Depois da noite incrível com Carlos, apesar de Sidney, Vanessa acordou no dia seguinte empolgada para espiar como estariam os dois no mercado e ver se Carlos havia mudado. Dessa vez não falou com ele, olhando apenas a distância. Era nítido, até pela postura, a diferença. Parecia mais esperto, não apenas no olhar, mas na disposição com a qual trabalhava. Sidney era o oposto, não aparentando a irreverência habitual. Parecia ter finalmente feito a diferença para aquele rapaz. Já estava ansiosa para a próxima aula. Mal sabia aquela ter sido a última.
Havia postado uma foto tirada por Gabriela durante o ensaio na sala de aula para atiçar seus seguidores. Para sua surpresa, e decepção, um comentário atraiu mais a atenção da audiência do que a própria foto: “Foi a melhor foda da minha vida. A piranha da Professora Vanessa dá aula de sexo na sala de treinamento da fábrica velha todas as noites. Fodi a boquinha, o cu e a boceta dessa vagabunda. Quem quiser é só ir à fábrica ter uma aula prática de graça.”
Não era o perfil do Carlos e nem era o jeito dele fazer esse tipo de comentário. Era bem possível ter sido Sidney em vingança por ser ignorado. De fato, não esperava muito dele e seu jeito debochado, mas a quantidade de respostas daquele comentário a preocupava. Mandou uma mensagem para o Carlos procurando saber como estava e soube que Sidney espalhou a história sobre ela fazer sexo na fábrica velha para todos no mercado. O efeito entre os colegas de trabalho não chegou a ser negativo, pois entre os homens era tratado como herói. Por outro lado, foi muito mal aceito pela família. Sendo Carlos um homem muito tímido, entenderam que Vanessa havia se aproveitado dele. Ele não a veria mais.
A vingança de Sidney tomava proporções maiores, pois por alguns, era dito que Vanessa seduzia menores de idade. As poucas obras que sobraram, ela perdeu. Sem trabalho, restou a venda de fotos como fonte de renda, mas depois da atitude de Sidney, ficou insuportável de visitar sua própria página. Havia um assédio constante. Muitos perfis a ofendiam gratuitamente e alguns outros queriam contratá-la para fazer programa. Gabriela tinha razão, tudo podia ficar bem pior.
Com anos trabalhando de forma autônoma, viu-se na necessidade de buscar emprego mais uma vez. Espalhou currículos em construtoras, mas foi chamada para entrevista apenas em algumas. Em uma delas, o entrevistador fez mais perguntas sobre sua venda de fotos do que sua experiência em obras. Apesar de se vestir discretamente com calça e camisa sociais, só se interessava por ela sem roupa. Saiu da entrevista rezando para não ser chamada.
De lá, caminhou pela rua, olhando o celular. Desde que voltou a espalhar currículos, vivia ansiosa por abrir seu e-mail na esperança de ser chamada para trabalhar ou para outra entrevista. Sua atenção foi quebrada por um tumulto. Uma mulher caminhava apressada pela calçada enquanto algumas pessoas a ofendiam. Não era uma discussão, pois a mulher parecia apenas estar fugindo daqueles agressores. Pela covardia e os tipos de ofensas proferidos, Vanessa não teve dificuldade em se colocar no lugar dela. Já tinha esquecido de suas preocupações com sua busca por trabalho quando apertou seus passos em direção àquelas pessoas.
Enquanto a mulher procurava a chave para entrar em seu prédio, Vanessa brigava com aquele grupo de pessoas. O coletivo de detratores a reconheceu na hora, a chamando de “outra puta”. O sangue dela ferveu.
— Vocês são canalhas! Esse tanto de gente cercando uma mulher sozinha. Covardes, filhos da puta. Isso que vocês são.
Acostumada a trabalhar em um meio tão masculino, Vanessa sabia se impor de uma maneira que até os homens mais brutos se assustavam. Todos ficaram em silêncio, talvez com medo de terem o nariz quebrado. Quando a mulher finalmente abre seu portão, ela puxa Vanessa para dentro.
— Obrigada, meu anjo. Vem comigo que eu te faço um café.
Quando entraram no elevador, Vanessa ainda estava tão indignada com aquela situação que não reconhecera a mulher cm quem estava. Esta, estava tão constrangida que quase não falava. Limitava-se a guiar sua defensora até sua casa e fazer um café. Era uma quitinete, onde sala e quarto se misturavam ao lado de uma cozinha minúscula. Mesmo assim, era uma casa arrumada e aparentava ser confortável, apesar do pouco espaço. Chamou a atenção de Vanessa alguns equipamentos de Iluminação, semelhantes aos que ela tinha. Foi quando deu mais atenção à sua anfitriã, que passava o café.
Loira, tinha por volta de trinta anos. O cabelo longo e liso ia até o meio das costas. Vestia uma calça jeans e uma blusa verde com mangas até o cotovelo. Vanessa s levou bastante tempo para reconhecer aquela mulher.
— Você é a Janaína, não é?
Ela deu um sorriso constrangido.
— Sim, eu sou “A Janaína”
— Me desculpa, você pintou o cabelo de loiro e quase não te reconheci.
— Não se desculpa. Hoje em dia fico feliz quando não me reconhecem.
Vanessa engoliu em seco, constrangida ao se dar conta estar fazendo ela ter lembranças traumáticas.
— Não fique assim. Sei quem você é também. Está passando pela mesma situação que eu. Você é muito corajosa, eu não conseguiria enfrentar aquelas pessoas.
— Não é culpa sua, eles que são hipócritas.
— Sim, um ou outro ali já me procurou sozinho, querendo ficar comigo. Quando estão em grupos, me atacam.
— Como consegue?
— Como você consegue?
As duas trocaram um sorriso constrangido. Tomaram café, sentadas lado a lado, compartilhando suas tragédias e trocavam boatos desmentidos. Vanessa explicava a história com Carlos e Sidney para dizer que nunca saiu com adolescentes. Janaína disse que, ao contrário do que falavam, nunca teve um amante. Tudo começou com um fetiche do marido, que queria que ela tirasse fotos nua para ele. A partir disso ele quis divulgar, pois se excitava em ver a esposa se exibindo. Quando tentaram um colega de trabalho descobriu, a chantageou, querendo transar com ele. Eram assédio constantes, seguidos de ameaças. Janaína não foi demitida, ela se demitiu. O colega, frustrado, espalhou uma versão falsa da história e o ex-marido se divorciou para não assumir para a sociedade, seu fetiche em exibir a esposa.
A história de uma mulher fazendo de tudo para agradar o marido não era novidade para Vanessa, mas pela primeira vez ouvia um final tão trágico. Contando apenas com as economias, Janaína alugou aquele apartamento minúsculo e levou muito tempo até conseguir emprego, em outra cidade. O perfil onde vendia suas fotos foi deletado, mas fez outro, com outro nome, onde tirava sua renda até conseguir outro emprego. Pintou o cabelo para se afastar da antiga imagem o quanto pudesse, sem muito sucesso. Janaína tinha um olhar triste, resignado com as tragédias da sua vida. Vanessa contou sobre Otávio e como ele, assim como Sidney, atacavam sua honra por vinganças pequenas. Dos olhos cheios de raiva de Vanessa brotaram as primeiras lágrimas. Janaína a abraçou e as duas choraram juntas.
— Diz que sou corajosa, mas ninguém passa por isso tudo sem coragem. Covardes são eles!
— Você tem razão.
Permaneceram abraçadas, até as lágrimas secarem.
— Se arrepende de ter começado tudo isso? — perguntou Vanessa. Janaína permaneceu olhando para ela, pensativa.
— Eu não cheguei a uma conclusão ainda. É óbvio que se não tivesse começado com as fotos eu hoje teria meu emprego e meu casamento. Por outro lado, eu estaria até hoje sem saber a índole das pessoas que conviviam comigo. Me assusta saber que o homem com quem escolhi dividir minha vida fez isso comigo. Eu estaria vivendo com um canalha até hoje.
— Nem pensei nisso.
— Porque, você se arrepende?
— Eu também não tenho certeza, mas diferente de você, divorciei antes de começar e nem por isso fui poupada de julgamentos e fofocas. Eu me descobri exibicionista e achei que as fotos e o site seriam algo mais seguro do que ficar pelada na varanda para os vizinhos verem. — Vanessa riu e Janaína gargalhou — funcionou por um tempo. Me incentivou a me cuidar mais, me sentia mais bonita, com a autoestima lá em cima. Eu me arrependo mais das pessoas que deixei se aproximarem.
— Eles nunca valem a pena, não é?
— Sim, mas a falta de atitude de algumas também decepciona.
Janaína a olhou, franzindo o cenho. Vanessa sorriu.
— Sim, mulheres também.
— Você é mesmo corajosa.
— Você também é. Depois do que passou, você faz qualquer coisa.
— Ainda não consigo tirar as fotos que você tira.
Vanessa enrubesce.
— Chegaram até você?
— Sim, acho que todos na cidade já viram. Só falta assumir que gostam. Depois passei a te seguir.
— Não acredito!
— Sim. — Janaína abre a bolsa e pega o celular. Clica várias vezes na tela e a entrega a Vanessa. — Sou essa aqui.
Vanessa olha foto de Janaína vestindo apenas uma calcinha, com salto alto. Estava de costas para a câmera, cobrindo os seios com as mãos.
— Linda essa foto.
— Obrigada, mas queria tirar fotos ousada como você. Aliás, isso me ajudaria a alugar um apartamento maior.
— Não consegue se soltar nas fotos?
— Sou muito tímida.
— Você não tira fotos com a Gabriela? Ela é ótima em dirigir a gente.
— Depende né. Ela fica o tempo todo falando como se quisesse me comer. Acabo ficando mais tímida ainda.
— Você não gosta quando falam assim com você, né? Ainda mais sendo mulher.
Janaína olhou para Vanessa e um sorriso malicioso escapuliu de seus lábios.
— Na verdade — Janaína respira fundo. — gosto, mas eu sempre travo.
— Você sente que ela está te desejando, não é?
— Sim, é uma sensação gostosa, mas eu precisava de um…” meio-termo”, sabe?
— Entendo. Comigo é o oposto, quanto mais ela e provoca mais eu me exibo para ela. Já fiquei molhada em alguns ensaios, me exibindo na esperança dela jogar a câmera fora e me agarrar.
Janaína gargalhou.
— Me sinto da mesma forma. A danada gosta de provocar.
— Pior que ela não faz nada comigo. Ainda termina o ensaio dizendo que precisa trocar a calcinha.
— Não sei como ficaria se ela falasse isso para mim.
— Pensei que não gostasse de mulher.
— Nunca pensei nessas coisas, até conhecer ela. Gabriela mexe com a gente.
Janaína e Vanessa gargalhavam das próprias histórias. Pela primeira vez Vanessa conversava com alguém com algo em comum. Tinham dramas parecidos e a troca de experiências geravam aprendizado para ambas. Janaína surpreendia ao compensar as fotos menos ousadas seduzindo seus seguidores nos chats, convencendo-os a comprar a maioria de suas fotos, mesmo não sendo tão ousadas. Com esse aprendizado, Vanessa se sentiu na obrigação de retribuir.
Janaína ficou sem reação, quando Vanessa abriu os botões da sua blusa.
— O que é isso?
— Vamos tirar umas fotos suas. Tira tudo!
Janaína ria, inventando desculpas, mas sem fazer o menor esforço para interromper Vanessa. Quando ela suspendeu o quadril para facilitar a retirada da calça, Vanessa a olhou maliciosa. Sem as calças e a blusa, Janaína se levantou e ajeitou a calcinha.
— Vai lá, vire a bunda para mim!
Janaína riu, sem graça.
— Imitar a Gabriela não vai ajudar.
Vanessa riu, pedindo desculpas. Sugeriu a Janaína fazer a pose que quisesse. A loira tirou o sutiã e cobriu os seios com as mãos. Depois cobriu os seios com os cabelos. Vanessa, que fotografava tudo com seu celular, percebia Janaína ainda muito retraída.
— Agora não estou te pressionando. O que mais posso fazer?
— Não sei, Vanessa. Acabei de te conhecer e já fico pelada. Já estou fazendo muito esforço para me soltar.
Sem tirar a razão de Janaína, Vanessa respirou fundo e começou a desabotoar os próprios botões. Tirou a roupa, ficando de calcinha e sutiã.
— Agora eu também estou pelada — Pegou o celular de Janaína e entregou a ela. — Você tira uma minha e eu tiro uma sua.
Os olhos de Janaína percorreram as curvas de Vanessa e um sorriso em seu rosto se abriu.
— Eu começo. Vira a bunda para mim!
Vanessa gargalha.
— Eu não posso falar assim com você, mas você pode?
— Você se acostumou com o jeito da Gabriela, eu não.
Vanessa obedeceu, se pôs contra a parede e de costas para Janaína. Empinou o quadril, valorizando sua bunda na foto.
— Agora é sua vez, faz a mesma pose que eu.
— Não é justo.
— Por que não?
— Estou com essa calcinha feia, deixa eu trocar por outra
Janaína usava uma peça branca, com um corte confortável, cobrindo parte do bumbum. Ficava incomodada ao compará-la com a minúscula calcinha de Vanessa. A engenheira já fizera o uso dessas calcinhas uma hábito. Vanessa não aceitou, pois Janaína já fizera manhã antes. Pegou ela pelo braço e a conduziu a ficar contra a parede, assim como ela esteve anteriormente.
— Vanessa, essa calcinha enorme não vai ficar legal.
Janaína sentiu os dedos de sua fotógrafa deslizarem pela calcinha, enfiando-a toda na sua bunda. — Vai ficar uma delícia — sussurrou em seu ouvido. Depois, seu quadril foi puxado para trás, ao encontro do de Vanessa e recebeu um tapa na bunda antes dela se afastar e bater a foto.
— Minha vez, agora, O que eu faço?
— Volta para a parede, mesma posição.
Vanessa fez como ela pediu, sem entender o motivo de repetir a posição.
— Agora tire a calcinha.
Janaína se sentia à vontade o bastante para devolver o tapa na bunda de Vanessa enquanto dava sua ordem. Com as mãos nas laterais, a engenheira abaixou sua calcinha lentamente e durante o movimento, um sorriso sapeca brotou em seu rosto. Arriou a peça até o meio das coxas. Janaína bate várias fotos em diferentes posições e depois Vanessa tirou a peça de vez.
— Agora vai você e faz a mesa coisa.
Janaína se pôs contra a parede, mas não empinou o quadril. O que parecia má vontade, a princípio, Vanessa entendia de outra forma. De novo ela ajeitou o corpo de Janaína, puxando o quadril dela para trás. Em seguida, puxou a calcinha dela até o chão, tirando-a totalmente. Foi baixinho, porém ainda audível, o manhoso gemido de Janaína enquanto a peça escorregava por suas coxas. Vanessa tirou fotos de vários ângulos e se aproximou de Janaína por trás, para abraçá-la e lhe mostrar as fotos tiradas.
— Olha como você é gostosa.
— Ficou lindo mesmo. Fico melhor sem aquela calcinha.
— Sua boba. Você fica maravilhosa em qualquer roupa. Se a Gabriela estivesse aqui, iria agarrar você.
— Não é bem na Gabriela me agarrando que estou pensando agora.
Vanessa abriu um sorriso sapeca enquanto Janaína empurrava sutilmente o quadril para trás. A engenheira propõe uma selfie e estica o braço com o telefone. Os dois corpos nus se apertam entre si para caber na foto. Enquanto o braço de Vanessa procura a posição ideal para enquadrá-las, a outra mão desce na cintura para entre as pernas de sua amiga e encontra um rígido grelo. Janaína tem um gemido manhoso, agradável de ouvir. Vanessa tratava como um instrumento musical, onde seus dedos manipulam o clitóris para executar todas as notas possíveis. Janaína passou a rebolar nos dedos de Vanessa enquanto esfregava a bunda no corpo dela. Se entregou totalmente àquela mulher até gozar em seus dedos. Vanessa segurou seu corpo tremido e esperou o espasmo passa para virá-la de frente para si e lhe dar uma abraço e beijo carinhosos. As línguas se esfregavam lentamente, assim como as coxas inquietas.
Janaína pegou na mão de Vanessa e a levou para a cama. A pôs de quatro e deslizou os dedos por entre seus lábios. Vanessa apenas gemia. À medida que os dedos melaram, os movimentos se tornavam cada vez mais invasivos, entrando mais e mais até penetrar Vanessa com dois dedos inteiros. O vai e vem de dedos acelerou, provocando em Vanessa gemidos descontrolados. Quando desacelerou, Janaína usou a outra mãos para acariciar as costas dela e acertar alguns tapinhas em sua bunda. Da boceta, Janaína levou os dedos ao grelo e Vanessa ao delírio com seus movimentos ora lentos, ora acelerados. Ao sentir o e gemidos da engenheira descontrolados, Janaína segurou seu cabelos e por eles conteve o corpo de Vanessa em seu orgasmo. O corpo de quatro tremia inteiro enquanto os gemidos altos ecoavam por aquela minúscula quitinete. Vanessa deitou de bruços, acabada, com Janaina acariciando suas costas.
Entre beijos, as duas olharam as fotos tiradas e riram muito das selfies, onde Janaína fechava os olhos em expressões de prazer. Passaram o resto da tarde marcando com Gabriela um ensaio em conjunto.