Chega de CEO - Capítulo Treze

Da série Chega de CEO
Um conto erótico de KaMander
Categoria: Gay
Contém 4367 palavras
Data: 15/05/2023 01:11:40

CAPÍTULO TREZE

“NINGUÉM AGUENTA MAIS CHORAR NO BANHEIRO”

Ao adentrar o banheiro chiquérrimo, uma funcionária muito simpática e bronzeada me ofereceu uma toalhinha de tecido e fiquei maravilhado com tanto requinte. Não podia crer que o toalete dali era tão sofisticado quanto todo o restante, de maneira tal que fiquei um pouco sem jeito. Estava tudo tão limpo e cheiroso que dava até pena de soltar os excrementos.

Elizabeth Orsini entrou logo atrás de mim, recolheu sua pequena toalha e caminhou, sem disfarçar o quanto estava transtornada, rumo à área onde pias longas e imensos espelhos estavam enfileirados. Abri a torneira em silêncio, sem saber direito o que fui fazer ali e já arrependido de ter chamado a sogra para me acompanhar. Imagina se desse vontade novamente de fazer o número dois? Com certeza eu não ia querer plateia.

— Peço perdão pelo comportamento lamentável do meu marido, Bruno — ela começou, observando-me através do espelho enquanto enxugava o rosto. Só então reparei que a bichinha tinha chorado. Eu devia ter pena de mim mesmo por ter passado por um constrangimento medonho, mas na verdade tive pena foi da mãe de Thomas. — Ele sempre foi meio rígido, mas nunca desse jeito, sem qualquer filtro. Ultimamente anda assim, desgostoso e inconveniente.

— Não se preocupe, Beth — fechei a torneira. — Está tudo bem.

Ela chacoalhou a cabeça, negando, e vi quando usou a toalha como lenço outra vez. Alguma coisa deveria ter acontecido antes daquela cena terrível para que estivesse chorando assim. Não era possível.

— Sei que não está e espero que isso não atrapalhe as coisas com o Thomas. Eu nunca o tinha visto tão bem ao lado de alguém.

Abri um sorriso de lado, mas disfarcei.

— Vai ficar tudo bem — falei mais para mim mesmo, soltando um pequeno suspiro. Comecei a ajustar a roupa no corpo só para ter o que fazer. Não queria, ainda, voltar para a mesa e encarar o senhor Othon Orsini.

— Só foi um pequeno mal-entendido.

Elizabeth ficou me olhando com atenção.

— Você me parece uma pessoa muito forte. Não sei como não está chorando — e riu, nervosa, deixando uma lágrima escapar. — Eu estou ainda e aquelas palavras horríveis nem foram para mim! — secou-a na toalha mais uma vez.

— Bom, minhas pernas estão tremendo feito vara verde e um olho meu está latejando sozinho. — Nós rimos juntos e logo completei: — Também tem um caroço no meu estômago e mal consigo respirar, mas chorar... Acho que só quando eu estiver sozinho e a ficha cair.

Ela voltou à seriedade.

— Não se sinta mal. Em nenhum momento considerei você um aproveitador, muito pelo contrário, estava animada com essa novidade e fiquei mais ainda quando vi como o meu filho parece descansado e feliz — Beth abriu um largo sorriso em minha direção e fiz questão de devolvê-lo, porque saber daquilo me fazia um bem danado. Compreender que Thomas estava tranquilo comigo era uma notícia maravilhosa. — Fazia anos que eu não o via assim.

— Fico mais feliz ainda em saber que faço bem a ele.

— Portanto, não se preocupe, o problema todo está em Othon — murmurou, amargurada, fazendo uma expressão de contrariedade.

— A senhora está bem? — eu me virei de frente para ela, encarando-a sem a ajuda do espelho. — Quer conversar ou ficar um pouco mais aqui?

Qualquer pessoa com um mínimo de empatia seria capaz de compreender que Elizabeth Orsini estava à beira do desespero. Thomas tinha me dito que ela era meio fria e não tão carinhosa, logo, não fazia sentido que agisse com tanta passionalidade sem que nada muito sério estivesse acontecendo. Eu sabia que nada daquilo era da minha conta, mas realmente não me sentia mal com sua presença. Ela tinha uma energia boa que muito me agradava, apesar de sermos tão diferentes externa e internamente.

Beth deu de ombros e abriu a torneira, fugindo do meu olhar e parecendo desconcertada. Passou uns segundos em silêncio, enquanto eu me sentia arrependida, respirou fundo e, ao me olhar de novo, sugeriu:

— Que tal se marcarmos um passeio? Assim a gente se conhece melhor. — Seu sorriso se manteve amplo, mas foi morrendo conforme falava: — Com certeza Othon vai se ocupar, como sempre faz em nossas viagens. Nunca tenho companhia para fazer compras.

— Podemos marcar, sim. Sem problemas. — Deveria ser, no mínimo, interessante fazer compras com alguém como ela, que nem devia olhar o preço de nada. Uma experiência e tanto, com certeza. Não que eu fosse comprar alguma coisa, mas adoraria acompanhá-la. — Obrigado por ser legal comigo. Se a senhora também me odiasse com certeza eu já teria ido embora.

— Imagina, querido, não me agradeça por isso. E nada de me chamar de senhora, por favor! — ela ajustou o vestido rapidamente e equilibrou a bolsa no cotovelo, aprumando o corpo esguio de modo a ficar altivo, elegante e seguro. A mulher possuía um porte e tanto, além de peitos siliconados incríveis. No fim das contas, nem parecia que tinha chorado. — Vamos?

— Vamos, sim — puxei o ar dos pulmões, buscando a calma necessária para sobreviver àquela noite sem mais imprevistos.

Foi impossível não perceber o clima tenso na mesa quando retornamos. Othon Orsini estava mais emburrado que o normal e Thomas era um reflexo do verdadeiro desgosto. Sem dúvida os dois haviam brigado. O meu homem estava nadinha satisfeito e me olhou como se implorasse para irmos embora, no entanto, não falou nada, apenas voltou a apoiar a mão na minha coxa.

Sorri para ele na intenção de deixá-lo calmo, mas ele apenas apertou o toque e se manteve muito sério. Seja lá o que aqueles dois tivessem falado um para o outro, não foi nada bom para ninguém.

Elizabeth começou a fazer mais perguntas sobre a InterOrsini para o Thomas e então o clima foi, aos poucos, amenizando. Eu me distraí com a música ambiente, depois com o meu coquetel sem álcool e, quando o jantar chegou, tratamos de elogiar a culinária.

Ainda assim, no geral, foi um encontro esquisito e não me deu sensação alguma de ser familiar. Othon não voltou a me dirigir a palavra. Bom, na verdade, mal olhou para mim e agradeci muito por isso. Não estava a fim de lidar com mais confusões. Só que não fui o único que ele ignorou; parecia estar com raiva de todos ao redor da mesa, inclusive da própria esposa, o que só me deixou com mais pena de Elizabeth.

Ninguém merecia lidar com um velho chato daqueles.

Depois da sobremesa creio que Thomas entendeu que poderia ir embora sem ser considerado indelicado e já foi logo avisando que teríamos que partir, pois nosso hotel ficava longe e estávamos muito cansados. A expressão entristecida de Elizabeth se tornou visível diante da nossa despedida.

Ela me abraçou da mesma forma calorosa como me recebeu, e até trocamos nossos números, mas na hora de me despedir do sogro apenas acenei com a cabeça e me mantive silencioso, recebendo seu breve aceno de volta. Percebi que Thomas sequer se despediu do pai, nem mesmo com um gesto idiota com a cabeça, como eu havia feito. Ele segurou a minha mão e nos tirou dali devagar, enquanto o casal permaneceu no restaurante, mas pude perceber que estava com pressa.

Assim que alcançamos o estacionamento e ele acenou para os dois seguranças, que se adiantaram para buscar o carro, fiz com que parasse e me encarasse.

— Você tinha razão, cedo demais — Thomas disse, sério e irritado.

Eu tinha muitas coisas para falar, mas aquelas palavras me abalaram significativamente e perdi a capacidade de elaborar qualquer frase que fosse. Mantive-me alguns segundos com a boca aberta, depois a fechei devagar e dei de ombros. Em seguida me esquivei, voltando a olhar para além do estacionamento, sentindo-me um merda completo. Sua mão ainda segurava a minha e parecia que era somente ela o que me mantinha de pé.

Não sabia o que se passava na cabeça de Thomas, mas não queria que estivesse pensando em recuar, embora meu lado racional gritasse que era o certo ir com mais calma. Puxei bastante ar aos pulmões e desejei estar de volta ao banheiro, assim poderia abrir o maior berreiro como qualquer mocinho chorão que ninguém aguentava mais. Porém, não estava e só me restava permanecer forte e com a cabeça erguida.

Thomas me ajudou a entrar no veículo e fechou a porta. Trocou algumas palavras com o Roberto, que não consegui escutar, e deu a volta no carro para se sentar no lado oposto. O segurança deu partida enquanto eu me encolhia no banco, tentando não me destroçar por tão pouco, usando toda a minha experiência com a derrota para me fazer entender que nada daquilo significava o fim do mundo.

Prendi os lábios com força, obrigando-me a não desabar, até que senti os braços do Thomas ao meu redor. Ele me puxou para si com força e me deixei ficar em seu abraço apertado, inalando o seu cheiro gostoso e que me era tão bem-vindo sempre. Sentia seu coração bater forte, igual ao meu, e então compreendi que, apesar de tudo, ainda éramos nós. Por mais recente que fôssemos, eu não queria que nos perdêssemos.

Thomas plantou um beijo no topo da minha cabeça e não me largou durante todo o percurso, que fiz em silêncio, com os olhos fechados, apenas o sentindo ao máximo, talvez registrando as sensações maravilhosas que ele me fazia sentir sem muito esforço.

Quando o carro, enfim, parou de vez, notei que não estávamos no nosso hotel, mas na frente de um outro, que eu não reconhecia.

— Onde estamos? — perguntei, pois Thomas já abria a porta para descermos.

— Você vai ver. Quero te mostrar uma coisa.

Não ousei fazer qualquer objeção. Deixei que ele me guiasse para dentro do tal hotel, que não parecia tão charmoso e exagerado quanto o nosso, mas era bonito também. Nós subimos vários andares pelo elevador, até que as portas se abriram para um terraço amplo, onde ficava um restaurante mais arrojado. Havia música ao vivo e algumas pessoas estavam em pé ao redor de suas mesas, dançando com animação.

— O que...? — virei para Thomas, que sorria, e continuei sem saber o que pensar ou dizer. O lugar era realmente legal e até me deu vontade de balançar o esqueleto, porém ainda estava sem entender o que ele queria com aquilo.

— Eu não conheço nenhum botequinho pé sujo, mas gosto daqui.

Observei-o, piscando os olhos sem cessar.

— Thom, não precisava se preocupar.

— Na verdade, quero mesmo te mostrar uma coisa. Vem comigo.

Thomas me puxou consigo e atravessamos algumas mesas e pessoas até que me dei conta de onde estávamos. Prendi a respiração e fiquei encarando o horizonte do terraço feito um bobo, completamente admirado com o que via. Nós paramos diante de uma espécie de parapeito largo, onde aquele homem incrível se colocou por trás de mim e me abraçou de um jeito tão aconchegante que, enfim, deixei as lágrimas não derramadas caírem.

Adiante, conseguia visualizar, sobre uma montanha tomada pela escuridão, os originais letreiros de Hollywood muito bem iluminados. Estava tão perto e longe ao mesmo tempo. Era uma visão incrível!

— O que achou? — Thomas perguntou em meu ouvido e, saindo do transe, girei o meu corpo para encará-lo.

— Lindo — murmurei, tão baixo que nem sei se me ouviu direito. O som da música ao vivo ainda era bastante audível dali. — Obrigado.

— É minha maneira de te pedir desculpas pela péssima ideia que tive. Balancei a cabeça em negativa.

— Não me arrependo, Thomas. Adorei conhecer a sua mãe e o seu pai vai começar a me respeitar desde cedo.

O coitado bufou, contrariado.

— Ele não tinha o direito de ter dito aquelas coisas.

— Que ótimo que ele falou o que estava pensando e pude me defender — argumentei, convicto, tentando extrair algo bom daquela merda toda. Sempre havia um ponto positivo. — Não vou lamentar, Thom. Estou tão feliz com você que não quero recuar. Entendo que talvez queira ir mais devagar agora, mas...

— Recuar? — Thomas me interrompeu, fazendo uma careta. — Jamais.

Dei de ombros, encarando o chão.

— Achei que... — suspirei e ele puxou o meu queixo para me fazer encará-lo. Toda vez que olhava para aquele homem tinha a impressão de que ficava mais belo. Ou era isso ou eu que ficava mais apaixonado. — Bobagem, né? — ofeguei, rindo. — Junto com tudo isso que estamos construindo, infelizmente estou alimentando também um medo cada vez maior de te perder. Eu estava fugindo desse apego, sabe? Essa dependência emocional toda já me quebrou de muitas formas. Não queria sentir isso de novo, nunca mais, porém acho que é impossível quando se gosta de verdade de alguém.

Thomas envolveu as palmas nas laterais do meu rosto.

— Eu não estou com medo de te perder, estou criando é um pavor mesmo. Gosto nem de pensar nisso — ele riu um pouco e ri junto, deixando mais algumas lágrimas escaparem. — Se é um receio dos dois então acho que não devemos nos preocupar. Queremos as mesmas coisas.

— Eu te quero... — sussurrei, fechando os olhos enquanto ele encostava nossos narizes. Assim que os reabri, ele disse pausadamente, de muito perto:

— Eu. Te. Quero.

— Muito — completei, sorrindo e chorando.

— Tanto — Thomas usou os polegares para enxugar o meu rosto. — Não se preocupe, por favor. Vamos ser felizes.

— Vamos! — comecei a rir e, embalado pela música dançante, que eu nem conhecia, mas que tinha um balanço bom, passei a me remexer e a puxá-lo comigo.

Descobri que Thomas era péssimo em dança, mas muito bom em se divertir e melhor ainda em me agradar, por isso fez o que pôde para acompanhar os meus passos. Nós dois rimos bastante em um momento que, eu tinha certeza, levaria comigo, no fundo do meu coração, para sempre.

**********

“NINGUÉM AGUENTA MAIS LIDAR COM O PASSADO”

A segunda parte da nossa noite estava sendo bem agradável. Ainda que eu estivesse morto de cansaço, não queria que o momento descontraído acabasse tão cedo, por isso, quando um garçom veio nos oferecer uma mesa, após tirarmos muitas fotos, aceitamos sem hesitação e pedimos um balde de gelo carregado com cervejas. Sem me preocupar com mais nada, relaxei enquanto bebíamos e conversávamos animadamente.

Depois de uma hora de agito eu já estava meio bêbado, e o Thomas também, a tirar pelo rosto avermelhado e a maneira como ria de tudo o que era dito. Estávamos cada vez mais próximos daquele famoso estado em que a bebida entrava e a verdade saía. O mesmo em que os bebuns viravam filósofos ou psicólogos, enfim, com o filtro mais desgastado e sinceridades sendo colocadas à mostra.

Talvez por isso tomei coragem para perguntar o que tinha acontecido entre ele e o pai quando fui ao banheiro com Elizabeth. Thomas, por sua vez, fez uma careta, mas estava tão alto que não demonstrou estar ofendido ou chateado.

— Ele me falou um monte de merda — respondeu, dando mais um gole na bebida. Estávamos meio descontrolados quanto ao teor alcóolico, mas nenhum dos dois queria parar ou colocar rédea no outro. Eu me mantive despreocupado principalmente por saber que o Roberto se mantinha próximo, como sempre. — Me deu um sermão imenso por estar saindo com um funcionário. Fiquei tão irritado que o lembrei das tantas secretárias que foram suas amantes.

Levei uma mão à boca.

— Sério? — os meus olhos se arregalaram com aquela notícia, embora já devesse ter uma ideia de que aquilo acontecia. Homens como Othon mantinham um casamento para ficar bem na fita, nada além. E a maneira como tratou Elizabeth dizia muita coisa ao seu respeito. — A sua mãe sabe disso?

Ele deu de ombros.

— Eu nunca me meti nesse assunto, sempre fingi não saber de nada a minha vida toda. Meu pai com certeza detestou ser colocado contra a parede e começou a me atacar como podia. Falou merda de mim, da InterOrsini, de você, da mamãe... Foi insuportável!

— Poxa, Thomas... Eu realmente sinto muito.

Ele soltou um riso desdenhoso, mas percebi que estava triste. Quem o conhecia sabia o quanto aquilo tudo o perturbava.

— Estou cansado dele — confessou, dando mais um gole. — Cansado de tanta hipocrisia e de toda vez me sentir mal por causa de sua estupidez para o meu lado. Ele não se importa com ninguém, nem comigo e muito menos com a minha mãe.

Balancei a cabeça em negativa, abalado de verdade com a situação.

Achei que o relacionamento deles era um pouco melhor do que aquilo, afinal, Thomas era vice-presidente do Grupo Orsini. Em algum ponto eles precisavam se entender, não?

— Sempre foi assim? — perguntei, curioso, lembrando-me das palavras da Beth no banheiro do restaurante.

Thomas aquiesceu com veemência.

— Está pior agora que envelheceu, mas não posso culpar a velhice pelo fato de ele sempre ter sido um idiota.

— Compreendo.

— Eu me sinto péssimo por às vezes me parecer tanto com ele — Thomas completou, evitando me olhar por nutrir visível vergonha do que dizia. — Venho melhorando, sabe, mas já fui um imbecil que não se importa com ninguém. Já fui um cara desses que você detesta e que teve medo que eu fosse, por isso procurei não te julgar lá no início e insisti para mostrar que sou melhor do que pensava — riu sozinho enquanto me mantive mudo, de boca aberta, admirado com a sua perspectiva diante do que nos aconteceu a princípio. — Mas cometo falhas ainda. Eu me pego agindo exatamente como Othon Orsini em muitos momentos e fico puto comigo mesmo. Ter te oferecido dinheiro para transar ainda é algo que me irrita quando lembro. Eu não devia ter sido tão idiota, ter ido tão baixo.

Dei de ombros, também detestando essa lembrança bizarra. Em minha cabeça o homem que tentou me comprar não podia ser o mesmo que estava comigo naquela noite tão especial. As informações não se encaixavam direito.

— Você já fez isso antes? Digo, oferecer dinheiro para ter uma companhia?

Thomas me olhou como se lamentasse muito. Ficou em silêncio e logo obtive uma resposta, que não me deixou muito satisfeito, mas fiz o possível para compreender porque ele parecia se esforçar para mudar de atitude, tanto que nos últimos tempos agia comigo de uma maneira que só me deixava encantado. Já ultrapassei minha cota de pré-julgamentos com relação a ele, portanto só me restava avaliá-lo apenas pelo que estava fazendo no presente.

— Eu quero ser um homem melhor, Bruno. Por mim mesmo e por você também.

Assenti, sorrindo um pouco. Não soube o que dizer, já que ainda me mantinha embasbacado demais com a sua sinceridade, porém encontrei forças para comentar:

— Quanto ao seu pai, não precisa se cobrar tanto, Thomas. É natural que a gente se pareça e repita atitudes de nossos pais, o importante é ter ciência disso e buscar melhorar, o que você já está fazendo, não é?

— Eu tento. Você iria odiar quem eu era uns anos atrás — finalmente ele virou o rosto na minha direção e os olhos claros estavam transparentes como a água mais cristalina. — Estar contigo agora, para mim, significa uma vitória, entende? Porque você é tão maduro, tão questionador, e ainda assim pude conquistá-lo sendo quem sou. Acho que estou tendo progressos.

— Você tem um ótimo coração, Thom, e intenções boas. Também não fui uma pessoa de quem eu me orgulhasse. Quando olho para trás tenho vergonha das coisas as quais me sujeitei e das merdas que fiz.

O homem ficou me olhando por algum tempo, como se tentasse despir a minha alma, decifrar alguma coisa que estava oculta, por mais que eu tivesse a sensação de estar completamente aberta diante dele.

— Quem foi o otário que te machucou tanto? — ele perguntou, com a voz meio desafinada, encarando-me com firmeza e curiosidade evidentes.

Eu pisquei os olhos, atônito.

— Está tão visível assim que sou um detonado?

— Não, meu amor, não é isso — ele pegou a minha mão e a beijou, então um calorzinho gostoso se apossou do meu corpo. Achei incrível o jeito como me chamou, mas podia ter a ver com a bebida, por isso tentei não me emocionar tanto. — Você já mencionou várias vezes sobre ter sofrido no passado. Ter quebrado a cara.

Suspirei, acomodando-me no encosto da cadeira e virando meu copo antes de jogar a real:

— Não foi um cara específico. Sempre tive um dedo podre e me

culpo por isso, porque fiz escolhas ruins a vida toda e me autossabotei incontáveis vezes — Foi a minha vez de desviar o rosto na direção dos letreiros logo à nossa frente. — Todos os caras que pareciam legais foram rejeitados enquanto que os piores ganharam a minha consideração. Mas acho que essa merda toda teve a ver com as humilhações que passei por ser gordo. Minha autoestima ficou tão detonada que ainda lido com isso até hoje, mesmo depois de terapia, conscientização e empoderamento. Não é algo que a pessoa se livra rapidamente, mas estou tentando melhorar.

— Eu acho tão nada a ver as pessoas fazerem questão de mencionar o seu corpo. O Matheus, o meu pai... Você deve passar por isso muitas vezes, não é?

— O tempo todo — ri, sem graça. — E estou bem assim. Já passei por dietas mirabolantes e rotinas malucas que não surtiram efeito ao longo da minha vida, até que compreendi que prefiro manter a sanidade mental. Minha saúde é ótima e me sinto bem, sabe, então para quê tentar me encaixar num padrão? Só porque as pessoas querem?

Thomas mexeu a cabeça para cima e para baixo. Seu olhar estava tão atento a mim que me senti meio envergonhado, mas logo tratei de espantar o desconforto. Queria que ele me conhecesse por completo, então obrigatoriamente precisava me expor com transparência e sem medo.

— Eu te acho lindo, gostoso e amo esse seu rabo delicioso. — Encarei-o com certo espanto, já que foi um comentário bem intenso, e percebi que sua expressão já estava maliciosa.

— Não me provoque, safado — pisquei um olho, enchendo-me de malícia na mesma medida. — Você sabe do que sou capaz.

— Eu sei, é perfeito. E ainda bem que você não quer mudar por ninguém. Eu não mudaria nada em você.

Um tanto emocionado, esgueirei-me para beijá-lo e o momento que achei que seria rápido acabou demorando consideravelmente. Thomas me beijou de uma maneira tão gostosa que logo o tesão deu às caras e me percebi sedento, buscando por mais. De forma disfarçada, para ninguém ver, desci uma mão e comecei a massagear a ereção firme que despontava entre suas pernas.

Eu adorava beijar bêbado. Só perdia para transar bêbado.

— Quero te comer agora — ele murmurou entre meus lábios.

— Vamos embora? — sugeri, apressado, louco para me acabar naquele homem que era cada segundo mais meu.

— Vamos.

Eu não me lembrava de ter saído de qualquer lugar, às pressas, só para transar com uma pessoa por causa do tesão incontrolável que ela me incitava. Encerramos a conta e começamos a nos beijar ainda no elevador, aproveitando que estava vazio, mas nos mantivemos mais comportados devido ao pouco juízo que ainda tínhamos.

Mal deu para esperar o Roberto trazer o carro. Estávamos com tanta ânsia um do outro que, tão logo adentramos e o segurança começou a dirigir, voltamos a nos atracar. Claro que não queríamos que o guarda-roupa particular nos visse, por isso tentamos disfarçar nos primeiros minutos, porém a coisa foi ficando mais quente conforme nos beijávamos e nos apalpávamos.

Em algum momento Thomas conseguiu colocar o pau para fora e não hesitei em cair de boca. Ele fez tentativas patéticas de esconder o que eu estava fazendo usando os braços, mas não sei se foi convincente. O interior do veículo estava escuro e eu não sabia o que dava para ser visto ou não, porém àquela altura sequer me questionei. Thomas se contorcia sob mim e percebi que se controlava para não provocar nenhum ruído.

A sensação de proibido só me incitou, tanto que chupei com gosto, feito um putinho boqueteiro, sentindo-me ótimo por tê-lo colocado naquela situação. Quando percebi que ele estava prestes a gozar, larguei o seu pau e me afastei totalmente para voltar a beijá-lo. Contudo, ele desviou a boca uns segundos depois e murmurou no meu ouvido:

— Sacanagem da porra, gostoso.

Soltei um risinho em resposta e voltamos a nos beijar.

Aquele pauzão latejante e todo melado permaneceu para fora, chamando-me, clamando por mim, e quanto mais nos beijávamos menos conseguia ignorá-lo. As mãos dele já estavam praticamente por dentro da minha calça, tocando-me o pau e toda parte, numa ânsia difícil de compreender.

Foi com muita sede ao pote que tirei a calça, liberando as pernas, e me coloquei por cima dele de frente. Não consegui ver a reação de Roberto, mas também pouco me importei. O mundo inteiro poderia explodir que eu nem ligava. O que me interessava era aquele homem diante de mim, sugando a pele do meu pescoço e descendo na direção dos meus mamilos em alta velocidade.

Usei uma mão para afastar a minha cueca e nos encaixei sem dó, afundando-nos um no outro. Ambos contivemos aquele gemido gostoso após uma invasão bem-vinda. A movimentação do carro não ajudava muito, mas ainda assim utilizei os joelhos para me mover para cima e para baixo, cavalgando sobre aquele pau e me deliciando com a sua boca, seu cheiro e seus toques em meu corpo.

Eu estava com tanto tesão e tão relaxado, provavelmente por conta da bebida, que sequer precisei de um segundo estímulo para gozar muito gostoso, contendo o grito e me tremendo inteiro, contorcendo-me de modo a deixar claro que estava em pleno êxtase.

Thomas, aproveitando meu momento, passou a me penetrar fundo e a movimentar os quadris até obter seu próprio orgasmo, igualmente silencioso e, a tirar pelos tremeliques, tão intenso quanto o meu.

— Gostoso — murmurou baixo, com a boca grudada no meu ouvido e as mãos me envolvendo num abraço. — Meu. Meu gostoso.

— Todo seu — respondi num sopro de voz. Conforme o corpo esfriava percebia o quão cansado estava. Precisava urgentemente de uma boa noite de sono. — Meu lindo e gostoso.

Thomas demorou algum tempo para responder:

— Todo seu.

Se eu não estivesse tão exausto teria sorrido e o beijado, mas, amolecido, tratei apenas de me esgueirar naquele abraço e me deixar ficar, quietinho, sentindo o seu coração se aquietando também e percebendo o quanto amava o simples fato de ele estar vivo.

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Comentários

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Continua seus contos por favor são maravilhosos, estamos esperando ansiosos a continuação dos contos! Eu espero que esteja tudo bem contigo.

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Conto maravilhoso! Não some, cara. Precisamos de seus contos.

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Tô esperando a continuação. Demora não por favor!!!

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Tesão, tesão, muito tesão. Nem vou comentar mais nada. Só parabeniza-lo por essa pérola de texto. Obrigado.

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Que legal eles se libertarem do medo para tentar serem felizes como um casal

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Se permitiram a de conhecer é muito íntimo e libertador.

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Casal do ano! Assim começo minha semana feliz!! Espero por mais e mais!!

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