Continuação de: O Iniciador de Machos VIII - A Imersão Corporativa e minha viuvez
A primeira noite sem minha esposa foi dolorido, me vi sozinho no quarto escuro e senti muito a falta de sua companhia e chorei muito, não consegui dormir, fiquei encolhido em conchas na cama, um buraco no peito e a cabeça pesada. Muita dor e sofrimento me abateram, e ao amanhecer apenas levantei, sem vontade de fazer nada, cabeça pesada, sem vontade de tomar um banho, apenas me arrastando fui na cozinha e fiz um café forte, sentei a mesa, comecei a beber o café e meu corpo se aqueceu com um abraço do Cesar, eu havia perdido a noção de tudo, e esqueci totalmente que ele estava na casa comigo, ficou me vigiando durante a noite e quando viu que me acalmei no meu quarto, ele foi dormir no quarto de hospedes, me deixando sozinho.
Agradeci somente com o olhar por ele estar presente ali comigo, me abraçando e fazendo companhia. Ele começou a revirar os utensílios da cozinha pegando uma frigideira, uma espátula e foi na geladeira, pegou ovos, e no freezer encontrou um pedaço de bacon. Sem falar nada, começou a cortar o bacon tranquilamente, depois ligou o fogo e colocou o bacon com cebola picadinha, e o cheiro do bacon impregnou a cozinha, cheiro de comida temperada. Na sequência colocou 4 ovos, numa tranquilidade, tudo isso, usando uma cueca boxer preta e uma regata de algodão branca. Assim que a gema começou a endurecer, começou a mexer a gema e acrescentou um pouco de leite, e assim foi mexendo até ficar firme e apetitoso. Pegou dois pratos e colocou um pra mim e outro para ele. Comemos sem falar nada, apenas alimentando o corpo pois uma nova jornada se iniciaria nos próximos dias.
Depois disso conversamos, e eu decidi retomar as atividades na empresa, pois algum direcionamento era necessário, Cesar voltou para rotina dele, sem antes me obrigar a estar com ele no café da manhã todos os dias e alinharmos as atividades e colocarmos tudo em ordem. Um primo advogado da minha mulher, Dr João Carlos de Campinas, assumiu o inventário me deixando mais livre para focar nas rotinas da empresa. Eu preferi continuar morando na minha casa mesmo com a insistência do Cesar para eu mudar para a casa dele, porém eu ainda tinha que cuidar da memória e destino de muitas coisas da minha amada esposa.
Ao final de 6 meses, a empresa já estava sob controle, vendi uma parte para dois funcionários e assim diminuir meu ritmo, o que fez bem para mim e pra eles que estavam desde o início. Eu resolvi tirar uma semana e fiz meu cruzeiro sozinho, sem companhia de pessoas conhecidas, apenas um momento meu. Confesso que tudo estava sonso, nada me animava, nem os cassinos no Uruguai, nem os shows na Argentina, nem o litoral catarinense. Eu ficava a contemplar a paisagem durante o dia e a noite curtia a brisa do mar e apreciava o ronco dos motores do navio.
No meu retorno, Cesar me esperava no porto de Santos, com os braços abertos, cheio de saudades, assim como eu. Ele respeitou todo esse tempo que precisei, esteve presente, me deu apoio e em nenhum momento levou para a intimidade sexual, sabia que eu precisava me recuperar mentalmente.
Chegamos em São Paulo, no início da noite, e eu estava com vontade de comer carnes, e ele também, fomos no Jardineira Grill na avenida bandeirantes, e apreciamos muito os cortes especiais da casa, sempre muito bem feitos e um atendimento primoroso. Pedi ao Cesar para dormir na casa dele, pois precisava da companhia dele naquela noite e ele com os olhos brilhando, disse-me que a casa era nossa e não precisava pedir, inclusive mencionou o fato que eu já tinha chaves da casa, e cartão de acesso ao escritório dele, eu poderia ir quando quisesse. Chegamos lá, ele preparou a banheira do quarto, com uma água bem quentinha, sais com cheiro sutil de ervas aromáticas como sândalo e uma outra que não reconheci e espumas. Entramos os dois e ficamos nos banhando um ao outro, eu encostado no ombro dele, olhei nos olhos e disse: “Cesar, eu te amo e quero viver com você”. Ele me beijou e respondeu: “Casa comigo?”. Eu respondi que sim, que casaria com ele, pois eu amo demais, mas precisaria de mais um tempo para concluir um ciclo que foram mais de 30 anos com a Flora.
Tivemos uma noite de amor incrível, onde eu fui devorado pelo meu homem, que me penetrou de todas as formas, inicialmente na banheira e depois na cama. Acordei no outro dia moído e saciado pelo melhor sexo de toda a vida que ele me proporcionou. Fizemos o café da manhã juntos como dois adolescentes, ambos só de cuecas, e a cada instante uma “sarrada” aqui outra passada de mãos acolá.
Terminado o café, me troquei e fui para minha casa deixar minhas coisas de viagem conferir o estado geral, mas não havia necessidade, a pessoa que contratei para cuidar após a morte da Flora, era muito cuidadosa com as plantas e organização de tudo, nunca me deixou na fora do lugar. Sobre a mesa da cozinha, junto com outras correspondências, havia um envelope com remetente o Dr João Carlos, advogado e primo da Flora. Abri o envelope e nele havia uma carta do João:
Caro primo, eu lamento muito sua perda e nossa família sentimos tanto sua prematura partida, pois ela era um encanto de pessoa e contigo formou nosso casal modelo que nos inspirava a acreditar no amor, pois sempre estávamos juntos em tudo, nos passeios, nos encontros de família e no trabalho. Uma semana antes da sua morte, ela escreveu uma carta para você, lacrou e me entregou em mãos com um pedido, só lhe entregar depois de 6 meses de sua morte. Não sei o conteúdo apenas estou cumprindo a vontade dela naquele leito. O inventário está quase concluído, e conforme ela já havia encaminhado muita coisa, em breve liquidamos esse assunto. Se precisar de algo, me avise, somos sua família pra toda vida. Assinado, Joca”
Meus olhos se encheram de lágrimas, e deixei o envelope cair no chão, e chorei muito, larguei no chão e fui para meu quarto, e dormi. Sonhei com Flora que se apresentava em um belo vestido florido, ela estava com uma expressão ótima e sorria pra mim. Não falava nada, só dava sinal de que estava bem. Acordei já estava escuro, peguei o telefone para ver as horas, 8h15 da noite, algumas mensagens do César e duas ligações perdidas dele. Sentei na cama e escutei a campainha tocado, fui até o portão e abri, reconheci o César, que veio até mim, com uma cara preocupadíssima. Me abraçou e eu voltei a chorar em seus braços. Entramos e fomos até a sala, onde nos sentamos no sofá e eu me encolhi em seus braços e ele me acariciando e me abraçando. Ficamos assim durante uma meia hora, me levantei, pedi um tempo pra ele e fui tomar um banho, me troquei e fiquei com uma aparência melhor. Voltei e ele já tinha feito um prato de macarrão ao pesto, que nem quis saber de onde saíram os ingredientes, importante era que estava muito gostoso. O envelope no chão foi recolhido por ele, que leu a mensagem do Joca, portanto compreendeu o porque do meu estado naquele dia.
Terminamos o jantar e eu o chamei para lermos a carta da Flora juntos, ele não queria isso pois era algo intimo meu e preferia deixar eu ler sozinho, mas eu insisti bastante e ele concordou e ficar comigo.
Assim começa a carta da Flora:
- “Olá meu amor, sei que já se passaram seis meses de minha partida e espero que você esteja bem, pois eu lhe garanto que minha passagem foi tranquila, já que eu planejei tudo para não deixar nada que lhe aborrecesse, já que sei que odeia complicações burocráticas. Eu sofri ao saber do câncer, e antes dos últimos exames complementares onde foi definitivo o meu quadro, eu tentei de todas as formas poupar você desse sofrimento. Os últimos 5 meses em que vivemos o meu drama, foram os melhores da minha vida. Sim, eu sei que parece loucura, mas lhe explico:”
Eu já estava chorando novamente ao ler aquelas linhas, César não lia, somente olhava pra mim e me apoiava. Voltei a ler.
-“sabia que com minha morte você iria sofrer muito, pois nos conhecemos há anos, fomos nossos primeiros namorados um do outro, e fazíamos tudo juntos. Quando comecei as terapias para amenizar o sofrimento do câncer, eu sabia que seria dolorido para você passar por aquilo, e nesse momento eu tinha você ao meu lado, mas sabia que precisaria de alguém ao seu lado também. O seu amigo César sempre esteve ao seu lado e comecei a observar o olhar de você para com ele e o dele para contigo, e ali eu percebi o amor, o mesmo amor que sentimos um pelo outro, estava ali na minha frente. Várias noites em que você teve que descansar e confiou a ele me acompanhar mesmo sem pedir e me ajudou quando necessário. Somente uma pessoa especial faria algo assim. Me recordo que uma noite precisei de banho, e sinto em lhe dizer, os enfermeiros estavam ocupados e eu como sabe sou impaciente, não queria esperar, e ele me ajudou no banho e por incrível que pareça eu senti que era você me banhando, pois ele também demonstrou amor por mim, me acolheu e amparou.”
- “Assim meu amor, numa oportunidade eu perguntei para ele o que ele sentia por você e ele me disse francamente: Eu amo seu marido e assim como ele te ama muito e eu te amo também, pois você é uma extensão dele. Eu senti verdade nas palavras dele, senti realmente um verdadeiro amor nele e nos abraçamos e choramos muito pois se fosse em outro momento, outra situação eu acho que seriamos felizes os três juntos, pois eu também aceitaria o amor dele. E amaria ele também, não sei como isso aconteceria, mas aconteceria.”
- “Depois dessa conversa, combinamos que ele nunca falaria contigo sobre isso, e que se um dia isso voltasse ele poderia falar livremente sobre essa conversa. Meu amor, eu torço para que vocês estejam juntos e que fiquem juntos, pois eu estarei onde estiver abençoando vocês”.
-“Mauricio, você é e será meu amor eterno, seja feliz e continue amando. Eu te amo muito MauMau. Assinado Florinha (como você sempre me chamou)”.
Depois de ler essa carta, eu abracei o César e nos beijamos muito, e juramos nosso amor ali naquele momento. Depois desse dia, seriamos um casal feliz, eu e ele.
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