CAPÍTULO CINCO
“NINGUÉM AGUENTA MAIS SEXO IRREAL”
O meu corpo relaxou tanto quando entrou em contato com a água morna que tentei deixar de lado todos os motivos que eu possuía para não permitir que aquele homem se aproximasse. Ele riu assim que colocou a cabeça para fora da superfície e eu joguei água na cara dele, rindo daquela pequena loucura que cometíamos.
Quero dizer, não estávamos exatamente sozinhos na cobertura e havíamos nos despido parcialmente mesmo assim. Achei que eu me esforçaria mais para convencê-lo a entrar, por isso, em parte, estava bastante surpreso com a sua atitude espontânea.
Ele me devolveu mais água na cara e entramos numa brincadeira de guerra, regada às gargalhadas, até ele finalmente se colocar à minha frente e me puxar para si. Segurei os seus ombros, creio que na derrotada tentativa de resistir, e encarei seus olhos, que naquele momento estavam muito brilhantes, além do comum. O riso os havia alcançado, transbordando em mim uma sensação diferenciada de conforto.
Ele não tinha se movido, feito nada a respeito do que falei, portanto decidir agir da mesma forma e deixar as coisas como estavam.
Senti a superfície de uma das faces da piscina às minhas costas. Thomas Orsini simplesmente me levou até ali e se colocou ao meu redor. Tentei manter o coração em seu devido lugar, mas ele sacolejava alucinadamente. A visão dele inteiro era tão fantástica que foquei apenas em seus olhos. Péssima escolha, eu sabia.
— Por que não me falou? — questionei enquanto tentava ignorar suas mãos afoitas percorrendo a minha barriga e descendo pelas minhas coxas.
— Você me pareceu menos apavorante assim — confessou com um
riso.
— Eu te apavoro?
— Isso e outras coisas mais... — Thomas fez questão de colar a sua ereção avantajada e pronta em meu ventre. Eu ainda não acreditava direito que aquele homem também era bem-dotado. Ele devia ter a autoestima nas nuvens. — Seus vários efeitos sobre mim. Agora me diga você, por que não me avisou?
— Só para curtir com a sua cara mesmo — menti, rindo, porque eu que não diria que ele também me parecia menos ameaçador. Se ele chegasse perto de achar que me intimidava eu estaria frito de vez.
Entrelacei os dedos nos fios molhados de sua nuca e continuei o encarando. Thomas fez o mesmo, sem nada dizer. Diminui um pouco a distância entre os nossos rostos e ele fechou os olhos devagar, porém, acabei paralisando e ele os reabriu, meio confuso.
Vi quando seus lábios foram presos em frustração.
— O que está faltando, Bruno? — perguntou em um sussurro intenso, capaz de me fazer fechar os olhos só para processar o que foi aquilo. Thomas tinha uma voz linda, mas sussurrando daquele jeito... Puta merda! Ficava um timbre impressionante.
Suas mãos agarraram as minhas coxas e finalmente amoleci: abri as pernas ao redor do seu tronco. Elisa tinha razão, aquele cara possuía a chave universal de todos os cuzinhos. Naquela nova posição consegui senti-lo ainda mais, toda a sua firmeza e masculinidade ao meu dispor. Era muita tentação. Eu não era tão forte para resistir àquilo.
— Quero você — murmurei de volta, olhando-o de muito perto. — Quero tudo essa noite.
— Mas... — ele captou no ar que havia uma condição para que aquilo acontecesse. Eu estava excitadíssimo, pronto para uma foda que prometia ser maravilhosa, porém não podia e nem queria me perder entre o meu profundo desejo e a minha razão, que teimava em me alertar todo o tempo.
— Mas só essa noite — defini. — Apenas.
Thomas endureceu o semblante e o seu corpo retesou um pouco, mas, em contrapartida, aquiesceu devagar, demonstrando que ao menos tinha me entendido.
— Tudo bem.
— Estou falando sério. Amanhã não quero mensagens, presentes ou o que for. Você será apenas o meu chefe e eu, o seu funcionário.
O homem continuou aquiescendo. O sorriso se apagou de vez, mas as mãos ainda agarravam minhas coxas e o pau se manteve duro.
— Tem certeza? — perguntou, enfim, daquele mesmo jeito sussurrado que me enlouquecia.
— Tenho.
E eu realmente possuía muita convicção com relação àquilo. Podia parecer loucura da minha parte rejeitar um cara bonito, rico, inteligente e bem-dotado, mas a verdade era que louco eu seria se alimentasse uma relação que tendia ao abuso. Todos os sinais estavam diante de mim e não podia ignorá-los, fingir que não existiam. Thomas Orsini era controlador, invasivo e o poder que exercia sobre as pessoas podia facilmente ser utilizado numa relação mais íntima. E eu não podia arriscar me envolver para ver no que daria. As chances de se livrar de um relacionamento abusivo estando dentro dele eram ainda mais curtas.
Ainda que desse tudo certo e ele fosse doce e respeitoso, havia o meu lado da história. Ele era muito ocupado, vivia viajando, sendo assediado por todos os lados e eu infelizmente não acreditava mais em fidelidade. Eu ficaria angustiado, ciumento, desconfiado... Não. Não queria isso para mim. Não era saudável.
Sendo bem realista, eu também sabia que um homem como ele naturalmente não dava bola para pessoas como eu. Não que eu fosse inferior ou não me achasse lindo e gostoso, mas eu conhecia o mundo e o peso do preconceito, que precisei carregar desde a adolescência. Ser gordo não me fazia menos merecedor de nada, mas ter sido hostilizado, inferiorizado e humilhado ao longo da vida, por um motivo tão idiota quanto o meu peso, deixou-me ligado, sempre atenta às intenções das pessoas. Jamais confiaria nele o bastante para levar nossos encontros adiante.
Não queria me apegar. E, conhecendo a minha intensidade, dificilmente marcaria um segundo encontro sem a intenção de ir com tudo. Sendo assim, eu realmente tinha muita certeza em meus olhos ao responder afirmativamente para o CEO.
— Certo — ele disse, apenas, visivelmente contrariado.
Comecei a mover os dedos em seus cabelos e juntei nossas testas. Ele voltou a fechar os olhos e suspirou fundo quando comecei a me esfregar em sua ereção.
— Faça valer a pena a maldita viagem de helicóptero!
Nós dois soltamos um riso incontido. Suas mãos foram subindo pelas minhas costas, até que alcançaram os meus cabelos e foram cravadas no meu couro cabeludo. Precisei erguer a cabeça para trás, preso em seu domínio, entre a parede interna da piscina e o seu corpanzil quente.
— Deixa comigo — sussurrou um segundo antes de juntar aqueles lábios perfeitos nos meus mais uma vez. E de novo eu fui tragado para um universo paralelo onde só existia aquele homem e ninguém mais, e nada mais.
Sua pegada intensa, dura e safada fez com que o cachorro que habitasse em mim se manifestasse, por isso tratei de agarrá-lo de volta com a mesma vontade, o mesmo nível de tesão. O nosso beijo era sempre veloz, desesperado, louco. Havia uma necessidade cruel que se apossava de nós e que era inexplicável. Particularmente, sempre gostei de beijo lento e de carícias suaves, mas com Thomas Orsini eu funcionava diferente e me via desejando o extremo oposto do que sempre curti.
Os nossos fôlegos estavam ficando cada vez mais escassos conforme aquela sede não cessava; obrigava-nos a continuar num embalo excitante, com os corpos se esfregando, reconhecendo-se. O pulsar de nossos sexos parecia vir de uma fonte única, que nos levava a uma sintonia que, confesso, nunca tive com ninguém. Pode parecer a coisa mais clichê do mundo, pois é fato que uma química assim é muito rara, porém era uma verdade que precisava ser exposta.
As mãos de Thomas passaram pelos meu peito, enquanto eu gemia entre seus lábios. Depois, as mãos ligeiras desceram pela minha barriga e uma delas foi além, aprofundando-se dentro da minha cueca e atingindo o meu pau sedento por ele. Agarrei seus cabelos com força e gemi, contorcendo-me, rebolando sobre sua mão.
Comecei a gemer com mais frequência, sempre que a sua boca dava uma pequena trégua da minha, e de repente a água da piscina se tornou escaldante de tão quente. Fiquei imerso em calor, luxúria e um tesão espantoso, sentindo o orgasmo se avizinhar com uma facilidade tremenda.
E olha que eu era chato pra gozar!
Soltei um gemido mais forte, porém o homem praticamente engoliu a minha boca em seguida, deixando-se sem ar e sem qualquer saída além de explodir em um orgasmo forçadamente silencioso. Eu me deixei vir em sua mão enquanto me contorcia loucamente e tremia da cabeça aos pés, com o direito ao gemido retirado de mim até a volta à normalidade.
Finalmente, Thomas me livrou de seus dedos e de sua boca.
— Homem gostoso do caralho! — rosnou, encarando-me de um modo ainda mais hipnotizante. Fiquei aéreo, meio vidrado em seus olhos, talvez sem acreditar no que estava me acontecendo. — Você é todo gostoso, Bruno. Não tem um pedaço seu que não me deixe louco — continuou rosnando e me apalpando com extrema liberdade. — Quero te comer todinho... Eu vou te comer todinho. — Movimentou os quadris, forçando a ereção, porém a sua cueca e a minha, ainda nos separavam.
Avancei para mordiscar os seus lábios inferiores.
— Me come todinho, então.
Ele soltou um pequeno grunhido, ininteligível, e se afastou devagar, puxando-me consigo.
— Vem. Antes que eu te coma aqui mesmo.
Olha, não seria uma má ideia, mas conseguia compreendê-lo. Não estávamos sozinhos na cobertura e ainda tinha o fator proteção. Nunca que eu transaria com Thomas Orsini sem camisinha e usá-la dentro da piscina não era uma boa opção. Logo, o jeito era sairmos dali rumo a um lugar seguro e, de preferência, mais confortável.
Ele nos levou para umas escadinhas de alumínio em uma das laterais da piscina, mas tão logo comecei a subi-las, ele me puxou para trás, ao encontro de seu peitoral largo.
— Eu vou primeiro.
— Tá... — Não soube direito o motivo para ele querer subir antes de mim, mas fiquei paralisado enquanto observava o seu corpo sendo exposto.
O CEO era, de fato, um pedaço de coisa linda, gostosa e sarada. Grande, másculo, com tudo firme e esculpido em seu devido lugar. Ele poderia facilmente estar numa revista, numa passarela ou, a tirar pelo pauzão, num filme pornô.
Confesso que fiquei aflito e me senti inseguro no mesmo instante. Por um momento me considerei um estúpido por ter exposto todo o meu corpo avantajado, com direito a bundão, como se ele não estivesse acostumado com caras magros, tipo padrãozinho, sarados. Meu único procedimento estético não passava de massagem linfática uma vez na semana.
Enquanto eu brigava comigo mesmo por estar me inferiorizando, coisa que prometi nunca mais fazer, já que devia anos de amor e respeito ao meu próprio corpo, para me desculpar pelos tempos em que o odiava amargamente, Thomas encontrou toalhas, enrolou-se em uma e abriu a outra para me esperar na subida das escadas. Rapidamente eu subi e fiz o possível para me cobrir depressa.
Bobagem, eu sabia. Queria distância de homens que se incomodassem com esses detalhes, portanto, se ele fizesse algum comentário a respeito, seria devidamente respondido à altura e eu não faria a menor cerimônia para ir embora.
— Você está bem? — ouvi-o perguntando e, quando o encarei, Thomas já estava vestido com a calça social. Apenas ela. A toalha estava jogada sobre um ombro.
— Estou.
— A sua cara não está das melhores — ele se aproximou e foi logo me puxando para si. Ficamos frente a frente enquanto me analisava de perto. — Me diz o que houve. Por favor.
— Não é nada, eu... Só estava pensando em aonde você pretende me levar. — Nunca que eu iria expor minhas inseguranças a ele. Preferia a morte.
Thomas riu suavemente, de um jeito bonito que me dava vontade de lambê-lo todo.
— Não se preocupe, não vamos usar o helicóptero. Na verdade vamos descer para um dos apartamentos neste mesmo prédio.
— Ótimo — forcei um sorriso e ele me deu um selinho molhado antes de se afastar.
Coloquei minha roupa, mas resolvi levar os sapatos nas mãos. Thomas recolheu a camisa, o terno e enfiou a gravata no bolso. Levou os seus sapatos nas mãos também, já que ainda estava um pouco molhado. Deixamos uma pequena bagunça para trás, que certamente seria resolvida pelo funcionário, e seguimos para os elevadores. Em silêncio descemos, lado a lado, um único andar.
O que aquele homem tinha com coberturas? Certamente, dinheiro para ter várias.
Percebi que naquele andar só existia um apartamento quando adentramos um muito bem-decorado hall. Thomas abriu uma porta grande e bonita, das que tem em casa de rico, e acenou para que eu entrasse primeiro. Dei de cara com uma sala enorme, para dois ambientes, e uma varanda adiante. Tudo estava tão limpo, decorado e organizado que mais parecia ter sido tirado de uma revista.
O todo-poderoso fechou a porta, jogou tudo o que carregava no chão e foi logo me agarrando, empurrando-me na direção da parede mais próxima. Deixei meus sapatos caírem segundos antes de receber os seus lábios nos meus, daquela maneira sem sentido que tanto nos desajuizava.
— Agora, sim, vamos resolver todas as nossas pendências — balbuciou quando desviou a boca para afundá-la em meu pescoço. Eu me arrepiei com aquele homem enorme diante de mim, todo sedento. — As minhas bolas já estão roxas de tanto tesão acumulado por você. — Nós dois rimos um pouco diante daquela informação dada com bastante espontaneidade.
Em pouco tempo ele conseguiu remover os pensamentos chatos da minha cabeça e finalmente relaxei. Ganhei a segurança necessária para ir adiante. Deixei a excitação invadir cada parte do meu corpo, de modo que não hesitei quando Thomas assumiu a iniciativa de tirar minha roupa. Ele parou antes de prosseguir e me olhou de cima a baixo. Esperei, com a respiração suspensa, verificando se havia algo além de tesão em seus olhos, mas nada encontrei além de puro deleite.
— Gostoso do caralho! — ele resmungou e me puxou de novo, beijando-me e me apalpando as carnes. Agarrou as minhas nádegas com força, separando-as.
Ele me deu um tapa na bunda relativamente forte, mas calculado, depois me empurrou e eu me encontrei desentendido até ter metade do corpo depositado, de frente, sobre a mesa de seis lugares. Senti o tampo de madeira em minha bochecha, barriga e palmas, enquanto minha bunda ficou empinada, exposta para que aquele homem fizesse o que bem entendesse.
Ele agarrou minhas nádegas outra vez, simultaneamente, e não contive os gemidos ao sentir sua pegada firme em minha pele. Outro tapa, que provocou um barulhão, e o gemido me escapou, bastante audível. Cacete! Thomas Orsini era voraz.
Enquanto pensava que aquela noite seria melhor do que imaginei, ele fez questão de retirar a minha cueca lentamente. Só consegui sentir, nada pude ver naquela posição. Ele começou a alisar a minha bunda recémdesnuda com ares de posse, como se tivesse pronto para reivindicá-la para si.
Em seguida tomou a liberdade de vasculhar o meu cu, atiçando a abertura lentamente, fazendo um passeio prazeroso, quente e intenso. Seus dedos resvalaram em meu buraco, quase como se não fosse intencional. Eu me limitei a gemer e ofegar sempre que o tesão chegava a um pico insuportável.
— Que cuzinho lindo — ele murmurou, enquanto eu me segurava para não me contorcer diante de seu toque nos pequenos e grandes lábios. — Deve ser bem apertadinho — completou, daquela vez formando um rastro circular ao redor do meu cuzinho.
Um segundo depois fui surpreendido com mais um tapa e mal tive tempo de reagir, porque de repente a sua cara estava afundada em meu rabo, explorando a minha intimidade sem qualquer receio. Eu me derreti sobre aquela mesa, tomado pelas sensações maravilhosas que a sua boca me provocava.
Thomas Orsini fez uma breve pausa para murmurar:
— Delicioso — e passou a língua de baixo para cima, arrancando-me um arrepio e um gemido. — Rabo saboroso da porra!
Ele segurou as nádegas com as duas mãos, separou-as e se enfiou novamente no meio. Daquela vez a língua se concentrou no meu cuzinho, que latejava, cada vez mais sedento. Pude sentir o pau soltando muito pré gozo enquanto ele bebia cada gota, entusiasmado.
Eu, a pessoa mais chato para gozar, percebi o orgasmo se aproximando com facilidade. Fiquei surpreso, perguntando-me se não haviam de fato me colocado num clichê de muito mau gosto. Porque não era possível que Thomas Orsini também fosse bom de boca, se é que me entende. Qual era a probabilidade? Quero dizer, ele nem precisava se esforçar para ser um bom fodedor, sempre haveria muitas pessoas em sua cama, independente de seu desempenho.
Era inacreditável que eu estivesse quase... E então, antes mesmo de concluir o pensamento, minhas pernas começaram a tremer e o orgasmo veio com força. Daquela vez não segurei os gemidos audíveis, desesperados, enquanto me contorcia e rebolava ao encontro do rosto daquele homem impressionante.
— Se eu não te comer agora vou ficar sem bolas! — confessou em um resmungo e eu só consegui rir de leve, meio molengo ainda.
Thomas se afastou, deixando-me jogado sobre a mesa, e daquela forma permaneci porque estava sem forças. Ele que lutasse para arranjar outra posição, ou não. Ouvi quando remexeu o que supus ser um pacote de preservativos. Comprovei quando ele jogou o restante deles sobre a mesa, agarrados em fileira.
Em pouco tempo voltei a sentir sua mão em meu corpo. Ele me alisou as coxas, subiu pela bunda e atravessou as minhas costas, Thomas encontrou os meus cabelos e os puxou, obrigando-me a ficar de pé. Segurou o meu queixo e virou o meu rosto na sua direção; pude conferir a sua expressão selvagem. Eu não via a hora de receber todo aquele pau dentro de mim, por isso ofeguei, já pronto para mais, muito mais.
Ele me beijou novamente, como se não tivesse conseguido se controlar. Enquanto me beijava, ergueu uma de minhas pernas e dobrou meus joelhos, depositando-o sobre o tampo da mesa. Eu me pus vulnerável, exposto de novo, porém mal tive tempo de compreender o que sentia, porque Thomas Orsini forçou toda a extensão grande e grossa em meu cuzinho, sem delicadeza.
Nós dois gememos juntos, sob os lábios um do outro. O meu cuzinho mostrou alguma resistência – o coitado não imaginava que receberia um acavalado daqueles – mas logo foi se adaptando à invasão e todo aquele processo só me trouxe muito prazer.
Venhamos e convenhamos, Thomas jamais caberia inteiro em mim. Eu era um cara comum, com um cu de carne e osso, portanto estava dentro da média anatômica. Ele tinha mais do que aquilo de pau, com certeza. Era óbvio que uma parte ficaria de fora. Sendo assim, esqueça essa coisa de enfiar um pauzão imenso dentro da pessoa. Isso só acontece em livros e aquele era um sexo real, apesar de bom demais.
Tamanho não é documento, foi o que concluí, mas com certeza a
largura é. Por isso que me senti repleto com aquele preenchimento delicioso, perfeito.
— Ah... Fode! — soltei, bem cachorro, e Thomas obedeceu ao meu comando ao acelerar o ritmo dos choques. Mais centímetros foram entrando conforme meu cuzinho relaxava. — Fode! Fode, safado! — insisti, louco, querendo ainda mais dele.
Não cabe, mas a gente pede, certo?
O CEO me empurrou para a mesa novamente, mantendo a minha perna ainda erguida, e começou a meter tão forte e duro que me tirou de órbita. A mesa começou a chacoalhar perigosamente e precisei segurar um jarro bonito, que jazia ao centro, para que ele não caísse. Alguns minutos de foda pesada depois e eu já não sabia mais se estava segurando o jarro ou se era ele quem me segurava.
— Cachorro! Fode! — exigi e Thomas puxou o meu cabelo com força, obrigando a minha cabeça a pender para trás.
Os gemidos, provenientes de nós dois, invadiram o apartamento, junto com o barulho alto de nossos sexos em pleno choque ritmado e também do sacolejar da mesa. Eu estava preso entre ela e aquele homem feroz, sem conseguir me mover porque ele fazia meus cabelos de rédeas. Ganhei tapa na bunda e ele me puxou de vez para si, grudando nossos corpos e me colocando de pé novamente.
Agarrou os meu peito com certa força e continuou naquele ritmo eletrizante, até que parou, ofegando. Recobrei os sentidos com certa dificuldade e me virei de frente para ele, desencaixando-nos. Thomas estava todo vermelho, suado, descabelado, o que só me fez suspirar e ficar ainda mais louco.
— Minha vez! — avisei, puxando-o pela mão até o sofá. Eu o empurrei sobre o estofado e ele se deixou ir, caindo sentado. Olhou-me com certa surpresa e divertimento. Abriu um sorriso largo quando, devagar, me pus de joelhos diante dele.
— Agora a coisa vai ficar séria — ele disse, ainda sorrindo de satisfação.
— Seríssima — confirmei num sussurro.
— Você não faz ideia do quanto imaginei sua boca no meu pau.
Terminando o ajuste, segurei o pau rijo pela base e retirei a camisinha aos poucos, cuidando para não machucá-lo. Foi naquele momento que pude vislumbrar o seu pauzão latejante em detalhes. Longo, largo, veiúdo e com uma glande inchada de dar água na boca.
Umedeci os meus lábios, ansioso para chupar aquela belezura.
— Chega de imaginar — defini antes de passar a língua pela extensão, de baixo para cima, e, sem desviar o rosto de seus olhos, dar uma leve chupada na cabeça rosada.
— Puta que pariu, Bruno.
Eu me considerava um exímio boqueteiro. Costumava usar muito bem os lábios, a língua e as mãos. Era graduado e pós-graduado em inúmeros vídeos de massagem erótica, por isso sabia bem o que fazer com um pau diante de mim.
Usei toda a habilidade acumulada enquanto o empurrava cada vez mais fundo em minha garganta, retrocedendo com chupadas intensas. Thomas me encarava fixamente, como se não quisesse perder nada, porém em muitos momentos precisou fechar os olhos e soltar arquejos excitantes, que me deixavam mais disposto a prosseguir.
Chupei as bolas e o pauzão com propriedade.
— Que boca é essa? Porra! Assim eu vou gozar.
Comecei a unir o movimento dos lábios com os das mãos, massageando-o do jeito que sabia. Em um momento afastei o meu rosto só para encará-lo, enquanto as mãos trabalhavam circulando a sua extensão, subindo e descendo, passando pela glande em movimentos aleatórios, mas, ao mesmo tempo, organizados.
— Caralho... — Thomas soltou e prendeu os lábios, olhando-me. Ele bem que tentava controlar os ofegos, mas estava perdido no meio de tantos estímulos.
— Goze na minha boca, cachorro — sibilei, encarando-o com malícia, antes de afundar novamente os lábios em seu pau e começar o meu ato de misericórdia.
Chegara a hora de fodê-lo com a boca. Em movimentos ligeiros, com chupadas insanas, mantive a cadência para arrancar seu orgasmo depressa, sem mais rodeios. Thomas apertou meus cabelos e mexeu os quadris, mas usei as mãos para mantê-lo quieto e continuar bombeando aquela escultura em forma de pau.
Senti a pressão dos jatos em meus lábios e depois a explosão quente preenchendo o céu da minha boca, acompanhada de seus gemidos e de mais força exercida em meus cabelos.
Como eu não era obrigado a engolir tanta porra, e não curtia muito essa parte, cuspi o líquido para fora, melando o seu pau enquanto usava as mãos para espalhar o sêmen no comprimento, que começava a diminuir. Olhei-o mais uma vez e ele parecia vidrado em meu rosto. Sorri, mas ele continuou apenas me encarando, como se estivesse em transe, hipnotizado... Não soube dizer ao certo.
— Tudo bem? — perguntei, meio em dúvida, pois Thomas realmente ficou esquisito.
— Sim, claro — ele alisou a minha bochecha com um polegar. — E
você?
— Preciso de um banheiro — admiti, sorrindo, sentindo boca, mãos e boceta meladas. — Tirando isso, estou bem.
Ele abriu um leve sorriso e fiquei mais aliviado.
— Vem.
Thomas se levantou e eu o acompanhei por um corredor com algumas portas fechadas, até que abriu a última. Fui apresentado a uma suíte enorme e tão bem-decorada quanto a sala. Embora desejasse, não fiz qualquer pergunta e nem soltei nenhum comentário, afinal, nada daquilo era da minha conta e quanto menos soubesse, melhor seria.
Ele andou até uma porta dentro da suíte e só então fiz o que tive vontade desde que ele se levantou: dei um baita tapa em sua bunda durinha de academia.
— Eeeei! — reclamou, mas riu.
— Que bela bunda, Senhor Orsini!
Ainda rindo, o homem me puxou e agarrou a minha com as duas mãos.
— Posso falar o mesmo da sua, senhor Bruno Mendes! — avançou para me dar um beijo estalado e acabou se sujando também. — Gostoso.
Abri um sorriso e em seguida ele me guiou para dentro do banheiro, que era aproximadamente do tamanho do meu quarto. Mais uma vez contive a surpresa, os questionamentos e as piadinhas.
— Pode usar essa toalha — entregou-me e apontou para a pia dupla, luxuosíssima. Abracei o tecido fofinho e cheiroso, meio desconcertada com o charme glamoroso do ambiente. — Tem alguns itens de higiene aqui, pode usar o que precisar.
— Obrigado.
Fiquei parado diante dele, que não se mexeu. Queria que saísse dali e me desse um pouco de privacidade, mas acho que ele não entendeu isso.
— Vai tomar banho? — perguntou num sussurro.
— Pretendo.
— Hum... — ele olhou para o chão e depois me encarou. — Posso me juntar a você?
Olhei-o, um tanto confuso, mas sorri. Ele estava meio esquisito desde que gozou deliciosamente na minha boca.
— Claro.
O sorriso que se abriu em seus lábios atingiu os olhos e logo fui arrastado para dentro do boxe. Havia espaço para uma multidão ali dentro. A água quente do chuveiro maravilhoso, daqueles de gente rica, escorreu pelos nossos corpos enquanto nos beijávamos ferozmente.
Eu sei que ninguém aguenta mais sexo irreal. Mas não tive culpa se Thomas Orsini ficou duro de novo e encerramos o banho mais cedo que o previsto só para transarmos mais, daquela vez sobre a confortável cama king size.
Sexo irreal, cheio de orgasmos e perfeição, foi exatamente o que eu
tive.
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“NINGUÉM AGUENTA MAIS DORMIR COM FICANTE”
Não era nem um pouco fácil ter aquele homem em cima de mim, penetrando-me com força enquanto arfava e mantinha os olhos grudados nos meus. Como eu já havia mencionado, o meu cuzinho era de verdade e eu não aguentava mais recebê-lo. Depois de seu segundo orgasmo, achei que ele finalmente pararia, mas alguns minutos foram suficientes para que se recompusesse de novo.
Eu não suportava mais gozar e estava ciente de que precisava dormir, visto que já era muito tarde. Por outro lado, claro que eu não estava permitindo a sua invasão sem sentir vontade, muito pelo contrário, ele arrancava de mim cada partícula de desejo, de modo que, mesmo exausto, sentia um enorme prazer e não pensava em afastá-lo.
Seus olhos se modificavam da doçura para a selvageria, e vice-versa, com muita facilidade. Estava incrível acompanhar as suas expressões tão de perto, ainda que também me sentisse meio constrangido com isso. O cara parecia me decifrar e me enchia de um sentimento louco ao me olhar assim.
Eu estava incrédulo, acabado, fora de mim e conectado a ele de uma maneira inimaginável.
Thomas, de repente, parou o movimento e ficou apenas me olhando. Pisquei, meio sem compreender, esperando que se pronunciasse ou, sei lá, mudasse de posição. As minhas mãos, junto com os braços, estavam elevadas acima da minha cabeça, presas entre as suas de forma vulnerável. Entre ele, a cama e o silêncio que se fez, encontrei-me sem saídas.
— Algum problema? — perguntei, enfim, já que só ficou me olhando.
— Não... — riu um pouco, meio desconcertado. — Parada estratégica para não gozar agora.
Ele só podia estar brincando com a minha cara, né?
Fiz uma expressão que o Thomas devia ter achado engraçada, porque riu e retrocedeu uma vez, só para voltar a se afundar em mim, provocando-me um abafado gemido.
— Vem cá — murmurei. — Quero ver você aguentar.
Empurrei-o pelo peitoral bem definido, naquele instante todo suado, e montei sobre ele, sentindo-me todo poderoso ao vê-lo daquele ângulo. Seu olhar já estava carregado de malícia, navegando pelo meu corpo até parar no tórax, e foi então que nos desencaixei.
Lentamente, pincelei a sua ereção com a camisinha toda melada e ouvi os seus gemidos diante daquele gesto gostoso. Senti suas mãos apertarem meus mamilos com mais força. Devagar, fui encaixando toda aquela grossura, cuidando para que não entrasse de vez.
— Porra, Bruno... — arquejou, perdido. — Assim você acaba comigo.
Conforme sentia seu pau me penetrando, fui relaxando a musculatura, aprontando-me para sentir todo o prazer daquele novo estímulo. Bom, só me deu vontade e ali estava eu, rebolando em câmera lenta sobre aquele homem perfeito.
— Tão apertado... Caralho! — Thomas murmurou, quase sem voz, soltando vários praguejos.
Retrocedi uma vez e enfiei mais fundo, sob seus apertos. Cometi o
deslize de olhá-lo: a coisa mais linda jogada sobre o colchão, encarando-me de volta com desejo evidente na expressão safada, de lábios presos.
— Tá gostoso, cachorro? — incitei, toda malicioso e dominador, passando a mão livre em seu rosto e enfiando a ponta de um dedo em sua boca.
Thomas Orsini aquiesceu desesperadamente, incapaz de falar.
Mais algumas retrocedidas e finalmente meu corpo se adaptou. Era a hora de dar a minha poderosa enrabada no sujeito. Ele nunca mais esqueceria.
Apoiei os pés sobre o colchão, erguendo-me mais para ganhar apoio e poder me movimentar melhor. Encarando-o, comecei a subir e descer com velocidade, deixando-me invadir sem dó.
— Porra! — grunhiu, segurando a minha cintura para ajudar no apoio. Seu olhar ficou vidrado no seu pau se enfiando mais fundo em meu cu.
Eu não parei. Estava com um tesão renovado, diferenciado, e muito disposto a arrancar o orgasmo que ele se negou a deixar vir.
— Que cuzinho delicioso! Safado da porra, rebola, vai! — Ele me deixou rebolar e quicar por certo tempo, mas em seguida me agarrou com força e se ajustou sob mim para liberar os quadris e começar a enterrar em sua velocidade, duro e veloz, metendo sem hesitar.
Uma de suas mãos desceu e ganhei um tapa na bunda. Aquele com certeza deixou marca. Comecei a gemer e arquejar diante daquela fodida selvagem, com o rosto enfiado em seu pescoço, que ainda exalava resquícios de perfume junto com o cheiro natural de sua pele.
— Fode o meu rabo! — exigi, sentindo-me um putinho dos grandes. — Fode bem gostoso!
Ele agarrou os meus cabelos e prendeu a minha boca na dele como se quisesse me devorar. Ganhei mais outro tapa e então Thomas me empurrou, deixando-me ereto sobre ele de novo. Quando seus dedos seguiram para o meu pau foi que me dei conta do que ele queria: que eu gozasse antes. Ri comigo mesmo e deixei que me atiçasse, contorcendo-me e me movimentando.
Reuni as minhas últimas forças para dar a gozada derradeira, com seu pau me enrabando.
Foi delicioso demais gozar daquela forma!
Mal comecei a tremer, anunciando o êxtase, e ele alertou:
— Vou gozar nesse seu cu apertado! — e se deixou vir, finalmente, de forma brutal e ruidosa, esmagando-me entre os dedos.
Joguei o corpo para frente, completamente exausto e saciado, desencaixando-nos. Thomas me recebeu em seus braços e me colocou ao seu lado, mas mantendo o abraço sempre apertado. As respirações ofegantes foram se acalmando.
Abri os olhos após alguns minutos de recuperação e visualizei o seu perfil bem de perto, olhando para o teto e ainda respirando pela boca. O seu coração ainda batia forte, conseguia senti-lo porque apoiava uma mão em seu peito.
Resumo da foda: incrível. Daquelas que a pessoa guarda na memória e toda vez que lembra abre um sorriso safado e a cueca mela instantaneamente. Pena que não teríamos bis.
— Vou ao banheiro — informei e me levantei antes que ele virasse o rosto para mim e eu me sentisse perdido diante de seus olhos.
Caminhei até a porta e fiz questão de fechá-la quando adentrei, deixando claro que gostaria de um pouco de privacidade. Meu objetivo era ir direto para o chuveiro, mas me distrai diante do espelho enorme, que ocupava metade da parede. Prestei mais atenção nas coisas que estavam na bancada da pia, estranhando que os produtos de higiene estivessem ainda lacrados, como se ali fosse um tipo luxuoso de motel.
Será que aquele era o apartamento onde Thomas Orsini levava as suas fodas?
Fazia sentido. Local afastado da cidade, discreto, livre de rastros. Pensando bem, de fato o ambiente era todo impessoal. Não havia fotografias espalhadas ou, sei lá, qualquer coisa que apontasse que era um lar de verdade.
Certo... Se eu tivesse dinheiro também teria um local privado para transar. Sendo assim, tentei não me sentir estranho ou ficar remoendo a informação.
Escovei os dentes com os produtos novinhos e entrei no boxe. Lavei os cabelos com shampoo e condicionador importados, recém-abertos, com as embalagens em inglês e marcas que eu não reconhecia. Não pude deixar de me sentir estranho. Era como se nada ali fizesse parte de mim, ainda que realmente nem precisasse.
— Foi só uma foda, Bruno. Relaxa o bigode — murmurei, aconselhando a mim mesmo e assentindo em resposta. Eu não precisava pensar demais nos detalhes. O amanhã chegaria em breve e bastaria que eu vivesse a minha vida do meu jeito.
Eu não sabia onde estavam as minhas roupas, mas não queria ficar nu, por isso abri umas gavetas abaixo da pia, à procura de qualquer coisa que pudesse me cobrir melhor, e acabei achando um roupão azul-escuro. Vesti-o e amarrei bem o cordão na minha cintura. Olhando-me no espelho, soltei um longo suspiro. Merda. Eu estava estranho por dentro, sem conseguir me compreender.
Penteei os cabelos com um pente que achei perto dos produtos e ainda dei um tempo a mim mesmo para pensar na vida, até que encontrei coragem para deixar o banheiro e enfrentar o pós-foda com a cabeça no lugar.
Thomas Orsini não estava no quarto. O cheiro de sexo ainda pairava no ar e a cama desforrada testemunhava a nossa noite. Saí pelo corredor e ouvi alguns barulhos na sala. Encontrei o homem de banho tomado, exalando a sabonete e usando uma cueca samba-canção branca. Apenas.
De alguma forma o sushi que deixamos para trás surgiu na mesa de jantar e o CEO organizava os pratos com atenção. Eu me escorei na parede e o observei até que notasse a minha presença. Ele sorriu quando finalmente me viu.
— Você deve estar com fome. Sorte que sobrou bastante coisa. A essa hora não tem nada aberto nessa cidade.
Eu realmente estava faminto, por isso me aproximei da mesa. Tive certeza de que não havíamos deixado tanta comida assim, então supus que ele tivesse feito um pedido maior, em que boa parte fora guardada na geladeira.
— Quer ajuda?
— Acho que já está tudo aqui. Sente-se. — Ele arrastou a cadeira, repetindo o gesto cavalheiresco do início do jantar. Eu me acomodei, logo constatando que o assento era bem aconchegante. — Coloquei as nossas roupas na secadora. Seus sapatos estão ali — apontou para um canto perto da porta.
— Tudo bem, obrigado.
Thomas sorriu e serviu os nossos copos com suco de laranja, antes de começarmos a comer. Enchi a barriga de verdade naquela segunda parte do jantar. Na primeira eu estava nervoso e cheio de cerimônia, mas daquela vez não fiquei nem aí pra nada e, a tirar pela forma acelerada como se fartava, ele também não.
Comemos em silêncio, porém, após um tempo, fomos interrompidos pelo barulho do meu celular vibrando ao longe. Fiquei imediatamente preocupado, pensando se tratar de alguma urgência, por isso me levantei e o procurei.
Quando vi o nome MÃE na tela o meu coração disparou de medo.
Atendi prontamente:
— Mãe? A senhora está bem? — a voz saiu ansiosa.
— Ah, filho! — ouvi o seu suspiro de alívio. — Estou, sim. Só estava muito preocupado. Você não me mandou mensagem alguma e comecei a criar paranoias na cabeça.
Eu também suspirei de alívio.
— Está tudo bem, mãe. A senhora já deveria estar no décimo sonho.
Thomas Orsini me olhava, curioso, então desviei o rosto na direção da varanda. Andei até lá para tentar ter um pouco de privacidade.
— Não consegui dormir sem notícias suas. Vai ficar por aí mesmo essa noite, né? Como foi com o bonitão?
— Depois eu conto — falei mais baixo. Fui surpreendido pela
magnífica vista da cidade. Por ser uma região interiorana, as luzes das casas e apartamentos mesclavam com partes escuras que deveriam ser a vegetação.
— Durma tranquila. Está tudo sob controle. Amanhã conversamos.
— Está certo. Boa noite, filho. Se cuide!
— Boa noite, mãe.
Assim que desliguei fiquei perdido no horizonte diante de mim. O clima estava ameno, apenas uma brisa refrescante soprava na varanda, muito agradável. Senti a presença de Thomas Orsini atrás de mim, antes que ele de fato se grudasse à minha retaguarda. Deu-me um beijo no topo da cabeça e apoiou uma mão em minha cintura.
Estranhei aquela atitude carinhosa.
— Está tudo bem?
— Sim — dei de ombros. — A minha mãe ficou preocupada. Sabe como é, né? — Ele riu, assentindo com a cabeça. — Sabe, eu... — desvencilhei-me dele, afastando um passo e me virando de frente. — Estou preocupado. São duas da manhã e tenho que estar às 8h no trabalho. Sendo que estou em uma cidade que fica a 2h de lá.
— Não se preocupe, Bruno. Tire a manhã de folga.
— Não — balancei a cabeça em negativa. Podia ser teimosia minha, mas não me sentia confortável com aquela conjuntura. Ele não devia ter me trazido para tão longe sem meu consentimento. — Tenho uma reunião às 9h.
Estava pensando, acho melhor eu dar um jeito de voltar agora mesmo.
O homem fez uma expressão séria e insatisfeita.
— De modo algum. Não vou te deixar sair no meio da madrugada. Sem contar que o Lineu deve estar dormindo faz tempo.
— Não mencionei o seu motorista. Posso pegar um Uber até a rodoviária, sempre tem ônibus saindo para a capital de hora em hora e...
— Não. Sem chance, Bruno. — Soltei o ar e olhei para o horizonte, contrariada. — Com quem é a sua reunião?
— Com a Martha Simas e o pessoal de Los Angeles.
— Sem problemas. Amanhã falo com a Martha e passamos a reunião para a tarde. Vamos dormir, acordar com calma e pegar a estrada tranquilamente.
— Thomas...
— Por que está querendo fugir de mim? — ele questionou, visivelmente chateado. Tornei a encará-lo, incrédulo, e resfoleguei, soltando um risinho desdenhoso fora de hora. — Isso não tem nada a ver com o trabalho, tem?
— É a minha responsabilidade. Tenho meus horários e você sabia disso quando me trouxe até aqui.
— Você leu o contrato? Seus horários são flexíveis como o de todos os coordenadores.
Claro que eu tinha lido aquela parte, só a considerei meio absurda e achei que fazia parte de seu combo controlador, a fim de me dar regalias à toa.
— Eu não quero discutir. Estou cansado — confessei, soprando, realmente sem forças para rebater aquela marmota.
— Eu também não quero — Thomas deu um passo à frente e segurou o meu rosto com uma mão. — Mas não quero te deixar desconfortável, então, por favor, fale por que te incomoda tanto dormir comigo.
Simples: o maior erro do jovem contemporâneo é dormir com ficante. Claro que eu não queria dividir uma experiência tão particular com ele. Eu achava que dormir juntos ficava um patamar acima da intimidade e sinceramente preferia estar em casa.
— É que não vejo tanto sentido — soltei, depois de pensar um pouco. — Só isso.
— Certo — retirou a mão de mim e ficou me olhando com seriedade e nítida irritação. — Durma na suíte e eu vou ocupar o quarto de hóspedes — suas palavras saíram tão frias quanto uma pedra de gelo.
— Também não precisa ser assim, né?
— O que sugere, então? — ele falou com certa rispidez e eu o encarei com uma expressão feia. — É impossível te agradar, Bruno.
— Não precisa me agradar — resmunguei.
— Dorme comigo e deixa disso... — ele segurou o meu rosto com as duas mãos e colou nossos corpos outra vez. Olhou-me por uns instantes e juntou os lábios nos meus, porém me beijou de uma forma completamente diferente das outras.
O beijo foi lento, delicado, suave, sem pressa. Nossas bocas se movimentaram preguiçosamente, de maneira tal que uma estranha sensação se instalou no meu peito e lá ficou. Quando ele se afastou eu arfei, confuso.
O que porra tinha sido aquilo?
— Quero aproveitar você até o último segundo — Thomas murmurou entre os meus lábios. — Vamos.
Nada respondi, mas quem cala consente, não é verdade?
Voltamos para o quarto e escovamos os dentes juntos, como um casal acostumado com aquilo. Vesti uma cueca limpa de Thomas, ficando somente com ela, e Thomas pareceu aprovar a ideia. Por fim, guiou-me até a cama, removendo a pesada colcha antes de nos aninhar embaixo dos lençóis com cheiro de amaciante de marca boa.
E então me beijou lento outra vez, demoradamente.
Eu mal reconhecia aquele sujeito com lábios grudados nos meus com tanta gentileza. Não estava preparado para aquilo. Achei que seríamos práticos, selvagens e afobados sempre, do início ao fim. Mas me enganei e acabei dormindo em seus braços quentes como se fosse a coisa mais natural do mundo.