Fomos direto na sala do comando para nos apresentar e passar todo relatório da viagem. Fui informado que minha missão terminava em dois dias, e que já era para eu colocar em ordem minhas tarefas e passar para o serviço para a equipe. E assim foi.
O dia que eu cheguei e o seguinte até a parte da tarde, fiquei em função de muita atividade burocrática. Estava um tanto cansado com tantas responsabilidades e estava ficando com saudades do sargento. Eu estava muito alegre por ter que voltar para minha base e minha cidade e triste na mesma proporção, pois teria que me despedir do grande homem que eu tinha conhecido. Eu estava apaixonado por Souza. Nesses dias que faltavam, estivemos juntos poucas vezes e quando eu chegava no alojamento para dormir, ele já estava dormindo e quando eu acordava, ele já tinha se levantado.
Chegou o dia da minha ida. Levantei, fui ao rancho e cumpri todas as formalidades. Uma viatura ia me levar. O sargento me chamou na sua sala. Entrei e fechei a porta.
- Soldado Saulo, quero dizer que foi muito proveitoso ter você em nossa base, seu trabalho foi excelente e espero que você também tenha gostado. Quem sabe poderemos trabalhar juntos no futuro.
- Sargento Souza, agradeço pelo conhecimento, pelo aprendizado e por tudo o mais. Coloco-me à disposição sempre que precisarem de mim.
- Uma viatura vai levar você até a rodoviária, onde será direcionado para um ônibus que o levará para sua cidade. Você poderá se apresentar em três dias na sua base. Leve meus cumprimentos aos seus superiores. Parabéns por tudo. - finalizou Souza, apertando minha mão. Não aguentei e abracei ele. O sargento retribuiu o abraço e nos olhamos nos olhos Beijei ele, que retribuiu com um beijo sensível, de despedida, com certo carinho, porém rápido. Apertei ele contra meu corpo para sentir mais uma vez seu cheiro.
- Já que você gosta tanto do meu cheiro, leva isso aqui. - disse me entregando um pacote. Era uma camisa de malha branca, usada, das que usamos sob a farda. - Está com meu cheiro, espero que não esqueça.
- Sargento, nem sei o que falar... espero que o senhor também não esqueça...
- Não vou esquecer, soldado.
- Quem sabe algum dia...
- Soldado, o que acontece na base, fica na base, entendeu? Já conversamos sobre isso.
- Então vou deixar a camisa. Vai ficar na base, como tudo o que tem que ficar. - devolvi o pacote, eu já estava triste e não queria levar a tristeza comigo. - Sargento, vou seguir suas instruções.
- Você vai conhecer alguém na sua cidade, quem sabe até no quartel, da sua idade, da maneira que você deseja... - disse Souza.
- Não vou pensar nisso. Quero o senhor, não quero alguém da minha idade nem do meu quartel. Quero você, e não sua camisa. Obrigado sargento, por tudo.
Estava um pouco difícil para mim, mas, tinha chegado a hora. Tudo ia ficar para trás. Não adiantava insistir. Despedimo-nos e fui para a viatura. Despedi dos outros e fui embora.
Cheguei na minha cidade e fui para casa. Minha avó me abraçou, tinha feito meu prato favorito e estava cheia de saudades. Entrei no meu quarto, arrumei as coisas e fui tomar banho. Ainda tinha dois dias para voltar ao quartel. Nesses dias me organizei para a faculdade e para o trabalho. Conversei com minha família para colocar em dia o assunto acumulado.
Fui ao meu quartel. Pronto. A vida tinha voltado ao normal. Eu sentia muita falta do sargento, tanto da presença dele quanto do sexo. Com frequência, eu me masturbava, lembrando dos momentos que passamos juntos. Sua boca, sua pele, seu cheiro... sem contar a pegada. Na viagem, então, onde nos beijamos, eu não conseguia esquecer e fiquei muito chateado por perceber que ele estava envolvido também, mas, preferia não ir em frente. Eu sabia que não ia esquecer dele, mas ia superar.
As aulas começaram e fui vivendo meus dias como eram antes: quartel, faculdade, estudos e academia. Aos finais de semana, eu saía pouco, preferia ficar em casa jogando ou estudando. Poucas vezes saía com o pessoal e nenhum cara me dava interesse, eu estava sempre pensando no Souza e comparando os outros a ele.
Depois de dois meses, em um sábado, recebi um embrulho em casa, por um motoboy. Achei estranho, pois eu não tinha feito encomenda alguma. Era a camisa do sargento. Cheirei ela toda e veio à minha mente tudo de novo. Seu cheiro, seu calor, tudo. Ele também não tinha me esquecido! Mandou para o endereço que eu tinha dado a ele durante a viagem! Fiquei emocionado e ao mesmo tempo sem saber o que fazer, afinal não teria como ligar para a base e ele não me deu o celular. Fui para o meu quarto, fechei a porta e me masturbei com a camisa dele em cima do meu rosto e fiquei deitado por um tempo, com muita saudade dele. Eram dez da manhã e parecia que eu ia ficar ali o dia todo. Resolvi levantar e tomar um banho, pensando em como eu faria para ter contato. Durante o banho, a campainha tocou e minha avó foi abrir a porta, achei que era outra encomenda do sargento, quem sabe agora chegaria uma cueca usada! Eu ia adorar!
Ouvi minha avó conversando com alguém, devia ser a vizinha que sempre ia lá para dar uma muda de planta ou Marcelo, que às vezes ia sem avisar naquele horário. Saí do banho, me sequei, vesti a roupa e fui para meu quarto.
(CONTINUA)