-Que absurdo foi esse, Arnaldo? Você me falou de uma surra que o Valdo te deu a pedido do Buzz, me explica melhor.
Com dificuldades para falar devido à dor, Arnaldo explicou:
-Tudo começou com a puta da Célia, falei que aqueles vídeos me humilhando ferrariam comigo, mas mais com ela e com o Buzz e que eu entraria na Justiça pedindo indenização aos dois, lembra que a gente conversou e você me aconselhou? Então, a vagabunda sentiu o golpe e foi contar ao Buzz. Aí, tava saindo de uma obra que fui inspecionar, finalzinho de tarde, a galera me chamou para tomar um chope e aceitei, mas fiquei pouco tempo. Quando fui embora, dois quarteirões depois, o Buzz me fechou, quase bati no carro dele, aí aquele Valdo, o cara é um armário de 2m x 1m, me arrancou do volante e me levou para a calçada. O pilantra do nosso amigo me ameaçou e disse que se eu não seguisse aceitando ser corno numa boa e ainda pagando, iria apanhar. Velho, já tava de saco cheio de ser chantageado e disse que não ia ter mais grana para ele e que a minha esposa iria se foder durante o divórcio. Nem acabei de falar e tomei um murro, aqui (ele mostrou o olho que estava roxo e inchado) e mais um na boca, do Valdo. Depois, ele me imprensou contra um muro e me deu vários murros na boca do estômago, caí sentindo uma dor do caralho e comecei a ser chutado sem dó, como eu fiquei na posição fetal, o desgraçado me chutou mais nas costas e um pouco na bunda e nas pernas. Não sei quantos foram, porque eu apaguei e quando acordei já estava aqui, todo fodido. Acredita que eles ainda roubaram a minha carteira, tinha algum dinheiro nela e dois cartões.
-Puta que pariu! Mas dessa vez o Buzz não escapa e de quebra ainda vai rodar esse merda de Valdo. Com tantos pepinos por agressões, um longo histórico desde BOs até processos, acredito que se alegarmos que você está correndo risco de morte, o filho da puta irá em cana. Sem contar que ainda te roubaram, agora sim, o canalha se fodeu.
Arnaldo se assustou e disse:
-Por favor, Bruno, nada de polícia! Primeiro que o Buzz irá alegar que não encostou a mão em mim, o que é verdade, o filho da puta mandou o Valdo me espancar, segundo, que acho pouco provável que eles sejam punidos.
-Cara, você tá todo arrebentado, poderia ter tido uma hemorragia interna, ter fraturado uma costela ou até morrido no meio da rua, vamos denunciar o Valdo e dizer que o Buzz é o mandante. A Célia sabe o endereço dele, certeza, ele leva as mulheres para o mocó dele que fica no extremo da Zona Leste, acho que bem para lá de São Mateus. A gente faz um BO e a polícia vai intimá-lo, depois é só abrir um processo.
-Bruno, se você é meu amigo mesmo, esquece essa história, o único jeito que tem é... ( ele olhou para ver se não tinha nenhuma enfermeira ouvindo). O único jeito é matar o Buzz! Você me ajuda? Compro uma arma fria, a gente segue o filho da puta e enche aquele queixudo de bala.
-Tá maluco, Arnaldo? Eu nunca peguei numa arma e acho que você também não, sem contar que isso acabará com a sua vida, mesmo que mate o Buzz, você vai em cana e aí a Célia arruma outro ou até mesmo esse Valdo e como fica a sua filha?
Arnaldo ficou calado por uns instantes e vi que estava com os olhos cheios de lágrimas.
-Vou pensar num outro jeito, nem que tenha que arrumar um segurança, mas vou tocar o divórcio e não aceitarei mais chantagem.
-E como vai explicar o que ocorreu aqui?
-Disse para a enfermeira que fui assaltado, depois farei um BO, dando uma descrição falsa dos ladrões.
Insisti muito para Arnaldo denunciar Buzz e Valdo, mas foi em vão. Quando me preparava para ir embora, estava disposto a parar na delegacia mais próxima, mas Arnaldo me disse:
-Se você for meu amigo mesmo, não conte para a polícia, deixa que eu resolvo.
Não dei ouvidos e entrei no carro pensando em ir mesmo a uma delegacia, porém, me veio à cabeça, o seguinte pensamento. “E se depois o Buzz fizer algo com o Arnaldo ainda mais grave? Terei que conviver com o remorso de ter tido uma atitude que meu amigo me pediu duas vezes para não ter. Revoltado, fui embora, o dia estava amanhecendo e precisava trabalhar.
Minha vida pessoal estava melhorando muito e a profissional também, consegui fechar alguns trabalhos com grandes empresas que deram um salto de qualidade no escritório, de maneira surpreendente meus rendimentos triplicarem literalmente de um mês para o outro, contratei mais dois contabilistas para darem conta da demanda.
Uma noite, fui com Minami, Takeshi e Hana a uma churrascaria que vez ou outra frequentava com Alexa. O preço era salgado, mas valia a pena pela qualidade do buffet e dos cortes nobres de carne. Já tinha visto jogadores de futebol e até um deputado ali.
Estávamos vivendo um momento agradável, Takeshi, como sempre, dava suas gargalhadas que chamavam a atenção de algumas mesas. Entretanto, houve um momento em que a coisa azedou. Por uma coincidência absurda, vejo entrar Alexa com um cara que eu não sabia quem era. Ainda estávamos comendo e não poderia simplesmente estragar nosso programa por causa dela. Fingi que não a vi e continuei me divertindo.
Em um determinado momento em que Alexa estava no buffet, deve ter me visto e resolveu passar ao lado da nossa mesa, sendo que a sua, era do lado contrário. Eu estava de frente para Minami, mas conseguia ver a aproximação da safada, bem na hora, minha namorada esticou a mão e fez um carinho na minha. Minha ex-esposa parou a um passo de nós, tive medo que fizesse uma cena, mas ela apenas disse:
-Oi, Bruno, tudo bem?
Olhei-a da cabeça aos pés, fez um gesto de desaprovação com o canto dos lábios e comecei a conversar com Minami, ignorando Alexa completamente, ela se mancou e foi para a sua mesa. Depois, expliquei que era minha ex. Continuamos aproveitando a boa comida.
Depois dessa noite, Alexa tentou me ligar algumas vezes, sempre no telefone fixo do meu escritório, mas eu seguia ignorando-a, até que um dia, levei meu carro ao lava-rápido e enquanto aguardava pelo serviço, decidi tomar um café numa padaria ali perto. Pouco depois, minha ex-esposa surgiu, estava me seguindo, a cretina. Começou a dizer que deveríamos conversar, como eu não respondia nada, ela começou a falar alto:
-Você não vai me ignorar para sempre! Tudo o que quero é sentar e ter uma conversa!
Paguei o café e saí, mas ela me seguiu e continuou me importunando:
-Para, Bruno! Deixa eu falar, me escuta.
-Puta que pariu um milhão de vezes! Já estamos separados, você levou metade da grana da casa, como não temos filhos, não temos mais porra nenhuma para conversar, cuida da tua vida e para de me ligar e de me seguir, caralho!
-Mas eu amo você! Vamos esquecer isso, te devolvo o dinheiro e voltamos a viver juntos.
Depois de ver o que Arnaldo vinha sofrendo nas mãos da adúltera e sádica da Célia, imaginei a casinha de caboclo que Alexa estava armando para mim, não duvidaria se Buzz estivesse por trás, aquilo fez os meus nervos explodirem:
-Olha aqui! Eu não voltaria para você nem que fosse a única mulher no mundo. Além disso, como viu há algumas noites, estou muito bem acompanhado e feliz, você já faz parte de um passado que quero esquecer.
Saí caminhando em direção ao lava-rápido, mas ela veio atrás, furiosa e falando mais merdas, entrei no estabelecimento já em direção ao meu carro e a safada continuava me provocando:
-Duvido que esteja apaixonado pela aquela japonesa metida, uma coisa horrorosa, você jamais será feliz com ela, vai ser é corno logo, logo, isso se já não for, a japinha tem cara de puta.
Perdi a cabeça, não poderia tolerar que uma vagabunda ofendesse uma pessoa tão doce quanto Minami. Havia um balde de água com umas esponjas, usado para limpar os tapetes ou rodas, acabei pegando o mesmo e virando tudo na cabeça dela para espanto e gargalhada dos moleques que trabalhavam no lava-rápido.
Alexa deu um grito ao receber aquela água suja e depois me xingou e me ameaçou:
-Seu corno, filho da puta! Você não perder por esperar!
Apesar de chocado com a minha própria atitude, encaminhei-me como um lorde até o caixa para pagar pela lavagem e ainda dei uma caixinha aos rapazes. Por um bom tempo, Alexa me deixou em paz.
Meu relacionamento com Minami melhorava a cada dia, senti que estava realmente apaixonado, mas não era só pelo sexo que tinha se tornado uma verdadeira maratona de posições e muitas vezes rolava até mesmo dentro do carro. Além disso, estava encantado pela mistura quase paradoxal do jeito dela ser, ao mesmo tempo em que era delicada, tímida, quase submissa, também era uma jovem mulher inteligente, determinada e conselheira, sabia ouvir e me dar a sua opinião. Além de jogar vôlei, descobri que lutou karatê por muitos anos, pois era uma tradição de várias gerações em sua família, porém quando o curso de Medicina apertou, ela deixou as competições e passou a treinar só em casa, esporadicamente. Soube também que Takeshi poderia ter sido um grande profissional das artes marciais, mas num dado momento parpu, ele mesmo me contou que passou a treinar mais o levantamento de copos e caiu em uma de suas gargalhadas, seguidas, claro de um tapinha.
Era muito bom sair com ela ou mesmo ficar no sofá vendo um filme deitados, me trazia uma paz e uma alegria muito grande. Minami fazia pratos orientais deliciosos que eu nunca tinha experimentado. Entretanto, estava na hora de ir falar com o pai dela e sabia que o homem não era lá muito simpático, pois queria que a filha se casasse com alguém com ascendência oriental.
Em um domingo, fui com Minami almoçar em sua casa. Takeshi e sua agora namorada Hana também estavam. O pai dela se chamava Akira e falava português com muitas dificuldades, mas entendia bem. Não foi aquela coisa de ter que pedir em namoro, foi mais para ele saber com quem a filha estava se envolvendo. Sua mãe era mais sorridente, se chamava Aimi. Procurei ser educado e não cometer nenhuma gafe, apesar que perto do irmão da minha garota, era bem difícil.
Mais tarde, Minami me contou que seu pai achou que eu era educado e sério, mas que quando me juntava para conversar com Takeshi parecíamos dois “pieros”, perguntei o que era e a resposta foi: palhaços. Rimos alto.
Tentei fazer Arnaldo sair com a gente, distrair a cabeça e quem sabe, arrumar uma pessoa mesmo que fosse só coisa de momento mesmo, mas ele seguia envolto com o seu drama e não topava.
Foi uma época muito boa, viajei com Minami para o Nordeste, onde além de conhecer lindas praias em Fortaleza, transamos muito. Quando estávamos em São Paulo também passeávamos bastante. Houve até uma ocasião engraçada em que fomos convidados a ir a baile dos anos 70, ela e Hana convenceram Takeshi e eu a irmos vestidos com roupas da época. Tive que pagar o mico de ir como John Travolta, com direito a brilhantina e camisa com uma gola gigantesca, mas nada superou o visual do meu amigo oriental que alugou um roupão de Elvis Presley e até uma peruca com topete. Naquela noite após bons drinques, nos jogamos na pista embalados pelo som de Village People, creio que Takeshi bateu seu próprio recorde de gargalhadas e distribuição de tapinhas, enquanto as meninas passavam mal de tanto rir.
Entretanto, minha paz e alegria foram quebradas, quando Arnaldo me chamou alguns dias depois para mais uma conversa, dessa vez em seu local de trabalho. Antes mesmo dele falar, o cobrei:
-Pô, Arnaldo, ainda não deu entrada na sua separação? Está esperando o quê?
-Era sobre isso mesmo que queria falar com você, deixa eu fechar a porta. Dá uma olhada nesse vídeo, feito dentro da minha casa.
O canalha do Buzz mostrava o rosto como se fosse um youtuber, fez suas caretas ridículas, esbugalhando os olhos e disse:
-Estamos aqui na casa do engenheiro civil Arnaldo (disse o sobrenome dele), onde a esposinha dele, a Célia, daqui a pouco vai ser arrombada aqui pelo meu amigo Valdo, diz um oi aí, Valdo (nesse momento, ele filmou o amigo sentado confortavelmente no sofá) e por mim. Vamos foder a putinha na cama que ela dorme com o corno do maridinho, mas tem uma coisa, se ele for bonzinho e seguir me pagando, ninguém vai saber disso, agora, se voltar a bancar o chorão, além de muita porrada como já levou, esse vídeo vai vazar na maravilhosa internet, e, claro será enviado para todo mundo que o babaca conhece.
Depois disso Célia apareceu na sala com uma lingerie preta rendada, daquelas estilo maiô. Valdo beijou a mão dela, a fez girar, enquanto Buzz dava um close no bumbum dela. Pouco depois, Valdo colocou o pau para fora, mesmo mole, era impressionante, a esposa de Arnaldo se ajoelhou e começou a mamar por um longo tempo.
Quando a jeba ficou dura, Célia começou a sorrir e a pedido de Buzz, mandou um recado para Arnaldo:
-Olha isso, manso, olha o tamanho do pau que vai me foder sem dó na mesma cama que mais tarde você vai dormir, após um dia duro de trabalho. Aceita que dói menos.
Depois, há um corte e quando recomeça a filmagem, Célia está cavalgado ferozmente no pau de Buzz, enquanto Valdo filma. Após alguns minutos, os dois gozam, ela fica de quatro na cama, e o close capta sua boceta alargada expelindo a porra do amante e caindo no lençol.
Outro vídeo começa e dessa vez é Valdo quem soca seus 24cm de rola na boceta de Célia, uma perna dela está erguida e sendo segura pelo comedor, enquanto a outra estava estendida na cama. A mulher de Arnaldo urrava, falava palavras desconexas, completamente suada e gozou pouco depois.
Finalmente, no último vídeo, o espanto ainda maior, Valdo enfiava no cu de Célia, o close mostrava a cena inacreditável. A vagabunda gritava e ele tentava enfiar um pouco mais, até que gozou e Buzz deu um close no cu dela que mais um pouco, ficaria tão largo quando uma caçapa de bilhar.
Arnaldo começou a falar e só aí voltei do transe absurdo que foi aquilo.
-Na minha cama, na minha casa! Agora pensa, se eu me separo e ela fica com a nossa filha, quanto tempo acha que a Célia não estará fazendo isso com a menina em casa? Nesse dia, minha menina estava na casa dos avós, mas duvido que num futuro próximo, a vagabunda se importará em tirá-la do ambiente nojento em que fará suas orgias.
-Cara, e quem garante que você ficando calado e pagando, a Célia não levará machos lá, com a sua filha presente? Pega todos os vídeos que você tem chama um advogado e fode ela, o Buzz e até esse Valdo.
-Não dá, velho, como te falei no hospital aquela vez, tem que ser na bala. Se você topasse, a gente armava um plano bom e acabava com o Buzz.
-Pensa direito, amigo, suponha que mesmo sem saber manusear uma arma, seu plano dê certo e você mate o Buzz. Quem garante que o Valdo não tem esses vídeos também ou que a própria Célia decida te chantagear, ou ainda, que arrume novos comedores e faça a mesma coisa? Raciocina, Arnaldo, o caminho é a Justiça, você é uma vítima.
Arnaldo estava perdido, mentalmente perturbado com a avalanche de traições, violência e chantagens que estava passando e não conseguia raciocinar direito. Essa indecisão caminhava para um desfecho nada agradável.