei uma mensagem para ele:
Eu - “Rick, acho que a gente precisa ter uma boa conversa.”
Quase que instantaneamente ele me retornou:
Ele - “Oi, Nanda.”
Ele - “Concordo e vou adorar!”
Ele - “Só me dizer a hora e o lugar.”
Eu - “Hoje, meu treinamento terminará mais cedo.”
Eu - “Então, que tal aqui no restaurante do hotel, hoje à tarde?”
Ele demorou alguns segundos e retornou:
Ele - “Vamos jantar?”
Ele - “Eu quero te levar num local que conheci ontem e tenho certeza que você vai adorar.”
Ele - “É chique na medida certa.”
Eu - “Rick, é só uma conversa, não um encontro.”
Ele - “E qual o problema da gente conversar durante um jantar?”
Ele - “Amigos fazem isso, não fazem?”
“Uai! Amigos!? Será que ele entendeu a mensagem?”, pensei, surpresa e falei:
Eu - “Então, pode ser.”
Eu - “Me manda o nome, endereço e horário.”
Ele - “Eu passo aí para te pegar.”
Eu - “Não, eu vou de Uber.”
Ele - “Pra que isso, Nanda?”
Eu - “Para, Rick!”
Eu - “Ou aceita minhas condições ou nada feito.”
Ele - “Espera um pouco.”
Daí ele sumiu por quase cinco minutos. Quando eu já quase desistia, ele voltou a teclar:
Ele - “Desculpa, fui confirmar a reserva.”
Ele - “O nome é Barollo, estou te mandando a localização.”
Ele - “Reserva está em nome de Ricardo Azambuja de Toledo Neves, para as vinte e uma horas.”
Junto das mensagens, veio uma localização do Google Maps. Então, respondi:
Eu - “Tá. A gente se vê lá.”
Ele - “Ok. Beijos.”
Eu já estava no meu horário, até um pouco atrasada e desci correndo pelas escadas até o saguão e de lá para a frente do hotel, onde a van já me aguardava. Silenciei meu celular porque sabia que o dia seria “parada dura” e fomos para o local do treinamento. Foi pior ainda: dura e azeda. Fizemos as avaliações, trabalhos e relatórios finais, e, de surpresa, tivemos que apresentar os resultados em forma de seminário para uma banca avaliadora composta pelo Paulo, Gonzaga e três outros diretores, dois que eu não havia conhecido até então. Depois disso e após o almoço, fomos liberados para organizarmos nossas coisas para a viagem de volta no dia seguinte.
Quando chegamos ao hotel, isso por volta de quatorze horas, o boy me avisou que a moça da recepção queria falar comigo:
- E como você sabe que é comigo?
- Morena, alta, bonita, formosa e com cara de brava, só vi você, moça!
- Cara de brava!? - Brinquei, encarando-o.
- Desculpa…
Ri do jeitinho daquele menino que certamente não deveria ser sequer maior de idade e ainda lhe dei uma gorjeta pelo trabalho. Fui até a recepção e a moça me entregou uma caixa grande, dentro de uma sacola de uma loja de grife local. Chacoalhei a caixa e ainda brinquei:
- Acho que não é uma bomba.
- Acredito que não, senhora. Ah, veio um cartãozinho também.
Reconheci a letra do Rick de imediato na anotação externa: “Para Nanda, a Mineira”. Abri:
“Nanda, sei que não tenho o direito de exigir nada, mas gostaria muito que você usasse esse vestido que comprei com muito carinho para você. Achei lindo no manequim e tenho certeza que ficará deslumbrante em você. Aguardo ansioso nosso jantar. Beijo.”
Fechei o cartãozinho e o coloquei dentro da sacola. A atendente não resistiu:
- É do moço dos buquês, não é? Achei isso tão romântico!
- É, não é? Acho que ele já está forçando um pouco…
- Forçando!? Nossa! Quem me dera…
Sorri meio incomodada com o comentário, pois sabia que o sentimento por trás do prazer dos presentes já havia me causado muito transtorno com o meu marido e subi para o meu quarto. Ali, protegida pelo sigilo das paredes, abri a caixa e vi um lindo vestido longo de festa, com brilho e muita pompa. Na hora, já imaginei o tipo de restaurante em que o Rick estava pretendendo jantar comigo. Peguei meu celular e já vi uma mensagem do Mark, querendo conversar que eu não havia visto, mas decidi resolver minha questão com o Rick primeiro. Mandei-lhe uma mensagem:
Eu - “Rick, acabei de receber um vestido aqui e, pelo tipo dele, o jantar vai ser num restaurante fresco pra caramba, né?”
Eu -”Eu não queria nada disso.”
Eu - “Só queria conversar com você para esclarecer de uma vez esse rolo em que a gente se meteu.”
Eu - “Inclusive, como faço para te devolver o vestido?”
Ele devia viver com o celular na mão, porque me respondeu quase que imediatamente:
Ele - “Nanda, pelo amor de Deus, é só um presente.”
Ele - “O restaurante é bastante chique, mas nada tão extravagante.”
Ele - “Poderemos conversar tranquilamente e, pode confiar, ainda desfrutar de um cardápio delicioso.”
Ele - “É um presente de amigo.”
Ele - “Por favor, use-o para mim.”
Eu - “Não sei.”
Eu - “Vou pensar.”
Eu - “A gente se vê à noite.”
Comecei a analisar o vestido e era lindo. Como toda mulher, peguei-o e o coloquei na minha frente, de frente para um espelho. “Filho da puta! O pior é que ele tem bom gosto.”, pensei enquanto o olhava e decidi usá-lo para matar sua curiosidade, afinal, era somente uma roupa, um presente sem maldade alguma.
Após mandei algumas mensagens para o Mark, justificando minha ausência em virtude das últimas atividades do treinamento:
Eu - “Desculpa, hoje foi nosso último dia e foi bastante intenso.”
Eu - “Tivemos avaliações, relatórios para entregar, quase um TCC mesmo, chato pra caramba…”
Eu - “Sei que você quer conversar e tem todo o direito.”
Eu - “Estou em falta com você, reconheço isso e sinceramente estou tomando duas decisões que irão impactar diretamente em nossas vidas.”
Eu - “Não sei se você irá gostar, tenho quase certeza que não, mas são decisões que tomei e espero que compreenda e respeite.”
Eu - “Você será o primeiro a saber quando eu chegar.”
Eu - “Nunca deixei ou deixarei de te amar!”
Ele recebeu as mensagens, mas não as visualizou. Pelo horário, imaginei que devia estar ocupado cuidando ou passeando com as meninas. “Ele é um bom pai. Não posso crucificá-lo por ter cometido um erro. Eu já cometi tantos e ele me perdoou, por que eu não o perdoaria?”, pensei e sorri, mais leve comigo mesma por ter alcançado um entendimento que ele merecia ouvir, principalmente pessoalmente.
Comecei a organizar minhas malas, afinal sairíamos no dia seguinte bem cedinho. Procurei deixar praticamente tudo pronto e embalado. Apenas artigos de higiene, maquiagem e outras pequenezas ficaria para depois. Quando terminei já passava das dezoito horas e o Mark ainda não havia visualizado minhas mensagens. “Ara, depois eu é que ignoro ele!”, pensei, mas conclui algo que me deu um calafrio: “Será que ele ficou muito bravo com meu sumiço?”.
Eu precisava me arrumar para meu último evento nas terras manauaras e fiz da melhor forma possível, mas sem exageros ou preparações para uma grande noite. Um penteado bonito, mas não empetecado; uma maquiagem clássica que gosto muito, com ressalto nos olhos, bochechas e lábios; meia calça e uma lingerie que se restringiu apenas à calcinha, pois o vestido tem as costas nuas. Por fim, algumas joias que sempre levo comigo, meus sapatos de salto alto e uma bolsa de mão.
Chamei um Uber que não tardou a chegar e ele já conhecia bem o endereço. Perguntei a respeito do restaurante e ele me informou que era um dos mais exclusivos de Manaus, necessitando de reservas com semanas de antecedência, ou um bom “QI”, ou uma generosa “molhada de mão”:
- Entendi. - Resmunguei baixinho, já imaginando a estratégia dinheirista empreendida pelo Rick para conseguir sua reserva.
- Mas a senhora está mais que à altura, moça. Perdoe minha liberdade, mas a senhora está linda.
- Uai, tá perdoado. Um elogio é sempre bem vindo.
- Algumas mulheres pensam que a gente tá cantando quando elogia.
- E não tá não? - Perguntei, curiosa.
- Tenho alguma chance? - Retrucou, olhando-me pelo espelho.
- Não, nenhuma. Eu sou casada.
Ele apenas sorriu e passamos a conversar amenidades até chegarmos ao restaurante. Ali, logo na portaria, um senhor vestido elegantemente, veio abrir a porta e me ajudou a descer:
- Boa noite, madame.
- Boa noite.
- Acompanhada?
- Ainda não ou talvez ele já tenha chegado…
- É claro, madame. Posso ajudá-la? - Perguntou, dando-me a mão para entrar no restaurante.
Aceitei e logo entrei no hall, sendo recepcionada por uma moça muito bem vestida e extremamente simpática:
- Boa noite.
- Boa noite. É… Há uma reserva para Ricardo Azambuja de Toledo Neves?
Ela passou a procurar em um tablet e confirmou:
- Sim, madame. A experiência ainda está sendo preparada pois a reserva foi feita para as vinte e uma horas, mas posso sugerir um drink no bar enquanto isso?
- Ricardo ainda não chegou?
- Ainda não, madame, mas certamente não tarda chegar. Afinal, deixar uma bela mulher sozinha não é uma opção muito inteligente, concorda?
Ela me acompanhou até um bar, onde um barman se prontificou a me atender. Notei que eles pareciam possuir uma “expertise” em vinhos e então pedi uma batidinha chamada Espanhola, feita justamente de vinho tinto suave, leite condensado e abacaxi:
- Magnífica escolha, madame. Vou prepará-la imediatamente. - Disse e pediu minha licença.
Não sei porque pediu licença, pois se afastou coisa de metros de mim, passando a exibir malabarismos, peripécias, trejeitos, até entregar-me uma taça ricamente enfeitada. Assim que o colocou à minha frente, fiz questão de provar e estava…
- Maravilhosa! - Falei assim que a provei: - Parabéns.
- Grato, madame. Fico feliz que tenha gostado. Desfrute. - Respondeu e foi atender outro cliente que acabara de chegar.
Aliás, chegou, chegando! Arrastando-se para se aproximar de mim e partindo para o ataque:
- Boa noite. - Falou e eu correspondi, com um meneio de cabeça: - Nunca te vi por aqui? Lazer ou trabalho?
Antes que eu pudesse responder, ouvi uma voz máscula, já conhecida, se antecipar:
- Compromisso, e comigo. - Falou Rick, impondo-se, ao que me virei sutilmente para vê-lo e ele me beijou a face: - Oi, Nanda.
- Oi, Rick.
Vencido, o galanteador que sequer teve a chance de se apresentar pediu desculpas e se afastou, desejando uma boa noite para a nós:
- Teremos sim, amigo. Obrigado. - Respondeu Rick, dando-lhe as costas e me encarando: - Você está deslumbrante, magnífica.
- Obrigada. Acho que você exagerou no vestido. Não precisava de tudo isso não, Rick.
- Imagina! Você merece o melhor, sempre! - Disse e se sentou, pedindo um whisky.
Assim que foi servido, emendou nos elogios e contatos de pele com meus braços, mas eu o limitei:
- Rick, viemos conversar como amigos, se lembra?
- Difícil resistir, viu!
- Resista, ou eu saio daqui da mesma forma como entrei.
- Nossa! Dia difícil no treinamento?
- Também, mas eu não costumo misturar o profissional com o pessoal. Só quero deixar claro o que somos, entende?
Ele me olhou enquanto tomava sua bebida, mas o olhar continuava sendo o de um predador e, se não estivéssemos num ambiente público e refinado, eu iria embora dali, sem dúvida alguma. Antes que ele voltasse com seus gracejos, um garçom se aproximou, informando que nossa mesa já estava pronta. Fomos acompanhados até um local estrategicamente preparado para um casal em clima romântico, um pouco mais afastado dos demais. Eu o encarei, cobrando uma explicação e ele se fez de desentendido, conversando com o garçom. Assim que ele se afastou, entrei de sola:
- Rick, é o seguinte, quero continuar sendo sua amiga, mas você precisa entender que seremos apenas isso. Não vou abandonar meu marido por você, nunca mesmo.
- Ué, pensei que já fôssemos amigos, melhores amigos e com privilégios, não é? - Retrucou, brincando.
- Então, olha só, é… Talvez! Mas essa história de buquê pra cá, buquê pra lá tem que acabar.
- Mas já acabou, Nanda. Amanhã a gente vai embora, esqueceu?
- É claro que não, mas não quero isso na minha cidade também, entendeu?
- Mas quem disse que eu iria mandar para você lá na sua cidade?
- Rick, não me trata como uma idiota. Se você fez aqui, poderia muito bem fazer lá também. Não quero isso. Estou voltando para minha casa, para minha família, minhas filhas e meu ma-ri-do! Entendeu?
Ele entendeu. Pela cara que me fez, ele entendeu. Ainda assim não quis se dar por vencido:
- Olha só, Nanda, o que o seu marido tem que eu não tenho?
- O meu amor! - Falei de imediato e sem titubear: - Amo o meu carequinha de paixão e não estou procurando substituto.
- Tá, mas eu acho que você só fala isso porque ele chegou primeiro. Talvez se tivéssemos nos conhecido na mesma época, você poderia ter se decidido por mim, não acha?
- Talvez… No campo das hipóteses, tudo poderia acontecer, Rick. - Disse e tomei um gole do meu drink, continuando: - Mas o que estamos conversando aqui hoje é sobre a realidade e a minha é essa: sou casada, muito bem casada por sinal e não quero me separar do meu marido, ou das minhas filhas, ou ele delas, ou elas dele, entendeu?
- O que é ser “muito bem casada”, Nanda? Já parou para pensar que eu te amo a ponto de poder praticamente colocar o mundo a seus pés?
- Tá vendo, Rick? Você me julga como se eu fosse uma qualquer, como se eu tivesse preço. Não sou assim não, cara! Dinheiro é bom, mas está longe de ser o mais importante para mim. Minha família é, minhas filhas, meu marido, a história que nós vivemos até aqui… Isso, meu caro, não tem dinheiro no mundo que pague.
- Desculpa! Desculpa, não foi isso que eu quis dizer. Eu só quis explicar que te amo a ponto de não medir esforços para te fazer feliz.
- Eu sei, Rick, não te levei a mal. Acho você um cara super do bem, mas você está investindo em alguém que não está no mercado, como diria o Mark, você tá colocando dinheiro bom em uma aplicação ruim: vai tomar prejuízo.
- Prejuízo? Com você!? Nunca!
- Foi uma metáfora, Rick! - Comecei a rir da seriedade com que ele enfrentava meus argumentos: - Por favor, relaxa. O que eu quero que você entenda é que nunca vou trocar meu marido por você. Eu preciso de paz e sei que se você quer a minha felicidade, irá entender e respeitar isso.
Dois garçons se aproximaram, um com um vinho, outro com alguns acompanhamentos e nos serviram. Começamos a degustar aqueles petiscos, bebericando e agora o Rick conversava amenidades, desviando daquele assunto que certamente o incomodava tanto. Ele se mostrava uma companhia agradável, hábil e interessada no meu dia-a-dia. Foi algo tão suave e agradável que nem me dei conta que bebia meu drink e uma taça de vinho ao mesmo tempo.
Os pratos se sucediam e era um melhor que o outro. Estranhei porque não vi o Rick fazer nenhum pedido:
- É que eu já tinha vindo aqui anteontem e planejei um cardápio variado para não correr o risco de não te agradar. - Disse enquanto tomava uma boa golada de seu vinho: - E vinho é o que eles mais têm, vários para todos os tipos de gostos.
- A comida daqui é uma coisa de outro mundo mesmo! Não provei nada ainda que não tenha gostado.
- Fico feliz com isso. Poderíamos fazer isso sempre, sabia?
- Riiiiick!
- Poxa, Nanda, eu faço tudo por você, tudo! Basta você pedir. Mas isso, de esquecer você, é algo que vai dar muito trabalho e sinceramente, eu não sei se consigo.
- Claro que consegue! Você só precisa se apaixonar por outra pessoa.
Ele se recostou por um momento e ouvi meu celular chamando. Àquela hora, somente uma pessoa tentaria contato comigo: Mark. Peguei meu aparelho e estava certa, ele estava me ligando. Recusei a chamada, porque não teria como justificar naquele momento o que eu estava fazendo. Ele insistiu e recusei novamente. “Jesus! O que eu estou fazendo?”, me recriminei e descontei no Rick:
- É o Mark, Rick. Olha o que estou tendo que fazer: recusar meu próprio marido!
Ele nem teve tempo de responder e ouvi um som de notificação de mensagem:
Ele - “Nanda, por favor, ATENDA, ou amanhã não irei sequer te buscar.”
Novamente não tive reação e na sequência ele me mandou uma imensa interrogação, cobrando uma ação de minha parte. Eu já estava começando a suar frio e decidi lhe responder de uma forma que parecia apropriada para mim naquele momento:
Eu - “Sei o que estou fazendo.”
Eu - “Por favor, confie em mim!”
Ele nada fez por segundos e decidi ativar o modo “avião” do meu celular. “Eu vou te explicar tudo, mor, mas não agora.”, justifiquei para mim mesma o injustificável. Rick estava distraído, olhando a taça de vinho na mão e depois, por sobre ela, me encarou:
- É verdade! Pensei aqui e realmente essa situação que a gente tem vivido tem duas soluções possíveis e uma delas seria eu deixar de te amar.
- Isso! - Concordei e enfiei um pedaço de vitela assada ao molho madeira na boca, tremendo por ter feito o que havia feito com o Mark, para, enquanto a degustava e o olhava, me toquei de algo que precisei esclarecer: - Duas!? Como assim duas?